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afonsonunes

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31 Jan, 2013

Bastonadas

 

Todos nós temos um bastão pronto a entrar em ação, dependendo de cada um, o momento da sua utilização e o vigor com que ela será feita. Tudo devia ser feito com conta, peso e medida, mas nem sempre assim é.

Podia, assim, dizer-se que a ocasião faz brandir o bastão. Ontem foi mais um daqueles dias em que houve bastonadas para todos os gostos, num salão que se enche anualmente para celebrar a abertura do ano judicial.

Não será exagero afirmar que, como em anos anteriores, se destacou o bastão do bastonário. Efetivamente, a bastonada foi de tal ordem que se pode dizer que, para despedida daquele areópago, o bastonário arrasou.

De tal maneira que houve quem, vergado à dor que lhe ficou no costado, apenas ouviu quatro dos cinco discursos proferidos. Para não falar de outros que, com grande resistência à dor, ficaram a sofrer em silêncio.

Mas, em boa verdade, cada um dos intervenientes, à sua maneira, mais discreta ou mais evidente, lá foi exibindo o seu bastão, cuja direção das bastonadas não foi difícil localizar. Esta guerra não é de um único bastão.

Obviamente, que também não é apenas de um bastonário que muitos consideram só um provocador ou um visionário. O bastonário será aquilo que cada um quiser ver nele. Mas, quem não suportar bastonadas, não as peça.

Também aqui, e em muitos outros locais, o que não faltam são bastonadas que agradam a uns e são repudiadas por outros. E não é preciso que sejam bastonários de coisa nenhuma. Têm um bastão e usam-no de pleno direito.

Mas, é um facto que nem toda a gente tem a força e a autoridade moral para dar umas bastonadas valentes em quem não tinha as costas preparadas para as aparar. Tal como também há quem não tenha bastão à altura de as poder dar.

 

 

 

 

Porque me parece absolutamente necessário tranquilizar alguns portugueses mais céticos, começo por assegurar, coisa que só eu posso fazer, que a crise vai ter de nos deixar um dia, até porque nada é eterno.

Tal como ninguém o é, desde a grande senhora Ângela alemã, ao pequeno senhor Barroso português, passando pelo médio senhor Mário do BCE. Este, em união com um holandês e um francês, já amenizaram alguns maus tons.

Portanto, por lá, as coisas parecem estar a evoluir mais ou menos. Por cá, o problema encalhou de tal forma que, nem mais, nem menos, se vislumbra uma pequenina porta por onde se possa pensar em sair desta coisa que nos aflige.

Por todo o lado, a palavra-chave é união. Toda a gente fala de união para nos safarmos do aperto que, apesar de boas ilusões que nos vendem por bom preço, não conseguem fechar esse negócio com todos os portugueses.

Comecemos pela união socialista que tanto está a preocupar Seguro e, por acréscimo, a comunidade laranja. Aquele, desde que ocupou o poleiro, só se preocupou com a união daqueles que o elegeram. A união do partido, zero.

Era preciso manter unida a claque da sua origem. A outra, tem sido um perigo que, pensa ele, lhe queima os lábios pronunciá-la. Quem pratica uma união exclusivamente à custa da gestão de claques, não pode ter uma união real.         

A união do poder laranja com o contra poder laranja, é outra junção de muito difícil concretização, como o tempo tem vindo a demonstrar. Com a agravante de que tem havido um critério de poder em que mandam apenas os milhões.

Mas há ainda a união de dois partidos num governo, em que a desunião tem provocado os seus danos colaterais. Também aqui, o lema é falar muito de união mas, a cada momento, ela é posta em causa por ambos os unionistas.

Finalmente, e a mais importante de todas as desuniões, é a guerra que se trava entre todos os portugueses. Toda a gente sabe que a união é essencial, que nada se conseguirá pela força de uns ou as fraquezas de outros.

