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afonsonunes

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31 Mai, 2015

GRAÇA QUE T'ACHO

 

Há um político muito conhecido que passa a vida a rir. Ri muito do que dizem dele, os outros políticos, mas ri sobretudo daquilo que ele próprio diz. Não, não se trata de publicidade a nenhum produto bucal. É do feitio.

Estou convencido de que ele não ri porque ache que tem muita graça. Aliás, se fosse esse o caso, quando ele ri, também deviam rir as pessoas que lhe escutam as risadas. É o riso de saber que não tem graça nenhuma.

Há pessoas que nunca riem porque não têm motivos para rir. Mas o nosso sempre a rir, de braço no ar, é um fenómeno a encontrar motivos risíveis, sempre pronto a mostrar a brancura e a brandura de quem ri sem motivo.

Diz-se que rir é o melhor remédio. É também a minha opinião, desde que o riso não incomode ninguém. De preferência, se o riso for natural e contagiante. Já não gosto de risadas cínicas, despropositadas e estúpidas.

Sobretudo, quando se devia levar muito a sério os assuntos que causam essas risadas, esses risos e até esses sorrisos. Como isso custa a suportar a quem não tem dúvida de que é o alvo da hipocrisia desse falso cómico.

Contudo, há um motivo que até se lhe perdoaria que o exibisse com aquele ar feliz e sincero. É a satisfação resultante de como lhe corre a vida. Claro que não lhe podia correr melhor. Se não ligar à consciência.

Mas há um outro tipo. Aquele que nos faz rir, sem que ele próprio se ria. Mostrando sempre aquele ar brutalmente sério, paternalista, asneirento, incorrigível. Rimos, pois esse não tem emenda, nem vergonha do que diz.

Não entendo lá muito bem o motivo por que pessoas tão diferentes, no riso, ou na crispação, no gozo ou no recado, se entendem tão bem. Talvez até nem se entendam. Mas, como é evidente, convivem perfeitamente.

Quem sabe até, se não vão encontrar-se na final do Jamor, ao final desta tarde quentinha. É uma boa oportunidade para cada um deles mostrar os seus dotes. Muita gente não deixará de pensar: menos graça que t’ acho.

30 Mai, 2015

EXPRESSAMENTE

 

O semanário que já foi uma referência de bom jornalismo, um exemplo de liberdade e de isenção, publicou hoje uma foto na sua primeira página que me fez compará-lo ao pior do muito mau que se publica hoje por aí.

As pessoas, todas as pessoas, têm direito a um mínimo de dignidade, seja qual for a sua situação social. Até os reclusos têm direito a serem tratados de forma digna, por toda a gente, sejam quais forem os delitos cometidos.

Até os ocupantes do corredor da morte merecem ser tratados como gente e não como símbolos do escárnio dos cobardes. Tal como os condenados que se encontram à mercê de uma prévia condenação pública fabricada.                        

Infelizmente, já não há nada de surpreendente, ver como a comunicação social vai ficando cada vez mais pobre. A continuar assim por muito mais tempo, não se sabe como é que isto vai terminar. Bem, por certo, não é.

O autor da publicação do artigo e da foto em causa, não terá agido por mera iniciativa própria, ou obedecendo apenas à satisfação dos seus desejos impróprios. A ser assim, na minha opinião, não merecia estar ali.

Será que ele teria a mesma coragem de publicar uma foto assim, de Pinto Balsemão? Ou de Cavaco, Passos ou Portas? Ou mesmo de qualquer um dos muitos condenados a prisão e ligados ao PSD? Não o creio. Não teria.

Falo nesses, não como sendo melhores ou piores que o visado, mas como pessoas, só e apenas como pessoas, pois nessa qualidade, não há como inventar motivos para que lhes sejam atribuídas diferenças. São iguais.

Há uma certa espécie de coragem de indivíduos que não sabem ter mão nos seus instintos. E há, acima deles, uns chefes corajosos que se permitem aceitar coisas dessas. E, ainda mais acima, há os donos de tudo.  

Contem tudo, publiquem tudo, mas não têm o direito de pulverizar, manchar, borrifar ou vomitar, mesmo em cima de uma simples foto. Façam isso às vossas fotos pessoais, se não conseguirem vencer esse vício.

