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afonsonunes

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30 Nov, 2013

É assim mesmo!...

 

 

Mas porque é que eu não me lembrei disto há mais tempo. Acabo de aprender uma coisa espantosa que já me podia ter dado a felicidade ou, no mínimo, a minha independência como cidadão feliz.

E o que eu aprendi agora, foi exatamente que já devia ter reconhecido que sou um nabo de todo o tamanho. Já sabia há muito tempo que o era, mas ainda não tinha descoberto a maneira de o fazer render.

E porquê? Porque o nosso Gaspar me deu essa ideia. Ele próprio reconheceu que foi um nabo, para não dizer um falhado, mesmo com os reconhecidos falhanços da sua atuação no último alto cargo que teve.

Precisamente, por ter sido chamado pelo Costa para dirigir o seu departamento de estudos económicos. Ora, como se sabe, o nosso Gaspar reconheceu que falhou, precisamente em qualquer coisa como essa.

Moral da história: não há como ser um nabo, mesmo confesso, para arranjar um bom emprego. E, mais importante ainda, dar garantias de que ninguém consegue ser nabo duas vezes, no campo da sua nabice.

Costa nem precisava dessas garantias. Ele sabe que há nabos que se semeiam em qualquer terreno e nem precisam de estrume para crescer. Mas precisam de água, muita água e isso é coisa que o nabo sabe meter.

E pronto. Julgo ter explicado perfeitamente como é que eu vou arrancar o meu sucesso e desenvolver uma nabice como deve ser. Estou certo de que também haverá um Costa que virá à minha procura brevemente.

Que ninguém fique a pensar que estou a pedir um privilégio de nabo. Toda a gente, ou quase, sabe que é assim. É preciso é despertar a atenção dos apreciadores de nabos. Mas isso é o que não falta por aí.

Portanto, senhores candidatos a qualquer coisa, que se julgam com os currículos ideais para os lugares pretendidos. Tirem daí o sentido. Olhem à vossa volta e aprendam. Mostrem orgulhosamente a vossa nabice.

 

 

 

 

 

Portugal é exatamente o contrário, um país sem respeito por ninguém e no qual ninguém, ou muito poucos, se sujeitam a respeitar o país. Porém, esses muito poucos, têm a noção de que há que acabar com muita coisa.

Acabar com essas coisas que os reguilas, os refilões, os contestatários, não se cansam de fazer. Principalmente, quando o fazem em bandos ruidosos, com cornetas, megafones, cartazes e gritaria. Muita gritaria. E asneiras.

Claro que os poucos que querem acabar com estas coisas, no momento atual, ficariam felizes e dormiriam mais descansados. Afinal, eles não resolvem o problema com tampões nos ouvidos, nem chamando a polícia.

O país ficaria em sossego e em paz, com todos os desempregados caladinhos, em casa, à espera da sopinha que alguém trará. Os estudantes estudariam no banco do jardim, sem dinheiro para livros e propinas.

Os poucos que ainda trabalham, terão de o fazer dia e noite, para que não tenham de se ocupar com despesismos nas horas vagas. Terão de aceitar de cara alegre, os trocos que a entidade patronal lhes disponibiliza.

Como Portugal é um país de respeito, não se pode levantar a voz a ninguém, nem aos que não gostam destes, para eles, malcriados e tumultuosos cidadãos. Que não passam de estropícios da sociedade.

Portugal não pode ter uma Constituição tão benevolente para os perturbadores e tão restritiva para os perturbados. É preciso acabar com a Constituição para que não esteja sempre do lado de quem não a merece.    

Assim, a palavra liberdade está completamente dessincronizada com o seu verdadeiro sentido. A liberdade só tem sentido se for apenas para quem está calmo, quieto, silencioso, obediente, bem-educado, resignado.

Portugal é um país de respeito. Mas, para que o seja na perfeição, os seus cidadãos, todos eles, têm de ter a coragem e o sacrifício de não oferecer resistência a todos aqueles que não têm respeito nenhum por eles.

 

 

    

 

 

Nos tempos conturbados que atravessamos, predominam os profissionais de tenras idades, em tudo quanto é vida ativa do país. Gente com um sentido de verdadeiro venha a nós, porque as vidas estão difíceis.

Por vezes chego a pensar que esta gente, gente nova, gente boa, ou boa gente, está a pensar que não há vida como aquela que viu seguir a determinados amadores de outros tempos. Que nem abafar sabiam.

Mas já sabiam, e bem, que tinham de abafar tudo o que lhes viesse à mão. Talvez porque receassem que mais tarde, alguém estaria com os olhos postos neles. E oportunidades perdidas era coisa que eles não queriam.

