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afonsonunes

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E perdi eu tanto tempo há espera dessa coisa a que chamaram DEO. Aliás, desde segunda-feira que ando numa ansiedade tremenda à espera que saia o malvado. E saiu hoje para meu alívio.

Felizmente, valeu a pena tanto sofrimento, pois os aumentos de impostos não são nada do que se dizia. São mesmo uma ridicularia que deixa envergonhado quem já estava a ver-se falido com eles.

Trata-se pois do fim de um pesadelo. Não só os impostos sobem apenas uns míseros cêntimos, como os salários e pensões voltam quase ao normal. Foi assim que eu percebi das vozes da maioria.

No entanto, o meu estado de espírito não se virou para a euforia. Por uma razão muito simples. Eu pertenço às minorias. E, logicamente, vai uma diferença abismal entre quem é maioria e quem é minoria.

Essa diferença, hoje vivida na reação ao anúncio do tão aguardado DEO, traduz-se na inaceitável discriminação que ele provoca. Não sei mesmo se não haverá um DEO escondido para o pessoal da maioria.

Só assim se justificaria o grande regozijo com que o festejaram. Um contraste enorme com o desencanto e a deceção de todas as minorias, para quem o DEO que lhes mostraram é só mais um papel.

Estou farto de coçar na cabeça sem resultado. Este país não aguenta com dois DEOs, se é que eles existem. Mas se apenas existe um, então tenho de pensar que há alguém que não é de cá.

 

 

 

 

 

Amanhã, lá vão mais umas tantas medalhas para mais uns tantos ilustres que serviram o país, sem terem a oportunidade de se servirem a si próprios. Coisa que em Portugal é muito rara.

As medalhas que, volta não volta, vão para o pescoço de pessoas, perdão, de personalidades, que se distinguiram no desenvolvimento do país, faz-me lembrar o estado de forte crise desse mesmo país.

Mas também me faz pensar que, afinal, há outras pessoas que também fizeram o mesmo, no mesmo país em crise. Curiosamente, ou talvez não, as medalhas estão a seguir o caminho do dinheiro.

É verdade que elas não são baratas logo, não se podem dar a qualquer pelintra. Mas não se trata disso. Trata-se da maneira como elas são mal distribuídas. Tal como a riqueza, queria eu dizer.

Há quem açambarque medalhas e há quem não lhes veja o brilho. Ao menos que distribuíssem umas fitinhas sem medalhas a outras pessoas, daquelas de que tanto se fala e não veem um penduro.

Pergunto a mim próprio por que razão, Miguel Relvas, ainda não foi medalhado. Ministro, conselheiro do primeiro-ministro, doutor recordista de equivalências, além das suas qualidades como pessoa.  

Do mesmo modo me espanta que haja grandes nomes, como Duarte Lima, Dias Loureiro, Oliveira e Costa e tantos outros de igual valor e notabilidade que, penso eu, têm andado num injusto esquecimento.

Não tenho dúvidas de que chegará a vez de todos eles. Mas, é bom lembrar que também há outros em lista de espera. Pertencem, no entanto, a outra lista. E essa, bem podia ter José Sócrates à cabeça.

Lembrei-me agora mesmo de que a atribuição de medalhas sofre de um pequeno, talvez mesmo grande, problema. É que quem entrega as medalhas, inexplicavelmente, não pode ser medalhado. Injusto.

 

 

 

28 Abr, 2014

A PRIMEIRA VEZ

 

 

A Antena 3 diz na sua publicidade que a ‘primeira vez é sempre na três’. Gostava que eles me explicassem como é que conseguem isso. Não é fácil, pois para tudo há sempre uma primeira vez. 

Por exemplo, ainda estou para saber se a primeira vez que o governo bateu o pé à troica, foi obra da Antena 3, ou se estamos perante uma gracinha de publicidade que Coelho e seus pares ignoraram.

Tenho cá uma desconfiança que foi uma oferta surpresa aos camaradas Arménio e Jerónimo, bem como uma flor, à simpática Catarina. É um gesto bonito para quem tanto faz por ajudar.

E essa minha desconfiança, mais sentido faz, pelo interesse de Portas em manter boas relações com a esquerda útil, aquela que faz oposição mais eficaz à outra oposição. É preciso ter sentido eleitoral.  

