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afonsonunes

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30 Nov, 2012

Hotel subaquático

 

Se ainda não existe nenhum hotel subaquático vale a pena esperar com toda a calma do mundo, pois ele vai aparecer em breve. Isto não é um palpite destituído de fundamento, destinado apenas a preencher mais uma conversa de chacha.

Vou procurar demonstrar as razões que me levam a fazer esta incursão ao fundo mar, onde o reino da água impera. Portanto, se acaso eu a meter, estou no meu meio preferido, logo, perfeitamente justificada a minha estranha tendência.

É voz corrente que os submarinos têm o mau hábito de passar meses ou anos no fundo do mar, quantas vezes sujeitando os seus tripulantes àquelas refeições monótonas e repetitivas, com o inconveniente de serem feitas por cozinheiros com barbatanas.

Agora imagine-se que os submarinos vêm da Alemanha, cheios de manhas germânicas, sobretudo, aquelas a que chamam contrapartidas. Ou seja, as que são concebidas como um contra, às partidas que os seus negociadores pregaram aos nossos contribuintes.

Entendeu-se agora que a melhor maneira de resolver isto a bem, era fazer o tal hotel subaquático. Os submarinos, em lugar de estarem estacionados no Tejo a fazer lembrar coisas esquisitas, estacionam no fundo do mar, com o apoio do hotel subaquático.

Uma novidade que só a grande amizade luso germânica permitiu, a par do perfeito intercâmbio comercial, gerador de negócios do outro mundo. Só assim, foi possível associar dois grandes ramos de negócios comerciais: submarinos e hotelaria.

Aposto que ainda ninguém mais no mundo se tinha lembrado de tal coisa. Falta agora desenvolver esta relação comercial, que é bem capaz de ser o prenúncio do fim da crise provocada por aquele que todos nós sabemos. E que estragou estes negócios todos.

Até já me constou que vai abrir uma agência de viagens no Largo do Caldas para inscrições, reservas e outras tarefas relacionadas com as excursões ao fundo mar, visitas aos submarinos e estadias no hotel, com visualização de peixinhos de profundidade.

Lembrei-me agora de um pequeno problema. São precisos mais dois submarinos, estes turísticos, para levar e trazer os excursionistas. Pode ser que a agência do Caldas já se tenha apercebido desta pequena falha, entabulando negociações com a Ferro Estalo.  

Agora, com a certeza de que não haverá contra partidas nem contra chegadas, uma vez que no Caldas já há tabelas atualizadas de todas as marcas de submarinos, com todos os preços líquidos e secos, de onde foram extirpadas todas as gorduras subaquáticas.

Este negócio dos submarinos turísticos, das visitas aos submarinos do negócio e ao hotel no fundo do mar, são o trunfo na manga para que o país consiga efetivamente voltar à superfície. Depois, será uma romaria entre o Caldas, a Lapa, S. Bento e Belém.

Quatro terminais onde será possível iniciar a viagem que vai apanhar a Peixarola, versão marítima da Passarola de outros tempos. Depois, junto à Torre de Belém, será o embarque de todos os turistas que já pagaram a passagem no Largo do Caldas.

Pensa-se que esta mobilidade permanente de pessoas que vão e vêm, sempre com o hotel subaquático a rebentar pelas costuras, será suficiente para normalizar a ocupação da nossa população. Viajar sim, emigrar nunca mais.

 

 

 

29 Nov, 2012

À espera

 

 

‘Espero que todo o governo acredite neste orçamento’. É evidente que, ao dizer isto, o primeiro-ministro sabe, com absoluto conhecimento, que todo o governo o vai cumprir escrupulosamente, senão, nem a brincar, dizia uma heresia desta natureza. 

Agora, esperar de pé, pode transformar-se num enorme castigo para quem o não merece. E o nosso PM não merece ficar demasiado tempo à espera, de pé, correndo o risco de criar varizes nas pernas, o que eu não desejo nem ao meu maior inimigo.