Depois, abafaram e bem, não com profissionalismo, mas com aquele amadorismo que hoje deixa que se veja toda a ligeireza com que tanto abafaram, sem a menor preocupação de esconder os seus feitos éticos.

Muitos deles ainda andam por aí, curvados ao peso de tanto dinheiro que carregam sobre o dorso. E falam de outros, como se esses outros fossem eles próprios. E têm os seus admiradores, que fazem iguais confusões.

Novos profissionais, velhos amadores. Uns e outros, afinal, entendem-se muito bem. Os profissionais do sonho querem vir a ser como os amadores realizados. Gente que só quer abafar tanto, como quem já abafou.

Quanto aos que nada têm a ver com isso, andam de olhos esbugalhados a olhar para tanto descaramento e para tantas confusões convenientes. Que só não vê quem não quer. Mas ver, não é poder acabar com elas.

Talvez porque os velhos curvados ao peso do dinheiro e seus admiradores, igualmente velhos, tenham na justiça uma complacência misericordiosa para com eles. Do que têm nada se tira. É o respeitinho pelas pantufas.

 

 

 

26 Nov, 2013

O DESENHO

 

 

Diz o governo que tem de explicar melhor o que faz. Assim sendo, podia começar por explicar e esmiuçar a intervenção do presidente do grupo parlamentar do PSD, no fecho da discussão do OE, esta manhã.

Montenegro, de resto, não costuma ser nada monte branco. Sem dúvida, o negro é uma cor como qualquer outra. Parece-me que, se na política houvesse ‘bestas negras’, a designação assentava-lhe perfeitamente.

É extremamente difícil, alguém ser tão explícito naquilo que, realmente, fica a precisar de uma boa explicação de quem não queira ofender a inteligência do vulgar cidadão. A Casa da Democracia merecia respeito.

O PSD é mestre em servir-se de meias verdades para levar a cabo a sua digníssima missão de ser oposição à oposição, quando lhe incumbiram a tarefa de governar o país. Coisa que ainda não conseguiu fazer.

É natural que não saiba que, ao enveredar pelo caminho das meias verdades, acaba por cair irremediavelmente nas mais injustificadas mentiras. Mentiras por inteiro, pois nelas não há metades.

Ora, tudo isso é muito difícil de fazer compreender aos portugueses que não veem mais que falsa propaganda na tentativa de lhes explicar melhor o inexplicável. Portanto, só há uma solução: Façam-nos um desenho.

 

 

 

 

 

Começou a luta dos insubstituíveis pelo reconhecimento dos seus direitos especiais, neste mar de gente em risco de ser banalizada no orçamento que aí vem. Mas há quem lhes chame a luta dos privilegiados. Será?

Podia começar por referir muitos desses candidatos a tratamento condigno na relação do salário com o trabalho desempenhado. Podia começar por cima ou por baixo. Obviamente, em relação aos salários.

Vamos supor que todos os trabalhadores dos transportes faziam uma greve por tempo indeterminado. O país parava ao fim de alguns dias. Logo, não se pode passar sem eles. Logo, deviam ganhar acima da média.

Vamos supor que os cantoneiros da limpeza paravam indefinidamente. O país adoecia, inundava os hospitais e colapsava os serviços de saúde. Logo, são indispensáveis e não se lhes pode negar um estatuto especial.

Vamos supor que todos os médicos se metiam em casa por tempo indeterminado. Está-se mesmo a ver que não havia coveiros suficientes, nem cemitérios, para enterrar os mortos. Logo, mais um estatuto especial.

Vamos supor que os juízes saíam dos tribunais e deixavam o governo a julgar por muito tempo. O país não aguentava tanto criminoso à solta. Mais do que já andam agora. Logo, mais um merecido estatuto especial.

No campo das suposições, podíamos arranjar estatutos especiais para enfermeiros, agricultores, pescadores vendedores, compradores, funcionários e tantos outros que podiam parar o país e lixar-nos a vida.

Alargando esta ideia de imprescindibilidade genérica, todos os cidadãos desempenham um papel fundamental na sociedade, logo, a sociedade não existe sem cidadãos. Todos diferentes, mas todos necessários.

Nesta época de crise todos querem ser mais imprescindíveis que os outros. Mas, salvaguardadas as necessárias distâncias naturais, mas sem privilégios elitistas, é justo que todos se juntem e não que se separem.

