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afonsonunes

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Dado que o grau de emergência nacional aumenta a cada minuto que passa, também tem de aumentar, na mesma medida, a imaginação para dar uma solução a isto. Sim, porque com os empatas que temos ainda se vai a crise e nós ficamos na mesma.

Para que tal não aconteça, estou a mexer-me no sentido de evitar que amanhã, os responsáveis de hoje, me venham acusar de estar envolvido na mesma paralisia que os atacou, há um ano e tal. Nunca deixarei que tal aconteça.

Como toda a gente já verificou, o governo a dois já deu o berro, facto comprovado notoriamente por Passos e Portas, tanto no que dizem, como no que fazem. Dá até a impressão que estão desertinhos por dar o fora quanto antes e fugir do pesadelo.

Mas, com minha autorização, ou por minha iniciativa, não vão. E não vão, porque há umas continhas antigas a ajustar, além de que é preciso dar uma solução a essa coisa de refundar não sei o quê, com uma ajudinha dos compadres beras do PS.

Então, nas circunstâncias atuais, só vejo uma hipótese. Passos e Portas devem fazer um convite duplo ao PS, incluindo à partida as condições a vigorar no governo tripartido. Penso que já sei quais são as condições que o PS vai exigir e que passo a explicar.

Seguro, como não teve nada a ver com as birras do passado, também não quer saber do presente, mas aceita que o PS seja representado no governo por Sócrates. Como este não pode ser PM sem eleições, aceita o lugar de Gaspar, com o mesmo estatuto.

É uma maneira de resolver muitos problemas pendentes. Sócrates ficaria a supervisionar aqueles que não quiseram nada com ele. Como foi ele que destruiu o país, só ele está em condições de o reconstruir ou refundar, como os outros dois querem.

Além disso, o balúrdio que ele está a gastar em Paris, fica a gastá-lo em Portugal, com a certeza de que, com ele, vem de volta ao país a fortuna que tem em depósitos no paraíso. Tudo somado, capital e juros, manda a troika embora, pois nunca quis vê-la cá.

Ainda com a vantagem de ensinar ao ministro Álvaro, que uma economia moribunda não se ressuscita com festas antigas, nem com funerais a curto prazo. Mas também de ensinar ao ministro Relvas como se tira um curso um pouco mais de decência.

Como é de calcular, acabariam de vez aquelas polémicas diárias entre os que gostam mais do governo e os que não gostam de nada do que ele tem feito. E, sobretudo, quem foi que fez o acordo e quem foi que o estragou.

Agora os grandes benefícios viriam da experiência de Sócrates na organização governativa, adquirida ao longo da elaboração dos complicados PECs e na respetiva vivência com a dona da europa, com a qual aprendeu a falar bastante lá fora.

Mais importante ainda seria a recuperação da célebre e proveitosa cooperação estratégica entre o governo e a presidência, onde não haveria cortes, nem nas verbas, nem no relacionamento que, como se sabe, sempre foi excelente. 

Assim, Portugal passaria de um país todo fundido, para um país com tudo nos máximos. Nem era precisa qualquer remodelação. Bastava pedir desculpa a Mário Soares e a Ferreira Leite, pelos danos causados, e todo o governo passaria a ser excelente.

Falta aqui a posição do governo a refundir. Nem é precisa, pois agora sou eu que garanto a pés juntos que não tem alternativa. E também posso garantir que quem já bateu no fundo, precisa mesmo que o salvador lhe pegue na mão com toda a força.

 

 

 

30 Out, 2012

Jogo de cabeça

 

 

Previno que não vou falar de pontas de lança ou de centrais que são, normalmente, os futebolistas que mais precisam de usar a cabeça para marcar ou evitar golos nos jogos que disputam. Mas, para mim, a cabeça tem outras utilidades bem mais importantes.

