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afonsonunes

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28 Fev, 2013

Socorro! Ajuda!

 

Apeteceu-me gritar assim, ao ouvir um empresário português que tudo tem feito para ajudar o país a sair desta, ou a entrar noutra ainda pior. Diz ele, não é a cantar ‘Grândolas Vilas Morenas’ que se resolvem os problemas do país.

Rendo-me às evidências que esse empresário tem revelado. Ajuda-se o país fazendo propostas, como as que ele tem feito. E ainda a desviar interesses que tinha no país, para o estrangeiro, aliviando o fisco nacional da sua presença.

Mas, a maior ajuda que ele dá ao país, são os conselhos aos partidos e sociedade em geral para que ajudem o governo, unindo-se a ele, apresentando propostas, em lugar de fazer manifestações. Estou de acordo com a união.

Como alternativa, talvez fosse mais fácil o governo unir-se aos manifestantes e aceitar as propostas deles. Sempre se ouviu dizer que, se não podes vencê-los, junta-te a eles. De qualquer forma, seria uma maneira de conseguir uma união.

Sabemos como hoje é difícil saber governar e fácil não saber governar. Justifica-se pois, que sejam os partidos da oposição a tomar decisões, ajudados pela sociedade civil, através dos sindicatos e associações que contestam o governo.

No seguimento desta necessidade, ou deste conselho da minha autoria, se a solução passar por inverter a realidade que temos, assumamos que o governo e os seus partidos, passem a ser um governo de oposição a quem decide.

Também se sabe, como o governo tem aproveitado todas as propostas e sugestões recebidas, a elas se devendo os êxitos bem visíveis que passam pelo país. Êxito, sem dúvida, de um governo dialogante, modesto e colaborante.

Mas, acima de tudo, um governo que tem o bom senso de estimular os partidos da oposição e a sociedade em geral, com a experiência, o seu exemplo e sabedoria, aproveitando todas as colaborações que lhe são oferecidas.

O senhor empresário, conselheiro dos cidadãos, a quem o país fica a dever mais este elevado serviço, merece o reconhecimento geral mas, sobretudo, do ‘seu’ governo, que tanto tem ganho com os seus exemplos e os seus conselhos.

Como se aproxima a hora de se ir embora, não como pedem os manifestantes ao governo, mas com toda a nobreza de quem tanto deu ao país, é natural que já tenha dado como adquirido, o direito à medalha da ordem.

 

 

 

27 Fev, 2013

Eleições

 

Por várias razões, as eleições autárquicas já mexem que se farta. Aliás o país já se habituou às contínuas disputas do voto, mesmo quando as idas às urnas ainda estão longe. Há quem comece nova campanha, logo que acaba de votar.

Já dura há algum tempo a guerra das candidaturas dos que não querem largar o tacho por nada. Dos que não sabem fazer mais nada do que aquilo. E aquilo é, em muitos casos, viver da esperteza de saber levar a malta ao engodo.

A verdade é que, a esses não há nada nem ninguém que seja capaz de os meter na ordem, até porque, com eles, os que podiam e deviam, fazem parte de uma cadeia praticamente inquebrável. E há quem ache que está tudo bem assim.

Agora já está em marcha outra guerra que não se sabe como vai terminar. Trata-se da campanha nas rádios e nas televisões. Os candidatos querem igualdade de tratamento. Obviamente que isso é muito complicado.

Os da comunicação social, também obviamente, querem apenas fazer debates com quem lhes parece garantir audiências. Ora isso, sendo lógico do ponto de vista deles, contraria toda a lógica dos interesses dos candidatos.

A grande verdade é que os portugueses, com os seus defeitos e as suas virtudes, estão-se marimbando para debates pois, de um modo geral, já não conseguem ouvir dali nada de novo. Daí que a solução seja desligar o aparelho.

Basta olhar para as transferências que ocorrem nas televisões com os profissionais do debate e do comentário, para ver como eles já são astros da dimensão dos que movimentam milhões nas transferências da bola.

Portanto, conversa dessa ouve-se por aí às resmas, nem sempre da boa, mas temos, e ao longo de todos os dias, de todo o ano. Logo, Chegados aos atos eleitorais, bem se dispensavam essas guerras que só interessam aos partidos.