Mas é nisso que todos jogam. Partidos, claques e corporações. Ser os mais fortes para pisar os mais fracos. Não importa o país. O que importa é tentar destruir quem lhes crie obstáculos ou, simplesmente, que lhes faça sombra.

É assim que se trava a luta política neste país. É fazer tudo o que for possível para destruir o que só seria possível construir pela união. Os partidos no poder trabalham mais para o insucesso da oposição, que para a gestão do país.

 

 

 

 

À primeira vista até parece que ele não tem nada a ver com ela, ou vice-versa, mas a verdade é que têm, e muito, a ver um com o outro. Bastaria referir que ele tem um poder muito superior ao dela sobre o primeiro-ministro de cá.

Apesar de muita gente estar convencida de que quem manda no nosso PM é a chanceler, convém esclarecer que, embora isso seja verdade, tal só acontece porque ela, antes de dar as ordens a Passos, recebe-as de Relvas.

É fácil explicar este circuito burocrático. Logo que o governo tomou posse, Passos recebeu um recado muito importante de Relvas. Para que não houvesse deturpações da sua vontade e autoridade, o seu gabinete seria um crivo.

Logo, tudo quanto entra e sai no gabinete do PM, passa sempre pelo gabinete de Relvas. Até os telefones são aqui centralizados, havendo depois extensões para o gabinete de Passos. Portanto, a chanceler também passa por ali.

Estranho? Não. Estranho seria se tivéssemos um PM que conseguisse dar ordens a toda a gente. Relvas, encarrega-se de suprir essa estranheza. É como dizerem que quem manda no país é Gaspar. Pois é, mas só depois de Relvas.     

A chanceler quis modificar esta cadeia de comando através de um resgate especial de emergência na área da comunicação. Claro que levou logo sopa de Relvas. Argumentou: se ela queria mandar, pagava primeiro os calotes do país.

Ela ainda replicou que não foi ela que os fez. Mas Relvas, arguto, calou-a logo, lembrando-lhe que foram feitos no tempo em que era ela que mandava. E, altivo, acrescentou: agora, quem manda aqui sou eu e os calotes não são meus.

A chanceler meteu o…entre… pois, isso não se diz de uma senhora, mas deixou Relvas em paz, e de vez. É claro que não adianta andar por aí a clamar que Passos devia fazer isto e aquilo, senão é ele que ainda acaba remodelado.

Para evitar que venha a concretizar-se essa eventualidade sugeria que, tão rapidamente quanto possível, trocassem de gabinetes e de funções. Não sei porquê, mas tenho a sensação de que, assim, o país ficava mais estável.

Sinceramente, esta é uma versão minha de como as coisas se passam, ou não passam. Por sinal, bem diferente do que corre por aí. Como vai sendo frequente, já não sei se fui eu que sonhei com estas coisas estranhas. 

 

 

 

 

O país ainda não está tão mal como alguns pretendem, pois os sinais positivos não deixam de nos surpreender a cada momento, e vindos de onde menos se espera. Por exemplo, daqueles que num dia veem tudo mal e no outro já não.

É o caso do líder socialista que garantiu à chegada aos Açores, que se sente seguro em todo o lado. Fiquei sem saber se a segurança a que se refere apenas diz respeito ao território insular, ou se também abrange o continente.

Mas é bom saber que temos segurança, coisa que muita gente contesta. Sentirmo-nos seguros é muito bom, pois assim, até a gasparite se suporta melhor. E com segurança ao nível de um governo sem seguro, melhor ainda.

Seguro não sente nada de mal à sua volta. Talvez nem sequer tenha ouvido um camarada seu dizer, ali a seu lado, em Santarém, que andam conspirações a passear pelos corredores da assembleia. Ele sabe que é a democracia a falar.

Talvez por isso se tenha lembrado de dizer nos Açores que sente uma enorme alegria no interior do seu partido. Há lá melhor sinal de que o país vai no bom caminho, que uma oposição satisfeita, talvez mesmo feliz? Não.

