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afonsonunes

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31 Dez, 2012

Arre burro!...

 

Estamos a caminho. Como nos tempos dos nossos antepassados, vamos tocando o burro. Como ele é carateristicamente teimoso, a marcha é lenta, umas vezes para a frente, outras, muitas, para trás.

Antigamente, os que tocavam os burros, usavam um pau de marmeleiro que, muitas vezes desumanamente, desancavam nos burros sem dó nem piedade, para os obrigar a ir mais depressa ou corrigir-lhes a direção. 

Isso era dantes. Hoje já não se podem usar paus de marmeleiro para nada. A protetora dos animais não deixa e as pessoas que deviam tocar os burros também já se habituaram a não usar esses métodos.

Talvez abusando dessa situação, os burros de hoje, são muito mais teimosos e fogem para caminhos que não interessam nem ao Menino Jesus. Bem podemos todos gritar, arre burro!... Moita, carrasco…

É assim que terminamos o ano. É assim que vamos começar o próximo. Boa sorte. De uma coisa todos podemos estar certos, porque ninguém pode perder a esperança: vivos ou mortos, todos vamos sair disto.

30 Dez, 2012

Saldos a correr bem

 

O país, nesta época de saldos, está à venda a retalho. Há quem diga que está a ser vendido ao desbarato. São aqueles que não têm cheta para o comprar. Os vendedores do país, pelo contrário, estão radiantes pelo sucesso dos saldos.

Para uns, são as joias da coroa que mudam de cabeças. Como o país já não tem cabeças reais, nem cabeças normais para usar coroas, estas não fazem falta à república. Há que despachá-las, pois dá muito trabalho mantê-las areadas.

Para outros, essas joias são umas coroas abençoadas que vão servir de garantia no balcão de penhores a que não podem deixar de recorrer para tapar os buracos que se abrem a cada dia que passa nas difíceis contas de sumir.

Mas, há ainda aqueles forretas que defendem que nada se vende, tudo se guarda. Tal como se guardam as barras de ouro, também as joias da coroa são dignas dos mesmos cofres e do orgulho de ter-mos ainda qualquer coisa nossa.

Entretanto, chegou a época em que já nada tem alternativas. E também chegou a época dos segundos ou terceiros saldos. Nada a fazer. É para vender, dizem os nossos acreditados e competentes leiloeiros. Eles é que sabem.

Depois de vendidas todas as joias da coroa, resta saber se ainda há país para se viver. Pois o país é um conjunto de joias, com coroa ou sem coroa, com barras de ouro ou sem elas. Com joias de pessoas que nada nem ninguém pagam.

Esta foi a forma de vender o país que não devia vender-se por preço nenhum. Este foi o tipo de austeridade escolhido para que se dissesse que não havia alternativas. A austeridade não tem alternativa, mas a forma de a fazer tinha.

 

 

 

 

Não são as reformas que estão a ser reformadas, pois só há reformas desde que este governo reformista e reformador entrou em funções. Por outro lado, porque ainda não fez outra coisa senão reformar asneiras velhas.

Obviamente, porque estava tudo mal e agora, com tanta reforma concluída, o país está muito diferente, para melhor, sem dúvida. Mente, quem diz que havia alternativa à austeridade. Mas, na verdade, ainda não ouvi dizer que havia.

Mas deixemos essa discussão para os espertos, porque eu quero é abordar a questão da reforma das reformas. Quer isto dizer, a maior e a melhor reforma feita até agora. Aquela que envolve o mar da sardinha e o ar que respiramos.

Duas coisas que, só por si, já justificam o título destas linhas. Ou seja, a extinção do Instituto de Meteorologia e a criação do Instituto do Mar e da Atmosfera. Grande e inteligente reforma. A reforma das reformas.

Já ouvi dizer a um ou outro crítico que devia ter sido batizado com o nome de Instituto da Terra, do Mar e da Atmosfera. Imbecilidades. Toda a gente sabe que este novo instituto se destina a meter água, ar, vento e não terra.

A única crítica com algum sentido, podia situar-se ao nível da sua localização. Nunca devia estar sediado em terra, uma vez que não é essa a sua área de influência. Mas, isso não retira um mililitro à genial ideia da reforma.

É fácil verificar como havia gente que não era capaz de dizer, Meteorologia. Isto é uma palavra que enrola a língua e, como tal, deve ser imediatamente suprimida do novo acordo. Se calhar os brasileiros já o fizeram.

É evidente que houve outras reformas de menor dimensão. A reforma dos reformados que também teve algum interesse. Houve quem pensasse que as reformas iam acabar. Pura especulação. Acontece apenas que vão acabando.