Já agora, como não há dinheiro para nada e já se cortou quase em tudo, não se compreende que os partidos continuem a dispor de dinheiro do estado falido, para gastar à fartazana, sem qualquer interesse para o povo e para o país.

Dirão eles que é uma necessidade da democracia. Seria, se tivéssemos uma democracia a sério. Mas, como até eles bem sabem, infelizmente, o país que deixa tirar o pão da boca a muitas pessoas, não sabe o que é uma democracia.

 

 

  

26 Fev, 2013

O estado do estado

 

Se eu dissesse que o nosso estado está uma maravilha, é natural que alguém encolhesse os ombros e me virasse as costas em sinal de que não estava para matar a cabeça a pensar no que eu queria dizer com isso.

Pois o meu estado está muito em baixo, ao pensar que o estado do país quase não me deixa pensar noutras coisas, às quais gostava de me entregar, sem ter de sentir-me prisioneiro dentro da minha própria vida e dos meus receios.

Sinto que vivo num país e num estado constantemente adiados, o que provoca nos cidadãos um estado de ansiedade pelo que nele devia acontecer, ou um estado de alheamento pelo vazio do que não acontece mesmo.

Diz-se por aí que o país está nas mãos de uma decisão que aguarda, há algum tempo, do Tribunal Constitucional. E que vai continuar a aguardar por mais não se sabe quanto tempo. São assim, já se sabe, demoradas, essas decisões.

Mas, sendo isso tão importante para o país e para o estado, não se compreende porque não se acaba com este nosso estado de angústia e se altera esse mecanismo de decisão. E, talvez, o estado de espírito dos juízes.

Tanto tempo a olhar para uns tantos, poucos, artigos, que os senhores conselheiros altamente qualificados na matéria, já sabem de cor e salteado, a menos que o número de decisores vá muito para além do palácio.

Nesse caso, o nosso estado tem decisores a mais e decisões a menos. Se vivemos num estado de emergência social, também devíamos viver num estado de emergência decisora, por forma a aliviar o nosso estado de espírito.

Como em tantas outras coisas, quando houver uma decisão, provavelmente, já não precisaremos dela pois, entretanto, ou já cá não estamos, pelo menos neste estado, ou já alguém tomou as decisões que eles deviam ter tomado.

O mesmo se passa com as candidaturas autárquicas. Aqui, há um grupo de interessados que já disse como é, e como vai ser. No seu estado de, quero posso e mando, a decisão está tomada. Vamos ver se alguém se pronuncia.

Mas, sobretudo, se alguém se pronuncia em devido tempo. Os decisores, se é que alguém o vai ser, vamos ver se manifestam o seu estado de espírito com os olhos postos no interesse do país, ou no poder do estado parado no tempo.

O tempo vai mostrando que temos um estado tão parado que até os agentes que deviam fazê-lo mexer, as polícias, por exemplo, em lugar de andar na rua, volta não volta, o ministro manda mais uns tantos para o olho da rua. Agora 58.

Calculo o estado de espírito destes sujeitos que mexeram em qualquer coisita. E lá ficarão a pensar nos muitos que mexeram em muitos milhares ou milhões e continuam a ser galardoados e elogiados em grandes cerimónias públicas.

Temos um estado em que tudo nele funciona no ritmo normal. O estado de todas as instituições é normalíssimo. Porque ao longo de muitos anos sempre foi assim. E, quando o estado das coisas é excelente, deixa-se correr. É o caso.

 

 

 

25 Fev, 2013

Vende-se

 

Já não basta colocar o tradicional anúncio no jornal, ou a tabuleta no local, para chamar os possíveis compradores daquilo que se pretende vender. Os tempos são outros e a necessidade de despachar os bens, é imensa e imperiosa.

O país, como facilmente se depreende da azáfama governativa, está todo à venda. Como os compradores não abundam, é preciso ir à procura deles onde se pensa que eles estão. E eles não estão aqui ao voltar da esquina.

Mesmo correndo o risco de se gastar mais que o valor dos bens a vender, nessa desenfreada operação de venda porta a porta, os nossos governantes não podem esperar mais. É urgente correr atrás dos prováveis interessados.