Nesta emergência nacional, segundo terminologia muito propalada, é incontornável não deixar de malhar na vaca fria, que é como quem diz, manter a língua afiada para desancar nos infelizes que já se devem ter apercebido da alhada em que se meteram.

Portanto, imagino o jogo de cabeça em que são obrigados a intervir o dia inteiro, e em grande parte da noite, principalmente, quando são obrigados a entrar duro sobre adversários que a todo o momento oferecem umas entradas a raspar.

Também convém referir que, quem não tem cabeça, não pode esperar outra coisa senão rasteiras e entradas de carrinho, já para não falar naquelas ofensivas de gente que ao receber um encosto de ombro, logo responde com uma cabeçada de rachar.  

Depois, desse jogo perigoso de cabeça resulta, com frequência, a cabeça perdida de quem nem sempre controla aquelas buzinadelas linguísticas que são habitualmente dirigidas com maior fúria aos árbitros que usam mal e abusam do seu apito.  

Quando o jogo de cabeça dessa gente não é grande coisa, lá começam a ouvir as assobiadelas da ordem, prenúncios do acenar de lenços brancos de quem está farto de ver sempre as mesmas jogadas, que vão sempre desaguar na pior das deceções.   

Quem não tem cabeça é natural que também não tenha muito raciocínio. É natural que também não tenha tento na língua. Fica-se a pensar se, na falta desses dois predicados, ainda restará alguma coisa dentro dessa cabeça que não se tem.

Sabe-se que há quem tenha muita tendência para o jogo. Mas há quem não saiba minimamente usar a cabeça que tem, para jogar com ela. Prefere usar os pés e os punhos para fazer o único jogo que sempre jogou. O jogo da violência.

Mas, politicamente falando, é o jogo da violência verbal o mais correntemente praticado. Diria mesmo que o mais estupidamente usado, pois só a estupidez de certos jogadores os impede de ver o jogo sujo que eles próprios estão a fazer.  

Mas, também me parece evidente que esses jogadores que julgam ter grandes cabeças, mesmo muitos dos mais conhecidos, não se apercebem da pequenez do seu falar e do seu pensar que, mais tarde ou mais cedo, acabarão por dar em cartão vermelho.

Isso leva-me a crer que há muita falta de treino específico no jogo de cabeça, principalmente, antes desses jogadores se iniciarem nos grandes jogos do poder e da governação do país. E não há jogos mais importantes que esses. 

E hoje, aí temos mais um golpe de cabeça falhado que, certamente, resultará num golpe de cabeça aberta, logo, uma grande dor de cabeça. E hoje, aí temos os sinais mais evidentes de quem já, com propostas tontas, visivelmente, perdeu a cabeça.

 

 

 

29 Out, 2012

Meia maratona

 

 

O atletismo tem estado muito em voga na política, com particular destaque para as corridas e, dentro destas, as de longa distância, onde é preciso ter canetas para aguentar, segundo o especialista mor na matéria, o último terço da prova.

Está mais que visto que não há preparação suficiente, para os atletas que neste momento atacam a maratona política. Até aos vinte sete quilómetros lá fizeram das tripas coração e, já de boca aberta, só por teimosia ainda caminham a passos. 

Ora, a maratona é uma corrida, não é para andar ao ritmo de passos, muito menos a passos de caracol. A maratona tem de ser para gente, homens e mulheres, de sapatilha ligeira até aos quarenta e dois quilómetros sem olhar para trás a cada cem metros.

Porque a meta é sempre em frente e a partida ficou definitivamente para trás. Quem não treinou o suficiente não devia ter partido. Quem pensa que está a concorrer com quem já arrumou as sapatilhas, está irremediavelmente condenado ao fracasso.

Poderia ainda haver a hipótese de os atuais atletas se inscreverem na meia maratona, mas não há. Simplesmente, porque ficaram arrumados com os dois terços já percorridos na maratona. Agora, de língua de fora, já nem aguentam mais passos em falso.

