PAZ
Jerónimo pede a Passos que dê paz aos pensionistas. Também desejará que Passos dê paz aos funcionários públicos e a todos aqueles a quem tem movido guerra sem quartel, ou seja, a quase todos os portugueses.
E a grande maioria dos portugueses, neste momento, talvez vá mesmo mais longe que Jerónimo, o que não deixa de ser surpreendente, desejando que seja o atual governo a ter descanso em paz para sempre.
Mesmo sabendo que, no ponto a que a coisa chegou, a grande maioria dos portugueses não vai deixar de sentir paz nas suas vidas, tal o grau de destruição que lhes infligiram, igual ao grau de descriminação negativa.
Mas é preciso parar, pelo menos, com a obstinada continuação destrutiva, para que a reconstrução não se torne inviável. Seja qual for o governo que vier a seguir, nunca poderá ser pior que este que temos agora.
Obviamente que não vai conseguir fazer o milagre que este julga ter feito, mas que possa deixar respirar as pessoas, mesmo sem dinheiro. Que não lhes dê guerra permanente, com armas de destruição seletiva.
Que quem vier a seguir tenha o bom senso de não fazer chantagem permanente sobre tudo e sobre todos os que não vão na mentira continuada, os que são contra a obsessão de proteções escandalosas.
Estaremos já condenados a viver muitos anos, os que sobreviverem, como os daquele mundo em que muitos têm apenas que comer, e pouco. Mas que não haja algozes sempre brandindo a espada sobre a nossa cabeça.
Esta será a paz a que muitos portugueses poderão ainda aspirar. Sem o milagre com o qual nos querem fazer seus crentes. Mas com a paz que nos deixe voltar a trabalhar e a falar sem medo da guerra que nos movem.