Como isto cá dentro está tudo fechado à espera de recapitalização, há que sair porta fora, ao mais alto nível senão, lá fora, ninguém acredita que ainda haja cá, vendedores credíveis a quem se possa comprar alguma coisa.

Resolveu então o governo, e muito bem, nomear ministros com poderes plenipotenciários para se deslocarem ao estrangeiro em missões de vendas a retalho, convictos de que, mesmo assim, ainda sobrará alguma coisa de lucro.

E é assim que o ministro Álvaro vai até Londres em busca de compradores de andares que foram retirados aos seus proprietários, alguns dos quais estavam quase pagos. Nada mais rentável que entregá-los a pataco.

Aliás, este ministro que julga ser da economia, deve sentir-se muito honrado com a nova missão de promotor imobiliário. E está muito feliz por ter agora algo de útil para fazer no estrangeiro pois, por cá, era uma frustração enorme.

E é assim que o ministro Crato vai ver como está o ensino chinês. Imagino que vá fazer um esforcinho para vender os Magalhães que sobraram da gerência anterior. Era material inútil, para deitar fora, logo, são boas pechinchas.

Depois, essa viagem é uma espécie de escapadela, ou de fuga, às constantes arremetidas dos professores e até dos alunos que não o deixam estudar nada, com o barulho ensurdecedor dos seus cânticos e das suas músicas.

Após volta e meia ao mundo dos grandes negócios, os ditos mega negócios, o ministro Portas prepara-se para voltar à Venezuela, onde já foi muito feliz, à semelhança de um ex-governante, agora vendedor, de volta àquelas paragens.  

A Venezuela tem um estranho encanto para governantes portugueses. Talvez seja pela extrema simpatia de Hugo Chávez, pois seria demasiado injusto dizer que é por causa do petróleo. Até porque o petróleo não se bebe.

No meio desta azáfama vendedora, pode apenas questionar-se se estes vendedores têm cursos de marketing apropriados à situação. Se estiverem em dificuldades, contactem o vendedor de remédios. Disso sabe ele até demais.

 

 

 

 

Um semanário luso acaba de importar do Brasil a máfia dos vampiros para homenagear o feliz recém-empregado Sócrates que, assim, deixa de depender da família e de empréstimos bancários para se manter a estudar em Paris.

A favor de Sócrates joga o facto de ficar provado que não tinha onde cair morto, ao contrário dos que dizem que ele está cheio de milhões acumulados em paraísos fiscais. Se assim fosse, para que queria ele a família e os bancos.

Aquele semanário passa assim a competir com os pasquins que, sem Sócrates, não vendiam mais que uma dúzia de jornais. Além disso, o importador cometeu o erro de ignorar que em Portugal já existe há muito a máfia da laranjeira.

Desconfio que é essa máfia da laranjeira que está a pretender disfarçar as suas atividades com a máfia que fornece os hospitais portugueses em termos de plasmas, onde a laranja é a vitamina oficial de muitos dos negócios às escuras.

Vamos lá ver se não é essa máfia que anda a provocar transfusões excessivas de capitais, disfarçados em embalagens de plasma. E vamos lá ver se esses materiais não contaminaram o pessoal que apresenta já debilidades fatais.

Só ainda não percebi a razão de meterem nessa máfia a que aludem, o recém-contratado Sócrates, a menos que se desconfie de que já no tempo em que era primeiro-ministro se dedicasse a contaminar essa máfia suíça.

Nesse caso, estranho que a máfia da laranja não tenha remetido ao MP uma carta anónima, registada e com aviso de receção, para ser incluída no caso Freeport. Assim, de certeza que teria acontecido a tão desejada condenação.

Além disso, também ainda não percebi porque se vai buscar ao Brasil uma notícia sobre vampiros. Vampiros, é o que mais temos visto no país. Vampiros da laranjeira que, talvez até tenham alguma ligação à máfia do mesmo nome.

Não me repugna nada acreditar que a mega campanha de esclarecimento ao povo laranja, que leva os ministros a fazer digressões por todo o laranjal, tenha em vista falar dessas coisas. O problema é que já nem aí a mensagem passa.

