A TURMA DOS CÁBULAS
As turmas são agora bem maiores do que eram as dos anos anteriores. Talvez por isso, os cábulas também tenham aumentado, enquanto os chefes de turma, por serem menos, têm agora mais responsabilidades.
A turma dos cábulas, instalada na escola do palácio de S. Bento, acumula já cinco chumbos coletivos e, ao que tudo indica, a coisa não vai ficar por ali. É uma turma de lutadores contra a teimosia dos mestres.
Coelho, o chefe da turma dos cábulas, luta garbosamente contra os mestres do TC, professores da turma, esquecendo que são eles que aprovam ou chumbam, segundo os seus critérios, os bons ou maus alunos.
O chefe de turma dos cábulas pretende que se façam os exames mas, que todos os cábulas fiquem aprovados com distinção, prometendo que só depois vão estudar a matéria. Mesmo com cinco chumbos a luta continua.
Porque os cábulas lutadores são muitos e têm a determinação e a pretensão de que são invencíveis. Querem avaliar-se a si próprios e não desistem de ser eles a avaliar os professores. Para retribuir o chumbo.
Chegados a esta situação, deduz-se que alguém está a mais nesta escola. Os alunos cábulas ou os professores que os chumbam. Ao que parece, os cábulas fazem mais falta ao país. Não sabem nada de nada, mas fazem.
Argumentam que os professores sabem muito, mas não fazem nada. E o país já não pode passar sem os cábulas que fazem tudo sobre o joelho e só depois vão estudar os efeitos do que fizeram. É assim que se governa.
E é assim que se não estuda. Os chumbos só fazem falta para mandar embora quem incomode os cábulas que sabem tudo e fazem tudo bem. O resultado está bem à vista. Cinco chumbos, não é para qualquer um.
Como consequência desta facilidade de levar chumbo, o subchefe da turma dos cábulas assumiu a corajosa missão de lutar contra a troica. Já o chefe da poderosa turma, luta há muito contra todos os portugueses.