19 Dez, 2009
Toca a fazer meninos
Parece-me um apelo muito oportuno do nosso presidente, pois não vejo melhor oportunidade para essa tarefa. O tempo está frio e o exercício físico fora do quentinho é quase impossível sem gelar tudo o que estiver cá fora.
Ora, no quentinho e em boa companhia, é meio caminho andado para uma digressão ao mundo de onde se pode trazer um menino ou uma menina, quando não um par, ou mais, se a coisa correr melhor do que se espera.
É bem verdade que o futuro se constrói assim. É verdade que o melhor do mundo são os meninos e as meninas que os portugueses não podem esquecer em momento algum mas, principalmente, aqueles que andam distraídos e precisam que os lembrem das suas obrigações quando não estão no serviço.
Sim, não é só ir para o café a badalar até às tantas e depois chegar a casa, cair na cama, e toca a dormir. Claro que isso não é vida para ninguém, excepto para o negócio do dono café que, se calhar até cumpre na perfeição as suas obrigações, depois de fechar o estabelecimento.
É por isso que o nosso presidente não quer falar de casamentos, agora muito mais envolvidos em polémica, que aqueles a que já poucos ligam pois, em boa verdade, eles cada vez contribuem menos para encher de alegria o nosso presidente. Também é verdade que o nosso presidente não gosta nada de falar de coisa nenhuma que esteja envolvida em polémica.
No entanto, essa atitude também já tem causado polémica, porque há quem pense que, se toda a gente pode falar dessas coisas polémicas, como o nosso presidente também é gente, devia entrar no jogo como qualquer outra pessoa, sem estar a pensar que isso não lhe fica bem, ou que as pessoas gostavam ou não gostavam de ouvir a sua opinião.
Talvez, assim, as polémicas deixassem de ser tão polémicas, pois haveria, logo à partida, uma maioria de portugueses que ficavam esclarecidos. Desse modo, a polémica ficava, desde logo, em minoria, o que era quase certo que lá ia ela por água abaixo.
No entanto, a mim também me parece que as polémicas devem ser deixadas para todos aqueles e aquelas que gostam muito de as discutir no café e depois, quando vão para cama, altas horas da madrugada, já estão a cair de sono. Obviamente que estes não ouvem o sensato apelo do nosso presidente ou, então, aproveitam outras oportunidades durante o dia seguinte.
O que é preciso é animar a malta para que o mundo não acabe, mesmo tendo que exaurir a segurança social, por causa dos apoios. Bem sabemos que não há dinheiro que pague a alegria de sabermos que o futuro está garantido, com muitas meninas e meninos nos colos dos papás e das mamãs, nos infantários, nas escolas e por aí fora.
Quanto ao dinheiro dos apoios, as rotativas que fazem o cacau não vão parar com toda a certeza, como temem alguns pessimistas. Além disso, é caso para perguntar, se não é para isso que estamos na Europa. Se já estão a pensar como salvar a Irlanda e a Grécia, também podemos estar descansados.
Só há um pormenorzito que me preocupa. Se o nosso presidente faz apelos aos portugueses, e bem, para que não se esqueçam dos meninos e meninas, parece-me que também podia fazer apelos, ou mais que isso, para que todos os portugueses, repito, todos, acabem com tudo o que não presta.