29 Mai, 2015

DIPLOMACIA CÓMICA

 

Em tempos que já lá vão a diplomacia parece que só servia para reuniões da alta sociedade nas embaixadas, onde se mostravam os luxos de cada país através de diplomatas muito bem vestidos e muito bem-falantes.

Pois bem, há já alguns anos tudo mudou. Os primeiros-ministros e o próprio presidente, passaram a ser os pivôs da diplomacia, logo designada por económica. Parece que foi um sucesso, como hoje está bem à vista.

No entanto, era inevitável o aparecimento de pequenos problemas, que só servem para realçar o desaparecimento de grandes problemas. Sócrates lembrou-se de viajar até à Venezuela. E que sucesso lá fez.

Depois dele, Portas seguiu a mesma rota quando foi para o governo. Mas, não sei porquê, depois de umas viagens prodigiosas, os negócios ficaram-se por aí. E o governante virou-se para a China. Por causa do mandarim.

Mas também passou pela Alemanha. E Cavaco já visitou meio mundo, sempre com Portas na roda. E batalhões de empresários. Grandes negócios certamente. Mas, grandes descobertas foram reveladas ao país.

Afinal, os grandes negócios com Hugo Chávez, diz-se, não passaram de grandes negociatas. E é aí que nascem as contrapartidas. Que, por enquanto, ainda são imaginárias. Talvez por isso Portas tenha fugido de lá.

Por enquanto, não sei se por ver que as de Sócrates não estavam disponíveis para continuar. Repito que não sei de nada. Mas sei que Portas se voltou para a Alemanha. As contrapartidas, ali, eram mesmo reais.

Chegaram cá, foram vistas, mas desapareceram. As de Sócrates ainda não foram sequer avistadas. Mas, as da China, que não são de Sócrates, já deram que falar. Mas só isso. Não merecem sequer o uso de uma lupa.

Esta chamada diplomacia económica, tem realmente aspetos muito sérios. E hoje, já não há dúvida de que tem também as virtudes de, para variar, descortinar aspetos bem característicos de uma diplomacia cómica.

É assim a vida. O que ontem era mau, hoje é virtuoso. O que ontem eram contrapartidas, hoje são partidas do contra. Vá lá a gente ignorante, como eu, perceber como estas coisas acontecem. Se calhar é só da minha vista.

 

Os tempos difíceis que o país e o seu governo atravessam são cada vez mais evidentes. Mas agora com a diferença de que já não são só os portugueses do costume, mas também a classe que vive acima da crise.

Até há pouco tempo, os craques da política falhada que, por qualquer motivo, deixavam de exercer as suas funções, lá iam eles recambiados para lugares principescamente remunerados. Cá dentro, como lá fora.

Assim uma espécie de compensação pelo azar de lhes ter calhado um desaire, nunca por sua culpa, nem da sua responsabilidade. Daí que era de todo o merecimento, um lugarzinho daqueles em que não se faz nada.  

Para os especiais, a Europa era o seu destino. É só ver quantos lá estão. E o trabalho que deixaram cá por fazer. Agora, a coisa está muito mais difícil. Veja-se o caso do Governador do Banco de Portugal. E que caso.

Fez tudo certo, mas saiu-lhe tudo errado. Portanto, simplesmente, uma vítima das circunstâncias. Um homem azarado que reconheceu ter tido necessidade de engolir em seco, para salvar, não percebi bem, a quem.

Na verdade, um candidato bem colocado para trocar de poiso. Mas, por acaso, não havia nada disponível agora. Nem cá dentro, nem lá fora. Assim sendo, foi-lhe pedido o sacrifício de se manter no lugar do seu suplício.

E ele, digo eu, talvez engolindo em seco mais uma vez, lá deu o seu aval a mais esse sacrifício. Aposto que plenamente confiante de que o mesmo homem nunca tem azar duas vezes seguidas. E o país reza para que sim.

Sim, porque os portugueses, esses, não têm a sorte de não ter o azar de levar com dois revezes seguidos. Por azares acumulados, já levam anos consecutivos a carregar com azares alheios. Já é muita falta de sorte.

Mas têm o consolo de que já vai havendo outros azarados. Já não são só e sempre os mesmos. Qualquer dia não mais haverá um único português a coberto dos azares da vida. É que esta triste vida está cada vez mais difícil.

27 Mai, 2015

FIFAlhada

 

Talvez um dia esta alhada da FIFA chegue a Portugal e mostre aos portugueses, que ainda acreditam em tudo o que anda à volta da bola que rebola, a verdadeira face de um negócio tão sujo como muita gente dela.

