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afonsonunes

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30 Set, 2014

GAIAGATO

 

 

Começo a ver por aí uma coisa chamada Gaiagate que não sei o que é, pois isso deve ser um daqueles palavrões estrangeiros, provavelmente, em inglês americanado. Daí que, para mim é, simplesmente, Gaiagato.

E talvez seja um gato escondido com rabo de fora. Portanto, nas minhas deduções clarificadas à luz do pitrol, o rabo foi visto em Gaia e agora todos os entendidos dão largas às suas visões mais ou menos sulistas.

Mas não é aí que está o gato. Como também já ouvi falar do processo Face Oculta do PSD, chego à conclusão que no nosso belo e paradisíaco país, todos os gatos são pardos. E então em Gaia, com todas caves às escuras.

No entanto, estou em crer que em Gaia não há ratos, nem às claras, nem às escuras, pois toda a gente que ainda não tem cão, caça com o gato. Ora com tantos gatos à caça, Gaia é uma cidade limpa de ratos e ratoneiros.    

Aliás, em Gaia, até o lixo é uma limpeza. Não há lá PPP, nem PPC, nem LFM. Ali, cada um é o que é, e ‘mai nada’. Já ouvi dizer que Gaia é uma cidade subterrânea. É verdade que tem muitas caves, mas só isso.

Compreendo agora melhor o papel dos procuradores que demoram tanto tempo a procurar coisas escondidas. Que é como quem diz, coisas ocultas. Em Gaia é tudo mais difícil que no resto do país. Ninguém acha nada.

Mas os gatos de Gaia demonstram uma eficácia que não tem comparação. É que eles não são daqueles gatinhos que se limitam a arranhar de mansinho. Eles metem a pata, mas vão logo à presa com todos os dentes.

Depois, como há quem pense que o país não vale mais qu’ a Gaia toda, esta bela e grande cidade tornou-se no exemplo de progresso de que os seus filhos maiores e mais ilustres se orgulham. Os donos do Gaiagato.

 

 

 

 

 

Passos é o comandante e maestro da banda que nos atroa os ouvidos com as suas fífias, supostamente musicais, que vão assumindo dimensões de provocar irremediáveis danos na nossa capacidade de ouvir essa banda.

Claro que o maestro está preparado para todas as eventualidades e circunstâncias, embora a sua preparação não tenha sido a mais adequada às suas potencialidades naturais. Nunca sabe quando deve ouvir e calar.

Deu-se agora uma troca que está a incomodar muitos dos seus músicos, senão mesmo a sua totalidade. Desapareceu de cena o ini-amigo Seguro que lhe sussurrava recados ao ouvido e veio Costa com voz grossa e grave.

Aos músicos da banda logo ocorreu que não tinham mais por onde desabafar que não fosse a tralha. Infeliz ideia, pois eles, toda a banda, constituem a maior tralha jamais conhecida no país desde a sua fundação.

Só de uma vez, estão agora para conhecer a sentença dezassete administradores. Além de muitos outros parceiros. E além dos incontáveis amigos que ainda nem sequer foram incomodados. Nem nunca o serão.

Esta é, verdadeiramente, a tralha que mais contribuiu para este afundamento do país. E se o país tiver que ouvir falar de tralhas, então que se comparem todas aquelas que são mais e menos faladas.

A ocasião é agora mais oportuna que nunca. Sobretudo, devido à reposição da música do costume sobre o assunto, sempre que o medo, ou o susto, renasce. Seguro sempre foi surdo. Costa não o será com certeza.

 

 

 

28 Set, 2014

A PALAVRA DE UM PM

 

 

Um dos vice-presidentes do PSD, de nome Matos Correia, disse numa entrevista agora publicada, que ‘vale mais a palavra de um denunciante cobarde, do que a de um primeiro-ministro’. Julgo faltar aqui um adjetivo.

Se tudo o que é anónimo é cobarde, só porque se esconde, então eu, que gosto de fazer deduções esquisitas, tenho o direito de pensar que tudo o que um primeiro-ministro esconde é uma cobardia pior que a do anónimo.

É que um primeiro-ministro não é um cobarde anónimo. Mas pode ser um cobarde perfeitamente identificado, pelo menos enquanto se esconder da verdade e, ou, esconder o que todos os cidadãos têm o direito de saber.

Estou a referir-me a um primeiro-ministro em geral. Sócrates andou a ser investigado quase uma dúzia de anos, com base numa carta anónima. Que depois veio a saber-se quem eram os seus autores. Anónimos sérios.