Portanto, a ideia generalizada neste momento é de que apenas os políticos, governantes incluídos, seriam os primeiros a ser dispensáveis. Os únicos que podiam fazer uma greve sem fim. Mas, tiremos daí o sentido.

 

 

 

24 Nov, 2013

CORTOU, POUPOU!...

 

 

Há quase três anos que ando a ouvir pomposos anúncios do governo, de que se faz eco a comunicação social, segundo os quais, de cada vez que os contribuintes levam uma tesourada no bolso, poupam-se muitos milhões.

Isso quer dizer exatamente que, a cada corte, corresponde uma poupança. Por exemplo, com o corte nas pensões, o governo poupa setecentos milhões. Pois, desde que tomou conta do pote, vazio, já o deve ter cheio.

Não entendo a lógica do corta/poupa, uma vez que a realidade tem demonstrado à evidência que era muito mais correto dizer-se que há a obsessão do corta/gasta. E o pior é que se corta mal e gasta-se ainda pior.

Quer dizer que a tesoura dos cortes está a precisar de ser levada ao amola tesouras. Mas que ele seja bom, senão os cortes serão ainda piores, se a tesoura, em lugar de bem afiada, acabar por ficar ainda mais romba.

Mas, não há dúvida de que o segredo dos gastos está na tesourada que eles podiam levar. Aí sim, os cortes podiam realmente significar poupanças de vulto. Sem roubar ninguém. Apenas moralizando o estado.

Chamar poupança ao esbulho de pessoas que são atiradas para a miséria, apenas contribui para que o estado fique cada vez mais fraco. Um país de cidadãos que não têm dinheiro para gastar, é um país falido a curto prazo.

O nosso país, presentemente, aposta tudo num estado de gente que, no alto, vive a nadar em dinheiro. Gente que só consegue olhar para a sua barriga a crescer. Com a obsessão de que, a do povo, tem de diminuir.

A mim, custa-me muito entender esta noção de poupar com o que se tira do bolso dos outros. Tenho muita dificuldade em ver o meu país livre, em todos os aspetos, se as pessoas tiverem de mendigar o que têm de comer.

 

 

 

23 Nov, 2013

A NOVA VIOLÊNCIA

 

 

A nova violência agora descoberta pelo governo e seus apoiantes, consiste em querer calar as violências a que os portugueses estão sujeitos nos últimos anos. Logo, quem não quer violências, está a incitar à violência.

Desde há alguns anos, muitos em alguns casos, que há quem venha avisando que a violência era inevitável, dado o modo como se violentam as pessoas neste mundo onde a loucura tem cada vez mais força e poder.

Infelizmente, de dia para dia, essa anunciada violência vai-se tornando mais incontrolada. E as previsões são cada vez mais pessimistas. Querer culpar quem avisa, é mais um sinal de que a loucura não abranda.

Querem alguns responsáveis, conscientemente ou não, sacudir a água do capote, atirando responsabilidades que são exclusivamente suas, para cima de quem os avisa dos perigos que correm, julgando até intimidá-los.

Sabem que esses ditos incitadores à prática da violência são muitos e que não se intimidam com as suas culpabilizações ou responsabilizações. Até porque só selecionam um ou outro que lhes faz mais cócegas na língua.

A violência agora existente já foi em tempos desvalorizada, como devaneios de aves de mau agoiro. Agora mesmo, ainda se fala em brandos costumes, como se esses otimismos afastassem qualquer hipótese real.

Tal como a espiral recessiva, a espiral de violência não é um fantasma inventado para assustar ou para impressionar. Ambas têm o seu percurso bem definido. Será bom que não nos atinjam com o auge da sua força.

Quando, eventualmente, houver vítimas, inocentes ou não, que paguem com a vida, as consequências desta loucura, só então os verdadeiros culpados, reconhecerão o seu erro. Se ainda tiverem tempo de o fazer.

Não basta agora, por enquanto, atirar palavras ocas aos seus alvos, como meio de se autoconvencerem de que a violência se manipula com mais ou menos palavras, como costumam fazer no dia-a-dia dos seus altos cargos.

A violência não está agora a ser inventada por ninguém, para complicar a vida a quem finge   que a desconhece. A violência nasce e cresce como resultado de um choque de ódios e de vinganças de gente sem escrúpulos.

 

 

 

 

 

O forte do doutor Cavaco nunca foi ter a preocupação de andar bem informado. Em tempos terá dito que não lia jornais, talvez porque julgasse que não aprendia nada com eles. Agora ficamos a saber que não vê TV.

