Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

afonsonunes

afonsonunes

24 Nov, 2014

OLHA A MALA

 

Acabo de desistir de uma viagem à minha aldeia natal, apesar de já ter a mala feita. De repente ouvi uma longa notícia que relatava a história rocambolesca de malas que andavam de cá, para lá, com dinheiro vivo.

Não cheguei a perceber o motivo de tantas malas para levar dinheiro, pois o normal, mesmo para quem tem muito, é usar apenas uma malinha de mão. Mas, eram malas e, segundo ouvi, alguém teve alguém à perna.

Lá se foi a minha viagenzinha, pois isto de ter alguém a perseguir a minha mala, deu-me logo a volta ao juízo. Tenho ouvido tantas histórias de coisas dentro das malas que resolvi não arriscar. Quem tem ‘coiso’, tem medo.

Já depois de reinstalado em casa, voltei a pensar nas malas. E, coisa estranha, ainda não tinha visto publicadas fotografias dessas malas. Sem mostrarem o dinheiro que, pelo seu montante, não caberia numa só foto.

Se eu fosse apanhado com a mala no carro, daria muito menos trabalho a quem andasse à procura dela. Em primeiro lugar, porque eu ia para perto, logo, menos tempo e menos despesa, depois, era apenas uma malinha.

Agora, a maior economia resultaria na poupança de recursos com pessoal, sobretudo, com o pessoal altamente especializado em malas, além de gastos em miudezas, como tempos de antena, papel de jornal e outros.

Também ouvi falar em peças chave. Aqui é que eu fiquei com uma perna no ar. Parece-me que deve haver ali um lapso de linguagem. Talvez quisessem dizer peças e chaves, como peças de roupa e chaves do carro.

Esta coisa de ler, escrever e interpretar, é uma coisa muito complicada. Pode parecer à primeira vista que somos todos iguais, mas não somos. Até porque sempre houve quem fale demais e quem escreva de menos.

Por outras palavras, quem tenha um patoá para agora e outro para logo. Quem tenha perdido o patoá que tão abundantemente espalhara ao vento, ficando sem nada, e esteja agora a recuperá-lo a todo o vapor.

Claro que tudo isto é apenas conversa de mala aberta, pois a minha já foi despejada. E não tinha lá nada de especial. Dinheiro especial, obviamente. O que pode não acontecer com malas e malotes de milhões e milhões.