Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

afonsonunes

afonsonunes

17 Ago, 2011

Enfim, salvos!

Já vejo uma luzinha ao fundo do túnel que me garante que a escuridão impenetrável da nossa situação já está ultrapassada. Porque basta uma ténue réstia de claridade para que possamos perder o mau rumo que nos estava a guiar para o abismo. O sentido está invertido e corre agora para o determinante rumo novo de que ainda só vemos a sombra.

Essa luzinha fugidia não nos foi dada pelo homem com ares de rabejador amador das relvas da lezíria, que descobriu agora que a nossa salvação está na poupança, talvez na esperança de que reste mais nos cofres, para ele e os seus compadres poderem gastar a mais. E assim, de repente, temos mais um inesperado messias a conduzir-nos.

Tão pouco essa luzinha foi acesa pelo homem que vestiu agora o uniforme militar de cerimónia para anunciar ao país quem deve pedir desculpas a quem, sabendo de antemão que ele próprio ficou com tais culpas que não há desculpas que as apaguem. Não terá sido por causa disso que lhe bateram a pala tantas vezes seguidas.

Mas a luzinha ao fundo do túnel também não nos foi trazida do calçadão da Quarteira onde voltou a ouvir-se falar de colossal, mais uma vez, já não sei a propósito de quê. Pelos vistos há colossalidades que vestem bem com a pele de quem gosta de servir-se delas para encobrir a roupa interior um tanto fora de moda.

É com alguma surpresa que verifico que a tal luzinha também não vem do Face Book, esse maravilhoso mundo que o povo não conhece nem vê, mas onde habita quem nos amola com textos que não são para o povo ler, com certeza. Talvez pretendam dar sinais de uma modernidade que tem o bafio de uma era que já não vivemos.

Eventualmente, essa luzinha podia vir de gente muito competente mas que não quis ainda mostrar que o é na verdade. De gente com muitas ideias mas que ainda não conseguiu exprimi-las. De gente que já pensou em muitas coisas, mas que ainda não tentou sequer pô-las em prática. De gente que já falou muito lá fora mas que, cá dentro, ainda não disse nada.

Só tenho fundados receios de que, repentinamente, surja no nosso espaço um relâmpago que nos tire a visão momentaneamente, o tempo suficiente para que eles, os infalíveis, fujam para o mundo que têm em mente. E também o tempo necessário de perdermos de vista a luzinha do fundo do túnel, ficando em perigo a sua recuperação.    

Essa luzinha veio do Eliseu, onde a bundesmerkel e o francosarkozy descobriram em conjunto, que ambos querem um governo económico europeu, chefiado por alguém que eles também já descobriram e anunciaram. Ou não fossem eles os reformadores de todas as instâncias que os estão a chatear permanentemente.

O surgimento dessa luzinha, prenuncia que o homem da poupança bem pode ir pregar para a lezíria, entre duas pegas de caras, enquanto o militar fardado a rigor, poderá ter de vestir a fatiota de campanha e falar mais baixo por causa da espionagem. A propósito, ambos devem ter na devida conta o que se passa nas secretas, depois de deixarem de o ser.

Quanto aos textos no Face Book, lidos por um ou dois milhares (ah, ah, ah,) seria uma boa política mudarem-se para a Benfica TV. Sempre serão vistos por seis milhões, no mínimo (eh, eh, eh). Mas, se mesmo assim entenderem que são poucos, façam a repetição no Porto Canal pois, com sorte, podem ter mais umas centenas (ih, ih, ih).

A nossa luzinha ao fundo túnel, provavelmente vai livrar-nos do FMI que, por sua vez, já nos tinha livrado do Passos que, por sua vez, já nos tinha livrado do Sócrates. Com o governo europeu, também se acaba esta eterna bagunça de todos os barões mandarem no governo de cá. É que para mandarem no governo de lá, tinham de gastar muita massa.

Isto porque cá, tinham, e ainda têm, tudo de borla. As estórias, as polémicas, os protagonistas, os fornecedores, as isenções, enfim, um sem número de regalias que uma simples luzinha ao fundo do túnel, pode tornar de muito difícil continuidade. A senhora bundes e o senhor franco têm a palavra, como sempre.

Ah, já me esquecia. Essa luzinha milagreira bem pode juntar os bons portugueses Durão e Sócrates, em qualquer sítio dessa Europa, onde poderíamos ouvir frequentemente – Isto aqui é que é porreirinho… Estamos salvos!