Também é bom sabermos que Seguro se sente mesmo seguro, pois assim tranquiliza Marques Mendes e alguns dirigentes e governantes laranjas, que estão muito preocupados com a instabilidade nas hostes rosas.  

Para quem não souber, a gasparite é um vírus trazido por Gaspar. Começou por se manifestar através de uma infeção ligeira, passando progressivamente a contagiosa, apresentando agora um quadro clínico de epidemia.

Ainda não é caso para se recear que passe a pandemia, porque há quem tenha obtido uma imunidade muito restrita. Portanto, com a epidemia de gasparite controlada, o país pode e deve considerar-se seguro, alegre e de boa saúde.

Até porque também nos foi garantido, por via chilena, onde Passos foi tranquilizar o pessoal de lá, que cá, ainda não está tudo feito. Isto é um bom sinal, pois depreenderam que já está quase tudo feito. Falta pouco, pensaram.

Mas também avisou os de lá, que a crise ainda não acabou. Assim, eles ficaram tranquilos, pensando, e bem que, nós por cá, já demos a crise como extinta. Isto é mais um bom sinal que nos garante a cura da epidemia de gasparite.

Agora, não posso perder a oportunidade de deixar aqui uma sugestão muito útil para o país e para os portugueses. Passos devia governar sempre de fora para dentro, pois é de lá que nos diz o que é bom. Até esquecemos a gasparite.

 

 

 

27 Jan, 2013

Tirem-me mais...

 

O ex-presidente, General Ramalho Eanes, disse isso mesmo: que lhe tirem mais, desde que seja para acabar com a fome. Pelo que representa e de quem se trata, gostei de ouvir e, sinceramente, acho que foi um desabafo inédito.

Inédito e de um alcance extraordinário, pois gostava que os governantes, em primeiro lugar, dessem corpo a essa ideia através de um rebate de consciência que se repercutisse em todos os cidadãos que, como eles, podem fazê-lo.

Depois, que todos os dirigentes partidários, que tanto falam nos cidadãos mais carenciados, aproveitassem os seus palcos diários para anunciar que estavam dispostos a prescindir de algum do que recebem, para acabar com a fome.    

Também os políticos e todos os que nadam em dinheiro, no setor público ou privado, podiam deixar que lhes tirassem mais, não usando e abusando das suas condições de facilidade para fugir a tudo o que nós não podemos fugir.

É muito preocupante que ainda ninguém se tivesse lembrado de deitar cá para fora esta ideia simples, mas muito clara e solidária, agora expressa pelo ex-presidente Eanes, que não é um politiqueiro, nem um político qualquer.

Não pede que tirem mais a toda a gente, mas não se importa que lhe tirem mais do que já lhe tiram. Porque sabe que, como ele, há muita gente que tem margem para ter boas ideias. As mesmas ideias que outros recusam ter.

 

 

 

 

O apagão a que se referia o ministro da economia na Marinha Grande, não pode repetir-se, segundo as suas sábias palavras que, não sei se serão de censura a alguém, ou se será uma garantia que vale para todo o sempre.

É evidente que se ele quis dizer que aquele apagão não pode repetir-se, porque já foi e não volta mais, então o ministro está carregado de razão. É o mesmo que dizer, que a mesma água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte.

Mas, se ele quis dar a garantia, selada com o rigor habitual da sua palavra, de que não haverá mais apagões como aquele, então é porque já determinou aos chineses da Three Gorges que não mais lhes tolerará tamanhos descuidos.

Chineses que já terão puxado as orelhas ao trio português, Mexia, Catroga, Cardona, da EDP, a quem pagam balúrdios, para que as suas chinas orelhas não fiquem à mercê do ministro ordenante e autor da ameaçante garantia.

Mas, nem tudo é prejuízo no meio de tanta escuridão. Com esta importante decisão do ministro, comunicada na não menos importante cidade da Marinha Grande, o país ficou a saber que há um tuga que mete a EDP china na ordem.

