Os dez mandamentos
O facebook é desde há muito a bíblia dos portugueses que aderiram às novas tecnologias da informação. Até porque os portugueses adoram seguir os exemplos que vêm de cima, nomeadamente através de recados, recomendações, princípios, etc.
Ora, interpretando correctamente a situação, o nosso bigboss aproveita essa facilidade e, sempre que o entende, lá aproveita a página bigbossal para os seus desabafos, normalmente, boas lições de técnicas governativas.
Como é sabido, o nosso bigboss, antes de presidir, governou. No intervalo, que foi um pouco prolongado, esqueceu o que fez, reflectiu profundamente no que devia ter feito e chegou à conclusão de que devia tentar de novo.
Como nem sempre o deixaram trabalhar enquanto governou, entendeu por bem ir lá para cima, onde pudesse ser ele a deixar, ou não deixar, o outro trabalhar. Durante uns tempos deixou. Depois arrependeu-se e, de repente, não deixou.
Tudo bem, até porque se fartou de mandar recados nem sempre com a esperada resposta. Em boa verdade, essa coisa dos recados não era uma boa maneira de governar. A difusão desses recados tinha muito ruído e ele preferia que o acento tónico recaísse na sabedoria.
A coisa saiu conforme o esperado e aí está ele nas suas sete quintas, patrão e gerente de loja, em que os recados não têm hipótese de arranjar um lugar de sobrevivência. A menos que fossem trocados entre si e a sua sombra, coisa meramente teórica.
Foi então que se lembrou dos mandamentos, ideia que lhe surgiu dos Dez Mandamentos de que fala a religião que professa com toda convicção e prática diária. A ideia amadureceu muito rapidamente e daí a torná-la realidade foi um suspiro.
E assim nasceram os dez mandamentos da sua ‘magiscultura’, a bíblia para a nova loja, a que já chamam de geracional, apesar de ainda não ter gerado nada. Mas já tem bíblia para o capataz rezar, todos os dias do ano, sem feriados nem pontes, sem férias nem escapadinhas.
Dez mandamentos que são um programa completo para ninguém falhar, dez mandamentos da autoria de quem manda mais do que quem devia mandar, dez mandamentos para fazer esquecer os tempos em que o seu autor mandou.
Até parece que o país sempre teve bons dirigentes ao nível da gestão, mas também parece que todos adormeceram antes de se irem embora. Todos menos este, que acordou agora. Tarde, mas acordou. Apesar de ter havido despertador.
Tem a garantia de que tudo vai correr bem. Garantiram-lhe que o negócio não falhará. E ele já acreditou que tudo o que lhe dizem agora, é a verdade pura e dura. A verdade é que até todos os portugueses, os maiores incluídos, já se enganaram, ou foram enganados, vezes sem conta.
Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. E deitar foguetes antes da festa nunca foi um bom prenúncio de folia garantida. Com recados ou com mandamentos.