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afonsonunes

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30 Set, 2015

Uma toalha no chão

 

Alguém se esqueceu da toalha caída no chão, ainda húmida do banho de solidão que vai acompanhando muita gente que andava animadíssima a sonhar com ruas cheias de lírios e música triunfal até doerem os ouvidos.

Mas, sonhar é fácil. O pior é quando se acorda tendo diante dos olhos a realidade que sempre nos iludiu. Depois, ou atiramos a toalha ao chão, vergados ao peso da derrota, ou deixamo-la cair simplesmente no chão.

Pode parecer a mesma coisa mas não é. Quando se atira a toalha ao chão, há um sentimento de revolta, manifestado com ódio a alguma coisa ou a alguém. Quando se deixa cair a toalha há apenas conformismo na derrota.

Por mais que se tenha gritado aos quatro ventos, vitórias que nunca mais acabam, a derrota era esperada e a festa era apenas e só, um fogacho exterior para afogar o verdadeiro desespero interior. A alegria dos tristes.

Faltam mais dois longos dias para que as festas continuem nos espíritos dos cansados fabricantes de discursos incendiados de tanto se repetirem por este país, também ele, já demasiado cansado para ir em entusiasmos.

Talvez até demasiado cansado para se deslocar ao local onde pode decidir-se o seu futuro. A esperança já morreu em muita gente. Porque a desilusão invadiu muitas almas que já não creem no céu, nem no inferno.

Há sinais cada vez mais evidentes de que já se vislumbra uma toalha no chão. Não estendida ao sol, a enxugar. Mas, enrolada, amarfanhada, molhada, de tanto suor absorvido de rostos tristes. São só mais dois dias.

Mais dois dias penosos para quem já anda rouco de tanto forçarem as gargantas. E de forçarem a imaginação para que não faltem as palavras novas para dizerem sempre as mesmas coisas velhas, a saber a mofo.

Atirar a toalha ao chão era o que deviam fazer quase todos eles. Embora muitos deles saibam desde o princípio que nem valia a pena ter começado. São uns valentões, pois lutam com a derrota já assegurada.

 

Nesta campanha que caminha para o fim, encontramos duas coligações que, normalmente, poderiam ser designadas por, coligD e coligE. E encontramos também um PC que bem podia ser a dupla Portas Coelho.

D, quer direita, E, quer dizer esquerda. P, quer dizer Portas, C, quer dizer Coelho. É maravilhosa a sintonia. Durante algum tempo pareciam estar em desacordo sobre as responsabilidades com o país que temos agora.

A coligD, desde há muito que tentou usar o nome e a governação de Sócrates, para não falar do que lhe era exigido que falasse. De si própria e do que fez ao país. Essa estratégia falhou e a conversa teve de mudar.

A coligD, passou então a falar apenas de Costa e do PS. Mas os resultados voltaram a mostrar-lhe que não adiantava ir por aí. E, mais uma vez, teve de mudar de disco. Passou agora a falar do que diz que fez, mas nunca fez.

E foi aqui que entrou a coligE. Quase deixou de referir os feitos da coligD, para passar a ocupar-se do PS e de Costa, que a coligD já deixara em paz. Ou seja, estrategicamente, andam já a preparar a coligação das coligações.

Entretanto, para disfarçar, a coligD, acusa Costa e o PS de se aliar à coligE, depois das eleições. Claro que não são ciúmes. Também não é dor de coiso. É, simplesmente, a união de facto entre coligações. A do PC e a do J.

Viu-se que a coligD teve de mudar para se redimir do ‘tudo errado’ na sua atuação. Mas, passou os erros para a coligE, que pegaram neles, pensando que tiravam os votos que a coligD nunca conseguiria ir lá buscar. Errado.

Claro que para a coligD, o PS tem de ser de esquerda radical. Para a coligE o PS tem de ser de direita. Daí que prefira atirar-se ao PS, a atirar-se à extrema-direita. Não há como viver nos extremos. Do PC ao Jerónimo PCP.

Depois, anda por aí a Catarina, que tem umas tiradas interessantes. Uma no cravo, duas na ferradura. Não se cola a ninguém, mas a tradição ainda é o que era. Como não chega à fruta que quer, vai tentando a pedrada.

Nesta dança do, ora agora viras tu, ora agora viro eu, que eles adoram dançar constantemente, dizem agora: viras tu, mais eu. Mas ainda há quem prefira outra música e outra dança: mas quem não vira, sou eu.

 

 

28 Set, 2015

'A MINHA GENTE'

 

Garanto que eu não tenho gente minha, até porque ninguém me quereria para seu dono. E duvido muito que ainda haja gente que aceite ter um dono. Mas há sujeitos inteligentes que ainda julgam que têm a sua gente.

Se calhar é por isso mesmo. Por se julgarem muito inteligentes, muito mais inteligentes que toda a gente, que tomam por servos estúpidos e sem cabeça, todos aqueles que andam à sua volta. Mas isso é uma ilusão.

