GENTE SÉRIA
Fomos governados durante seis anos por um malandrim que está preso em Évora, depois de investigado ao longo de muitos anos, sem que ainda hoje se saiba que espécie de crimes cometeu. Mas está preso em Évora.
Estamos a ser governados por malandrins que andam nos meandros de uma justiça, que não quer saber do que eles fazem, nem do que eles fizeram. Tudo vai para o arquivo onde o escuro não deixa ver o que lá fica.
Mas toda a gente sabe que esses processos foram conclusivos. Mas ninguém foi preso preventivamente, nem acusado de nada, porque nada se fez e faz, até chegar a data de arquivamento. E a gente séria, fica séria.
Ao que parece, pelo menos vem divulgado, que o atual primeiro-ministro só agora pagou uns calotes antigos de uns descontos para a Segurança Social que não havia pago. Referentes a salários que não recebeu...
Este primeiro-ministro é um exemplo de seriedade, como sempre fez questão de referir, enquanto sempre se esforçou por sublinhar a falta de seriedade de outros, com os quais não se compara, obviamente.
O intocável primeiro-ministro não disse a ninguém, o que toda a gente achou que tinha o direito de saber. Mas ninguém o obrigou a dizer o que tinha esquecido, nem ninguém o prendeu para investigar o que ele sabia.
O vice primeiro-ministro também é impecavelmente sério. O caso Portucale, o tal dos sobreiros abatidos, foi uma areia no sapato dele. Mas o dinheiro foi parar onde ele deve saber perfeitamente. Mas não o disse.
Claro que também ninguém lhe perguntou. Nem o prendeu para investigar. Tal como a areia no sapato, por causa dos submarinos. Ninguém lhe perguntou por ele, nem ninguém o prendeu para descobrir.
No entanto, tivemos ainda há bem pouco tempo uma espiral de júbilo por parte dessa gente séria, quando se quis mostrar que a justiça, finalmente, tinha chegado aos poderosos. Parece que se ficou apenas por esse lado.
Obviamente que, por poderosos, se deve entender quem não tem poder. Porque os reais detentores do poder, andam aí, de espinha direita, com ar de gente séria, aos quais o país nunca viu fazer nada, nem mal, nem ilegal.