Mais se ficou a saber que o nosso mui eficiente ministro da economia também o é na área dominada pelo S. Pedro, nomeadamente, no que toca a catástrofes, que não podem repetir-se, desde que sejam suscetíveis de provocar apagões.

A menos que a política do governo mude na direção do desenvolvimento das energias hídricas e eólicas, que tanto tem contrariado em relação ao passado. A verdade é que o apagão não foi muito maior devido a essas energias.

Portanto, toca a voltar às barragens, às torres no alto das serras e aos cabos elétricos enterrados, de forma que o ministro possa dar garantias de que os apagões, efetivamente, não se repetem. E ainda fica de fora o risco de sismos.

Até lá, cuidado com o que se diz. Porque quando se fala de mais, é um problema para fazer recuos estratégicos. Por outro lado, estamos habituados a que o governante nos fale de menos, naquilo que gostaríamos de ouvir.

Neste país, há coisas que já só podem ser levadas a brincar. E, curiosamente, de vez em quando, também gosto de brincar, principalmente, quando encontro alguém que tem talento suficiente para me inspirar.

 

 

 

25 Jan, 2013

Apelos dramáticos

 

O ministro Aguiar branco está muito preocupado com a falta de estabilidade na liderança do Partido Socialista. Porque na realidade se pode admitir que ela existe, não será por aí que há motivo para criticar o ministro.

No entanto, a preocupação dele revela outros motivos estranhos. Desde logo, a afirmação de que o país precisa de liderança estável no Partido Socialista. Sim, também é verdade, mas é contrário ao comportamento do governo e do PSD.

E contrário aos permanentes ataques venenosos, muitas vezes disfarçados em insinuações que só servem de desafios ao clima de crispação de que nada beneficia o país e que acabam por afastar cada vez mais os dois adversários.

Depois, conviria que o ministro Aguiar Branco se não esquecesse que o país também precisava de um governo estável, o que desde há muito se verifica que não acontece. E essa, indiretamente, é a origem da instabilidade no PS.

É natural que, quando o poder se mostra instável, é o próprio país que está instável, toda a oposição, todos os partidos. E não é difícil ver como os próprios partidos que apoiam o governo, vivem numa instabilidade constante.

Bastaria olhar para o clima que se vive na televisão pública, há já bastante tempo. E que, tudo indica, vai continuar. Não é possível pacificar uma instituição daquela natureza e daquela dimensão, com conversa tão venenosa.

Com o ministro Relvas a insistir na privatização, apesar da repulsa que tal solução já provocou nos mais diversos meios. Com o responsável da televisão a fazer um convite aos trabalhadores para que colaborem na reestruturação.

Sem dúvida, este é o mais insultuoso, e venenoso também, convite que se pode fazer a quem está com a corda na garganta. Até parece um convite muito gentil, muito respeitoso e respeitador de uma legalidade inatacável.

É preciso não esquecer que nesses convidados incluem-se seiscentos e tal trabalhadores que vão para casa. Certamente que não espera que, ao menos esses, lhe prestem a colaboração que espera deles.

Seria inédito, penso eu, alguém colaborar de boa vontade no seu próprio despedimento. Ainda que seja de todo indispensável. Há decisões que têm de ser tomadas e tomam-se, mas sem demagogias e sem ofender dignidades.

A televisão pública precisa que esta decisão aceitável agora tomada, a sua reestruturação, seja definitiva, feita
com rigor e seriedade para um serviço público isento. Para isso há agora que regrar muito comilão que anda por lá. 

Apelos dramáticos não faltam por aí, vindos de todos os lados e de muita gente, nem toda cheia de boas intenções. Mas, torna-se indispensável que o governo tenha aprendido com os erros já cometidos. Se ainda puder.