Mas, então, que motivo levará o nosso PM, homem experimentado, culto e com um discernimento muito acima da média, a esperar que todos os seus ministros acreditem num orçamento que aprovaram, sem abstenções nem votos contra.

Depois, qual o motivo que terá levado a AR, órgão representativo do povo português, a aprovar por maioria, um orçamento que é contra o povo, dizem as más-línguas, as línguas de quem não compreende a seriedade, a lucidez e a coragem do seu PM.  

Portanto, nada mais avisado que, quem espera algo de bom ou de mau, deste orçamento, tenha o bom senso de esperar sentado, roendo as unhas sem exagerar, para que não fique surpreendido com os ataques repentistas de alguns ministros e parceiros.

Indiscutivelmente, o que não foi discutido, discutido está, pois não há nada a contrapor ao que não foi discutido, além de que, discutir é uma perda de tempo que o país não suportaria. Porque o PM já tirou todas as boas conclusões das suas medidas.

E, se alguém tirar outras conclusões, é porque não mediu as consequências que o nosso PM já mediu até ao milésimo de milímetro. Ora isso não é sério. Porque é dito ao povo português que se discorda do PM, mas não se revelam as consequências que ele tira.

Esse é o grande, enorme, colossal, monumental e monstruoso erro da oposição. Tal como o erro de 78 personalidades que se deram ao incómodo de escrever uma carta ao PM, com cópia para o PR, ou vice-versa. Há gente que não tem mesmo nada que fazer.

Se eu fosse uma personalidade, assinava por baixo, passando a ser 79. Mesmo assim, direi – que bela coisa! Pois, para anular o efeito dessa carta, bastaria uma outra, com 80 laranjinhas a dizer que a primeira carta é de uma minoria de ignorantes ociosos.

Rosinhas, claro, e quase todas murchas, ou até com muitas pétalas caídas, pisadas com algum escárnio pelos mais diletos amigos desta nossa nova democracia, onde predominam uns jovens recém-formados numa nova carreira política.

Por mais que alguém tente estabelecer um termo de comparação justo e independente sobre qual dos grupos de craques será mais competente para dirigir o país, o resultado será sempre o mesmo. Ora um, ora outro. E a culpa é de quem?

Espero, mas espero bem sentado no sofá, que ninguém me venha propor que assine a segunda carta. Comigo não contem para perfazer os 81. Aliás, cada vez me convenço mais que vou terminar os meus dias sentado, à espera que tudo isto mude.

 

 

 

28 Nov, 2012

Haja luz e fogo!...

 

 

Vem aí o Natal e já se nota a azáfama da instalação de luzinhas nas ruas e nas praças com fios pendurados ou enrolados nas árvores ou nos postes. Tal como já se fala nas verbas que isso e o fogo-de-artifício vão custar ao país candidato à banca rota.

Que ninguém diga, que mal empregados são os milhões que vão arder na época natalícia, porque sem eles não seria Natal, nem haveria as festas que fazem movimentar pessoas que têm dinheiro para gastar e mostrá-lo aos que não o têm.

Porque, os que não têm dinheiro podem ir para a cama curtir a fome, enquanto os que têm muito bago, vão para a rua curtir o ‘barulho’ das luzes e o brilho do foguetório. A tradição da época é a festa e a animação. A fome, essa nem tradição tem ainda.

Portanto, que ninguém venha reclamar a incongruência que julga ver nos gastos aos milhões, que bem podiam servir para distribuir uma ceia a muitos daqueles que nem almoço nem ceia vão ter. Mas, tudo isso é demagogia, evidentemente.

Só na Madeira, ao que dizem, são dois milhões que vão para os olhos dos estrangeiros que vão encher os hotéis os quais, certamente, vão ressarcir quem entrou com a massa, entregando os impostos cobrados, de forma que ainda fiquem alguns euros de lucro.

