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afonsonunes

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09 Abr, 2009

Cá na minha

 

 
Todos os dias aparecem notícias de que um ou outro mártir da preocupação, se encontra verdadeiramente chocado com o desemprego e com a situação económica e financeira do país, para as quais só encontram palavras de muita comoção e de apelo a que alguém se lembre desse fenómeno verdadeiramente desesperante. Alguém, quem?
De entre os grandes preocupados já ouvi citar, em primeiro lugar, o nosso presidente. Mas há mais. O presidente dos Estados Unidos e o presidente da Comissão Europeia. Cá na minha, uma coisa é estar apenas muito preocupado, outra bem diferente é estar a fazer alguma coisinha em favor da causa. Como sempre, só a conversa não resolve.
Sinceramente, penso que todos os portugueses têm iguais preocupações, especialmente, aqueles que sentem na pele esse flagelo, e que de nada lhes vale a comoção, com lágrimas ou sem elas, desses mártires da preocupação. Os verdadeiros mártires são todas as vítimas, e não apenas os coitadinhos de toda essa piedosa preocupação, que não dá nada a ninguém. Até parece que só agora é que há vítimas.
Cá na minha, continuo a pensar que não é possível acabar com o estado de choque, por esta ou aquela situação, se não houver a coragem de tirar de um lado, para pôr no outro. Não nesta emergência, não neste ou naquele caso, mas para sempre, tocando a todos, para acabar de vez com o desperdício da ganância e da opulência, em favor de toda a espécie de necessidade.
Para acabar com este estado de lamúria de ocasião, que até parece que deu um jeitão a quem não sabia como tirar a máscara da hipocrisia, de repente, aparece de cara lavada, se for preciso, mostrando lágrimas de comoção que, lá no fundo, no íntimo de cada um deles, talvez devessem ser as lágrimas da incapacidade de nunca terem sido capazes de encontrar a solução definitiva, para que as crises não sejam apenas de alguns.     

Cá na minha, esta crise e estas preocupações, já tiveram outras edições, maiores ou menores, e estou certo que não serão as últimas, pese embora alguma esperança vinda de fora. Pelo menos, enquanto se não equilibrarem as entradas e saídas do saco de onde todos comemos.