21 Nov, 2009
Acho muito bem
Por vezes oiço uns zunzuns que me deixam de orelhas arrebitadas, como se eles me trouxessem uma esperança de vida largamente acrescida e, com a grande vantagem, de a viver com incomparável melhor qualidade de vida, não só para mim, mas para muita gente mais, que passa as passinhas do Algarve, por causa de umas excelências que erraram a vocação a que tão interesseiramente se devotaram.
Ora, os zunzuns a que me refiro parece que dizem respeito a umas mudanças políticas da maior importância, ou seja, o nosso presidente passaria a nomear todas as entidades reguladoras, para que elas passassem a regular de outra maneira. É de supor que não regulem lá muito bem, principalmente da cabeça, suponho eu.
Estes problemas da regulação são muito mais importantes do que muita gente pensa. Por exemplo, continua a dar-se corda a um relógio que não funciona lá muito bem, embora ninguém perceba porquê. Se calhar nunca se repararou que o relógio só funciona com pilhas.
Acho interessante transportar isto para certas entidades a quem continua a dar-se corda, quando elas não têm corda nenhuma, nem guita, nem pilha, que lhes permita fazer qualquer coisa daquilo que deviam fazer, que é para isso que o Zé Paga Tudo lhes permite assinar um agradável recibo de vencimento certinho no fim de cada mês.
Pois bem, se calhar quem tem nomeado os reguladores, também não regula regularmente, digo eu, logo, justifica-se plenamente que essa função passe para o presidente, como referem os tais zunzuns que eu já ouvi em qualquer lado. No entanto, talvez fosse melhor, simultaneamente à transferência de poderes, enviar os meios necessários e suficientes, para que alguém não fique sobrecarregado de trabalho, sem a correspondente revisão salarial.
Para obviar a esses inconvenientes, o governo podia enviar-lhe as listas de reguladores já prontas a nomear, limitando-se o presidente a assinar cooperantemente. Como se vê, isto era ainda muito mais simples que o Simplex. E não me venham dizer que o Lima, ou outro qualquer, fazia melhor esse trabalhinho, tendo em conta a sua experiência pessoal.
Mas, em alternativa, se há sempre que desconfiar do que faz ou não faz o governo, então, o presidente decretava e mandava publicar, que todos os reguladores passassem a trabalhar junto do Lima, ou de outro qualquer, para estarem permanentemente vigiados, já que o governo nunca foi capaz de os vigiar.
Agora, também há que o referir, havia muito mais que fazer para aliviar o governo de todas as desconfianças que permanentemente atiram para cima dele. Uma dessas coisas, era arranjar muito mais reguladores para Belém, colocando o governo na prateleira, suscitando-me a dúvida se o palácio teria instalações suficientes para albergar todos esses reguladores, necessários ao regular funcionamento do país e à progressiva dispensa da acção governativa.
Tenho as minhas dúvidas se tal acumulação de reguladores num espaço tão exíguo, não originaria uma data de desregulações, porventura, irregulares e desreguladas. Também tenho as minhas mais sérias dúvidas se a própria Constituição, não ficaria, ela própria, desregulada, com tantos e tão sérios reguladores.
Aliás, isso da seriedade, é uma boa questão a ser colocada, pois a transferência da falta dela, de um palácio para o outro, podia constituir um grave desequilíbrio na opinião política nacional, já para não falar na pública, que é um pouco mais sensata e não precisa de reguladores.
Resumindo e concluindo, concordo com todos os reguladores a regular em Belém, até porque lhes era muito mais fácil fazerem os seus plenários de entendimento geral, vulgo, cartelização, sem que alguém desconfiasse deles. Portanto, só tenho a dizer que acho muito bem.
No entanto, quem sou eu para achar, tudo aquilo que outros perderam.