Um sonho desta noite
Estranha forma de vida esta, a que chegamos, em que querem que vejamos verdades onde só vemos mentiras.
A hipocrisia está instalada na sociedade e cada qual tenta servir-se dela para levar a água ao seu moinho.
Não interessa que a água vá suja, que vá sujar ou inundar o moinho, que o moinho produza farinha ou farelo, porque alguém irá consumir essa treta que dali saia.
E esse alguém não conta nem faz parte das preocupações desses moleiros que nos tramam com as suas guerras poeirentas e ruidosas.
Porque esses mentirosos profissionais, os montes de hipocrisia falante, só vêem objectivos e metas, só sonham com números e euros, só acordam com os gritos daqueles que atropelam.
Mesmo assim, seguem viagem, pois as pessoas não são nada, para além de sustentáculos do seu poder ou obstáculos a esse mesmo poder, consoante sejam os carneiros do seu rebanho ou os lobos da sua oposição.
Que diferença vai do carneiro até ao lobo…
No meio, os cães já nem ladram.
(Estas palavras juntaram-se em 2003).