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afonsonunes

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30 Dez, 2013

APELOS

 

 

O apelo tornou-se uma ferramenta comunicacional por excelência para levar o pessoal a engolir o que normalmente não lhe convém. Então, nestas alturas festivas, vêm apelos de todos os lados e de toda a gente.

É evidente que os apelos vindos dos cidadãos das nossas relações, ou dos que passam as passinhas do Algarve como nós, acabam por se tornar o pão nosso de cada dia, não alterando muito a nossa rotina de vida.

Quanto aos outros apelos, aqueles que tudo nos pedem e nada nos dão, vêm de quem não nos conhece, nem faz por isso, e muitas vezes apetecia-nos sermos nós a apelar aos apeladores para que nos deixassem em paz.

Penso que o país precisa mais de obras que de apelos. Se quem apela fizesse a sua obrigação, esses apelos seriam, muitos deles, desnecessários. É sabido que o país não se governa apenas com apelos, bons ou maus.

É tempo de mensagens que, normalmente, contêm muitos apelos. Podiam conter esperanças fundadas, em lugar de palavras comuns repetidas de ano para ano. Vem aí mais um novo ano. Mais um. Pior que o anterior.

 

 

 

28 Dez, 2013

PARABÉNS, PÁ!

 

 

Começo por confessar que tenho uma grande admiração por ti. Não consigo encontrar quem, tanto como tu, seja um apaixonado febril de alguém que só não corta pescoços por medo que lhe cortem o seu.

Aliás, tu como esse teu ídolo, estás convencido que nos podem cortar tudo na maior, pois tudo o que temos, das unhas dos pés à ponta dos cabelos da cabeça, é para cortar. Desde que não comecem a cortar no teu.

Na verdade, tu não és só um febril apaixonado: és uma obsessão em forma de gente, para quem o mundo está todo errado, com uma única exceção: a tua suprema inteligência e a tua inegável visão das pessoas.

É por seres espécime único e inimitável na humanidade inteira, que te admiro tanto, apesar de não conseguir partilhar nada, mas absolutamente nada, com a tua pessoa, abaixo de todos os princípios por que me norteio.

Dantes, atiravam-se pessoas às feras famintas que as destroçavam e comiam perante gente ululante que queria ver atirar mais e mais gente para lhes saciar a vista. E adulava-se quem dava as ordens sanguinárias.

Hoje, as feras são outras, mas só não cortam pescoços, porque ainda há quem não deixe. Mas tu pululas por quem os quer cortar. Estás em pulgas por ver um espetáculo de dor e morte. Já vibras dos pés à cabeça.

Amigo, mesmo assim, repito que sou teu admirador. Provavelmente, sou alguém que tem uma tara qualquer. Mas não admiro mesmo nada quem tu adoras. Quem tu acabarás, mais tarde ou mais cedo, por odiar.

A menos que nunca te cortem nada como o teu ídolo já cortou a quase toda a gente. Quase, como bem sabes. Podes endeusar quem quiseres, mas lembra-te que a razão e o pensar, não são apenas atributos teus.

Depois, quando te referires aos ignorantes que não seguem casmurrices, parvoíces e outras sandices, lembra-te que toda a gente merece respeito. Até tu, imagina. Como diz o povo, o respeitinho é uma coisa muito bonita.

 

 

 

27 Dez, 2013

CIDADE LIXADA

 

 

Lisboa é uma cidade onde o lixo cresce a cada hora que passa, a ponto de poder dizer-se que se transformou numa grande lixeira. Porque é em Lisboa que se concentra gente de todo o país. Gente que faz muito lixo.

Nem seria preciso olhar para outro lado. A quantidade de gabinetes que ali se instalaram, dá-nos uma ideia do lixo que eles albergam. Todos os dias sai lixo para os contentores. Mas há lixo que está lá sempre. Não sai.

Lisboa é uma cidade lixada, com gente lixada, metida nesses gabinetes, donde até as decisões que afetam as nossas vidas são, com a maior das naturalidades, montes de lixo, da mesma textura do lixo que as produziu.