Mas, em contrapartida, o Sócrates passa sempre. Há sempre uma máfia atrás do Sócrates, para entreter as máfias que, comandadas por vampiros de dentes de elefante, vão fabricando cá, ou importando de lá, o bálsamo que os anima.

Sócrates e Passos foram dois telecomandados. Ao primeiro, da UE e de cá, mandaram gastar mais, para criar mais trabalho e dar mais proteção social. Ao segundo, mandaram cortar a torto e a direito para emendar a própria mão.

Agora, convém que os PSD’s reflitam no que estão a fazer. Já ouvi, e até já li, opiniões de quem afirma que hoje, preferia Sócrates a Passos. Seria interessante uma sondagem sobre essa preferência para ver no que isso dava.

E também para que os pasquins cá do sítio tivessem uma ideia mais aproximada da realidade do país, que eles tantas vezes atraiçoam. Mais agora, que o governo já só fala para o partido, sabendo que o país lhe virou as costas.

 

 

 

23 Fev, 2013

Estudem! Trabalhem!

 

Estes são apelos de alguém que quer ver o país no topo do conhecimento e da riqueza. Este é o momento certo para que todos aqueles que estão retidos em casa, saiam para a rua e façam alguma coisa de útil a si próprios e ao país.

Estudem e, ou, trabalhem, é o meu grito para acordar os que andam a dormir demais, com o argumento de que não têm dinheiro para propinas e também estão a ser vítimas do desemprego, como todos os que não fazem nada.

Mas, lembro eu, só não estuda quem não quer e só não trabalha quem gosta de mandriar. Quem vos manda estudar não vos manda pagar propinas, nem os livros, nem os transportes. Para trabalhar não bastam mais que duas mãos.

Quase toda a gente repete diariamente que está tudo por fazer no país. Sendo assim, não há tempo a perder. Já que quem deve, não o faz, compete-nos, a nós, estudantes e trabalhadores, pôr já a cabeça e as mãos a mexer.

Estudar é algo que até pode fazer-se no banco do jardim, bastando para tal aproveitar um jornal ali deixado. Trabalhar é a coisa mais fácil desta vida. Desde que não se esteja sofregamente à espera de receber um salário.

Bastaria pensar um pouco para chegar à conclusão de que o dinheiro não dá felicidade. Tudo o que precisamos - compramos e usamos. Depois, quem nos aconselha e quem nos ensina, que pague as nossas faturas. Fácil e barato.

Nos dias de hoje, ter um salário, é quase ter privilégio de governante. Mandam as boas regras que não desejemos ter privilégios. Até porque o governo logo faria tudo para no-los tirar. Estudo e trabalho, mas à borla, para o bem do país.

Portanto, digo eu, não desistam de estudar e trabalhar. Mas não me peçam para pagar as vossas propinas nem me digam que, se quero que trabalhem, tenho de lhes pagar, no mínimo, quanto dê para comer uma sopa por dia.

Que ninguém desista de aproveitar esta oportunidade de ganhar um lugar na educação, que tão difícil está a tornar-se mantê-la. Certamente que ninguém ignora o calvário que atinge até os ministros que a não têm.

É perfeitamente visível que passam por mais dificuldades que os cidadãos que não têm dinheiro. Porque esse não falta aos ministros. Mas falta-lhes tempo para estudar e trabalhar. Tal como as cigarras, apenas sabem dar-nos música.  

A falta de trabalho, tal como a falta de educação, são o fermento para acontecimentos e procedimentos de rua, que só existem para aqueles que fazem disso o seu estudo e o seu trabalho. Não desistam. Trabalhem! Estudem!

22 Fev, 2013

Política a brincar

 

Fazer política a brincar ou a sério, é a diferença que vai entre dizer num dia, vagamente, que há políticos que arranjaram milhões para pôr lá fora, e no dia seguinte calar-se perante a evidência de roubos concretos de milhões.

Em política tudo é possível mas, a sério, não acredito em tudo, embora a brincar, possa dizer que acredito. É a vantagem de tratar a política a brincar. Quem julga que a trata muito a sério, é capaz de estar a brincar com a gente.

