Acabo de rever no Expresso aquela fotografia de Cavaco com uma cagarra nas mãos em frente da boca, ostentando o sorriso mais aberto que alguma vez lhe vi. Até a cagarra parece feliz ao ver tanta felicidade.
O tamanho do sorriso, talvez mesmo do riso presidencial, mostra uma boca saudável, com dentes impecáveis, que me dão a certeza de que por ali passam palavras repletas de pureza e trincadelas perfeitas e vigorosas.
A fotografia é da célebre visita à Selvagem Pequena e também ela, a fotografia, tem muito de selvagem. Um homem politicamente selvagem, aprisionando, ainda que momentaneamente, uma cagarra selvagem.
Mas, hipocritamente, selvagem é também a ideia de retomar o falhado compromisso do pacto. É notório que o PSD é anti compromisso, seja ele qual for, e anti pacto qualquer, desde que meta o PS pelo meio.
É bom nunca esquecer que o PS foi isolado, quando do chumbo do PEC IV. Que o presidente apadrinhou, sem pedir então um compromisso ou um pacto anti FMI. Atitude que, afinal, deu os resultados que estão à vista.
Agora, quase todos os comentadores televisivos afetos ao PSD, vêm criticando asperamente o seu governo e o seu rumo. Mas, criticam o PS por não se juntar ao PSD e ao CDS, no interesse do país, dizem eles.
Muito curioso. Dizem que o rumo é um desastre e é ruinoso para o país. Mas querem lá o PS de mãos dadas com os destruidores do país. Por terem assinado um memorando que já nada tem a ver com este rumo.
Devem pedir ajuda a quem os ajudou. Os partidos à esquerda do PS. Pois foram esses quatro partidos que isolaram o PS. Agora, mesmo aflitos, que se desenrasquem e mostrem-nos o país que então idealizaram sem o PS.
O presidente quer um compromisso, agora? Vá lá uma ideia. Eleições agora, na condição de que se faça o compromisso com todos os partidos com assento parlamentar. Que façam então esse pacto tão desejado.
Presidente, PSD, CDS, PC e BE, sempre identificaram o PS, e continuam a identificar, como o seu inimigo de estimação, o alvo da descarga dos seus maus humores. Logo, é fácil fazerem um pacto duradouro entre eles.
É uma ideia estúpida não é? E difícil!... Mas é minha, e entendo que não sou só eu a ter ideias estúpidas. Mormente, quando se trata de pactos e compromissos, é preciso ter muito cuidado para não se cair no ridículo.