Exceto as milionárias, que vão crescendo. De resto as reformas são como as dívidas: não são para pagar. São para ir pagando. No entanto, que eu saiba, têm-se pago tantas, como os milionários têm pago as que devem ao estado.

Portanto, o estado também não paga. Pede cada vez mais. Mas isso não lhe retira o mérito de ter já concluído quase todas as reformas estruturais. Prova-o a reforma das reformas: o Instituto do Mar e da Atmosfera, sem Terra.

 

 

 

28 Dez, 2012

Ódio com orgulho

 

Não fazia a menor ideia de que alguém se sentia orgulhoso por estar a passar por esta seca de restrições ou, pior ainda, por uma situação de desespero como aquela que afeta tanta gente neste momento.

Certamente que quem atribui essa orgulhosa virtude ao povo português, a deve ter confundido com um misto de ódio e de revolta pela maneira inábil e incompetente como lhe impõem algumas dessas supostas benesses.

Só assim se explica a enxurrada de mimos e de ação de graças que lhe submergiram a graciosa comunicação via rede social que o autor utilizou. Se já não podia andar tranquilo na rua, só terá a ganhar se falar pouco e bem.

É que o dom da palavra não é para qualquer um. E eu que o diga. Mas, uns incomodam mais que outros. Por exemplo, comigo ninguém se indigna. Porque as palavras que eu digo, não têm o mesmo valor que as do amigo Pedro. Óbvio.

Depois, não se chama amigo a qualquer um. O amigo Pedro terá muitos amigos com certeza. Mas não pode, nem deve, cometer o erro de pensar que todos os portugueses são seus amigos. Apesar de julgar que é amigo de todos eles.

Além de um erro, é mais uma demonstração de que não sabe ser sincero, não quer falar verdade, não admite a realidade dos factos. Logo, mistura amigos com inimigos e, logicamente, sujeita-se a ver o seu orgulho inundado de ódio.

 

 

 

 

Volta não volta, lá vêm uns sujeitos a relembrar uma coisa que, sinceramente, não compreendo lá muito bem. Trata-se do jogo do bota abaixo. Quando me esforço mais um bocadinho, parece que estou à beira de descobrir o que é.

Da última vez que fiz esse exercício, vinham-me à memória as mesmas caras, que hoje são do bota acima, esbracejando furiosamente num desaforo que só podia ser de bota abaixo. Fiquei de boca aberta com esta estranha descoberta.

Afinal, neste jogo da política, quem ontem jogava na equipa do bota abaixo, com aquela fúria que dá saborosas e festejadas vitórias, hoje alinha no team do bota acima, mas parece-me ver ali desespero de derrota em lugar da tal fúria.

Sinal de que o bota acima já não está a dar grandes entusiasmos, como em tempos não muito distantes. Depois, como nesse tempo, o bota abaixo cresce e começa a assustar, enquanto o bota acima vai dando mostras de desânimo.

Se a minha análise estiver correta, no que tenho algumas dúvidas, estranho que neste, como em outros jogos, não possa haver aquele fair play do saber ganhar e do saber perder. Sim, no jogo da política também devia ser assim.

Se cada um defender as suas simpatias e até os seus eventuais interesses, de forma saudável e séria, tudo bem. Já o facto de se andar a colar rótulos pretensiosos em testas mal escolhidas, pode ser sinal de mau feitio, ou pior.

 

 

 

26 Dez, 2012

Ficaste para trás?

 

Anima-te, sejas homem, mulher ou criança, os teus dias maus chegaram ao fim. Na pior das hipóteses, está muito perto o fim dos teus atrasos em relação àqueles que caminham à tua frente, alguns, que quase tinhas perdido de vista.

Porque no dia de ontem, dia de Natal, dia a que se reconhece uma solenidade que não permite que se digam coisas tolas, ficou gravada a promessa que tu mais gostavas de ouvir. Ninguém ficará para trás. Obviamente, os portugueses.

Sei que és português e só receio bem que sejas um daqueles praticantes voluntários da fome. Isto se, voluntariamente, ficaste para trás, pois alguém disse há pouco tempo que, em Portugal, só tem fome quem não vai à sopa.

Portanto, amigo, alegra-te, porque vais acertar o passo e alcançar os que vão à tua frente. Ninguém ficará para trás. Mesmo aqueles que gostam de estar na rua a mendigar. Mesmo os que gostam da vida maravilhosa de viver do ar.

