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afonsonunes

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29 Mai, 2008

O bufo dos céus

 

 
 
Fumar ou não fumar eis a questão. Em terra, no mar ou no ar. Independentemente de ser legal ou ilegal a sua prática, consoante o local onde se verifica, é um prazer que mata, embora console o fumador. Mas, para quem se encontra por perto, pode ser um verdadeiro suplício. Só por isso, não devia sequer existir tabaco à face da terra.
Mas há.
Acontece que há liberdade de fumar em casa, na rua e até em qualquer chafarica que coloca um dístico azul na porta. E, aí, estão sempre atentos, os defensores dos inconscientes, alegando rigidez da lei, autoritarismo da fiscalização, etc., etc.
Se lhes for pedido para denunciarem esses abusos, logo dirão que não são bufos, e não se importam mesmo nada que esteja em risco a saúde de muita gente.
Mas, isso é em terra, onde tudo se passa com pessoas normais. Já nos céus, a coisa fia mais fino, pois há sempre um santo chaveiro atento, que espreita para lá dos cortinados, ou mete o nariz à procura de cheiros suspeitos, armado em bufo discreto. Preocupado com a saúde? Não. Preocupado em bufar… Até já nos céus!... Com franqueza!...  
 
 
 
28 Mai, 2008

O filme da crise

 

 
A gente já anda a ver este filme há vários anos, mas parece que só agora alguns acordaram para esta realidade. Até há pouco tempo a crise era só para os outros. Vidinha fácil… Agora vão surgindo crises diversas, até para aqueles que não estavam habituados a elas.  É o fim do mundo…
Mas, vamos lá ver o filme ao contrário, imaginando alternativas.
Se estivesse no poder a sociedade anónima, Leite Lopes Passos Patinha e Outro, não se falaria desta crise, porque ainda estaríamos na outra. Na deles.
Se estivesse no poder o mágico Portas Abertas não teríamos crise, porque ele já teria dado o exemplo, indo plantar galinha, semear arroz, plantar milho e trigo, enfim, teria ido aos figos e já não importávamos nada para comer.
Se estivesse no poder o genial Louça Partida já teria nacionalizado a América com todo o petróleo e trigo, logo, a nossa crise já cá não morava. Morava cá a deles.
Se estivesse no poder o grande Jerónimo Trabalhador Cansado, há muito que os portugueses andavam todos a cavar batatas, enquanto cantavam alegremente, mostrando que a crise não é com eles.  
Rebobinemos o filme e veremos que há crise, sim senhor, por cá e por lá. Mas essa é para os pobres a sério e sérios. Para acabar com essa crise é preciso mudar o mundo de alto a baixo e em sentido contrário do que querem muitos dos que mais se queixam.
 
 
 
27 Mai, 2008

Este país

 

 
Ganha uma estranha dimensão a voz de uma certa camada social de bem instalados na vida, que se lamentam na comunicação social invocando um país onde se sentem mal e onde dizem não se poder viver. Apesar disso, não se vão embora, ao contrário de muitos portugueses que, por motivos diversos, emigram como o fizeram gerações anteriores.
Estes, não se conformam e vão à procura dos seus ideais de vida porque, muitos deles, não querem fazer cá, aquilo que provavelmente vão fazer lá fora. Para os substituir, cá dentro, vêm estrangeiros. Aqueles, os da lamúria, nunca fizeram nada na vida, andam bem vestidos, bem alimentados, têm boas casas, bons carros, talvez nunca tenham pago impostos, provavelmente, sempre viveram de subsídios ou privilégios.
Mas a mama tinha de ter um fim. E, quando a mama se acaba vem, inevitavelmente, o berreiro.
Depois, o culpado é o país. Eles? São as vítimas, coitados!... Trabalho? Que é lá isso?
26 Mai, 2008

Vamos só imaginar

 

 
 
Já não é possível haver um governo que faça leis e governe segundo o seu critério de servir o país, porque será sempre contestado por sectores da sociedade que reivindicam o direito de serem eles a decidir do seu futuro.
Como é óbvio, há interesses opostos e inconciliáveis entre si. E, de uma forma ou de outra, o que todos querem é mais dinheiro. Sabendo-se que o governo não é uma sociedade de capitalistas, tem de concluir-se que ele acabará por ser considerado desnecessário. Aliás, bem vistas as coisas, até já há quem o considere.
Sem governo a servir de estorvo a tanta gente, cada um que se governe. Cada um que tome para si o que lhe interessa e o que deseja, desde que lhe possa deitar a mão.
A gente sabe que o povo é sereno e daí nada a recear. Mas, e os outros? Ah, os outros também são povo? Então quantos povos temos?
Ainda não chegamos aí, mas…   
 