Aliás, na Madeira como em muitas autarquias que vão abrilhantar o país, o que não lhes falta é dinheiro para o chamado fogo de vista, no bom sentido claro, pois o passado não deixa dúvidas de como também nunca faltou bom senso nos seus gastos.

Portanto, quem se queixa não está a ver bem o problema. Melhor, está a ser egoísta. Sugere-se que veja o problema pelo outro lado. O lado do foguetório e das luzinhas a piscar. Se lhe faltarem as forças, vá para a caminha e durma descansado.

 

 

27 Nov, 2012

Governo e Sporting

 

 

Se eu tivesse o poder de mandar os recados que entendesse necessários para o bom e regular funcionamento de todas, repito, de todas as instituições nacionais, nem era tarde nem era cedo. O meu recado já teria chegado aos seus destinatários.

Parece que as dúvidas de quase todos os portugueses são muito claras no que toca ao momento vivido pelo Governo e pelo Sporting. A semelhança assume contornos de fazer pensar com muita seriedade quem se interessa pela política e pelo futebol.

E apetecia-me perguntar quem é que não se interessa, nem por política, nem por futebol. Há sempre uma remota possibilidade de a resposta ser: muita gente. Porém, muito sinceramente, não acredito, pois é evidente que o país está com doença dupla.

Tudo porque nem a equipa governamental nem a equipa sportinguista funcionam. Segundo muitos entendidos, até estão a jogar bem, só que não marcam golos. E, sem golos, o pessoal não vibra, não aplaude, preferindo os assobios e até os insultos.

No meio desta contestação, toda a gente que fala e se rala, não culpa os jogadores, isto é, os onze ministros que não acertam nas medidas e os onze titulares que não acertam na baliza. Com mais ou menos onze de cada lado, a diferença está nos suplentes.

Um dos treinadores pode fazer três substituições por jogo, enquanto o outro treinador teima em jogar sempre com os mesmos onze, embora não acertem o tamanho das botas com as medidas da baliza adversária, chutando sempre contra a assistência.  

Assistência desesperada que já perdeu tempo demais a assobiar os jogadores das duas equipas. E já só vê uma maneira de resolver o problema da ineficácia geral. Tem de pedir contas aos dois dirigentes que são os responsáveis máximos dos dois lados.

Nada mais nada menos que Passos e Godinho, ou Coelho e Lopes, ambos muito competentes e muito confiantes no futuro. Logo, segundo a consequência lógica do meu raciocínio, ambos estão deslocados das suas verdadeiras capacidades.

Se Passos não rende como responsável pela equipa governamental e se Godinho não consegue gerir bem a equipa sportinguista, aconselho uma mexida radical. Coelho para presidente do Sporting e Lopes para presidente do governo.

Trata-se de uma dupla chicotada psicológica que resolverá o problema complicado das duas instituições que, quer se queira acreditar ou não, já lá não vão como uma daquelas simples e habituais chicotadas a meio da época, que não dão em nada.  

E hoje é o dia certo para se concretizar essa troca que tanto pode ser enorme como fenomenal. Porque hoje foi aprovado um novo orçamento. Que, precisamente, por ser novo e inédito, tanto vai salvar o governo como o Sporting.   

Que o mesmo é dizer, salvar o país e o futebol. Que se cuidem o Benfica e o Porto com a sua mania errada, ruinosa e comum, de quererem ganhar tudo. Se querem subsistir a esta ofensiva inédita do país e do Sporting, inovem e troquem também de presidentes.

Neste país inadaptado aos dirigentes que tem, tudo tem de ser mudado, a começar pelos adeptos dos clubes e pelos adeptos da política, pois é neles que está o mal. Os dirigentes, esses, são todos bons. Mas é preciso e urgente, pô-los todos no lugar certo.   

 

 

 

26 Nov, 2012

Só se perde...

 

 

O nosso popularíssimo Coelho foi de viagem até à Madeira, coisa impensável há uns tempitos atrás. Pois, porque para ir à ilha é necessária autorização do senhorio lá do sítio e só agora estão reunidas as condições para que tal viagem tivesse lugar.