É escusado estar aqui a dizer quem alimentou toda essa cobardia. Inútil, até agora. O cobarde de agora, não é melhor nem pior que os anteriores. Quanto à palavra dos primeiros-ministros, só depende do que eles dizem.

Uma outra figura de relevo do PSD, Ângelo Correia, numa entrevista agora publicada, disse que ‘a democracia, como a conhecemos, está a morrer’. É verdade, tal como conhecemos os responsáveis que estão a matá-la.

De há poucos anos para cá, há muitos democratas que não se cansam de falar do estado da democracia. Como se não fossem esses mesmos democratas, por tudo o que tem vindo a público, os seus ilustres coveiros.

Seria um prestimoso serviço à democracia, que a palavra do presente primeiro-ministro valesse mesmo tanto quanto apregoam os democratas que lhe elogiam as virtudes. Com o cuidado das comparações que fazem.

 

 

 

 

 

Pressinto que já lhes falta coragem para falar dos outros. Principalmente, do outro. Estou a lembrar-me de que dizem que a justiça tarda, mas não falta. Aqui não faltou, porventura, terá até excedido todas as espectativas.

Com a quase certeza de que a procissão ainda vai no adro. Foram muitos anos a esconder, portanto, é natural que também vá levar tempo a encontrar. Os segredos também se desvendam, apesar de bem guardados.

É espantoso como tudo ruiu de um momento para o outro. Como tudo o que empurraram para o vizinho lhes inundou a própria casa. Uma enxurrada devastadora que pôs à mostra o que nunca mais se vai limpar.  

Aqui, como sempre e em tudo, não tem sentido assobiar para o lado. Ou, atirar pedras ao ar quando se tem telhados de vidro. O tempo, este tempo de bota abaixo, já não se estanca com esforços truculentos e choradinhos.

E agora, que mais lhes irá acontecer? Tudo de bom, certamente, no que toca ao seu modo de vida e à sua capacidade de se reinventarem. Eles são tantos que, nas suas lamentações e lamúrias, consolam-se uns aos outros.

 

 

 

26 Set, 2014

A ÚLTIMA NARRATIVA

 

 

Quase me apetecia dizer que uma narrativa nunca vem só. Mas não digo, para não turvar o puro ambiente político que se quer sério, honesto e transparente. Como acontece agora, a acreditar nas vozes que se ouvem.

Em boa verdade, esta narrativa teve quatro capítulos, cada um dos quais elaborados por um narrador diferente. Esta circunstância garante uma fiabilidade incontestada, por ser um trabalho que não diverge em nada.

Talvez porque tenha demorado uma semana a compilar, o que demonstra que esta narrativa não foi feita sobre o joelho de qualquer um dos quatro narradores. Houve tempo mais que suficiente para evitar mais dúvidas.

Aliás, se alguém andou a navegar no nevoeiro da dúvida, já viu o sol a brilhar nos seus olhos, rasos de lágrimas, pelas comoções transmitidas pelo primeiro narrador de hoje. Não é justo insultar assim um inocente.

Foi uma semana terrível. Mas valeu a pena. Depois de tanto se fazer sofrer alguém com uma imagem de ser humano puro, sério, honesto, mesmo impoluto, por todo um trajeto irrepreensível ao serviço do povo anónimo.

Povo que fica feliz por não ver defraudado todo o seu esforço para defender quem sempre admirou. E quem sempre se manteve no meio do povo para que a sua imagem nunca turvasse. Esta narrativa não deixará.

 

 

 

 

 

O país está cheio de clubes, quase todos rodeados de uma aura de prestígio e laureados com medalhas de todos os tamanhos e feitios. Quase todas também, cheirando às mãos que pomposamente as impuseram.

De entre todos esses clubes sobressai agora, o CVA, pelas suas atividades que não param, pelos seus membros da mais alta distinção e pelos seus adeptos que se caracterizam pela devoção ao clube e aos seus membros.

O CVA é constituído por todos os membros que, comprovadamente, pratiquem a vigarice de forma continuada e eficaz. Continuada, por não terem férias e eficaz, porque não basta apregoá-la. É preciso mostrá-la.

Não é adepto do CVA, quem só quer ver se tem jeito para a vigarice. Pode não ter jeito para ela, mas defendê-la com unhas e dentes, pois nenhum clube sobrevive sem os milhares que lhe batem palmas e pagam cotas.    