Ou seja, em Lisboa, temos muito lixo que mais não faz que produzir lixo. Seja ele de natureza sonora, através do ruido que produz com a sua propaganda, ou com as múltiplas formas de nos lixar, com imposições.

Lisboa é o local de concentração de figuras lixadas, dado que elas vieram, e vão continuar a vir de todo o país, chamadas pelo lixo permanente ali instalado, formando a grande lixeira nacional, fonte de um país lixado.

Aproxima-se o último dia do ano, altura em que muita gente tem por hábito abrir as janelas e deitar fora o lixo que tem em casa. Não é bonito mas as casas ficam mais limpas. Lisboa precisa de deitar fora o seu lixo.

 

 

 

 

 

Não quero deixar para amanhã o que posso fazer já hoje. Depois, por qualquer motivo alheio à minha vontade, podia esquecer-me desta tão ingente tarefa, que é desejar umas santas e felizes festas a quem eu cá sei.

Sei eu mas não sabem eles as minhas intenções, até porque isso não lhes interessa nada, nem vai afetar o tudo de bom que sempre tiveram e não vão deixar de ter agora, só porque muito se fala disso nestes dias.

Sim, fala-se muito de Boas Festas a Festas Felizes, mas não se fala muito nas tristezas diárias ou no desespero de quem, não só não tem festas nenhumas, mas tem o sofrimento de ver muita fome e frio à sua volta.

A esses, não vale a pena desejar nada. Eles não se alimentam com desejos alheios. Nem tão pouco com a caridade que passou a ser a prioridade dos que vão, com certeza, ter Festas Felizes, como têm durante o ano todo.

Hoje, portanto, não quero esquecer-me de dizer aos responsáveis pelos excessos das festas de uns e pela dor e amargura da miséria de outros, que façam alguma coisa para que no próximo ano haja algo de diferente.

PS: A quem, como eu, dedica algum tempo a passar por estas paragens, desejo, sinceramente, Boas Festas e um Ano Novo repleto de felicidades.

 

 

 

22 Dez, 2013

JÁ PASSOU!...

 

 

Não me recordo de ter observado tão fortes e tão demoradas dores de barriga de tão ilustres personalidades nacionais e estrangeiras. Desconfio que algumas delas terão mesmo ocasionado incómodas diarreias.

De Lisboa a Berlim, passando por Bruxelas, foram muitos meses de angústia e lamúria, sempre com recados para dois palácios. Os valentes também se borram quando lhes apertam os caminhos para a descarga.

Ainda bem que tudo voltou ao normal e agora já se pensa apenas na melhor maneira de fintar os virulentos causadores da anormalidade sanitária. Como sempre, fletindo um bocado mais para a teimosia.

É o sentimento do costume: ai não passou isso? Não vos ficareis a rir, porque vai passar muito mais. Será mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, que nós ficarmos retidos no vosso crivo.

A propósito de camelos, eu sou um entre os milhões de portugueses que os veem passear o seu poderoso sentido de peso, perante a cada vez maior fragilidade que as suas quatro patas e duas presas nos impõem.

Por agora, as dores de barriga já passaram, deixando os costumados e incómodos azedumes à espera de poder devolvê-los. Mas há perigo de todas as dores se transformarem em cólicas. Afinal, ainda nada passou.

 

 

 

 

 

 

21 Dez, 2013

TOCA A ACORDAR

 

 

Depois de mais um longo período de sonolência política, parece que finalmente Belém teve mais um daqueles momentos em que se nota que houve um acordar suave, indiciador de alguma atividade que aí vem.

Para já, espera que outros façam mais acordos do que aquele que recentemente surpreendeu o país. Obviamente que Belém faz parte do país. Portanto, agora, aproveita a onda de esperança para pedir mais.

Compete aos homens de emblema na lapela dar o toque de alvorada de um novo acordar. Se é que isso ainda é possível. É que, há muita gente no país que pensa que para alguém acordar, é preciso estar a dormir.