 

 

 

24 Jan, 2013

Felizes de novo

 

O grande desafio do país era provar aos agiotas estrangeiros que podiam ter a certeza de que nós iriamos pagar tudo aquilo que pedimos no passado e viemos a pedir agora e no futuro.

Essa garantia e respetiva confiança, só foi possível devido às mudanças entretanto verificadas nas linhas orientadoras que vieram dos nossos tutores, não só para nós, como para aqueles que estão mesmo piores que nós.

O nosso governo pretende agora convencer-nos de que foi a sua política de ruina da economia, das famílias e do estado, através de um processo de ajustamento alterado e desajustado, que nos está a salvar.

O governo apenas provou que tem todo o talento do mundo a obter vitórias com o suor dos outros. Aí sim, o governo é campeão a dizer que faz, o que manda fazer aos outros. A exibir troféus que tirou das mãos do povo.

O governo provou que já consegue pedir mais dinheiro para gastar como bem entende. Mas ainda não provou como vai pagar tudo aquilo que deve que, e isso não o diz, vai crescendo a cada dia que passa.

O governo ainda não provou como é que vai sair desta ‘espiral recessiva’, apesar de estar cheio de esperanças de que, com mais empréstimos para dar a bancos egoístas e esbanjadores, vem aí mais trabalho e mais produção.

Vêm aí com certeza mais encargos especulativos para as pequenas e médias empresas e para as famílias, se quiserem ter acesso ao dinheiro que o governo tão generosamente mete nos bancos, sem nada garantir a quem a eles recorre.

É fácil garantir que o povo português é sério, que vai pagar tudo até ao último cêntimo, que vai valer a pena dormir na rua, sem a casa que lhe tiraram, que vai valer a pena andar a caminho de uma instituição de marmitas na mão.

É fácil ir na onda de elogios próprios e alheios, daqueles que nos estão a comer quase tudo o que sai do corpo dos poucos que ainda trabalham. Mas, também é muito fácil fechar os olhos e os ouvidos aos muitos que ainda querem ajudar.

Há sempre uma maneira de nos considerarmos felizes. Mas, a pior dessas maneiras, é não vermos a infelicidade que a nossa felicidade está a causar em quem nos rodeia. O dinheiro só faz feliz a quem o tem.

 

 

 

23 Jan, 2013

Quanto maior melhor

 

Segundo tudo, ou quase tudo, indica, o Porto vai ser a maior cidade do país, independentemente de ser já hoje uma nação. Quem o diz é o maior candidato à futura maior câmara, e atual presidente da câmara de Gaia.

O projeto eleitoral que ele apresenta, anuncia a fusão do Porto com Gaia, resolvendo aquele problema de muita gente não saber a quem pertence o leito do Rio Douro. Que por acaso não é contribuinte, senão era mais uma guerra.

Mas, se entre Porto e Gaia há um leito, resta saber se dá para cama de casal, ou apenas de solteiro. É que isto cheira a casamento de conveniência. Com um leito entre as duas, e uma cama de solteiro, não se vê lugar para o amor.

Depois, prevê-se que a Câmara Municipal do Porto volte a ser a sala de visitas do Dragão e, provavelmente, agora, o escritório do Olival. Há quem pergunte se o novo presidente da câmara não terá de ficar sediado em Gaia. 

Porém, muito pior que isso, é a guerra Lisboa/Porto. Obviamente que os lisboetas não quererão perder o estatuto de maior cidade do país. Portanto, quando houver um candidato ao próximo mandato tem de se mexer.

Como tenho um dedo que me adivinha quase tudo, já vejo o atual Presidente da Câmara de Oeiras a assumir-se como próximo candidato a presidente de Lisboa. Mas, para ganhar essa corrida, não pode ficar abaixo do Porto.

Para isso só tem um caminho. Tem de prometer juntar Oeiras a Lisboa. Mas, para que não fiquem dúvidas, e para que também tenha um leito ainda maior que o do Douro, vai fazer mais: anexar o Barreiro e Almada, com o Cristo Rei.

