O bufo dos céus
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Falar é próprio dos humanos que ainda não aprenderam a expressar-se como alguns animais que a gente entende perfeitamente. Só que esses são, normalmente, espontâneos e directos nos seus dizeres, ao contrário do falar de humanos compliados e difíceis de entender, porque têm o mau hábito de falar dos seus semelhantes, em lugar de falarem de si próprios para que pudessemos aprender alguma coisa com eles.
Assim, falando apenas dos outros, deixam perceber facilmente que não têm nada para ensinar, mesmo ao mais pacato dos seus animais domésticos. Quando o cão ladra ou o gato mia, o dono ou a dona desconfia que se esqueceu de qualquer que lhes faz falta. Que mais não seja um gesto de carinho, que pode ser simplesmente passar-lhes a mão no pêlo sedoso e bem cuidado.
Há muita gente que sabe fazer isso na perfeição, mesmo sem saber falar decentemente.
Todos os dias somos brindados pela comunicação social com estatísticas de proveniências diversas sobre a nossa cotação nos mais diversos domínios da nossa existência como país.
A avaliar pela realidade divulgada, da qual não se duvida, somos do piorio como povo, tanto entre os nossos parceiros europeus, como nos rankings mundiais de qualquer coisa. De qualquer coisa que nos é fornecida.
Desde o “analfabrutismo” até ao tamanho do pénis, passando pelo medo que os governantes nos “trafulhem”, parece que não temos concorrência, e isso provoca um sentimento de menoridade. Talvez até um complexo de inferioridade.
Afinal, podiam dizer que somos dos povos mais acolhedores, que temos desportistas de elite que países grandes não têm, que temos o sol e as praias mais convidativas do “mundo e arredores”, ou os vinhos mais resistentes às “provas da ASAE”.
Mas quem é que podia dizer coisas destas? Claro, que só podiam ser as pessoas que dizem coisas daquelas. Não é que trocassem umas pelas outras. Nada disso. Nunca se deve ocultar a verdade, tal como nunca se deve ocultar outras verdades, que repõem equilíbrios de análise e evitam visões distorcidas de apreciações isentas e sérias.
Tudo isso tem a ver com profissionais a sério, que são muito poucos, e “desenrascas” que pouco mais sabem que ler o que lhes metem à frente dos olhos. Mas são esses que fazem perguntas estúpidas a gente competente e conhecedora, e tiram depois conclusões de levar as mãos à cabeça.
Ora aí está uma estatística interessante que nos falta, para avaliarmos a nossa posição em termos de ranking da qualidade da informação. Sim, porque não parece que o “analfabrutismo” seja apenas de quem ouve, vê ou lê.
Não vale a pena andarmos todos os dias a dizer que somos os maiores e depois...
Não vale a pena andarmos todos os dias a dizer que os outros não são sérios e depois...
Não vale a pena dizermos que estamos inocentes e depois...
Não vale a pena dizermos que os outros são mouros se nós formos beras...
Não!...
Não vale a pena, porque pela boca morre o peixe...
Porque o anzol também vai à língua.