Tudo isto não teria qualquer importância se não fosse aquela lembrança aterradora daquele atleta político nacional que andou seis anos a dar espetáculo por todo o mundo a fazer maratonas matinais competindo com os seus próprios seguranças.

A irritação dos atuais atletas políticos portugueses é não conseguirem perceber a razão do seu fracasso na maratona, quando se lembram do êxito do maratonista que foi capaz de fazer maratonas consecutivas daqui até Paris. Até dizem que ele fugiu. Pois fugiu.

Na verdade, tem toda a lógica que ele tenha fugido. Por mais que digam que ele não foi capaz de prever o futuro, tudo nos leva a crer que ele teve uma perspetiva lúcida do que aí vinha. Cá, não tinha condições mínimas para correr sequer um quinto da maratona.

Pensando bem, não é difícil entender como é que um maratonista de exceção podia ficar aqui, em Lisboa, onde já não há uma boa loja aberta, onde se possa comprar um bom par de sapatilhas. E, se ainda houvesse, não havia dinheiro para as comprar.   

O grande problema a partir deste momento, é estar em causa a própria modalidade: o atletismo. Sem meia maratona e sem maratona, os atletas políticos pró-ativos, estão a tentar tornar-se aguerridos beligerantes contra todos os que correm atrás da vida.

Só que, a vida está muito doente. Correr atrás dela é estar logo, à partida, a ser contaminado pelo seu bafo febril. Assim, os beligerantes, usando todas as suas pró-atividades, facilmente deitam a mão aos que vão perdendo o contato com a vida.  

Ainda nos vêm com a conversa de que é preciso coragem e sacrifício para aguentar a parte mais difícil da maratona. Mas qual maratona? Nem maratona, nem meia-maratona. Que corra o treinador, que nós já não podemos com uma gata pelo rabo.

 

 

 

 

 

Esta é uma empresa em cuja denominação sobressai a última palavra: Limitada. Mas, esta empresa não é uma empresa qualquer no contexto económico do país e, sobretudo, neste contexto temporal em que a economia já mal se vê.

A palavra Limitada significa isso mesmo. Há limitações em tudo e em todos, naquela empresa que devia ser ilimitada em todos os aspetos. Porém, de ilimitado apenas o volume dos salários e alcavalas dos respetivos administradores e amigos.

Apesar disso, tanto Passos como Portas, muito calados um com o outro, não conseguem administrar as mais rudimentares chatices que levantam um ao outro. Ou seja, estão muito limitados no seu relacionamento. Porque um é mudo e o outro é calado.

Em consequência disso, criaram uma mini empresa, a Montenegro, Magalhães e Cia, para dizer em voz alta, aquilo que os administradores não deixam de pensar, mas não lhes convém dizê-lo. Sobretudo, fazer a refundação da política do passado.

Montenegro e Magalhães são uma espécie de pivots dos seus patrões, só que muito mais abrutalhados na maneira como se exprimem, como lhes compete, pois não têm a pressão que recai em permanência sobre os seus administradores.

Num dia, Magalhães grita por Sócrates e mima-o com o epíteto de coveiro do país. A seguir, Montenegro acusa o PS de ser um ninho de irresponsáveis. No dia seguinte, Magalhães e Montenegro fazem ultimatos ao PS para que se junte a eles.    

A firma Passos & Portas Limitada tem ainda um diretor financeiro que controla os próprios administradores e os diretores de todas as suas empresas. Há quem diga que este diretor financeiro já detetou um terrível odor a petróleo nas redondezas.

Daí que seja evidente o seu interesse pelo subsolo e o seu desprezo por tudo o que existe à superfície. Incluindo as pessoas que, segundo pensa, só podem constituir um empecilho quando souberem o que têm por baixo dos pés.

Ele sabe que todos vão julgar que estão ricos só porque têm petróleo no país. Logo, é preciso pô-los já em pobreza extrema, antes que comecem a sonhar alto e a comprar armas para entrar na guerra que não tardará a rebentar.