Sim, porque em Portugal há quem simpatize com aquela gente da FIFA e ainda agora tenha minimizado (só?) a candidatura de Luís Figo. Que se propunha exatamente acabar com aquelas negociatas agora investigadas.

Ora aí está um belo assunto para que a nossa justiça (?) meta a colher na sopa. Que por vezes está tão quente que não se pode levar aos lábios. Ainda que tivesse de meter à sombra os mais azougados intervenientes.

Isso mesmo, para que a sombra lhes arrefecesse as ideias, tal como acontece com o conhecido inimigo público. Já aqui tenho referido a semelhança entre jogos de bola e jogos de política, ou entre os seus ases.

Na Suíça, a justiça atreveu-se a ir aos comandos e tudo indica que não precisou, nem vai precisar de muitos anos, para resolver o problema. Nem se encolheu detendo apenas um, e toca de ir logo a toda a malandragem.

Parece-me que o nosso país nunca mais aprende as boas práticas que chegam ao nosso conhecimento, vindas do exterior. Talvez porque tenhamos por cá, gente com péssimo interior. E que domina bem a bola.

Não sou nada de recados mas, nesta ocasião especial, apetecia-me dizer a alguém: ‘arrefifa-lhe’ agora que está de costas. Como recado que é, cada um que lhe coloque o destinatário. E, já agora, o nome da operação.

Eu nunca lhe chamaria ‘Operação Marques’. Na Suíça não há Marques. Mas talvez não ficasse mal ‘Operação Figo (Verde, Maduro ou Seco, vulgo Passa). Em homenagem aos muitos, Blá, Blá, Blá-ter’s que temos por cá.

 

Estas duas palavras estão muito mais na moda que bodes, cabras e cabritos. Com a diferença de que aliança e confiança vêm de fora, face aos resultados das eleições regionais em Espanha. Que vão ser ganhas depois.

Os do costume já se dão por satisfeitos com os votos que receberam. Já os novos triunfadores esperam pelas alianças para se rirem depois. Quer isto dizer que é tudo uma questão de confiança. Que os do costume não dão.

Por cá, a direita não se cansa de pedir consensos quando quer descalçar a bota das broncas em que se mete. Ainda não chegou à fase das alianças. Por agora só consensos. Mas lá chegará e eu já estou a ver o filme.

Por enquanto, ainda anda nas redondezas. Não fala de alianças para governar, mas faz diariamente o exercício da maneira de lá chegar. Nada de novo do que tem feito nos últimos quatro anos. Recria a vida selvagem.

E a predileção da direita aliada, fixa-se nos bodes, nas cabras e nos cabritos. Para ela, a direita aliada, não existe melhor conversa sobre alianças e confianças. Daí que não converse ainda sobre o que a espera.

Os outros, os de esquerda, sabem bem o que aconteceu há quatro anos. Daí que lhes seja difícil começar essa conversa. E muito menos sustentá-la com argumentos novos. Porque tudo parece estar como há quatro anos.

Alianças à esquerda, impossível. Alianças à direita, já há o que tinha de haver. Aliança da esquerda com a direita, bom, agora não, mas daqui a uns meses logo se verá. A acontecer, só nos moldes de há quatro anos.

Até lá, a vida selvagem continuará a estar na ordem do dia. Os bodes e as cabras não deixarão de tudo fazer para que não faltem cabritos à mesa dos portugueses que os podem comprar. Aos donos de quem os faz.

E quem os faz são as cabras e os bodes por entre o olhar atento dos donos. Não vá algum aventureiro armar em dono e ir vendê-los como se fossem seus. Nesta selva não faltam desses. É a vida selvagem que temos.

Já quanto a alianças vai ser tudo muito pacífico. Os velhos amigos não quebrarão a confiança mútua que sempre têm demonstrado nos momentos decisivos. Nova aliança e confiança, só mesmo com os novos.

25 Mai, 2015

HOMEM PEQUENO

 

Hoje é um tanto descabido, além de perigoso, dar crédito a certos ditados populares, pois os conhecimentos são muito mais aprofundados em todos os sentidos, que não o eram nos tempos longínquos dos nossos bisavôs.

No entanto, ainda hoje há quem diga que, homem pequeno, ou é rabino ou dançarino. Lá que a coisa tem graça, tem. Sinceramente, fundamento, não tem com certeza. Mas, que há homens pequenos, há. E conhecidos.