E, já agora, se os representantes da troica acederam a baixar a cabeça perante o murro na mesa, dado pela poderosa e, também, teimosa, ministra das Finanças. Ou do faz-me rir Paulo Portas.

A verdade é que ambos conseguiram ter a sua primeira vez, nesse memorável murro na mesa, que tem um valor duplo, se tiver sido dado por ambos, ao mesmo tempo. Mesmo fora da Antena 3.

Mas, valeu a pena. Aposto que os compadres viraram negociadores por se encheram repentinamente de coragem, de tal forma que fizeram tremer a mesa e, de certeza, os seus agora opositores.

Esta primeira vez demorou três anos a acontecer. Não sei se ela foi combinada. Ou desejada. Ou forçada. Mas foi demorada. Espero que tenha sido, pelo menos, fruto de uma vontade comum e espontânea.

 

 

 

 

27 Abr, 2014

ANDA DAÍ ZÉ

 

 

Dez anos em passo lento e com muitas paragens na rota dos destinos europeus, caracterizaram as atividades de um senhor europeu que nestes últimos tempos correu mais que em todo o tempo restante.

É verdade que ele não tinha pedalada para correr sempre, como tem corrido agora. Mas, já que a não teve, também escusava de se esforçar tanto e, quase com toda a certeza, ingloriamente.

Até porque não se compreende todo este afã em quem não definiu ainda para onde quer ir, ou o que quer ir fazer. Já andou pelo nosso país, e dele também, pedindo a bênção a quem lha podia dar.

Ao que parece, a bênção foi-lhe dada, mas esperanças de algo mais concreto, não o alegraram muito. Ou nada, o que o levou a declarar publicamente que isso que se dizia por cá, ele não queria mesmo.

Assim em jeito de raposa que não chega às uvas que estão lá em cima. Que tanta água lhe faz nascer na boca. Mas, estão verdes, não prestam. Daí que não valha a pena ficar a deixar cair a baba. Bora lá. 

Ontem e hoje esteve no Vaticano, onde se desdobrou por diversas atividades, no sentido de se mostrar aos Papas, em busca de duplas bênçãos. A oportunidade era irrepetível para encher currículo.

E também para encher espaços generosamente concedidos por alguma comunicação social. Ele não para, mas também há quem não pare para que nada lhe falte na hora decisiva do seu novo emprego.

Que se espera seja tão bom como o que está a terminar. Ganhar muito e fazer pouco. Sobretudo, não ter que pensar. É uma graça do Criador ter quem pense por nós na hora de decidir. É ótimo. 

No entanto, em última instância, isto é, se nada melhor aparecer, há sempre um lugar limpinho e com muita dignidade, à sua espera. Aqui mesmo, ao dobrar da esquina. Nem só em Belém, se ganha bem.

Acabo de subentender que vai ter uma oportunidade única. Vai já receber a terceira bênção papal deste dia. Depois, ser-lhe-á oferecido o honroso cargo de treinador da melhor equipa do mundo.

 

 

 

26 Abr, 2014

RESPEITINHO

 

 

O ministro da Defesa respeita mais os capitães de Abril pelo que fizeram, do que pelo que dizem agora. Tiro o meu boné a este muito ilustre governante pela brilhante e sensata tirada que produziu.

Efetivamente, não é difícil concluir que, sem o que Abril lhe abriu, nunca ele teria chegado ao lugar que ocupa hoje. Daí o seu respeito pelo que fizeram por ele. Seria muito ingrato se dissesse o contrário.

Mas, ao menos não disse que nada deve aos capitães embora, se o tivesse dito, teria ganho uns tantos amigos que antes, não lhe tinham respeito nenhum. Há guerras que ninguém sabe como se ganham.    

Obviamente que não gosta do que esses capitães dizem agora. Em primeiro lugar, porque já estão todos reformados e, para este governo, não há reformados bons. É tudo lixo fora do contentor.

Em segundo lugar, o que eles lhe dizem agora, não é canção que se cante a um ceguinho, quanto mais a um ministro que até gostaria de poder mandar calar a tropa. Mas, pelos vistos, até o silêncio dói.

Portanto, os tropas de Abril já não têm respeito nenhum, nem pelo que o ministro diz, nem pelo que ele faz. Nem pelo que disse, nem pelo que fez. Nem sequer para retribuir o respeito manifestado.