Ora, estar a dormir, normalmente, é um estado de repouso que dura apenas algumas horas. Se a soneca se prolonga ininterruptamente por anos, deixa a ideia de que há poucas probabilidades de recuperação.

Uma coisa é ter um emblema na lapela, outra coisa é saber fazer acordos que honrem esse símbolo identificativo de um fervor muito mais sério que uma paixão clubística qualquer. Portanto, dormir demais não vale.

 

 

 

20 Dez, 2013

PASSOS ESTUDA

 

 

Não! Passos não vai estudar para Paris, nem para a universidade onde Relvas aplicou a teoria da máxima equivalência. Obviamente que vai estudar medidas alternativas e isso só se aprende numa chancelaria.

Tendo em conta que a alemã está agora repartida com ‘socialistas’, convém lembrar Passos que já pode ir à chancelaria do Rato em busca dos passos bem medidos que só podia obter em Berlim. Sempre é mais perto.

Tanto mais que já levou o anjinho a dar o primeiro passo na reconversão de medidas. Portanto, o caminho está agora aberto para que Passos possa, finalmente, dizer-lhe que, nas suas medidas, é tudo igual ao litro.

Assim, Passos e o anjinho, podem começar a distribuir prendas de Natal, com o acórdão do TC em mente: cortar sim, mas saber cortar. Cortar nos impostos para as empresas e cortar nos salários e pensões dos de sempre.

Mas, para isso, é preciso que Passos e o anjinho estudem muito, e bem, para que não firam o acórdão. Cuidado com as pressões que vão ter de todos os lados. Estudem, estudem e voltem a estudar. Só os dois, sim?

Não liguem ao Marco António Costa, nem à rapaziada que ainda não começou a estudar, apesar de já falarem de cátedra. Eles não leram a Constituição, nem nunca a compreenderão, mesmo que muito a estudem.

É por isso que Passos, um puro corta tudo, em estudo conjunto com o anjinho, deve acertar o significado das palavras de ambos, com a realidade das práticas comuns que não conseguem colocar no campo da realidade.    

O anjinho é tudo o que o nome indica. De tudo o que estudou, só lhe ficou a teoria. Passos, se alguma vez estudou, para lá do que cabulou, não consegue mostrar teoria alguma. Deve ter fixado apenas as más práticas.

 

 

 

19 Dez, 2013

O NOSSO CHEFE

 

 

Nem seria necessário dizer que o nosso chefe é o representante da missão do FMI para Portugal, que disse ao Financial Times que o país precisa de mais dez a quinze anos de ajustamento. Isto é clarinho como água.

O nosso esclarecido vice Portas não deixa de deitar foguetes, antecipando o fim do nosso protetorado para o próximo ano. Garantindo até que não cairemos mais em crises como esta. O fim da atual, são já favas contadas.

Perante tais declarações de grandes chefes, fico sem saber qual dos dois está a precisar de um ajustamento à realidade do nosso martirizado país, entregue nas mãos, ou nas cabecinhas, de tão capazes prognosticadores.

Pela certa, um deles não sabe o que está a dizer. Provavelmente até os dois. Basta que se concretize o que dizem outras cabecinhas pensadoras: Vamos precisar de mais vinte anos. Ou cinco, ou trinta ou cinquenta.

E é assim que os portugueses se preparam para festejar o Natal. A festa da família. O Papa adotou como família, para comemorar o seu recente aniversário, quatro sem abrigo com os quais partilhou a sua festa.

Agarrando nesta ideia de partir corações, lembrei-me que, como vivemos à beira de guerras iminentes, temos chefes que podem perfeitamente lançar as bases para uma paz santa e duradoira entre os portugueses.

O Presidente Cavaco, Chefe Supremo das Forças Armadas, pode silenciar os chefes militares, convidando-os para passar a consoada com ele, no Palácio de Belém. O gesto não é tudo, mas pode evitar uma guerra.

O Primeiro-ministro Passos, pode dar uma grande lição aos portugueses, convidando para a sua consoada, o ministro Crato e os dirigentes sindicais dos professores. Pois… com o Mário Nogueira, obviamente. Haja paz!

