Hotel subaquático
Se ainda não existe nenhum hotel subaquático vale a pena esperar com toda a calma do mundo, pois ele vai aparecer em breve. Isto não é um palpite destituído de fundamento, destinado apenas a preencher mais uma conversa de chacha.
Vou procurar demonstrar as razões que me levam a fazer esta incursão ao fundo mar, onde o reino da água impera. Portanto, se acaso eu a meter, estou no meu meio preferido, logo, perfeitamente justificada a minha estranha tendência.
É voz corrente que os submarinos têm o mau hábito de passar meses ou anos no fundo do mar, quantas vezes sujeitando os seus tripulantes àquelas refeições monótonas e repetitivas, com o inconveniente de serem feitas por cozinheiros com barbatanas.
Agora imagine-se que os submarinos vêm da Alemanha, cheios de manhas germânicas, sobretudo, aquelas a que chamam contrapartidas. Ou seja, as que são concebidas como um contra, às partidas que os seus negociadores pregaram aos nossos contribuintes.
Entendeu-se agora que a melhor maneira de resolver isto a bem, era fazer o tal hotel subaquático. Os submarinos, em lugar de estarem estacionados no Tejo a fazer lembrar coisas esquisitas, estacionam no fundo do mar, com o apoio do hotel subaquático.
Uma novidade que só a grande amizade luso germânica permitiu, a par do perfeito intercâmbio comercial, gerador de negócios do outro mundo. Só assim, foi possível associar dois grandes ramos de negócios comerciais: submarinos e hotelaria.
Aposto que ainda ninguém mais no mundo se tinha lembrado de tal coisa. Falta agora desenvolver esta relação comercial, que é bem capaz de ser o prenúncio do fim da crise provocada por aquele que todos nós sabemos. E que estragou estes negócios todos.
Até já me constou que vai abrir uma agência de viagens no Largo do Caldas para inscrições, reservas e outras tarefas relacionadas com as excursões ao fundo mar, visitas aos submarinos e estadias no hotel, com visualização de peixinhos de profundidade.
Lembrei-me agora de um pequeno problema. São precisos mais dois submarinos, estes turísticos, para levar e trazer os excursionistas. Pode ser que a agência do Caldas já se tenha apercebido desta pequena falha, entabulando negociações com a Ferro Estalo.
Agora, com a certeza de que não haverá contra partidas nem contra chegadas, uma vez que no Caldas já há tabelas atualizadas de todas as marcas de submarinos, com todos os preços líquidos e secos, de onde foram extirpadas todas as gorduras subaquáticas.
Este negócio dos submarinos turísticos, das visitas aos submarinos do negócio e ao hotel no fundo do mar, são o trunfo na manga para que o país consiga efetivamente voltar à superfície. Depois, será uma romaria entre o Caldas, a Lapa, S. Bento e Belém.
Quatro terminais onde será possível iniciar a viagem que vai apanhar a Peixarola, versão marítima da Passarola de outros tempos. Depois, junto à Torre de Belém, será o embarque de todos os turistas que já pagaram a passagem no Largo do Caldas.
Pensa-se que esta mobilidade permanente de pessoas que vão e vêm, sempre com o hotel subaquático a rebentar pelas costuras, será suficiente para normalizar a ocupação da nossa população. Viajar sim, emigrar nunca mais.