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afonsonunes

afonsonunes

05 Out, 2011

Sim ou sopas

Agora sou eu que tenho de recorrer, embora sinta que não tenho a mesma sorte dos poderosos que recorrem para as instâncias superiores da justiça. Para já, não tenho advogados que queiram sujeitar-se à pelintrice da minha conta bancária e, sem que ela tenha uma certa gordura, adeus recursos.

Como o estado está a combater as gorduras que não gosta de ver nos outros, não sei como posso aspirar a ter uma conta gordinha. Depois, eu não sou de desistir, seja lá do que for. Portanto, quero e vou recorrer, porque me interessa saber se aqueles que meteram o pezinho na argola devem ou não ver o sol aos quadradinhos durante uns tempos.

E o meu primeiro recurso é para o tribunal da consciência dos advogados, já que para outro qualquer, sem pilim à vista, não vale a pena. Ainda pensei no respectivo bastonário da ordem, por quem tenho, aliás, uma enorme consideração, mas tenho cá uma ligeira impressão de que, sem uma gorda oficiosa garantida, também lá não ia.

O tribunal da consciência dos advogados tem, em princípio, a vantagem de não cobrar nada, mas também não me dá a garantia de ganhar causas ou, no caso presente, de que aceita recursos e os resolve a tempo de não haver as costumadas prescrições, para os tais casos de bolsas gordas que o estado diz que vai emagrecer, sem pedir autorização a quem de direito.

Já me apercebi de que há aqui um conflito evidente entre a consciência dos advogados e a vontade do respectivo ministério, além do conflito entre a admiração inicial do bastonário pela ministra e a desilusão actual entre duas individualidades que, ao que me parece evidente, atingiram agora aquele ponto de fazer faísca constante.

Mas, como as conversas são como as cerejas, vou seguindo em frente deixando para trás aquilo que é o principal motivo do meu primeiro recurso. E este, visa anular os recursos do nosso herói de Oeiras e seus advogados que, de recurso em recurso, estão à beira da prescrição.

Recorro, pois, para a consciência desses advogados para que façam constar de todos os seus recursos, legais, pois claro, se, sim ou sopas, o seu cliente réu, cometeu ou não os crimes de está acusado e se esses recursos visam ou não torná-lo inocente. Para mim, isso é que conta, muito mais que todas as ginásticas de manutenção de todos os intervenientes.

Não posso deixar de recorrer desta ideia marota veiculada por alguns marotos hipócritas de que esta situação que o país atravessa não tem nada a ver com eles, mas com quem eles dizem que tem. Quem se valeu dessa situação para os substituir, verá o tempo dizer se não terá oportunidade de se arrepender mil vezes por se ter metido nisto.

Também sobre isto não faço ideia de quem poderá aceitar o meu recurso, pois até aquele que poderia e deveria ser o melhor advogado de defesa do, ou dos incriminados, parece estar, tal como o seu amigo do outro lado da barricada, totalmente devotado à oportunidade que lhe foi oferecida do dia para noite, de chegar onde queria.

Já pensei em recorrer para a grande pastelaria de Belém, onde se cozinham os mais famosos pastéis do mundo. Mas, também aqui há uma contradição muito grande. O pastel de Belém é doce, é famoso, é um compêndio de tradição pela sua longevidade existencial. Mas tem açúcar a mais, logo, provoca gorduras que o estado diz que tem de emagrecer.

Sou obrigado a recorrer, agora sei bem para onde, da violência que alastra pelo país em constantes assaltos que já deviam ter acabado. Recorro, pois, para os Miguéis do governo que, certamente, vão aplicar as receitas que já tinham antes de serem responsáveis por essa área. Porém, se já esqueceram tudo isso, aconselhem-se com o colega Paulo, que ele sabe.  

Vou recorrer dos casmurros que se entretêm a fazer comparações que envolvem gente muito diferente. Um, diz que os outros dois se parecem. O outro, considerado parecido, diz que não, que o acusador é que se parece com o tal. Ora o tal, não é parecido com um, nem com o outro. Assim, até pode ficar a impressão de que estes dois juntos, não valem metade do tal. 

Nestas cotações ainda não estão contabilizados todos os valores que, certamente, virão a alterar os câmbios futuros de cada um deles. Sim, porque depois de todos os meus recursos estarem resolvidos, o país até pode vir a estar pior do que está hoje. Quem sabe se lá para fim do segundo centenário da república que agora se iniciou.

Mas, talvez então, já se saiba se isto, afinal, é sim ou sopas.

 

 

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