O vice Portas, grande ideólogo deste governo, pode ir até Viana, levando com ele o ministro Aguiar Branco. Não para a consoada, mas para fazer ali, nos ENVC, a passagem do ano. Com muito fogo, muita música e amizade.

Finalmente, a ministra Luís, com a devida autorização de Portas, pode e deve convocar todos os pobres do país para um grande bodo no réveillon da passagem de ano. Com muita castanha que o pão está caro.

Como se vê, o país tem ideias, tem alternativas e tem soluções. Mas, nada resultará, se o ministro Miguel Macedo não puser o capacete, vista a farda e vá para a rua com todas as polícias. Sempre com os olhos postos na paz.

 

 

 

18 Dez, 2013

TUDO NORMALÍSSIMO

 

 

Ainda bem que o país vive uma situação normal, absolutamente normal, normalíssima mesmo, tendo em conta as palavras de governantes e as notícias que nos chegam através dos normais meios de comunicação.

Os exames, ou as provas, ou lá o que era, dos professores contratados, vexados ou condenados, não se sabe bem a quê, é uma coisa normal, mas normalíssima foi a forma como decorreram essas idas às escolas.

Obviamente que também é normalíssimo que os professores que não compareceram, talvez os de meia tigela, tenham de voltar a viver a normalidade de um dia, para eles, familiar: fazer provas de menos cinco.

Mais tarde, foi a normalíssima cerimónia de cumprimentos em Belém onde, como vem sendo normal, se falou na felicidade futura que nos espera. As boas festas são pródigas de prendas para os anos seguintes.

Assim, desde dois mil e onze que o próximo, ou próximos anos, é que nos levam às venturas de um paraíso ainda melhor que o fiscal. Agora, esse paraíso, vem em dois mil e catorze, principalmente, em dois mil e quinze.

Entretanto, junto ao palácio das boas festas, decorreu uma normalíssima manifestação de trabalhadores de Viana, mimados com o normalíssimo despedimento. É normal que o ministro que eles adoram ficasse longe.

Quem também ficou de fora das boas festas, foi o vice, pois prefere ser ele a anunciar cá fora as suas prendas a longo prazo. Normalíssimo. As prendas lá de dentro, para ele, são amostras sem valor. Normalíssimo.

 

 

 

17 Dez, 2013

SOLUÇÃO À JUSTA

 

 

Sempre atento às preocupações dos portugueses, o governo está a estudar a possibilidade de colocar as pessoas a trabalhar só metade do dia. Como os portugueses já ganham muito, meio ordenado basta.

Mas, há uma ideia popular que diz que, o que é bom para ti, é bom para mim. Obviamente que o princípio está correto. O pior, é caminhar-se para o princípio do fim. A menos que o governo aplique a regra a si próprio.

E porque não? Teríamos na parte da manhã o governo atual na plenitude das suas funções e na parte da tarde um outro governo liderado por Seguro. Parece que não haveria melhor maneira de os juntar.

Nem pensar, diria Passos, está ótimo, diria Seguro. Esta divergência é muito menos relevante que aquelas que nos têm mostrado. Além disso, esta é muito mais fácil de sanar. Bastam dois telefonemas de Cavaco.

Com o recado de que quem se recusar à aceitação, será substituído pelo autor dos telefonemas. Na minha opinião pessoal, acho que a coisa até está bem vista. Pela parte que me toca, não exijo nada em troca da ideia.

É óbvio que, se houver maneira de darem um empurrãozinho no meu blogue, tanto melhor. Depois, se autor o merecer, há que aproveitá-lo bem, pois seria falta de humildade recusar qualquer generosidade.

Aliás, tem vindo a público a influência dos blogues em torno da ascensão deste governo e seus componentes. Portanto, não estariam a fazer nada de novo em relação a mim, autor de um blogue que podia acabar depois.

O país teria, finalmente, um governo de consenso alargado. Esta solução, daria também a possibilidade de nos concederem empréstimos de manhã e à tarde adiar o seu pagamento para a manhã seguinte. Que bom!

 

 

 

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