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afonsonunes

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Não é muito vulgar uma mulher chamar-se Luís, tal como não é mesmo nada vulgar um homem dar pelo nome de Luísa. Porém, daí a dizer-se que isso é, ou seria, uma aberração, vai uma grande distância. 

Pois acontece que a senhora dona Luís, swapeira e pinóquia, existe mesmo, e se ela tem dado que falar. Curiosamente, porque tem falado demais do que ela não é, e tem falado de menos daquilo que ela tem sido.

É um regalo a gente ver como se passam as coisas que deviam ser sérias neste país. Que o mesmo é dizer, como se comportam as pessoas que devíamos respeitar, que mais não fosse pelos cargos que desempenham.

Até pode haver mulheres que se chamam Luís, mas isso não devia impedir que tivessem vergonha de ver crescer-lhes o nariz, precisamente quando falam no meio de tanta gente. E, sobretudo, de gente com nariz normal.

O tempo começou a sua árdua tarefa de fazer a limpeza de línguas que não merecem as bocas que têm. Mais depressa se apanha uma coxa, que uma Luís. Mesmo depois da conivência de tantos Luísas calados.

 

 

 

 

 

 

29 Jun, 2013

UM GRANDE PORTO

 

D. Manuel Clemente disse há dias que ‘Portugal precisa de ser um grande Porto’. Julgo que compreendi a ideia mas, quem leu apenas os títulos de notícias que surgiram a propósito, pode dar-lhe várias interpretações.

Geograficamente, um grande Porto, pode ir até Bragança, na horizontal, e até onde os portuenses desejarem no sentido vertical do mapa do país. Mas, convém não exagerar para não complicar ainda mais, o clima social.

Se vamos para a vitivinicultura, é verdade que o Porto, é quase um símbolo nacional. Mas cuidado, no grande porto e no resto do país, há muita pinga que nos deixa a arregalar o olho para muitas garrafas.

Dos verdes aos maduros, passando pelos rosés e espumantes, Portugal não precisa de ser apenas um grande Porto. Em casa, nos restaurantes, nos bares ou nas tascas, os portugueses precisam muito, de bons vinhos.   

Se queremos apreciar as gentes simples do Porto, sabemos que são, o que não são muitos dos seus eruditos regionalistas exacerbados, alguns até muito egoístas nos seus juízos sobre o país. Que não é o que eles querem.

Mas, se pensamos em comidinha, então aí, o país não ficava mal servido se todo ele fosse um grande Porto. Desde que não substituíssem nada. De tudo, em todo o lado mas cada roca com seu fuso, cada terra com seu uso.      

Como não podia deixar de ser, um grande Porto, futebolisticamente falando, é indispensável ao país. Mas, não só ele. Um, sózinho, não compete. Portanto, neste aspeto, o país não precisa ser um grande Porto. 

Obviamente que D. Manuel Clemente não se quis meter por estes ínvios caminhos que eu tanto gosto de trilhar. Cada um diverte-se como quer e como pode. Bem mais me valia ter estado a rezar pelo estado do país.

 

 

 

 

Antigamente o homem do ferro velho comprava tudo e vendia tudo aquilo que comprava. Normalmente, carregava um grande saco às costas e andava de porta em porta procurando ganhar uns tostões no seu negócio.

Mas isso era dantes. Hoje, temos os homens do ferro novo. Porque o ferro velho virou um monte de ferrugem e o ferro novinho em folha compra-se e vende-se sem ter que o transportar às costas. Mas é um grande negócio.

Que o diga o nosso ministro dos negócios do ferro novo. Ele vende vinhos, roupas, sapatos, computadores e tantas outras obras-primas da nossa lavra. Estou em crer que deve levar consigo grandes e boas promoções.

Principalmente, nos Magalhães que, de tão vilipendiados noutros tempos, devem agora estar ao preço da chuva, ou da uva mijona. Louva-se, no entanto, o esforço de aliviar os armazéns de monos próximos do lixo.

O bom vendedor serve também para isso. Despachar o que não presta para incautos compradores. Só ainda não se conseguiu vender uns submarinos que foram adquiridos na candonga, com bónus por fora.

Se bem calha, o negócio ainda não se concretizou precisamente porque ainda ninguém se chegou à frente com o habitual bónus destes negócios. Há que dar tempo ao tempo. Não se vendem submarinos todos os dias.  

Estes negócios já de si são muito complicados. Mas, feitos no estrangeiro, à escala global e, muito importante, feitos porta a porta, têm muito que se lhe diga. Que o diga o nosso ministro Portas, que inventou estas tarefas.