Não só a cidade de Lisboa ficará muito maior que a do Porto, como ainda o leito do Tejo dará perfeitamente para acomodar uma cama de casal. Mesmo sozinho, o candidato a Lisboa tem um peso de respeito, mesmo a dormir.

Quando em Gaia se souber destas movimentações lisboetas, para retirar mais uma vez a dimensão que o Porto merece, vai exigir-se a intervenção da tutela autárquica, para que não sejam permitidas decisões copiadas.

Cá para mim, terá de haver uma acareação entre Luís Filipe Menezes e Isaltino Morais, com o ministro Miguel Relvas a acarear. Talvez isso tenha de meter futebol. Então, Relvas terá de convocar Pinto da Costa e Filipe Vieira.

Filipe Vieira vai alegar que está em superioridade na questão das autárquicas. Simplesmente, porque o Seixal já é concelho, enquanto o Olival, alegará ele, é apenas um lugarejo de Gaia. Pinto da Costa sorridente, dirá que já tem câmara.

 

 

 

 

O país e os portugueses são os grandes alvos da verborreia que já mexe por aí em tudo o que bota opinião e em tudo o que se considera voz de comando de alguma coisa ou de alguém. Se isto não prenuncia eleições, o caso é estranho.

É estranho porque até o ministro da defesa já está em alerta laranja, fazendo prevenções ao país do perigo de o líder do PS não chegar às autárquicas. Mas, será muito mais grave se o próprio ministro estiver com medo de não chegar lá.

Aliás, a autoria dessa novidade é do deputado Montenegro, grande especialista em assuntos socialistas, paladino da ironia e da sugestão, conseguindo descobrir aquelas verdades que já se tornaram célebres no seu partido.

Já o ministro da economia, sempre que tem alguma dificuldade em justificar os seus fracassos, não hesita em atirar com o PS como cortina de fumo para se livrar de mais conversa. Ele até tem um jeito muito especial para se babar.

Certamente que o país e os portugueses estão muito mais preocupados com o governo e com o que ele faz, ou deixa de fazer, que com o facto de o PS mudar ou não mudar líder. Tanto mais que o PS, para o PSD, é só um zero à esquerda.

Ora, assim sendo, não se justifica que o PSD se preocupe tanto com quem lhe não faz falta nenhuma. Mas, na verdade, sempre dá jeito para lhe servir de capa para as suas insuficiências e para os seus medos. Os medos dos votos.

Que ataquem o PS pelo que ele diz e pelo que ele faz, é a luta política partidária normal. Que se sirvam do PS para justificar o que não são capazes de fazer ou justificar, já me parece uma espécie de cobardia política.

Mais grave ainda é, logo a seguir, todos eles, lançarem veementes apelos ao PS e ao seu líder para, unidos, colaborarem com o governo, no interesse do país pois, dizem, só unidos se vencerá a crise. Mas, afinal, em que ficamos?

Já o PS devia estar menos preocupado com os votos e com a possibilidade de o poder lhe cair nas mãos. Está a deixar criar a ideia de que, afinal, também ele está com pressa. Já ouvimos isso muitas vezes sobre o líder do PSD.

O que me parece evidente, e como já foi ventilado em vários quadrantes, o grande perigo de eleições não vem do PS. Só haverá ida a votos se os barões do PSD deixarem de permitir mais intolerâncias dentro do seu próprio partido.  

Mesmo que isso aconteça, tudo ficará na mesma. Porque a verborreia continuará. Desde os mais simples votantes, aos mais ilustres, experientes e donos de férteis currículos, já vão dizendo agora em quem devemos votar.  

Tudo porque eles pensam que o povo é estúpido e precisa que alguém lhes meta a verdade pelos olhos dentro. O povo engana-se muitas vezes, ou deixa-se enganar muitas vezes. Mas o povo somos nós. Os estúpidos e os espertos.

 

 

 

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