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afonsonunes

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Esta violência que assaltou Lisboa ao princípio da noite de ontem não foi propriamente uma surpresa que tenha apanhado desprevenidos todos os que nela estiveram envolvidos, nem a quem, de algum modo, tinha a preocupação de que ela não existisse.

Como muita gente já disse, é intolerável o que aconteceu. Por muitos motivos mas, o fanatismo de muitos vândalos, é um deles. Aproveitando-se do ambiente de exaltação de muita gente pacífica, não olham a meios para atingir os seus fins.

Os seus fins são conhecidos e já foram, desde há muito, objeto de avisos sérios de pessoas sérias de que, não tardaria o tempo em que, à semelhança do que já vinha acontecendo em outros países, começariam a chegar, como em tudo, com algum atraso.    

Somos um país de brandos costumes, dizia-se orgulhosamente, ou sem orgulho algum, consoante o lado da barricada: o lado dos encantados da vida, ou o lado dos mais inconformados. A verdade é que aqueles foram diminuindo e estes foram aumentando.

Portanto, aí temos o que já é inevitável nos dias de hoje. Os cidadãos descontentes, que se vão transformando em desesperados, facilmente se deixam envolver nas tropelias dos energúmenos que, em muitos casos, não têm problemas de fome em casa.

No entanto, não podemos esquecer ou omitir o fanatismo intransigente de quem fecha os olhos perante as origens e as causas da violência que cresce e se torna mais perigosa a cada dia que passa. É preciso abrir os olhos à realidade e fechá-los perante a mentira.

Porque já se tornou intolerável continuarmos a ouvir e a ver, como continuam a pretender que tomemos como exemplos aqueles que não têm o mínimo de princípios, para nos quererem convencer de que temos de lhes seguir os passos.

Também aí se notam traços de fanatismos ideológicos importados que, através da sua aceitação sem reservas, abriram brechas irreparáveis na sociedade, as quais vão levar muitos anos a reparar. Isto se, entretanto, não se verificar alguma derrocada súbita.

Não adiantará, se vier a acontecer essa derrocada, andar à procura de bodes expiatórios, como tanto se tem feito, sempre com o mesquinho interesse de aliviar o peso das consciências vergadas ao indesmentível e oculto sentimento de culpa.

Todas as espécies de violências e de fanatismos são verdadeiramente intoleráveis. Mas, também começa a ser intolerável que quem muito tem contribuído para que esses riscos venham a aumentar, sejam os que mais os fomentaram e continuam a fomentar.