Pelo menos sujeita-se a ter de reconhecer que nem sempre é levado a sério por quem o lê ou o escuta. Embora isso seja o menos que lhe pode acontecer. O mais, é quando tem de sujeitar-se a ficar calado durante uns tempos.

É bem conhecida aquela situação de travessia do deserto em que muitos dos políticos conhecidos já caíram. Alguns regeneraram-se, outros tiveram dolorosas recaídas e por aí andam a penar, no meio deste deserto sem graça.

Como dizem que no meio é que está a virtude, os que tratam a política a sério, vão arranjando maneira de moderar as suas visões, que é como quem diz, suavizar as suas retóricas, para mais ou para menos, consoante a conjuntura.

Há ainda os que a levam muito mais a sério. Por mais que seja evidente a derrocada das suas teorias, ou opiniões, eles mantêm a rigidez da sua seriedade, tentando protegê-la deixando os alhos para falar de bugalhos.

Por exemplo, quando um amante da política a brincar fala em derrapagens crescentes e vigarices em série, logo vêm os políticos a sério, a martelar em montanhas de onde apenas conseguem tirar ratos que pouco roeram.       

Neste pico de vigarice que o país atravessa, já não é possível falar de política a sério, nem de políticas sérias. Simplesmente, porque é muito difícil encontrar gente séria que seja capaz de sobrepor a sua seriedade à vigarice reinante.

É por isso que a melhor atitude política, é aquela que não exige cambalhotas ou golpes de rins, é aquela que se assumiu ontem, ainda se assume hoje e se assumirá amanhã, sem que alguém tenha de se rir dessa assunção. 

Depois de toda esta algaraviada de seriedades e de brincadeiras, estou certo de que ninguém vai acreditar que tentei falar de política. Nem de política a sério, nem de política a brincar. Até porque não gosto de brincar com coisas sérias. 

 

 

 

21 Fev, 2013

Investigando

 

Parece que finalmente a justiça vai conhecer mexidas nas pessoas que a têm enterrado até ao nível de já não se lhe conseguir ver a ponta dos cabelos. Isso quer dizer que, tal como está, nada nem ninguém lhos pode já puxar.

Quando tal acontece, nada mais há a fazer que enterrar de vez o que há e colocar gente nova, ainda que tenha os cabelos cortados pela raiz. Mesmo não havendo a garantia de que se vai para melhor, mas sempre é bom tentar.

Muita gente se queixa que dos megaprocessos conhecidos não resultam condenações a condizer com a gravidade dos factos que circulam na opinião pública. À corrupção falada não correspondem condenações adequadas.

Há investigadores que andaram anos atrás de pistas deixadas em cartas anónimas que apenas permitiram descobrir os seus autores. Sempre da mesma proveniência. Quanto a factos, nada. Quanto a delatores, todos impunes.

Gastam-se balúrdios em investigações intermináveis para depois a montanha parir ratinhos dóceis mas com o pelinho todo dourado. E o pior é que a justiça, não só não condena, como não consegue justificar a não condenação.

Parece ser intenção de quem investiga esses megaprocessos, deixar sempre dúvidas no ar. Não condena por falta de provas. Mas também não iliba por não ter sido capaz de condenar. Uma justiça assim, é cara e com sinais de maldade.

Se a justiça que temos tem sido assim, há que começar a mudar tudo. Tudo o que já fabricou tantas injustiças, embora fosse, e continue a ser, um grande sorvedouro de medalhas e condecorações que também custam dinheiro.   

Agora, que parece que algo vai mudar, que não se caia na tentação de mudar para pior, ou seja, para dar satisfação aos pedidos de condenações, via comunicação social, especialmente através dos pasquins especializados.

Pasquins que vivem dos seus leitores ávidos de interferir nas injustiças que lançam nas suas linhas, as quais lhes estimulam ódios e vinganças de todo o tipo. Que mais não sejam, as que são fabricadas pelo seu íntimo visionário.

Neste ambiente doentio e hipócrita em que o país vive, graças a quem devia, e tinha de ser justo e esclarecedor, já ninguém acredita nas instituições. Porque é delas que nos vêm os piores exemplos que estão a levar o país ao suicídio.