Há e houve gente do continente que só teve essa possibilidade quando os elementos da natureza provocaram devastações tais, que o orgulho e a estupidez tiveram de vergar-se à necessidade de baixar a bolinha e chamar ali os insultados causadores dos seus males.

O mesmo é dizer que quando falta o dinheiro para a paródia é necessário falar a sério para que venha mais dinheiro e a paródia continue. E assim tem acontecido desde tempos imemoriais, tantos quantos o Jardim lá do sítio tem regado à sua real vontade.

Enquanto a paródia dura, os salteadores do continente não vão à ilha, devido à forte e permanente barragem de fogo defensivo e ofensivo que impede qualquer tentativa de aproximação. Exceto quando os bandidos vão ali descarregar o ouro de outros assaltos.

Desta vez, Jardim recebeu Coelho de mãos estendidas e Coelho despejou nelas o que levava nos bolsos. Tudo conforme o previsto. E ambos falaram consoante as necessidades de cada um pois, segundo se diz, a necessidade aguça o engenho.

Foi então que o nosso temerário Coelho aproveitando a brisa leve e suave que o continente já lhe não dá, confessou não ter qualquer problema em lidar com a impopularidade. Esqueceu, que tem dito e repetido que o país o compreende.   

Sinceramente, não consigo perceber como se pode ter medo de perder a popularidade que se não tem. Sim, porque só se fala do problema da impopularidade, quando se sente que ela já está aí, em cima dele, a mexer com os seus neurónios.

Agora, o problema é estar já a pensar como pode recuperar o que já perdeu faz muito tempo. E aí, mais uma vez, está a ir pelo caminho errado. A popularidade reconquista-se emendando a mão e não persistindo nos argumentos que fizeram com que a perdesse.

Passos e Jardim juntos, de braços abertos ou de costas voltadas, não constituem grande esperança para um país e uma região depauperados. Sobretudo, porque ambos têm aberto demasiado as mãos a quem não precisa e têm-nas fechado demais a que precisa.   

E a condição básica para que Passos emende a mão, é tudo fazer para criar consensos e não continuar a acirrar ódios contra quem discorda dele. Apesar de ter as costas quentes de vários lados, há um outro lado que lhe pode causar um grande resfriamento.

O país não quer eleições, mas isso não quer dizer que o país o queira no poder por muito tempo. Não deve servir-lhe de consolação, nem de teimosia, olhar apenas para as fraquezas alheias, esquecendo as suas próprias fraquezas.

O povo não quer o que tem, nem o que tem tido no passado. Portanto, não está em causa perder ou ganhar popularidade. Nunca se perde o que se não tem. Mas também nunca se ganha o que já se perdeu. Pode sim, renascer-se, ainda que seja das cinzas.

 

 

 

25 Nov, 2012

Ensaios

 

 

Em Portugal ensaia-se muita coisa, há muitos anos, mas não temos tido sorte com os resultados desses ensaios. Não é que não tenhamos coisas boas, que temos, mas essas, ou muitas delas, estão a sumir-se como que engolidas pela atrocidade dos tempos.

Ou talvez não seja bem isso, visto que já António Aleixo, o poeta das quadras simples mas bem direcionadas, também quis demostrar que, na sua visão do futuro, fazia ensaios sobre quem parecia ser ladrão e quem o era de facto.

Naquele tempo, parece que as previsões, ou os ensaios, mesmo os de um homem simples e iletrado, batiam mais certos que os de hoje, feitos por especialistas que só têm um defeito. Não conseguem ensaiar juntos, nem acertar em tons comuns.

Muitos anos depois de Aleixo, Portugal conheceu o Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago que, se fosse vivo, teria agora noventa anos. Um ensaio que percorreu os anos e a cegueira, a terrível cegueira dos homens, que só varia nos sinais dos que veem.

