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afonsonunes

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Antes de saber quem paga convém saber quem gastou, porque continuamos a ver muita poeira no ar para disfarçar os verdadeiros causadores deste autêntico estado de sítio, para não repetir a tão proclamada emergência.

Toda a gente séria sabe que quem gasta tem de pagar, sem estar à espera que os tansos aforradores abram as algibeiras para que os esbanjadores lá metam as mãozinhas e continuem a fazer das suas, cantando e rindo como se tudo isso fosse normal.

Mas, além dos esbanjadores incontinentes, e muito piores que estes, temos os incontrolados papa tudo, ou seja, os papa reformas, os papa empregos, os papa lugares que só o são no fim de cada mês, quando recebem o que não ganharam.

Como muitos desses estão a discutir o Orçamento de Estado para 2012, vem a propósito entrar na discussão e trazer cá para fora aquilo que eles não discutem lá dentro. Porque o problema é simplesmente quem vai pagar a austeridade.

Escusam todos de andar às voltas com números e mais números, com desculpas e mais desculpas, se não entrarem no cerne da questão. Vão pagar austeridade os que têm muito dinheiro, ou os que têm pouco ou mesmo nenhum dinheiro.

Já sabemos que emagrecer o estado é emagrecer os funcionários públicos e os pensionistas, segundo nos dizem os autores do documento fatídico, se é que não pode mesmo ser considerado satírico, tão cruelmente ele nos é apresentado.

Crueldade, e da grossa, é não considerar as maiores gorduras do estado, aquelas que lhe dão o maior rombo, por pura ganância dos detentores das maiores barbaridades salariais e ou reformas, só porque são esses os autores dessas obesidades, ou os seus compadres e amigos.

Autêntica crueldade é também dizer-se que não há alternativa a esta decisão de cortes. Haver há, mas é preciso começar por cortar de cima para baixo. Começar por cortar nos altos maiorais do estado acabando com duplas e triplas reformas.

Acabando com acumulação de reformas e vencimentos em tudo o que seja estado. Quem está a desempenhar um cargo não está reformado, e quem está reformado, não deve estar a ocupar um cargo, do mais elevado ao mais baixo dentro do próprio estado.

Toda a gente está de acordo que o estado está obeso e tem de emagrecer e muito, mas tal não quer dizer que seja apenas nos mangas-de-alpaca. Comecem pelas cadeiras douradas e pelas reformas super douradas, pois esses, mesmo assim, não vão empobrecer.

Todos aqueles que vão mesmo empobrecer, não vão compreender a razão porque foram eles a sair na rifa da noção de pobreza de quem toma decisões dessa natureza. A austeridade nunca devia mexer com a pobreza. De maneira nenhuma.

A pobreza deve ser combatida com toda a energia por todos os poderes. Agravá-la, só de quem não sabe os dramas que a sociedade permite. Mas, muito pior que tudo isso, é criar, propositadamente, uma nova classe de pobres. Os que sempre tiveram uma vida decente.

Ao contrário do que nos é dito, há muito por onde cortar. Há listas enormes de nababos que não sabem o que devem fazer ao dinheiro. Façam-lhes o favor de os libertarem desse peso. Cortem aí, pois daí não advirão problemas de consciência para ninguém.

Dirão que não chega. Pois bem. Haja quem abra e olhos e veja quem não faz nada e ganha. Quem não paga impostos e devia pagar. Quem rouba fortunas e não devolve nada. Quem aceitou milhares que não devia. Quem tem orçamentos de luxo em tempo de austeridade.

Em tempo de austeridade não ficava nada mal que os partidos políticos se abstivessem de viver em permanente campanha eleitoral. Que lhes fossem impostos cortes nas subvenções que recebem do estado, pois o exemplo também devia vir deles.

Em tempo de austeridade os sindicatos deviam ser abrangidos, tal como o são os cidadãos, não só com sacrifícios, mas com outra postura reivindicativa. E muito ainda têm para reivindicar, sem tantas palavras de ordem desactualizadas.

Finalmente, a subsídio dependência de tanta gente que não precisa e dela beneficia, só porque consegue que entidades corruptas lhes passem documentos que não deviam passar.

Em suma, é por tudo isto, e muito mais, que há maneiras de emagrecer o estado obeso, sem que tenham de ser poucos, a pagar o que muitos outros gastaram.   

 

 

 

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