Depois, há quem lhes arranje uns cognomes interessantes. E apropriados, no contexto do conceito em que são tidos. Principalmente, do que fazem e do que dizem. Não sei se, por exemplo, alguém identifica o cagatacos.

Não sendo eu o padrinho do dito, acho um certo acerto no nome e no ajustamento à atividade do visado. Disse este recentemente que, quando a esmola é grande, o pobre desconfia. Homem pequeno a falar de grande.

Talvez ele não perceba o que é uma esmola e uma esmolinha. Talvez durante a sua vida política ativa, sempre tenha distribuído esmolinhas, aliás, como ainda agora apoia quem persegue essa forma de ajudar.

De ajudar é como quem diz. Ainda há dias se ouviu dizer que quem corta nas prestações sociais, tem de criar condições para que haja quem distribua esmolas. Ou esmolinhas. Como hoje está à vista de toda a gente.

Mas, os homens pequenos, não no tamanho mas na mente, acham que assim é que está bem. E lá vão deixando os seus tacos por onde passam. Sobretudo, por onde ganham a vida a defender o que os devia enojar.

Pensam eles que o ‘barulho das luzes’ que os cegam quando falam, também confunde quem os ouve. É caso para dizer que, quando a peneira é grande, o cagatacos é invisível debaixo dela. Ele e os seus informadores.      

O homem pequeno, não será rabino nem dançarino. Mas, que os há, há. Nem todos podem ter as mesmas aptidões. E não esqueço que os há pequenos mas sérios, inteligentes e isentos. Esses, são mesmo grandes.

24 Mai, 2015

DESCARADA

 

O descaramento pode até vir a ser uma virtude. Se tiver o condão de nos revelar intenções que andavam mais ou menos escondidas. Ou revelar aquilo que se julgava ser só uma tendência para a mentira do costume.

Dizia-se que nunca se faria uma determinada coisa e, passado pouco tempo, aí estava ela consumada. Isto, é, tem sido, o procedimento normal da governação. Agora, já não se mente para esconder as maroteiras.

Descaradamente, já se diz que vai fazer-se o que não deve. Assim em jeito de uma coragem repentina de quem sabe que as mentiras já não pegam. E é assim que um defeito pode, afinal, vir a tornar-se numa grande virtude.

É bom sabermos a tempo e horas o que nos querem fazer. Dito sem rodeios, mesmo que descaradamente, ainda que cinicamente, nos queiram vender tortura por carícias. E saber-se quem já nos fala verdade.

É bom que tenhamos consciência de que a sua verdade reside apenas na verdade das suas intenções. Mas isso já é um avanço muito grande. Já só se deixa enganar quem quer. Porque há quem venda outras verdades.

Há quatro anos prometeram-nos tudo, mas não nos deram nada. Tiraram-nos quase tudo. Hoje, como já não adianta prometer, têm o descaramento de confessar que vão continuar a tirar. Para que fiquemos com mais.

Há uma boa verdade que é a do, tira. Mas há uma má mentira que é do, põe. Como se fosse possível tirar-nos o que temos e ficarmos com mais do que tínhamos. Isto, nem em contas de merceeiro bate certo. Oh D. Maria!

Fico na dúvida se pretende convencer-nos a confiar em si, através da sua coragem pelo engodo, ou se quer mesmo que a mandemos embora, com votos de boa viagem. É que, frequentemente, há quem se canse e desista.

Pelo ambiente que certamente sente à sua volta, há uma de duas posições a tomar. Ou segue pela rota do descaramento que conduzirá ao fim da linha, ou opta pela vereda da dissimulação para chegar ao fim da linha.

Falar de alternativas ao fim da linha é tempo perdido. Falar de tempo perdido é reconhecer o erro na direção. Porém nem tudo será negativo. Com o tempo há erros que dão boa compensação. É só aguardar a sua vez.

23 Mai, 2015

PASSOS CANSADO

 

O novo lema de Passos é agora, devagar devagarinho, já que não lhe agradou mesmo nada a aceleração de Costa. Costa que estava andar ao ralenti quando assumiu o comando do partido. E a maioria delirou.

Realmente, esse andamento foi, durante muito tempo, motivo para a maioria festejar a sua falta de ideias, de medidas e de programa. Muito se falou em incapacidade, em incompetência, em falta de alternativa.