Comemorou-se hoje mais um aniversário do 25 de novembro, motivo para mais uma oportunidade para conhecer ensaios de viva voz dos generais Pires Veloso e Ramalho Eanes. O Vice-Rei do Norte e o alcainense que muito tem falado sobre a pobreza.

Curiosamente, um e o outro ensaiam largas tiradas sobre o que sonharam para o país e as suas contribuições para o evoluir dos tempos e da sociedade. Só não lhes ouvi palavras claras de apoio, ou de crítica, ao momento político que o país atravessa.

Pareceu-me assim que um e o outro fizeram mais um ensaio sobre a forma de estar de bem com toda a gente, mesmo com aquela gente que tem contribuído e continua a contribuir para que se prolongue e agrave aquilo que tanto lamentam.

Foi ontem, no norte, que uma voz falou no ensaio sobre a estupidez. Foi hoje, na Madeira, que alguém fez um ensaio de qualquer coisa muito parecida. Aliás, naquela tão martirizada ilha, raro é o dia em que essa malvada não ataca ferozmente.

Em contrapartida, não há meio de se vislumbrar neste assolado país de pobreza, um assomo de ensaio sobre o juízo. Juízo e falta dele, que parece ter atacado fortemente no sentido de ascender a um nível a que o povo não pertence.             

 

 

 

 

 

Finalmente vai chovendo por todo o país, depois de longos meses em que não se ouvia falar senão das duas secas que nos atormentavam. E era o país que estava em causa, pois se uma das secas era severa, a outra era e é, terrivelmente austera.

Se já era muito difícil suportar a segunda, a mais antiga, que nos massacra há muito mais tempo que a primeira, começava a ser insuportável aguentar com uma em cima da outra. Há uns meses que a sede nos ameaçava mas, vá lá, lá veio a chuva.

Só não vem uma chuvada de qualquer coisa que afogue esta peste de austeridade que nos trouxe a maior e a mais terrível seca de sempre que, mesmo sem sede, está a deixar muitas barrigas cheias de fome, pois não adianta enchê-las apenas com água da chuva. 

Os anos têm-nos brindado com secas sucessivas pois, atrás de seca, seca vem, e os cidadãos já começam a duvidar de si próprios quanto à possibilidade de se livrarem deste flagelo. Porque ouvem muitos a falar deles e muito poucos a estar do seu lado.

E os que estão do seu lado, não podem dar-lhes mais que a solidariedade de quem sofre do mesmo mal, enquanto os do lado de lá, lhes vão mostrando a sua relutância em prescindir dos seus excessos e da sua ganância, servidas com muita hipocrisia.

Não há pior seca que aquela que deixa os cidadãos entregues a toda a espécie de violências, ainda que disfarçadas de uma falsa proteção e de promessas de que o melhor está para vir, como se isto fosse a terra do tio Sam.

Porém, há uma seca que vai assumindo foros de fantasma que sobressalta já muita gente que sabe ler os sinais que surgem aqui e ali. É o fantasma da perseguição pessoa a pessoa, ao sabor de mentes que estão a aplicar o seu lema de, tudo e todos por nós.  

A verdade é que as secas de sucessivos governantes e seus acólitos, cada vez em maior número e causadores de mais intempéries de poeiras secas empurram-nos, como se de imparáveis forças se tratasse, para o inóspito deserto que nos tratará da saúde.

 

 

 

 

 

Que fique bem claro que não estou a mandar calar quem, como eu, gosta de escrever umas coisas, sejam elas um prazer que se proporciona a alguém, ou uma inutilidade a que ninguém liga nenhuma. De qualquer forma, umas coisas que só lê quem quer.

Não virá mal nenhum ao mundo se a ignorância e a estupidez que alguns dizem ver por aí, a qual os incomoda muito, não for absorvida por esses agentes da esperteza e da intelectualidade, pois não está em causa a possibilidade de contágio por osmose.

Até porque, tanto quanto sei, quem atingiu por aqui o seu grau de excelência e teve outras aspirações, com toda a naturalidade, foi mostrar os seus dotes para outros ares que julgou menos poluídos. Mas, também há quem se sinta bem aqui.

