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afonsonunes

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Tenho perfeita convicção de que esta minha ideia meio amalucada, que me deu para apresentar aqui, vai ter o total repúdio de toda a Assembleia, de todos os partidos e de todos os adeptos em geral, mesmo os mais fervorosos, de todas as nacionalizações. Excepto desta, como é evidente.
Lá diz o slogan que tudo o que é nacional é bom. Lá digo eu, que tudo o que cheira a esturro já não presta para nada, porque já está esturricado. Se nacionalizar um banco é bom, porque tem lá cofres cheios de dinheiro, ou devia ter, nacionalizar uma adega particular é bestial, porque deve ter lá muitas pipas que valem muita massa. E podem dar muitas alegrias ao povo triste.
Nacionalizar é sempre qualquer coisa que o povo ganha sem ter que trabalhar para isso. Privatizar é sempre perder qualquer coisa que já deu trabalho e lá se vai de borla para as mãos de quem não quer mexa. Claro, que esta é apenas uma lógica, de entre outras lógicas politiqueiras que todos bem conhecem.
Certamente que não fui só eu a reparar que temos em Portugal um governo particular, um governo privado, que tem por missão administrar o interesse público. Ora isto é um contra-senso de bradar aos céus. Nada justifica esta aberração e ainda não encontrei um motivo, por mais rasca que fosse, que sustente esta situação.
Mais, ainda não percebi o motivo porque toda a oposição, normalmente tão aguerrida e tão reivindicativa, está calada e acomodada, sem exigir o fim deste monopólio governamental que tanto está a custar ao bolso de todos os portugueses, especialmente aos mais desfavorecidos, porque não mandam nada, ainda que muito lhes custe.
Além disso, toda a gente entendida diz que o governo de socialista não tem nada, o que representa mais um bom motivo para lhe mudar o nome. Talvez partido centrista, partido direitista, sei lá, qualquer nome parecido com laranjista, mas sem criar confusões.
Antes deste governo, tivemos governos laranjistas, como toda a gente se lembra. Tal como toda a gente se lembra que foram um sucesso de se lhe tirar o chapéu, de tal modo que ainda hoje, e em sua homenagem, toda a gente refere que temos um governo socialista, para frisar bem as diferenças entre ambos.
Laranjistas ou socialistas foram, ou são, governos do sector público, mas com nomes que não custa a identificar como privados pois, que me conste, os partidos políticos não são entidades do sector público, nem beneficiam desse estatuto em termos de poderem meter a mão às claras nos cofres do estado, nem constam do respectivo orçamento, com muita pena deles, como é óbvio.
Ora aqui é que está o busílis da questão. A verdade é que a massinha acaba sempre por sair do orçamento e os partidos acabam sempre por se governar com ela. Como somos nós, contribuintes, que alimentamos o orçamento, que por sua vez alimenta os partidos, somos nós, contribuintes, que alimentamos os partidos.
Então, não se justifica que tenhamos governos laranjistas ou socialistas, privados em qualquer dos casos, sendo nós o público, a entrar para eles. Penso que já está mais que claro o teor da minha proposta para eliminar esta incongruência do nosso regime político, a qual ainda não foi detectada, nem pelo garante de todos os garantes.
Portanto, concretamente, é preciso e é urgente nacionalizar já o governo socialista, que deve passar a denominar-se governo do país, governo de Portugal ou governo dos portugueses, como já, erradamente, se ouviu em tempos idos, a alguns elementos menos rigorosos, em relação a governos laranjistas.
Os portugueses têm direito a um governo seu, mas mesmo seu, e não governos dos socialistas ou dos laranjistas, que já têm muita coisa que não teriam se fossem governos nacionalizados, para pertencerem, verdadeiramente, ao povo.