Se acreditas na promessa e gostas dela, prepara-te para essa extraordinária mudança na tua vida. Se não gostas, não a mereces e deves emigrar. Se não acreditas, mas gostavas que fosse verdade, vai rezando e vai correndo.    

 

 

 

 

Muita estranheza se colocou no ar por causa de um impostor que falou de verdades que demonstrou conhecer bem, perante gente que devia saber tanto como ele, mas nunca quis, não teve coragem, ou não pôde fazer o que ele fez.

Uma coisa é ser impostor por motivos que nada têm a ver com o que se conhece e se dá a conhecer aos outros, outra coisa é ser impostor por passar a vida a enganar, ou tentar enganar, os seus concidadãos.

Pode ser-se impostor de muitas maneiras, entre elas, por hipocrisia, vaidade, presunção, charlatanice, ou ter um especial orgulho naquelas simples bazófias que tanto seduzem os indivíduos que se julgam sempre acima da populaça.

Talvez não fosse hoje o dia mais indicado para trazer à baila esta variedade de impostores que nos cercam e nos comprime a vida o ano inteiro. Mas, também eles não deviam aproveitar esta data para se mostrar com ar do que não são.

Por mim, vou resolver o meu problema. Ainda não abri a televisão e assim vai continuar até ao fim do dia. Não sei porquê, mas convenci-me de que, neste dia, ela está, ou vai estar, contaminada com o vírus da imposturice.

 

 

 

23 Dez, 2012

Ter ou não ter

 

Ainda temos os lírios do campo para os quais já ninguém olha. Porque estão rodeados de mato e arvoredo bravo que tudo esconde. Também ainda temos lírios nas aldeias, vilas e cidades, que querem e insistem em ser cheirados.

Sempre ouvi dizer que há flores que não se devem cheirar. Do mesmo modo que certos lírios não são flores que se cheirem. É caso para dizer, olhai os lírios do campo, mas não cheireis os lírios que não prestam.

Ter ou não ter bom cheiro é importante. Mas, genericamente, ter ou não ter, eis a questão. Saber o que temos e o que não temos, é fundamental para que cheguemos à conclusão de qual o nosso papel nesta duvidosa questão.

Eu diria que temos tudo e não temos nada. Porque muito do que temos não presta e não nos serve. E tudo o que devíamos ter e não temos, está abafado no matagal que cobre o país: uma selva impenetrável de plantas daninhas.

Passando para o que temos e não temos em termos de pessoas que têm a responsabilidade pela condução do país, só me vêm à ideia os lírios do campo e as ervas e plantas daninhas em que se transformaram.    

 

 

 

22 Dez, 2012

Passos natalícios

 

O Papa perdoou ao burlão do Vaticano, talvez porque estamos quase, quase no Natal que é uma época muito especial para todos aqueles que acreditam nos valores da fé e da solidariedade entre todos os seres humanos.

Falei em valores, porque há muito quem fale nessas coisas, mas não faça mais que atraiçoar esses valores, fazendo às escondidas o contrário do que proclama em público. São os que batem com a mão no peito com demasiada força.

Enquanto o Papa manifesta em público o seu perdão a quem o roubou, por cá temos quem tente desviar as atenções dos grandes burlões, criando cortinas de fumo em volta de tudo o que possa mostrar a triste realidade dos factos.

Pelo que veio hoje a público, há mais uns tantos burlões que não querem pagar os milhares ou milhões que levaram do BPN. Só gostava de saber todos os nomes dessa gente séria que tanta lama atirou, e atira, em todas as direções.   

Quem esconde os seus erros não tolera que haja quem os encontre. Tal como não tolera que haja quem não colabore nessa fraude. Esse não é um procedimento que dignifica quem tanto se julga próximo do espírito natalício.

Quem está convencido que não errou, só tem que demonstrar que tudo o que fez, e faz, está certo. Com factos. Não pode considerar justificado o seu erro com ataques demagógicos e descabidos a quem não concorda com eles.

Concordar e discordar faz parte da convivência política e está muito longe de ser um delito pior que os feitos criticados. Pior que criticar, é querer esconder o que toda a gente está a ver. É querer arranjar cúmplices para atos discutíveis.

A cumplicidade conquista-se com o poder da razão. Com argumentos convincentes e nunca com a força intimidatória dum falso poder que se julga nunca ter contraditório. Que se encosta a quem queria ver encostado a si. 

Passos em falso, são sempre passos no escuro. Porque o escuro também tem o poder de esconder os obstáculos mais inesperados. E quando menos se espera, lá temos o inatacável poder encostado à parede que ninguém via.

 

 

 

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