Costuma dizer-se que o respeitinho é uma coisa muito bonita. Mas, muito mais que isso, é a ingratidão daqueles que podem agora dar-se ao luxo de ser fanfarrões, quando dantes nem abriam o pio.

 

 

 

25 Abr, 2014

A MANGUEIRA

 

 

Quando a seca aperta, não há como um bom jacto de mangueira para regar tudo o que está a esmorecer, para restaurar o viço e a frescura perdidos, não ignorando o indispensável tacticismo da rega.

É que a rega, como a política, tem muitas táticas. Umas com a mangueira mais direita, outras com a mangueira mais descaída. Rega, é sempre rega, ainda que com a mangueira apontada à democracia.

Se o agente regador não tiver vistas curtas, até pode regar também a liberdade do mesmo modo. Sempre, todos os dias, com muito cuidado, não vá a falta do tacticismo adequado estragar a rega toda.

Há a ideia generalizada de que os agentes políticos são os melhores regadores, embora nem sempre se compreenda como é difícil que eles não reguem todos do mesmo modo. Táticas erradas, claro.

Não admira pois, que essa descoordenação no uso das mangueiras, resulte em regas de vistas curtas e, devido à consequente secura, se note que há um bafio que cria entre eles, um mal-estar evidente.       

Este tacticismo dos agentes de rega pode levar gente menos atenta, a confundir bafiosos com mafiosos, o que seria desastroso para a verdade democrática que todos eles, e eu também, tanto presamos.

Agora, o que é mais difícil de compreender é que, entre os regadores de mais prestígio, os mais responsáveis, não consigam encontrar entendimentos quanto ao uso das mangueiras. Será, vistas curtas?

Ora, havendo um presidente da associação de rega à mangueira, mais se estranha que ele não ponha ordem nos seus associados. Assim, ficamos na dúvida se ele está a regar segundo as boas regras.

Depois, vem o secretário da associação dizer que sabe bem do que fala, quando se trata de regar a liberdade e a democracia, pois desde pequenino nunca fez outra coisa, na escolinha onde aprendeu tudo.

Isto que vou dizer é uma inconfidência que não me fica lá muito bem, mas não resisto. Os pequeninos, lá na escolinha, quando vão ao jardim, gostam de regar as plantas com a sua mangueirinha.

 

 

 

 

 

O irrevogável vice de Coelho não se tem poupado a esforços no sentido de nos fazer crer que em 17 de Maio estávamos, finalmente, livres da troica. Ou, que recuperávamos a nossa liberdade perdida.

Eu, que sempre acreditei mil por cento nas luminosas profecias portais, estou chocado com os troicos, por terem o descaramento de não ligarem nenhuma às sábias palavras do nosso vice tutor.

Depois, ainda há dias só tínhamos que os gramar mais uns dias, até Junho. Agora já é até 2021, se Deus quiser, pois também já se falou em mais vinte e tal anos. Sempre a ditar ordens semestrais ou anuais.

E o nosso vice tutor a vê-los passar. Espera-se que não nos dê mais profecias. Não que nós não gostemos de o ouvir. Mas apenas porque lhe queremos poupar o esforço que os loucos troicos não respeitam.

Eu aguardo ansiosamente uma palavrinha sobre os quatro mitos do seu superior Coelho. Suspeito que o vice lhes vai adicionar mais um ou dois pois, no que respeita a mitos, ele sabe mais do que ninguém.

Já quanto a algumas dúvidas, convém esclarecer que ambos, tutor e vice tutor, não deixarão que os troicos se fixem aqui, a ganhar milhões, tirados ao trabalho dos que julgam ser seus escravos.

Dizem eles todos, troicos e tutores, que estamos sob a rigidez de um programa de ajustamento. Digo eu que isso é rigorosamente falso. Não há coisa mais desajustada. Isto é o programa do injustamente.

 

 

 

23 Abr, 2014

ESFOLADO

 

 

Coitado do coelhinho, tão bonito e engraçadinho! Disse que ainda não tinha sido caçado, logo, ainda não pode ser esfolado. Porque ainda se sente vivinho da costa. Ainda não viu que já não tem pele.

E antes de a perder, suportou tantos disparos que o pelo se foi. Ora, não era possível conservar a pele, quando o pelo já não existe. Não há coelho que não saiba isso. Mas este, nem isso aprendeu.