O diretor financeiro, com nome de rei mago, Gaspar, já tem aliados lá fora que o protegerão nessa longa e inevitável guerra, porque ele sabe que os administradores e os diretores das empresas onde trabalha, não sobreviverão ao rebentamento das bombas.

Pese embora todos os órgãos dirigentes terem sido sempre, e continuam a ser, referências para o país, principalmente, para as empresas rivais, a verdade é que não se livram da iminência de uma falência total e de um despedimento coletivo.

Dentro das empresas de Passos & Portas Limitada, incluindo a Montenegro, Magalhães e Cia, estão a tentar a salvação através do recurso ao seu inimigo figadal de sempre, o PS, no qual veem agora a única tábua a que podem agarrar-se.

Porque, é muito diferente refundar-se, ou afundar-se, levando consigo o inimigo, ou ir ao fundo a sós, e deixar o reino e o ouro, mesmo o que não há, entregues ao bandido que teimou em não querer pagar as dívidas que ficarão como herança dos afogados.

Dada a delicadeza da situação, em que já são inúmeros os avaliadores que não dão nada pela salvação dessas empresas, está agora aberto o processo de pré seleção dos candidatos a administrador da respetiva massa falida.

 

 

 

27 Out, 2012

Está na hora!!!

 

 

Não é por muita gente andar a clamar que está na hora do governo ir embora que eu venho com este princípio de grito de manifestantes. Eu defendo que está na hora de toda a gente calar o biquinho e começar a dar vivas ao governo.

Dou as duas mãos à palmatória por andar há tanto tempo a manifestar o meu descontentamento pela forma como nos estão a conduzir rumo ao futuro. Agora, porém, já cheguei à conclusão que são os governantes que têm a razão toda.

Dizem eles, com toda a sua razão, que quem não concorda com eles é frontalmente contra o cumprimento do arrazoado que consta do tal memorando assinado. É verdade, tal discordância é mesmo de gente que não honra os seus compromissos.

Quem anda a mostrar constantemente a mais revoltante irresponsabilidade, é quem escreveu e subscreveu esse memorando, que é da sua inteira e exclusiva autoria. Isto quer dizer que quem está no governo agora, não tem mesmo nada a ver com isso.

Neste momento já reconheço que quem está agora no governo, nunca pensou sequer em ver entrar o FMI pelo país dentro. Essa iniciativa foi dos irresponsáveis que negam agora colaboração nas insubstituíveis medidas que estão a ser tomadas.

Aliás, acho muito bem que se obrigue, por qualquer forma e de qualquer maneira, que esses irresponsáveis se ponham inteiramente ao dispor do governo para assinar de cruz o que ele quiser, como forma de expiarem as suas culpas perante o país.

Porque, reconheço eu agora, o governo tem tido uma lisura irrepreensível para com os irresponsáveis e para com todos os portugueses que contam pois, portugueses dignos desse nome, são apenas aqueles que não têm nada que pagar os erros que cometeram.

Os indígenas que estão a pagar, e muito bem, são os tansos que não souberam viver, trabalhando que nem uns mouros, para os verdadeiros portugueses gastarem à fartazana. E para os portugueses especiais roubarem à vontadinha.

Está na hora de todos os ingratos como eu, que se têm manifestado no sentido do governo arrepiar caminho, ou ir embora, está na hora, repito, de todos fazermos um recuo total e manifestarmos na rua o nosso incondicional apoio ao governo.

Ao mesmo tempo, fazermos profissão de fé, que nunca mais queremos socialistas de qualquer espécie na área do poder, nem tão pouco lhe dar crédito quando discordar, tendo em conta o seu passado reconhecidamente do piorio para o país.

É escusado andarem por aí umas vozes a sugerir consensos estúpidos. O único consenso sério está dentro da coligação. O resto, ao largo. O país não precisa de irresponsáveis de ontem ou de hoje. Os responsáveis de sempre estão todos na área do governo.        