Talvez seja o único ministro que está trabalhar bem. E no lugar certo. Mas, julgo eu, devia dar ao seu ministério o nome correto. Ministério das compras e vendas porta a porta. Cada um é para o que nasce.

Até para que outro se ocupasse dessa coisa da diplomacia que, para Portas, é coisa de jantaradas com fatiotas de abas de grilo. Onde apenas se consome. Essa pasta podia bem ser entregue a alguém com mais jeito.

Era uma boa maneira de começar a mexer num governo que já só mexe no campo dos negócios. O país precisa que seja todo ele posto a mexer. E as vendas, sobretudo as vendas porta a porta, já mexeram com Portugal.

 

 

  

 

‘O governo respeita mais quem está a trabalhar’. Quem o disse foi um porta-voz do governo, no dia em que o país cumpre uma greve. Continuam as faltas de respeito do governo perante os portugueses.

O governo respeita menos quem está a fazer greve. Esta conclusão é tão óbvia que nem merece justificação. Como a greve é um direito constitucional, o governo não respeita totalmente quem o exerce.

Aliás, o governo não se respeita a si próprio ao proferir tiradas que são uma completa falta de senso, por parte de quem tem a responsabilidade de dirigir com justiça e com dignidade um país que também é seu.

‘O país precisa menos de greves e mais de trabalho e de rigor’, diz Passos. Mas, diz que a greve é um direito inalienável. Mas, esquece que trabalho é aquilo que o governo mais destruiu todos os dias desde que governa.

E diz que o país precisa de rigor. Sim, é verdade, o país precisa de um governo que pratique o rigor e não a arbitrariedade. Que pratique o rigor em todas as decisões e não siga a cegueira de estar sempre contra o povo.

Ao longo de dois anos o governo pouco mais fez que declarações bombásticas que não passaram de autênticas faltas de respeito pelos cidadãos. Basta procurá-las. Nem sequer dá muito trabalho. Haja respeito.

 

 

 

 

Ou muito me engano, ou já ouvi coisa semelhante em outra época e com outro termo e outro protagonista. Mas não será muito difícil descobrir nos dois casos, um certo sonho, sabendo-se hoje, como o outro terminou.

Tudo indica que, mais tarde, ou talvez mais cedo do que se pensa, também vamos saber como termina este sonho de alguns, que é pesadelo de muitos. Para alguns, vai mesmo terminar bem. Para muitos, muito mal.

Aliás, o mal agrava-se de dia para dia, apesar de que, para alguns, o mal é cada vez menor. Talvez porque Passos, por não ouvir na rua o estímulo de ‘força, força’, faz ele uma força colossal para que seja ele o estimulador.

Deixa implícito o bom estímulo de que as greves não fazem cá falta nenhuma, pois seria muito útil para o país, que os grevistas estivessem a trabalhar. Bravo senhor Passos, só falta dar-lhes trabalho.

Todos os portugueses teriam o maior gosto em estar a trabalhar amanhã, mesmo sabendo que o senhor empresário Passos e os seus empregados, não aderindo à greve, também não mostram trabalho que se veja.

Mas, ao menos, não prescindem do dia de salário que os grevistas vão perder. É mesmo assim. Quem precisa não recebe, quem tem demais, não desiste de arrecadar o mais que pode. Mesmo com pouco trabalho.  

Força, companheiro Passos. Mostre a sua força a quem já a perdeu. Mas, mostre também a sua força, a quem ainda persiste em lhe pedir meças. Porém, não caia na tentação de desafiar as forças que o mantêm.

 

 

 

 

O meu estilo não é propriamente fazer perguntas tolas. Principalmente, nos títulos das minhas deambulações ao mundo das parvoíces. Mesmo sabendo que perguntar não ofende, há perguntas que só dão para rir.

Em lugar de perguntar podia, por exemplo, afirmar: o governo começa a aprender alguma coisa. Mais vale tarde que nunca, embora comece a faltar tempo para se redimir de todos os erros que já cometeu.

Entro pelo campo da educação. O governo recebeu agora uma grande lição dos professores. É caso para dizer que o governo foi às aulas, entrando na sala como aluno reguila, disposto a armar em professor.

O resultado foi o que já é conhecido. O aluno governo, depois de muito esbracejar, acabou por se sentar na carteira e esconder a cabeça entre as mãos, vergado à vergonha de não ter estudado nada da lição.

Prossigo com outra pergunta bem tola: Será que os restaurantes fecham por causa do IVA ter passado para 23%? Eu preferia afirmar que muitos restaurantes fecham porque não há clientela para todos.