Afinal, Passos é que não aguentou a pedalada. Vem agora dizer que não tem pressa de apresentar as suas ideias, e as suas medidas. Nem para mostrar o seu programa. Que, como diz, os portugueses já conhecem.

Talvez não tenha é resposta para a alternativa agora apresentada, que Passos sempre assegurou que não existia. Mas ela aí está. Boa, assim-assim, má, ou muito má, mas ela existe. E Passos nem consegue destruí-la.  

Começou por exigir que outros organismos a avaliassem. Sinal de falta de competência sua e da sua equipa governamental. Depois, apenas uns assomos de críticas pontuais, as velhas, repetidas e costumeiras mentiras.

Se o programa de Costa não podia esperar, o de Passos pode ficar por lá. Sem pressa, devagar, devagarinho, que as eleições ainda estão longe. Talvez com fundada esperança de que Belém não anuncie a boa nova.

Como ‘as pessoas sabem com o que contam do PSD’, a tranquilidade e a falta de andamento, estão perfeitamente justificadas. Mas, as pessoas podem pensar que não contam com o PSD para continuar a martirizá-las.

Por vezes, há quem desconheça que, para contar com algo, ou com alguém, é essencial saber fazer contas. E as pessoas, de um modo geral, sabem como as contas lhes têm saído erradas. Basta o, noves fora, nada.

Daí que, devagar, devagarinho, pode acabar em paragem. A falta de ritmo é um perigo para quem arranca tarde. Não se pode aspirar a ganhar corridas, sem andamento, sem coração, sem genica. Apenas à espera.

Sim, à espera de um empurrão em cima da meta. Talvez de um corta fitas qualquer. Mas, as fitas de uma meta, não são as fitas de uma inauguração. A diferença está na tesoura e no peito. E sem peito, não há vitória.

De tudo isto, resta uma dúvida que continuará a subsistir, pois não há explicador que a esclareça, nem desenhador que a desenhe. E essa dúvida é, simplesmente, se Passos já está muito cansado, ou muito descansado.

22 Mai, 2015

O TAL DE COSTA

 

Como as coisas mudam repentinamente. Ainda não há muitos dias que os do costume acusavam Costa de não dizer nada sobre o que pretendia fazer, se chegasse a primeiro-ministro. Que era um vazio total de ideias.

Hoje, já não há dúvida de que tem ideias a mais para a camioneta daqueles que, por comparação, só tem areia a mais. Não vou embarcar na tentação de dizer que todas essas ideias são boas. Mas são ideias, claro.

Ideias que não são competentemente criticadas, para lá do habitual regresso ao passado. E ao rançoso argumento de que é tudo tipo Sócrates. É muito pouco, para quem diz não haver alternativas ao que nos deu.

Para uns, não há dúvida, Costa não chega lá. Mas não são capazes de dizer abertamente quem é que lá chega. Ora, assim sendo, corremos o risco de ninguém lá chegar. E aí, o país parou. Talvez até desapareça do mapa.

Estamos neste horroroso impasse. Uns, não vão lá, pela destruição do pouco que havia. Outros, não podem chegar lá. Pois, não podem. Talvez porque pensem que o povo não tem nada a ver com isso. Mas, é cedo.

Entretanto, talvez fosse conveniente calar toda a gente. Fazer deste longo tempo que resta até ao voto, um longo período de reflexão. Sem campanha de ninguém. Para evitar mentiras. Para evitar promessas.

Chegámos aqui com o mito de que não pode haver promessas de ninguém. Só mentiras de quem já não adianta fazê-las. Porque já negou toda a capacidade de cumprir as que fez. Portanto, campanha silenciosa.

Mas, todos sabemos que há aqueles que falam demais. Aqueles que ninguém consegue calar, apesar de quererem silenciar os inimigos. Inimigos, pois. Então, há que mandá-los todos a um cruzeiro até ao voto.

Quanto a mim, seria o único local onde podiam meter água sem limites. Todo o dia e toda a noite até ao dia seguinte ao ato eleitoral. Como seria tudo tão diferente. Teríamos um país limpo, calmo, tranquilo, pensador.

O tal de Costa não vai lá, porque sim. Passos e Portas não vão lá, porque não. Estou farto de moer o juízo à procura de um que vá lá. Mas, onde? Sim, primeiro devia encontrar esta resposta. Porém, só Cavaco sabe tudo.

 

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