Nunca mais ouvirão o que eu disse antes. Daqui em diante serei sempre pró-ativo, pela resiliência, contra os beligerantes e contra todos os consensos e coesões. Está na hora de todos, mas mesmo todos, entregarmos o nosso cheque em branco ao governo. 

Reconheço agora que todos nós temos obrigação de ser generosos ao passar os nossos cheques. Isso será a melhor maneira de ser patriota. O dinheiro nas nossas mãos não vale nada. Mas, nas mãos do governo, vale tudo. Está na hora da resiliência.

 

 

 

26 Out, 2012

Isto é segredo

 

 

Atrevo-me a revelar isto porque tenho a certeza de que ninguém vai divulgar as minhas revelações, senão ainda me arriscava a ser condenado por dizer coisas que, sendo verdades, não se podiam passar para a opinião pública.

Portanto, vou passar isto para aqui, que é um espaço privado, onde a discrição é um bem inviolável. Se assim não fosse, nunca me atreveria a trazer para aqui confidências que podem modificar a vida de muita gente. Para pior, obviamente.

Está em causa a sobrevivência dos governantes do país. Ora, não é difícil deduzir que isso significa a própria sobrevivência desse mesmo país, sabendo-se que em maré de recuperação, se perdemos os nossos recuperadores, adeus vida.

E os nossos recuperadores estão todos a ser avaliados pelo além. Têm tido muito bons alunos, mas a verdade é que algo de estranho se passou com as suas cabecinhas de ouro. Os últimos testes revelam comportamentos que fazem desconfiar de algo grave.

Mas, relembro que isto é segredo. Todos os cursos dos ministros vão ter de ser revistos e reconfirmados por quem passou os diplomas. Motivo óbvio: os resultados dos seus trabalhos não estão a corresponder às habilitações declaradas. 

As dúvidas ganharam mais relevo logo que um deles disse que o estado gastou muito dinheiro com a sua formação. Isto alarmou quem empresta o dinheiro pois, além de constituir um privilégio, revela que o dinheiro investido foi muito mal empregue.

Se há coisas que os credores não perdoam é dinheiro mal gasto. Além disso, essa despesa não foi previamente autorizada por quem de direito. E agora, chega-se à conclusão que esse balúrdio não tem recuperação possível.

Outro ministro está com dificuldade em manter o estatuto de bem formado. Desta vez o problema é o inverso do anterior. Os credores souberam que não gastou dinheiro ao estado com a sua formação e desconfiaram de tanta seriedade.

Avaliada a situação, concluíram que o curso decorreu com tanta rapidez que nem deram pelo seu início e respetiva conclusão. Logo, pensaram que o barato sai caro. Mas, também pensaram sobre o que estaria a fazer um ministro com um curso destes.

Mas, há ainda um outro caso bicudo. Há uma ministra que gosta de fazer tudo em segredo. E tem o mau hábito de pedir aos seus amigos que não digam nada a ninguém. Ora os nossos credores gostam de tudo bem contado, bem discutido, bem badalado.

Entendem ainda os credores que o dinheiro não gosta que o tratem em segredo, pois isso pode ser sinal de que venha a ser esquecido. Sobretudo, quando na justiça se anda a esconder coisas que podem vir a custar muito dinheiro. E desconfiança nos cursos.

Há uma coisa que os credores não permitem. É haver ministros e ministras que andam a fazer coisas em segredo. Eles não toleram que haja a mínima decisão que não passe primeiro pelo crivo da sua autorização. Será que não acreditam em cursos destes?

As Sapo últimas palavras proferidas por distintos credores, vão já um pouco no sentido contrário. Ainda não percebi se já acreditam mais nos ditos cursos, ou se deixaram mesmo, de todo, de acreditar. Ou ainda se quererão dizer simplesmente: governem-se!   