Porque a clientela de muitos deles, não tem agora dinheiro para pagar as batatas fritas, quanto mais as febras grelhadas. Mais, o IVA que o cliente pagava, ficava na gaveta, pois nem os 13% chegavam ao fisco.

Foi um erro colossal ter mudado o IVA na restauração. Ajuizado teria sido promover que todos entregassem ao estado o que cobravam. Ainda agora, apesar das tretas das faturas, continuam as ‘consultas de mesa’.

Portanto, a roubalheira continua por aí em muitos lamurientos que não percebem que quem paga o IVA não são eles. São os clientes. Que não deixam de lá ir pela diferença. Não vão lá porque têm a carteira vazia.  

É preciso que o governo, de uma vez por todas, aprenda alguma coisa das grandes coisas que fazem a vida das pessoas. O governo precisa de bons professores que lhe vão dando umas boas lições práticas da vida da gente.

Podia fazer muitas mais perguntas tolas. Mas para quê? Deixo isso a quem tem muito mais jeito que eu. E, certamente, muito mais competente para dar lições com pontos de interrogação. Por mim, prefiro a exclamação!...

 

 

 

24 Jun, 2013

NUNCA TENHAIS MEDO

 

Hoje vou ao encontro do surpreendente Papa Francisco que exortou os fiéis e, dado o seu espírito aberto, atrevo-me a adivinhar que também os infiéis, a que nunca tenham medo de andar contra a corrente.

Aposto que esta corrente a que ele alude, vai criar aquela dupla interpretação, tão vulgar em todas as discussões sobre coisas importantes. No caso, a corrente contra e a corrente a favor.

Será uma questão de qualidade de quem fala. Cá para mim, ir contra a corrente, é o que está a fazer quem manda em nós. Logo, portugueses, atenção às sábias palavras do Papa. Quem manda não pode ter medo.

Se quem manda no país fosse a favor da corrente, iria na onda em que embarcaram quase todos os portugueses. Claro que quem manda, manda e, nem por sombras, pode ir atrás, só porque pudesse ter medo de tantos.  

Vemos o país quase inteiro a andar a favor da corrente. Vemos meia dúzia de valentões que mandam em nós, a demonstrar que não têm medo de andar contra a corrente. Nós, estamos já acorrentados e cheios de medo.

Mas, em contrapartida, desce a qualidade de quase todos os portugueses e aumenta a qualidade de quem dirige o país. Sem medo, mas com muita qualidade. Ganha no dia-a-dia. Quem a tinha vai-lha cedendo.

O Papa Francisco tem toda a razão. Que não tenham medo, todos aqueles que andam contra a corrente. Só que a corrente a que ele se refere é a corrente da prepotência de quem manda, contra todos os que os aturam.

 

 

 

 

Não sei se será correto dizer que o povo só contesta aqueles que não têm testa. É que a testa é o sítio onde as pessoas guardam a capacidade de criar coisas boas, ou onde armazenam ódios que tudo destroem.

Há pessoas com testa acima da média, em dimensão. Muitas delas, devido à falta de cabelo acima dela. Outras pessoas aparecem quase sem testa, porque escolheram tapar uma parte dela com mais ou menos madeixas.

Depois, ainda há os testas de ferro que não aguentam minimamente que alguém os conteste. Com testas dessas, nem os mais protegidos por boas armações conseguem fugir às cabeçadas nas portas do inferno.

A verdade é que a testa determina o comportamento das pessoas. Por exemplo, vejamos os assaltantes. Ao chegar ao local, há os que entram à bruta e há o, ou os, que ficam à porta, à espera do que der e vier.

Se as coisas correrem mal lá dentro, quem ficou à porta, dá o fora sem olhar sequer para trás. É evidente que isso só acontece com os assaltantes de casas públicas ou privadas. Sejam elas das famílias ou do estado.

Mas, para introito já chega. Agora vamos ao resto. Portas nunca acompanha ninguém para além da porta de entrada. Não sei se fica à espera de fugir, se fica para receber o produto do peditório dos parceiros.

Terminada a tarefa no interior, Portas vai para um lado, os parceiros vão para outro. Ele diz sempre que não fala do que se passou lá dentro. Os parceiros dizem que tudo correu como manda a sapatilha.

Ainda agora, naquele retiro de sábado no Mosteiro de Alcobaça, isso foi bem evidente. Ele não seguiu o caminho dos seus parceiros. Deixou-os afastar-se. Saiu sozinho, desviou-se do carreiro e seguiu pela vereda.

Portas só se compromete com avaliações sobre os peditórios já feitos e a fazer, quando todo o universo das casas tiver sido visitado. Até lá, deixa que todos se queixem e lamentem. Sobre isso não fala. Não é com ele.