Portanto, no que me toca, respeito e aceito sem qualquer problema, aquilo que qualquer cidadão sinta que lhe faz bem deitar cá para fora, o que tem lá dentro. E leio muita coisa com que não concordo mas, longe de mim, armar em membro de júri.

Agora, quando está em causa o que dizem ou fazem entidades com responsabilidades a nível do país, com influência direta ou indireta naquilo que toca aos cidadãos, nos quais me incluo, ai aí não me coíbo de meter o bedelho tal como me apetece.

Oh homem, cala-te!... Não têm conto as vezes que me apeteceu dizer isto bem alto, mesmo sabendo que não sou ouvido. Umas vezes com razão, outras sem ela. Mas constato que esses, a quem me apetece mandar calar, nem sempre deviam estar a falar.

Também não me incomoda mesmo nada aquilo que se diz deste ou daquele protagonista político, porque penso que é um direito inalienável de qualquer cidadão, ter os seus gostos e as suas preferências, na política como em outra coisa qualquer.  

Oh homem, cala-te, que hoje não estou para aí virado. O que tu queres já eu sei quase desde que nasci, mesmo não sendo um daqueles precoces como muitos se julgam, só porque começaram desde pequeninos a ter tudo o que nunca lhes custou a ganhar.

Oh homem, sei perfeitamente que não te calas quando te peço, ou te mando, mas espero bem que não tenhas a pretensão de pensar que me vou calar, só porque não gostas dos meus desejos ou das minhas ordens. 

Há quem condene a inutilidade do produto da ignorância dos outros, mas esquece que também há quem condene a inadequada qualidade de linguajares impróprios de locais decentes. Pior ainda, quando essa é uma das maneiras de exibir estranhas virtudes.

Mas, a maior de todas as virtudes, soube-o agora, é falar muito sem dizer nada, ou dizer muita coisa importante, para muita gente, através de silêncios comprometedores. É tentar ser engraçado em momentos de extrema gravidade para quase toda a gente.

Portanto, não tenho outro remédio senão resolver o problema à minha maneira. Depois de muito pensar e de analisar as mais diversas soluções, parece-me que encontrei a solução possível, sem mandar calar ninguém. Arranjei duas rolhas para os ouvidos.

 

 

 

 

22 Nov, 2012

Equipas especiais

 

Só não fiquei surpreendido pela criação de equipas especiais do fisco para acompanhar alguns contribuintes, porque já estou habituado a ouvir muita coisa que depois não passa de pirotecnia. Sobretudo, quando se trata de lidar com os ditos mais ricos.  

Mais ricos que, segundo a notícia que li, são os advogados, os médicos e os arquitetos. Curioso, até achei graça como logo foram escolher apenas três profissões, que até podem conter muitos ricos, mas também terão alguns que estão longe de o ser.

Agora, é bastante estranho que não sejam citadas profissões como deputados, gestores e administradores, bem como altos funcionários do estado, por exemplo, sobre os quais vemos sair grandes notícias, que envolvem grandes negócios, nem sempre muito claros.

Mais estranho me parece que tais ricos e tais negócios, estando a coberto das investigações policiais e das decisões dos tribunais, venham agora a ser devidamente sentenciados por funcionários do fisco, especialmente, por agentes especiais.

Apetece pensar na especialidade desses agentes. Se são especiais porque estão vacinados contra a riqueza ou, simplesmente, porque se não deixam ir na conversa dos ricos a troco de um simples envelope fechado, ou de uma promessa não identificada.

É evidente que estou a especular sobre corrupção. Nada me diz que sou um especulador, ou que estou a pensar que tudo vai continuar como dantes. Se houver alguém que seja capaz de me garantir uma coisa ou a outra, dou a mão à palmatória.    

Muita gente, ao longo dos anos, tem falado, e fala ainda agora, de mudanças. Só que uns falam de uma mudança no sentido que lhes interessa, enquanto outros falam de uma mudança exatamente no sentido contrário da pretendida pelos anteriores.