 

 

 

Os membros do atual governo têm andado muito ocupados a participar em discussões sobre o futuro do país, do tipo de ficarmos a saber o que nos vai acontecer daqui a muitos anos. É uma ideia como outra qualquer.

São os casos da discussão do país pós troika e do jornalismo daqui a vinte anos. Esperemos que a primeira se vá depressa e não volte mais, com ou sem os prognósticos dos que, como sabemos, não têm acertado uma.

Quanto ao jornalismo, se quem o comanda agora, ou quer comandar, tivesse a mínima autoridade para falar do assunto, a gente ainda fingia que não ouvia. Assim, que o futuro nos traga melhor jornalismo e melhores donos de jornais.

Na verdade, alguns ministros e o próprio chefe do governo, têm ouvido alguns interessados em mostrar-lhes como se fala do passado, dando-lhes música através de coros nem sempre bem orquestrados, mas muito vibrantes.

Cantar ‘Grândola Vila Morena’ nesta conjuntura política e social não é propriamente ter boas perspetivas de futuro. Miguel Relvas misturou gargalhadas com palavras da letra da canção. Uma falta de dignidade.

Sobretudo, quando se ouve num tom que mais parece jocoso, a palavra fraternidade, depois seguida de outra que soa a falsidade: igualdade. Estas palavras, na boca deste governante, são uma ofensa a quem as ouve e as canta.

Este governo faria bem melhor em falar do que tem feito de mal ao país e falar do que ainda podia fazer para reparar esse mal. Mas quer falar do futuro, do futuro que já hipotecou e insiste em ver se torna a hipoteca irresgatável.

Este governo tem mentido demais desde a sua génese, para podermos acreditar que ele pode dizer-nos alguma coisa de útil para o futuro. Nem para os próximos dias, quanto mais para os próximos meses ou o próximo ano.

Então, como quer este governo que temos agora, dizer-nos o que podemos esperar sobre o que vai acontecer daqui a vinte anos. Sobretudo, quando crescem as vozes que reclamam, cantando ou falando, que se vá embora.

Mas, a verdade é que, para além de coautoria no que o passado teve de mau, ainda quer, e tem conseguido, destruir o que o passado teve de bom. Pelo contrário, tudo tem feito, para que nos envergonhemos deste presente.

Daí que tudo aconselhe a que deixe o futuro a cargo de quem vier a seguir, desejando que esses saibam orientá-lo melhor do que estes, que só têm mostrado a sua tendência para eternizar os erros que têm cometido.

 

 

    

19 Fev, 2013

Seguro mais duro

 

Está a tornar-se evidente que Seguro não domou Costa, mas que foi Costa que meteu Seguro na trajetória que uma boa parte do PS lhe exigia. Acabou aquela fase do jovem inseguro facilmente dominado pelos adversários.

Também acabaram as ilusões daqueles que viram um Costa obrigado a retroceder perante um líder que lhes interessava manter assim, pleno de calminha, incapaz de fazer concorrência aos maiores e aos mais erráticos.

Para quem goste e para quem não goste de um ou de outro, ou até de ambos, os tempos mudaram. O tempo já demonstrou à evidência que não é preciso um PS muito forte para lutar e vencer um PSD que já perdeu todas as forças.

A vitória de Costa consistiu principalmente em acordar o PS de uma letargia que estava a esconder as fraquezas do PSD. Portanto, Costa puxou Seguro para a cadeira que deve ocupar e não tentar aguentar-se na segunda fila da sala.

Há quem não concorde, mas Costa é um dos poucos políticos ativos que tem boa visão do que lhe interessa e de como consegui-lo. Tal não significa que terá maiores ou menores possibilidades que quaisquer outros de chegar onde quer.   

Mas, que se desengane quem pensou que foi Seguro que atirou Costa contra as cordas. É melhor irem pensando que foi Costa quem pôs Seguro entre a espada e a parede. Como se lhe dissesse: ou mostras o que vales, ou… Sim, apenas ou.

Portanto, o que se passa agora é que Seguro tem mesmo de mostrar o que vale como líder da oposição. E é apenas isso, que não é pouco, que está a tentar fazer. O tempo dirá se Seguro mostra obra, ou se Costa mete mãos à obra.

 

 

 

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