Para quem entende destas coisas de parceiros e parcerias a explicação é simples. Quem não sabe pedir fica sempre à porta. Porque a consciência o impede de entrar e sujar a casa com a poeira dos seus sapatos.

Porém, o produto do peditório feito pelos parceiros é sempre bem-vindo. É para isso que há as parcerias. Diz o povo que tão pedinte é o que vai à vinha como o que fica à entrada. Portas diz que não. Pedir não é com ele.

Diz-se que Portas tem muito mais testa que todos os seus parceiros juntos. É verdade. Ele testa a capacidade de pedinchice desses parceiros e chega à conclusão de que o povo só contesta quem não tem testa.

 

 

 

22 Jun, 2013

QUEM PASSA

 

Quem passa por momentos difíceis em Lisboa, faz muito bem em dar uma escapadela ao fim de semana, nem que seja para uma mudança de assobios e, provavelmente, de piropos de gente alfacinha mal-educada.

Não sei se foi essa a ideia de um maduro e sus muchachos, quererem passar por Alcobaça, na esperança de que, dentro de um mosteiro já sem monges, se passaria uma tarde fresca e sossegada. Sem contestações.

Passar uma data de horas em recolhimento num mosteiro onde se respira silêncio, onde ninguém contesta nada, longe de Lisboa, onde se contesta tudo, é um tónico para reflexões profundas de limpeza de consciências. 

Ali, onde o rio Alcoa tudo limpa e perdoa, e onde o rio Baça faz com que desapareça toda a trapaça, é o local ideal para se regenerar a alma e voltar a Lisboa com uma vontade indómita de calar os contestatários. 

Depois, porque a vida não é só reclusão, pode acontecer que no mosteiro ainda existam alguns daqueles doces conventuais que são de comer e rezar por mais. Quem passa por ser guloso, não pode querer maior gozo.

Quem passa horas tão agradáveis longe do inferno, bem pode enfrentar os tormentos que o esperam lá fora, à saída, talvez um pouco mais ruidosos que aqueles que ouviu à entrada. O estado de espírito é outro.

O país assim o espera. Tal como espera que o espírito maduro se alargue a todos os imaturos que têm persistido em dar origem às contestações generalizadas. Depois, quem passa por Alcobaça, pode mesmo não voltar.

A teoria madura vai resultar. Teoria que vai conseguir implantar a voz única do dono. Do dono que fala que se farta e acaba com as falas de quem o contesta. Só há um perigo: se vários donos resolvem elevar a voz.

É isso que tem acontecido com frequência. Mas hoje, no mosteiro, não. Tudo vai sair direitinho como um fuso. Daqui a alguns dias veremos se a escapadela resultou. Quem passa por Alcobaça, não passa sem lá voltar.

 

 

 

21 Jun, 2013

VENTOINHAS

 

O primeiro-ministro disse em tempos que não metia porcaria na ventoinha. Bonita imagem se considerarmos que é sempre bom saber que há um governante que sabe guardar a porcaria em recato.

Quer dizer que todas as porcarias que andam no ar, não são as porcarias feitas por este governo. Quanto a estas, cada ministro talvez guarde as suas consigo. Se assim fosse, imagine-se o peso que cada um carregaria.

No entanto, há quem dê outra versão da história que é, cada ministro é uma ventoinha. Que, quando se liga à corrente, começa de imediato a espalhar para a sua frente, a porcaria que foi armazenando dentro de si.  

Se assim fosse, não poderia haver um ministro coordenador de todos os outros. Mas haveria, certamente, o ministro ventoinha de todo o governo, pois seria o único a ter o privilégio de espalhar a porcaria dos outros.

Mas não é nada disso que vai acontecer já. Em lugar de ser o coordenador a falar, vai haver uma ventoinha não identificada que, diariamente, talvez a seguir ao almoço, vai chamar os jornalistas e liga-se à corrente.

Agora, sim, o país da contestação, o país que não argumenta, que contesta tudo, mas que não parte nada nas ruas, vai aprender a aceitar que só há um argumentador oficial, uma espécie de ventoinha única.

É evidente que estou a visionar imagens que me foram sugeridas por uma visão de um governante que o país admira, precisamente, porque tudo o que diz, é o resultado de uma sabedoria que encanta o seu povo.

Aliás, aqui, neste paraíso à beira mar plantado, nem poeira nos deitam para os olhos, quanto mais outra qualquer porcaria mais dolorosa. E nunca, por nunca ser, através de uma ou muitas ventoinhas.

 

 

 

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