Uma chatice pode ser uma porção de chatos, além de outras interpretações que se lhe podem atribuir. Mas que chatice! ... Digo eu, e diz muita gente, neste dia três do doze de dois mil e oito, que alguns teimam em considerar histórico, só porque ocorreram várias chatices, cuja origem está bem identificada. Cá para mim, a rua tem a ver com isso.
Seguindo o raciocínio de um chiste muito glosado noutras circunstâncias, apetece dizer que, se uma chatice incomoda muita gente, duas chatices incomodam muito mais. E assim por aí adiante, como se falássemos de elefantes. É que este assunto é mesmo elefantino, o que quer dizer que se trata de uma coisa em grande.
Estamos habituados a situações semelhantes, estando em causa outros protagonistas, e daí não vem o alarido que nos chega de todos os lados. Na minha modesta opinião, isso acontece, porque há protagonistas mais queridos e mais odiados ou, pelo menos, mais indiferentes ao povo e, muito particularmente, à comunicação social, que tem o bom gosto de escolher a quem defende e a quem ataca. E, por vezes, a quem ignora.
Neste dia ocorreram três chatices simultâneas: uma em Lisboa, outra no Porto e uma terceira, no caso, a mais badalada, em todo o território nacional. Diria que estas três chatices, foram fonte de muitas chatices para milhares de pessoas que, como é habitual, pagaram as chatices que outros encomendaram. Mas, das duas primeiras, praticamente não se falou. Nem os chateados, nem os ‘chateadores’ se envolveram em guerras verbais. Também não podiam, por falta de espaço no campo de luta. Em contrapartida, a chatice histórica já ocupou fóruns, debates, comunicações, comentários, mobilizando insultos, chatos, teimosos, aborrecidos, sectários, inteligentes, ignorantes, estúpidos, espertos, brutos e, estranhamente, levando pessoas que deviam ser educadas, a ser muito, muito mal-educadas.
Uma chatice, é sempre uma chatice, não há como negá-lo, mas parece que alguém não quer ver que mais vale suportar uma chatice, grande ou pequena, que criar uma montanha de chatices de que ninguém conhece as consequências, para lá dos desejos dos profissionais da chatice. Para estes, a coisa está do melhor.
Todas as chatices acabam por ter uma solução. Mais cara, mais barata, mais triste, mais alegre. Esta chatice histórica está em fase de comemoração, diria até, que está em fase de euforia, a que só faltam os foguetes e a música, se é que fui eu que não ouvi nada. Vamos pois comemorando, certos de que a história nunca esquece os grandes acontecimentos, sejam eles inolvidáveis dias de vitórias, sejam eles o resultado de grandes e vergonhosas derrotas, causadoras de muitas lágrimas de crocodilo.
Se este dia ficar para a história, então a história estará a ficar muito banalizada, se permitir que protagonistas destes, consigam entrar nela, manchando-a com os seus nomes e as suas atitudes. Mas, quem é que acredita nisso?