 
 
 
 
25 Mai, 2008

Falar

Falar é próprio dos humanos que ainda não aprenderam a expressar-se como alguns animais que a gente entende perfeitamente. Só que esses são, normalmente, espontâneos e directos nos seus dizeres, ao contrário do falar de humanos compliados e difíceis de entender, porque têm o mau hábito de falar dos seus semelhantes, em lugar de falarem de si próprios para que pudessemos aprender alguma coisa com eles.

Assim, falando apenas dos outros, deixam perceber facilmente que não têm nada para ensinar, mesmo ao mais pacato dos seus animais domésticos. Quando o cão ladra ou o gato mia, o dono ou a dona desconfia que se esqueceu de qualquer que lhes faz falta. Que mais não seja um gesto de carinho, que pode ser simplesmente passar-lhes a mão no pêlo sedoso e bem cuidado.

Há muita gente que sabe fazer isso na perfeição, mesmo sem saber falar decentemente. 

 

 
 
Convém começar por falar do queijo, senão lá se vai a motivação de todos eles. Para o ratão o queijo é mal empregado para aqueles cinco pretendentes ao repasto ocasional, em que o vencedor da disputa que se avizinha, vai poder distribuir fatias por aqueles que nunca roeram a corda, contribuindo assim para a sua vitória.
Os ratinhos evitam falar do ratão, porque sabem que ele tem muito peso, como, aliás, o nome indica. Apesar disso, o ratão fala grosso mas não se mete no meio deles, esperando que o queijo lhe venha parar aos dentes, sem se sujeitar a disputá-lo com os ratinhos. Seria um desprestígio ver um ratão derrotado por um qualquer ratinho, ainda que seja fêmea.
Lá no fundo, o ratão sabe que não tem a rataria com ele, a não ser no seu buraco, onde é ratão mor muito pouco contestado.
Mas, fora desse buraco, a ratoeira já está armadilhada. Ele sabe bem disso, ou não fosse ele um verdadeiro ratão.
 
21 Mai, 2008

Os piores do mundo

 

 

Todos os dias somos brindados pela comunicação social com estatísticas de proveniências diversas sobre a nossa cotação nos mais diversos domínios da nossa existência como país.

A avaliar pela realidade divulgada, da qual não se duvida, somos do piorio como povo, tanto entre os nossos parceiros europeus, como nos rankings mundiais de qualquer coisa. De qualquer coisa que nos é fornecida.

Desde o “analfabrutismo” até ao tamanho do pénis, passando pelo medo que os governantes nos “trafulhem”, parece que não temos concorrência, e isso provoca um sentimento de menoridade. Talvez até um complexo de inferioridade.

Afinal, podiam dizer que somos dos povos mais acolhedores, que temos desportistas de elite que países grandes não têm, que temos o sol e as praias mais convidativas do “mundo e arredores”, ou os vinhos mais resistentes às “provas da ASAE”.

Mas quem é que podia dizer coisas destas? Claro, que só podiam ser as pessoas que dizem coisas daquelas. Não é que trocassem umas pelas outras. Nada disso. Nunca se deve ocultar a verdade, tal como nunca se deve ocultar outras verdades, que repõem equilíbrios de análise e evitam visões distorcidas de apreciações isentas e sérias.

Tudo isso tem a ver com profissionais a sério, que são muito poucos, e “desenrascas” que pouco mais sabem que ler o que lhes metem à frente dos olhos. Mas são esses que fazem perguntas estúpidas a gente competente e conhecedora, e tiram depois conclusões de levar as mãos à cabeça.

Ora aí está uma estatística interessante que nos falta, para avaliarmos a nossa posição em termos de ranking da qualidade da informação. Sim, porque não parece que o “analfabrutismo” seja apenas de quem ouve, vê ou lê.

 

19 Mai, 2008

Somos os maiores

Não vale a pena andarmos todos os dias a dizer que somos os maiores e depois...

Não vale a pena andarmos todos os dias a dizer que os outros não são sérios e depois...

Não vale a pena dizermos que estamos inocentes e depois...

Não vale a pena dizermos que os outros são mouros se nós formos beras...

Não!...

Não vale a pena, porque pela boca morre o peixe...

Porque o anzol também vai à língua.