Mas, por favor, acreditem que tudo isto é segredo, pois se o mesmo se sabe lá fora, estou tramado. São capazes de dizer que isto são segredos de estado, ou segredos de justiça. Depois, lá vão atrás de mim, a ver que espécie de curso é que eu não tenho.

 

 

 

 

 

Constou-me que há um ministro radical no governo mas não consegui descobrir qual deles, tem mais visível essa característica tão apreciada por quem gosta de se mexer e, sobretudo, ver gente que se mexa e saiba mexer-se.

Estou convencido que todos eles mexem em qualquer coisa. Resta saber se a coisa deve ou não deve ser mexida e de que maneira. Daí que tenha, voluntária e gratuitamente, feito um estudo sobre as atividades dos ministros mais irrequietos.

O moço da mota chamou imediatamente a minha atenção. Talvez porque tenha ficado a olhar para o capacete. Que nem tinha nada de especial, mas uma cabeça de ministro metida dentro dele, produziu em mim, um efeito arrasador.

E mais arrasado fiquei, quando vi a destreza com que ele avançava e metia a marcha atrás, tudo sem parar, sem olhar, sem pestanejar. Ouvi alguém dizer que ele até era capaz de recuar antes mesmo de avançar. Radicalmente, não estava mal.

A seguir, fixei o olhar no ministro Gaspar e nas suas acrobacias burocráticas entre Lisboa e as cidades europeias das vias sinuosas e saturadas. O homem é capaz de manter consultas telefónicas com dez contactos simultaneamente.

Porque ele tem um telefone em cada dedo de ambas as mãos. Só assim consegue perguntar tudo o que deve fazer, em relação às inúmeras respostas que tem de dar aos outros ministros, pois tudo lhe passa pela mão e tudo tem de ser decidido pelos outros. 

Também não podia deixar de observar o ministro doutor, de quem não lembro o nome, mas que se aguenta na corda bamba como se tivesse os pés bem assentes na terra firme. Ele fala de tudo, sabe de tudo, decide tudo, mesmo sem ir ao Gaspar.

Depois, observei o Passos, que passa o dia numa sessão ininterrupta de corta relvas entre o Miguel e o Vítor, para conseguir ter uma pequena ideia do que eles fazem, pois nem têm tempo de o informar das suas pesadas tarefas.    

Tive de interromper o estudo sobre o comportamento radical dos ministros. Achei que não valia a pena continuar, pois os restantes, todos eles, apresentavam indícios de radicalismo mais que suficiente para os classificar com cinco estrelas.

Assim sendo, achei que o melhor seria pronunciar-me sobre os quatro ministros radicais observados, com a finalidade de distinguir o melhor deles. Elegi o ministro da mota. Além de recuos incríveis, ele já conseguiu bater no fundo dos fundos do ministério.

 

 

 

24 Out, 2012

Solução à vista

 

 

Para alguns opinantes menos convictos, fazer perguntas é uma boa maneira de pretender que outros vão ao encontro das suas ideias. Isso acontece quando se não tem coragem para dizer afirmativamente, aquilo que se diz através da interrogação.

É evidente que, se perguntar não ofende, já o mesmo não acontece quando são os mesmos a dissertar sobre respostas por via enviesada da sua versão, nem sempre séria, muitas vezes enganadora, quando não visivelmente maldosa ou doentia.

O ministro Gaspar será incompetente? Não estou a ofender, nem tão pouco a enganar, ou a ser maldoso com alguém. Agora, se eu me atrever a dizer que quem pensa que sim, é destituído de bom senso, ou está a destruir o futuro do país, já é maldade ou doença.

Mas adiante, porque eu gosto mesmo é de respostas e não de perguntas desnecessárias. Quando me dá para me pronunciar sobre qualquer assunto, é para dizer o que penso, ou assumir as parvoíces que me apetece deitar cá para fora.