Já ouvi dizer que os membros do CVA não emigram. Fez-me espécie, essa revelação, pois o país está a esvair-se lá para fora e há um clube que consegue fugir a esse flagelo. Fartei-me de pensar nisso e cheguei lá.

É que essa gente tem um dom muito especial. Diria mesmo, um dedo afinadíssimo, cuja sensibilidade só funciona neste nosso bom clima. Estão perfeitamente localizados. Devido à sua especialização, até dão nas vistas.

Há quem diga que são todos uns ignorantes e idiotas. Como se a gente acreditasse. Ignorantes e idiotas são todos aqueles que não conseguem fazer o que eles fazem. Ou alguém pensa que eles não trabalham bem?

Como todos os clubes, o CVA só tem um problema. É a clubite aguda que inunda o clube da cúpula à base. Querem tudo para eles. Não admitem empates nem derrotas. Só sabem cantar vitória. Mesmo quando vencidos.

 

 

 

24 Set, 2014

NÃO È BEM ASSIM

 

 

Há a ideia infiltrada de que o ilustre cidadão Pedro Passos Coelho estaria a um passo de bater com a porta. Ora, ele não é Passo, mas sim Passos, logo, estar a um passo não nos diz nada. Ainda sobra muito de Passos.

Tempos houve em que ele esteve quase a bater com Portas mas hoje pode haver a tentação de ser Portas a bater com Passos. Porém, tirem o cavalinho da chuva. Ninguém vai bater com nenhum, por causa dos casos.

Passos não ignora as extensões do seu poderio e sabe muito bem que lhe é mais fácil correr com alguma delas, que qualquer uma, ou todas juntas, correrem com ele. Aliás, é bem conhecido por não ser um bom corredor.

Ora, não sendo um bom corredor, também não pode bater com as portas que nele se encontram, pois as portas terão certamente a mesma qualidade do corredor. Daí que Passos mande tudo para as extensões.

Enquanto o pau vai e vem folgam as costas. E quem tem as costas bem protegidas, não receia que as ventanias façam bater as portas. E não será ele que vai bater com uma porta, sabendo que ela nunca se fechará.

E não adianta que a Visão tente abrir os olhos de quem não quer ver, tal como não adianta que a Sábado se julgue um dia útil. As extensões e as ramificações já são tantas, que não há seguros de vida que cubram tudo. 

Se eu fosse um bom adivinho, já teria divulgado a previsão de que, tanto a presidente da AR como a PGR, a esta hora, já teriam perguntado ao PM, o que é que ele quer. Como eu gostava de ter resposta para coisa tão difícil.

Estou convencido de que não tardará, depois de obter resposta da PGR, que o PM se apressará a enviar uma carta por correio azul, para Belém, a fim de ser informado sobre o que Belém está a pensar fazer dele. 

Isto se, antes, o PM, não tiver recebido uma missiva originária de Belém, a perguntar-lhe o que ele pretende fazer de si próprio. Estou apenas a tentar adivinhar banalidades. Mas, às vezes, as coisas não são bem assim.

 

 

 

23 Set, 2014

SALSICHAS

 

 

A memória de certas pessoas tem mesmo algo que se lhe diga. Atraiçoa os seus donos com uma crueldade que deixa de rastos os traídos, como se quisesse humilhá-los da maneira mais estúpida e mais incrível.

É o caso do doutor Pedro Pássaros, que se lembra perfeitamente da salsicha educativa de Karl Marx, imagine-se. Quantos anos que já lá vão. Sinceramente já nem me lembra. E eu até nem sou assim tão novo.

Mas o doutor Pedro Pássaros não se lembra mesmo nada de uma salsicha bem mais recente, que até parece que a comeu ontem. Salvo erro, trata-se da salsicha tecnofórmica, feita com técnica, fórmica e muita chicha.  

É evidente que não lhe podiam faltar os temperos, senão ficaria intragável. Além daqueles condimentos normais, como o sal e a pimenta, levava ervas a dar com um pau. Era conhecida como a salsicha relvática.

Tendo em conta a sua deficiente memória, o doutor Pedro Pássaros estendeu a salsicha até uma das suas sete quintas, depois de ela se ter encolhido muito, ao entrar na segunda das sete. A memória é traiçoeira.

Não me admiraria nada se os gestores das sete quintas do doutor Pedro Pássaros, lhe caíssem em cima a pedir perdão por não terem a mesma salsicha que ele na memória. Há alturas em que mais valia não a ter.