Sobre os acontecimentos nas escadas da AR, disse que ainda não tinha a informação do que ocorrera, por não ter falado com o governo. Logo, não viu televisão. Confia certamente que o chefe do governo tenha visto.

O primeiro-ministro mandou os jornalistas pedir informações ao ministro da Administração Interna. Penso que também não deve ter visto televisão. Penso ainda que gastam tanto dinheiro com a TV e depois não a veem.

Por outro lado o ministro Miguel Macedo garantiu hoje que as escadas da entrada da AR não voltariam a ser ocupadas. Não vou duvidar da palavra de um ministro, mas penso eu que ele deve ser um vidente de exceção.

Faltou-lhe dizer, enquanto ele for ministro, já que o seu sucessor, seja ele qual for, não terá, com certeza, os seus poderes e as suas certezas. Entre elas, a de que os ruídos que vieram de outro lado, também não voltam.  

Cavaco e Passos manifestaram muito respeito por Soares. Bonito. Já a ministra da Justiça descarregou em cima do falador nato, um montão de responsabilidades. Como se ele fosse o único português limitado no falar.

Já agora, estes e os seus jovens companheiros de partido, que tanto falam demais, podiam antes ver nos estatutos, a maneira de calar o militante Pacheco Pereira. Que bela lição que ele deu naquela Aula Magna.

 

 

 

21 Nov, 2013

OH DA MAGNA

 

O dia de hoje teve episódios que devem fazer pensar muita gente que se tem mostrado inacessível a tudo o que representa um diálogo construtivo com vista a encontrar um caminho digno para este país transviado.

Na Assembleia da República, com a discussão do orçamento, reeditou-se mais uma sessão de passa culpas entre o governo atual e o governo anterior. Em linguagem popularíssima, esta discussão já mete nojo.

É evidente que pelas caras de alguns dos intervenientes, aquilo não é um lugar decente, com pessoas decentes, procurando soluções decentes, para que vivamos num país decente. Ali há feras de dentes arreganhados.

Depois, aquela mesma Assembleia, viu-se quase invadida por quem a devia proteger. As portas estiveram escancaradas, mas os polícias de todo o sistema de segurança não quiseram dar esse passo. Pararam.

Este dia fica para a história da situação a que se chegou, em termos de autoridade e falta dela. Sobretudo, da indefinição do que se pode esperar de uma sociedade no seu todo e nos seus comportamentos futuros.

À hora a que escrevo estas linhas decorre um congresso na Aula Magna em que políticos, artistas e intelectuais se propuseram manifestar o seu desagrado pela situação do país. E dizem-se coisas de muita gravidade.

Não vale a pena assobiar para o lado, quem é visado no que ali se diz. O país está rodeado de situações de fome. Fome de quem não tem que comer, mas também fome de justiça e fome de liberdade.

Porque já não restam dúvidas de que há quem esteja a trair este povo e esta pátria, por tudo o que de mal faz, mas também por tudo o que devia fazer e não faz. O tempo não perdoa e as culpas vão vindo ao de cima.

Pode bem vir o tempo em que não adianta, a quem quer que seja gritar, oh da guarda. Guarda que bem pode trabalhar ao ritmo do que lhe pagam. Depois, o grito daquela Aula de Lisboa pode ser mais que, oh da Magna.

 

 

  

 

 

As pressões sobre Seguro e sobre o PS para que receba o abraço da paz da direita e se junte a ela no errático orçamento, já são quase tão fortes como as pressões exercidas sobre o Tribunal Constitucional.

Até parece que vai ser Seguro a aprovar o dito orçamento, ou que é normal o relacionamento entre Passos e Seguro, para que se abracem na queda fatal. Como se não houvesse os dias não, da repulsa por Seguro.

As pressões da direita já desceram ao nível da rua, talvez porque lá mais para cima, a coisa esteja mesmo preta. Talvez não fosse descabido que os pressionantes relembrassem algumas passagens dos seus mimos a Seguro.

Ou talvez não fosse despropositado que os pressionantes a todos os níveis, não esquecessem o que diz a tradição. É que os fiéis parceiros da direita têm sido o PCP e o Bloco. Logo, é a eles que devem pressionar.

De todos os lados chovem opiniões insuspeitas de que o governo de direita não tem a razão do seu lado. Em muitos casos, concordantes com algumas das propostas de Seguro, sempre recusadas.

Mas, é caso para dizer: afinal a direita quer o quê? Que o PS se transforme em PD, partido da direita? Já bem basta que o seja de facto, em muitas ocasiões em que se trai a si próprio. E eles a dar-lhe. Deixem-se de tretas.

 

 

 

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