Raramente alguém pretende que tudo fique na mesma. Pela simples razão de que o medo das mudanças pretendidas por uns, levam outros a apresentar as suas próprias mudanças, que não são mais que um reforço do que sempre tiveram.

E o problema está na proteção que os ricos sempre tiveram e no ignorar permanente da situação dos pobres. Mas, também agora, na perseguição constante a uma classe média baixa que já desceu ao nível de uma pobreza, muitas vezes, encapotada.

Justo será que haja a preocupação de que, perante a lei, todos os cidadãos tenham o mesmo nível de responsabilidades e que a todos seja exigido que as assumam por inteiro, sem que uns possam fugir, enquanto outros acabam por ficar presos. 

Que venham pois as equipas especiais para combater todas as injustiças, que são muitas, mas que não venham preparadas para continuar a proteger quem já tem proteção a mais, acabando tudo por cair sempre em cima dos mesmos.

De uma vez por todas, é urgente e é necessário que o país de lés-a-lés, disponha de boas equipas, de grandes equipas, que joguem de forma limpa e marquem sempre nas balizas adversárias. O país está farto de jogo feio e de auto golos mais que sujos.

 

 

 

21 Nov, 2012

Ok, chefe!...

 

 

Os portugueses que andam permanentemente com os dois olhos bem abertos, já compreenderam há muito tempo, quais os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e da indústria. Bem como, qual o nosso atual mar de oportunidades.

Ninguém está melhor posicionado para nos falar destas matérias, que o nosso sábio e prestigiado chefe. Foi por ele que passaram as muitas ondas benéficas que o mar estendeu até às nossas costas, que até são praias magníficas.

Toda a gente sabe que a senhora Assunção é zero à esquerda, em comparação com o nosso chefe, e dela também. Mesmo admitindo que ela vai conseguir recriar a agricultura que foi vendida pelo melhor preço, para encher bolsos vazios.

A política da couve nas varandas é já um sucesso tal, que trará o ressurgimento das culturas do trigo, do milho e da batata no quintal, mas nunca a política agrícola virá a reconstituir a capacidade de criar as fortunas que os impostos atuais nunca vão destruir.

É pena que aquilo que tanto custou a apanhar, as fortunas fabulosas do tempo do chefe rico, hoje mais conhecido como o rico chefe, estejam a ser levadas, levadas sim, como o hino de uma mocidade que hoje é já uma velhice, que vai levar as fortunas para a cova.  

E o mar, sim, esse mar imenso que temos na frente dos olhos, jamais será o mesmo mar que proporcionou milhões, em troca de barquitos de pesca da sardinha, que o nosso chefe conseguiu que se transformassem em bons mercedes e vivendas com piscinas.

Diz-se que houve quem conseguisse trocar barcos por jipes e tratores, pensando que com eles iria melhorar a sua performance piscatório. Não tardou que os sonhos acabassem afogados nas praias do Algarve com os impostos que hoje lhes pregaram.

Também a indústria foi então alvo de uma abençoada refundação por parte do nosso chefe que, assim, quis demonstrar que as refundações não são obra original de um qualquer imitador que, nos tempos de hoje, julga ter descoberto a pólvora sem fumo.

A refundação da indústria promovida pelo chefe, permitiu a paragem de uma produção que se limitava a fabricar parafusos para aquelas pessoas que se descobria terem um, ou mais, a menos. Como já não há disso, lá se foram as fábricas e os parafusos.

Não são todos, mas estes são alguns dos estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e da indústria. O país está grato a quem, nos venturosos dias de hoje, recorda tão negras passagens da vida de muitos portugueses que hoje vivem à grande.

Porque, como há quem não se canse de lembrar, os portugueses, quase todos os portugueses, têm a felicidade de poder sorrir face ao futuro que os espera. Esquecido o tenebroso passado, eis que se lhes depara um calmo mar de oportunidades.

 

 

 

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