Por acaso, ainda não reparou que já foi esfolado vivo, apesar do sofrimento que deve ter sentido quando isso aconteceu. Já lá vai tanto tempo que já esqueceu esse momento doloroso da sua vida.

Mas isso não admira, pois, rodeado de tachos como está, nem lhe dá para pensar que pode estar à beira de ter de se meter em um, ou em vários, para desgosto seu e gáudio dos que lhe querem a pele.

É verdade que ainda não foi caçado. Isso, porém, pode dever-se ao simples facto de que já pouco sai da toca. E ao redor, por toda a coutada, não falta quem lhe garanta que ali está bem protegido.

É verdade que ainda está vivo. Mas há muitas maneiras de estar vivo. Não está ligado à máquina, o que significa que o seu estado não tem nada a ver com o estado terminal. Mas, já está ligado ao aparelho.    

Isto, não passa de mais uma história cinegética, entre as muitas que os caçadores inventam nos momentos de repasto das grandes batidas por entre os matagais bravios. São apenas histórias.

 

 

 

22 Abr, 2014

DEMOCRATAS DE HOJE

 

 

Com o aproximar das comemorações do 25 de Abril levantam-se vozes sem conto, em defesa das virtualidades e das frustrações que a revolução deixou, passados estes quarenta anos que já lá vão.

Ainda não vi alguém pronunciar-se abertamente em defesa da sua condição antidemocrática. Mas, havendo-os, só pode concluir-se que, também eles, se consideram democratas, alguns até dos melhores.

Temos portanto várias espécies de democratas, principalmente agora. Nesta conjuntura e nesta democracia minimalista. O mais curioso é o modo como alguns se referem aos democratas a sério.

O país teve, e tem, muita gente de todas as classes sociais que sempre se nortearam por esse ideal de aceitação e de respeito por todas as ideias, ainda que elas colidissem frontalmente com as suas.

Tivemos governantes que, independentemente de erros cometidos na governação, sempre foram grandes democratas. O mesmo se pode dizer fora da governação. Na vida pública ou privada.  

Hoje, notoriamente, vemos por todo o lado, uma espécie de democratas que não aceita quem pensa diferente deles. E logo os define como os irresponsáveis causadores de todos os males do país.

Essa espécie, que se julga intérprete da democracia perfeita, não tolera a democracia dos outros. De tão perfeitos que são, não prescindem da obrigação da própria democracia se lhes subordinar.

Mas convivem bem com tudo o que a verdadeira democracia não permite. Com a corrupção à cabeça. Com milhares de milhões a fugir dos cofres do estado para os bolsos dos próximos do poder. Sem pio.

Os que culpam o 25 de Abril pelo estado do país, deviam saber que o 25 de Abril não governou, nem quem o fez teve essa intenção. É fácil concluir que os militares não falharam. E nem só os governantes.

Os críticos da revolução dos cravos, bem podem meter a mão na própria consciência. Para que mostrem a sua contribuição ou o seu ataque aos objetivos perseguidos. Mas, a hipocrisia não o permite.

 

 

 

21 Abr, 2014

SUJA LIMPA

 

 

De concreto, os portugueses só sabem que ela será sempre limpa. Portanto, está afastada toda e qualquer possibilidade de ela se tornar suja, se é que o não será, mesmo antes de se mostrar à gente.

Podemos ser maus em tudo, o que realmente não acontece, mas no que toca a limpeza, somos insuperáveis. E então nas mãos, não há caros ou caras, que sejam acusados de as terem sujado alguma vez.

Onde pode haver algum constrangimento no que toca a sujeiras, é nas línguas deles e delas, quando as passeiam pelas vidas alheias, mas isso até se compreende, em quem nunca suja as mãos.

Com o decorrer dos dias, só nos apercebemos que não sabemos nada de nada, quando alguns falam de roupa suja em todo o lado e vemos os limpos por fora e por dentro, dizerem: limpa mais limpa não há.  

Os que nos garantem que ela será sempre limpa, correm o risco de limpar as mãos à parede daqui a algum tempo. Limpa ela? Mas quem garante o que ainda não se consegue ver? Nem eu, que sou bruxo.

É evidente que isto não é uma questão de higiene pessoal de ninguém. Nem dela, nem dele. É uma questão de saída limpa, com garantia de origem, desta coisa suja sem saída, em que nos meteram.

 

 

 

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