E aí vai disto, porque está na hora de sair qualquer coisa. Há uma sondagem que mostra Rio melhor que Passos e Costa melhor que Seguro. Ora aí está uma sondagem com a qual eu concordo plenamente. Porque há muitas que, Deus nos livre.

Partindo deste estudo, cheguei à conclusão que Gaspar até podia ser um bom ministro das finanças, desde que tivesse como primeiro-ministro, um destes dois, isto, admitindo que Gaspar aceitaria esse complicado desafio.

E digo porquê. Com o atual primeiro-ministro, Gaspar é o lobo mau da troika que veio para comer tudo o que houver para comer. É isso que está fazer. Com Rio ou Costa, homens que sabem o que querem para o país, isso não aconteceria.

Embora divergentes em muita coisa, têm uma visão amadurecida, de experiência feita, que saberiam, qualquer deles, explicar ao ministro Gaspar, que o nosso país, não é uma coutada da troika onde se venha caçar quase só a caça miúda.

Assim, o ministro Gaspar poderia dizer aos seus patrões, que tivessem calma e bom senso, para não provocar a extinção de espécies que servem, entre outras coisas, para alimentar as espécies mais vorazes e avantajadas que a troika protege descaradamente.

Assim, tal como estamos agora, é que não pode ser. Ter Passos e Gaspar, juntos, é o mesmo que juntar a fome com a vontade de comer. E o problema não é só a fome e a vontade de comer de ambos. É terem de dar de comer a mais três esfomeados: a troika.

Logicamente que o país não vai aguentar com os esfomeados de lá e com os esfomeados de cá. Todos eles esfomeados de muito alimento. Nem preciso de perguntar nada. Mas respondo: os pequenos esfomeados desaparecem. Morrem.

Sei que não vim para aqui fazer perguntas. Porque não gosto. Mas a verdade é que também não vim para aqui dar respostas, porque ninguém precisa delas. Digamos que vim para aqui desabafar. Coisa que, por enquanto, ainda vou conseguindo.

Sinceramente, nem me passa pela cabeça que alguém pense que estou a trair o país, com o facto de pensarem que vou sugerir que Rio, Costa e Gaspar, juntos, podem constituir uma hipótese de substituição do atual governo que está a salvar o país.

No entanto, é verdade que tenho algum receio que todos aqueles que dizem que não há alternativa, comecem a pensar neste trio. E depois de muito pensar, comecem a dizer que, afinal, está ali uma solução à vista. Mas isso ainda não é agora.

 

 

 

 

 

Estou completamente pasmado com o alvoroço levantado pelas telenovelas da informação televisiva. Claro que as escutas ao PM terão sido decisivas para esta diarreia informativa, ou contra informativa, em que se repete, repete, sempre a mesma coisa.

Mas, o que mais me impressionou, talvez porque eu seja muito impressionável, foi ver o STJ, a nova PGR, a ministra da justiça, o diretor da PJ, todos no mesmo noticiário, em que também se deu conta do reboliço que vai pelos sindicatos da justiça.

Talvez seja a minha insensibilidade para estas questões que me levam a ver isto sob este prisma anormal, quando tudo indica que se está dentro da mais absoluta normalidade. Porque estas coisas talvez façam parte das reformas estruturais em curso.

Mas vamos por partes. O STJ não quis falar das escutas, o que o coloca na linha de atuação anterior. Não fala e ponto final. Já a nova PGR parece já estar a dar boas indicações da sua independência, falando das escutas antes do STJ se pronunciar.

A ministra da justiça, que tem já um passado que lhe dá um crédito de sábias opiniões, diz que é desta que se vai tratar do monstro chamado segredo de justiça. É muito oportuna esta pressa, porque é preciso, agora e depressa, que ninguém fique impune.

O diretor da PJ diz que é preciso mais dinheiro para que se averigue tudo, e como deve ser. Correto. Só se espera que não voltem a fazer tanta cera como nos vários processos que duraram anos e anos e, ou não deram, ou não vão dar em nada.