No entanto, se acaso a salsicha falhar, há sempre a possibilidade de se recorrer a um bom salpicão ou a um bom paio. É uma questão de tripa. Maior ou menor. Mais cheia ou mais vazia. Mais dura ou mais molinha.

Se a fábrica de salsichas fechar, os seus donos dedicar-se-ão ao fabrico de enchidos. Em lugar de picar mais as carnes, picam-nas menos. Quanto aos condimentos, nada de novo. É só aumentar a tripa, atar e por no fumeiro.

 

 

 

22 Set, 2014

TRALHAS E METRALHAS

 

 

Volta não volta, ainda vou deparando com alusões à tralha socrática, principalmente, quando querem atingir quem, no PS, esteve mais ligado aos dois governos anteriores. Fracas e míopes são estas visões partidárias.

Levando as coisas por esses atalhos, eu diria que não há maior tralha que esta que atualmente nos governa. Mas, friso bem, só digo isto para esses, metralhas, que não conseguem ter uma visão da dimensão dos factos.

Durante mais de uma legislatura, Sócrates foi o PS. Nessa altura, era acusado por uns inseguros, de liderar um partido unanimista. Explico-lhes, metralhas: praticamente todo o partido estava de acordo com o líder.

Se olharmos para o PSD atual, e seguindo a teoria das tralhas, verificamos que, na área do governo, está uma tralha restrita do partido. Basta ouvir os comentadores do PSD, nas televisões, que diariamente o desancam.  

Ora, falar da tralha socrática, é falar de todo um partido desses anos. Que, no seu conjunto e nessa conjuntura, teve melhor desempenho que o atual. Não quer isto dizer que tenha sido bom. Mas o de agora é bem pior.

Portanto, que cada um dos irmãos metralhas fique com as suas próprias tralhas. Se isso lhes faz bem à saúde, que disparem as suas metralhadas, embora estando sistematicamente a dar tiros nos próprios pés.

Naturalmente que, se os simpatizantes das tralhas quiserem levar os seus desmandos linguísticos para as políticas seguidas por uns e por outros partidos, então está tão limpinho como o pó da roupa: basta comparar.

Para mim, qualquer partido tem gente, não tem tralhas. Em todos os partidos há pessoas. Umas, melhores, outras nem tanto. Mas não se deve confundir a parte com o todo. E o dicionário define a tralha com clareza.

 

 

 

 

 

As palavras saem da boca e o vento tenta entrar pela boca dentro. Eis uma situação conflituosa, pois as palavras acabam sempre por sair e o vento nunca consegue entrar. Mas o vento acaba por levar as palavras com ele.

Palavras, leva-as o vento, diz o povo. As palavras, só por si, não valem nada, se não forem ditas por gente de palavra. Há quem afirme que não se lembra do que disse ontem. Porque ontem disse o que já negou hoje.

Há quem já não se lembre se, quando era jovem, o pai lhe dava mesada. Mas lembra-se dos primeiros cigarros que comprou e das vezes que ia ao cinema. É assim a memória desta gente. Lembra-se só de quase tudo.

Mas, tudo isso tem remédio. Quem quiser saber se o pai lhe dava mesada, que vá perguntar aos seus amigos de infância que o ajudavam a fumar os cigarros e iam com ele ao cinema. Eles, sim, sabem responder a isso.

Mas, se acaso alguém mais teimoso quiser falar com ele sobre a mesada, pode contar com a sua colaboração. Dirá tudo o que sabe com o maior gosto: que não se lembra. Que perguntem aos amigos. É fácil. Muito fácil.

Quando vêm atos eleitorais há candidatos que se desfazem em palavras. Berram, gritam, atiram-se aos adversários, insultam, atraem as atenções, mostrando a sua fibra lutadora. Tudo é levado à conta de um programa.

Outros candidatos são mais comedidos, falam seriamente e sabem do que falam. Porque só falam do que sabem. Quem os ouve não gosta. Diz que não têm ideias. Que não têm programa. Que não dizem o que vão fazer.

Palavras, palavras e mais palavras. Quem promete, berra até ficar rouco e só fala dos seus adversários, é bom. Quem só fala de si e das suas ideias, é mau. Depois dos votos contados, as campanhas são sempre uma mentira.

A verdade é que há quem não pense nas palavras que atira ao vento. Ninguém esquece donde lhe veio o dinheiro que teve. Tal como ninguém fará nada com palavras que não fazem obra, nem darão pão a ninguém.

 

 

  

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