Governo a três, já!
Dado que o grau de emergência nacional aumenta a cada minuto que passa, também tem de aumentar, na mesma medida, a imaginação para dar uma solução a isto. Sim, porque com os empatas que temos ainda se vai a crise e nós ficamos na mesma.
Para que tal não aconteça, estou a mexer-me no sentido de evitar que amanhã, os responsáveis de hoje, me venham acusar de estar envolvido na mesma paralisia que os atacou, há um ano e tal. Nunca deixarei que tal aconteça.
Como toda a gente já verificou, o governo a dois já deu o berro, facto comprovado notoriamente por Passos e Portas, tanto no que dizem, como no que fazem. Dá até a impressão que estão desertinhos por dar o fora quanto antes e fugir do pesadelo.
Mas, com minha autorização, ou por minha iniciativa, não vão. E não vão, porque há umas continhas antigas a ajustar, além de que é preciso dar uma solução a essa coisa de refundar não sei o quê, com uma ajudinha dos compadres beras do PS.
Então, nas circunstâncias atuais, só vejo uma hipótese. Passos e Portas devem fazer um convite duplo ao PS, incluindo à partida as condições a vigorar no governo tripartido. Penso que já sei quais são as condições que o PS vai exigir e que passo a explicar.
Seguro, como não teve nada a ver com as birras do passado, também não quer saber do presente, mas aceita que o PS seja representado no governo por Sócrates. Como este não pode ser PM sem eleições, aceita o lugar de Gaspar, com o mesmo estatuto.
É uma maneira de resolver muitos problemas pendentes. Sócrates ficaria a supervisionar aqueles que não quiseram nada com ele. Como foi ele que destruiu o país, só ele está em condições de o reconstruir ou refundar, como os outros dois querem.
Além disso, o balúrdio que ele está a gastar em Paris, fica a gastá-lo em Portugal, com a certeza de que, com ele, vem de volta ao país a fortuna que tem em depósitos no paraíso. Tudo somado, capital e juros, manda a troika embora, pois nunca quis vê-la cá.
Ainda com a vantagem de ensinar ao ministro Álvaro, que uma economia moribunda não se ressuscita com festas antigas, nem com funerais a curto prazo. Mas também de ensinar ao ministro Relvas como se tira um curso um pouco mais de decência.
Como é de calcular, acabariam de vez aquelas polémicas diárias entre os que gostam mais do governo e os que não gostam de nada do que ele tem feito. E, sobretudo, quem foi que fez o acordo e quem foi que o estragou.
Agora os grandes benefícios viriam da experiência de Sócrates na organização governativa, adquirida ao longo da elaboração dos complicados PECs e na respetiva vivência com a dona da europa, com a qual aprendeu a falar bastante lá fora.
Mais importante ainda seria a recuperação da célebre e proveitosa cooperação estratégica entre o governo e a presidência, onde não haveria cortes, nem nas verbas, nem no relacionamento que, como se sabe, sempre foi excelente.
Assim, Portugal passaria de um país todo fundido, para um país com tudo nos máximos. Nem era precisa qualquer remodelação. Bastava pedir desculpa a Mário Soares e a Ferreira Leite, pelos danos causados, e todo o governo passaria a ser excelente.
Falta aqui a posição do governo a refundir. Nem é precisa, pois agora sou eu que garanto a pés juntos que não tem alternativa. E também posso garantir que quem já bateu no fundo, precisa mesmo que o salvador lhe pegue na mão com toda a força.