Faltam os sindicatos do setor. Tanto arregaçaram as mangas para colocar este governo em funções, que se estranha, pelo menos eu estranho, que agora se movimentem tanto para levar a água ao seu moinho, até com as habituais ameaças de greve.

Há quem diga que tudo o que se ouve e se vê fazer na justiça, está sob a divina proteção de altos interesses partidários. Não, agora já não. Agora, arrisco eu, estão numa fase mais adiantada, que é a fase da luta pelas reformas que interessam a cada um.

Porque, agora, quanto aos partidos, tudo bem. O problema é que o momento é decisivo para ver para onde os poderes vão cair. E os seus partidos, no poder, como é óbvio, vão ter de pender para um lado ou para o outro. E isso é chato. Muito chato.

Quando o inimigo era comum, o partido do poder, a coisa era muito mais fácil. Todos contra ele. Agora, todos eles estão interessados no comando das operações. Tal como filhos a pretender influenciar as decisões na herança dos pais.

Nesta casa da justiça há muita coisa que tem de ser muito bem repartida, sob pena de se zangar toda a família. Até porque, por mais familiares que se metam lá em casa, não quer dizer que haja mais paz e a união.

 

 

 

22 Out, 2012

Alternativas?

 

 

Dizem os grandes sábios da nossa praça que não há alternativa a este governo. Não sou eu que vou dizer que há. No entanto, fico a sorrir com aquela cara de estupefação, que não é bem de estupidez, quando olho um pouco para trás.

Quando este governo substituiu o anterior, já tinha dado alguma prova de que seria uma boa alternativa? Não. Quando o anterior governo tomou posse para o primeiro mandato, já tinha dado provas de ser uma boa alternativa? Não.

Ora, se pensarmos que os governos só podem vir a ser competentes e eficazes, se forem uma boa alternativa, nunca poderão ser constituídos numa base de renovação de políticos velhos por políticos novos. Como se diz que é preciso renovar a classe política…

É já um chavão mas, na verdade, é mesmo verdade: há sempre alternativas, assim haja quem as queira aceitar. Se estamos fartos dos políticos velhos que nos conduziram a este estado, temos de renovar até onde for possível renovar.

Agora, não podemos aceitar que os políticos inexperientes e, ou, incompetentes, se mantenham no poder só porque foram eleitos. Se nos dão provas de que não conseguem acabar com o que está mal no país então, que venham outros.

Não podemos é aceitar as teorias de conveniência de políticos e comentadores que andam ao sabor dos ventos e marés. Se o governo que está em funções no momento, não lhes cheira, rua com ele. Se lhes convém, haja o que houver, não tem alternativa.

O governo anterior só esteve lá metade do mandato porque se pensou que já estava lá a mais. Não se vê por que motivo o atual governo não possa ser substituído antes dos quatro anos, quando já se provou que não correspondeu ao que dele se esperava.

Mais ainda, quando já muita gente pensa que a sua atuação só está a agravar os males do país. O que é que melhorou? Tudo o que derivou dos cortes nos salários e outros benefícios. O que é que piorou? Tudo o que era preciso fazer, puxando pela cabeça.

Não preciso eu de puxar pela cabeça para dizer o que faz falta. Está tudo mais que identificado, publicado, dito e redito. É preciso mesmo que se oiça, se veja, e se tenha tudo isso em atenção quando se fazem os orçamentos. E que depois se cumpram.

Não há alternativa à austeridade? Não, não há. Mas há outra austeridade para contrapor a esta que nos estão a dar. Basta comparar a austeridade de quem tem uma reforma de cento e setenta mil euros e a de quem não tem um cêntimo na família.

Portanto, a austeridade não tem alternativa. A gente já sabe disso. Mas, há muitas maneiras de a fazer. Logo, muitas alternativas. E dessas é que há muita hipocrisia escondida, sobretudo, porque interessa não falar nelas.

 

 

 

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