Neste tempo de corrida ao voto, e quando esse voto é perseguido com aquele frenesim de quem está a ver ir tudo para águas profundas, de certo modo compreende-se. Mas, só por inteligência a mais, vê salvação por aí.

Só mesmo Paulo Portas podia fazer apelos salvadores desses, à sua gente. Gostava de o ouvir dizer claramente, quem é, que pessoas concretas, constituem essa sua gente. Depois, ouvi-las confirmar que são gente dele.

Passos não fará parte da gente de Portas mas, garantidamente, que já se tem comportado como ela. Passos está mesmo muito apetrechado para muita coisa. Talvez a sua obediência cega seja mesmo um bom apetrecho.

Portas é mais tendente para o caciquismo, coisa que Passos nem de longe, nem de perto, jamais aceitaria. Passos é agora, de ontem para hoje, um político que nunca aceitaria ter poder absoluto. Quer poder, mas pouco.

Pelo contrário, Portas quer poder, mas quere-o todo. Pensa que a sua gente, quer vê-lo como amo e senhor de tudo e de todos. Sobretudo, dos que são um perigo para o seu egoísmo de ser demasiado inteligente.

Passos está a minguar as suas espectativas, ao dizer desde ontem, que as sondagens não ganham eleições. Ao dizer agora que, agora sim, mesmo não ganhando, vai colaborar com quem o substituir. Bonito de se ouvir.

Portas, pelo contrário, pensa que, morrer sim, mas devagar. E ainda não pensa morrer tão depressa. Ou melhor, só depois de bem morto é que começa a pensar como ressuscitar. E isso só pode acontecer no dia quatro.

E também pode acontecer que a sua gente não chore muito no seu enterro político. Pode até acontecer que Passos não verta uma lágrima sequer. E se for um duplo enterro, não haverá lágrimas de nenhum deles.

Para eles, seria o fim de Portugal. Nem Portugal à Frente, nem Portugal Atrás. Para os portugueses, seria o fim de um ciclo em que dois rapazolas se convenceram de que nenhum homem conseguiria fazer-lhes frente.

Ninguém tem o direito de querer sobreviver, matando quem lhe apareça pela frente. Ninguém pode fazer o futuro na base da mentira. Ninguém pode julgar-se o único defensor do povo. Ninguém é dono de ninguém.

26 Set, 2015

De PáF a PúF

 

Já lá vai meia campanha eleitoral e ainda se não ouviu da coligação de direita, nem uma linha do seu programa. Nem seria possível tal acontecer, já que, programa, é coisa que eles não têm. Mas têm de fazer campanha.

Até isso está a ser difícil por causa da barraca dos lesados. Obviamente que só alguns deles se manifestam, pois lesados são todos os portugueses. Até por serem considerados atrasados mentais por Portas, Coelho e Cª.

Mas onde é que já se viu uma coligação de atropelos às mais básicas regras da democracia, fazer uma campanha exclusivamente baseada em insinuações e interpretações, não do que ouvem, mas do que inventam.

Campanha em que as ameaças catastróficas são uma constante nas intervenções dos seus elementos. Esquecem que nunca serão esquecidas as catastróficas decisões que tomaram contra aqueles que agora tentam.

Sim, tentam agora, cinicamente, iludir os portugueses, atribuindo ao principal adversário, as suas diatribes dos últimos quatro anos. Tudo com aquela lata e estupidez natural, que pensam existir para além da deles.

De PáF até PúF, eles julgarão que são o que quiserem. Mas eles serão apenas e só, o que os portugueses demonstrarem no próximo dia quatro. Não adianta pretender martelar a opinião de quem vê tudo martelado.

Sim, porque eles têm especialistas no martelamento para todas as áreas. Nisso, são hábeis, truculentos, mas extremamente convencidos de que a coisa lhes resulta sempre bem. Lá virá um dia em que a coisa vai falhar.

Até podem sobreviver a quatro de Outubro, mas depois, nos dias que se seguem, poderão não ter quem lhes dê a mão. É mesmo provável que alguém lhes dê o pé. A menos que os ‘põe e tira’ não tenham vergonha.

Tal não surpreenderia. Os que vivem para pôr e tirar governos, nunca atacam só um dos possíveis vencedores. Para eles são, iguais. Esquecem que sem um deles, nunca serão nada. Portanto, de vergonha, tudo dito.

 

Vivemos num país de truques e habilidades. Tudo porque quem nos governa vive mesmo, ou sobrevive, à custa de malabarismos que nem os artistas de circo conseguiriam fazer melhor. Com redes a proteger tudo.

Redes com ramificações que, embora invisíveis à vista desarmada, sentem-se a cada passo que ensaiamos em qualquer direção. Redes com malhas mais apertadas, ou mais estreitas, consoante o pobre enredado.

A direita no poder está enredada nas redes que lançou nos últimos quatro anos. Agora, em aflição, lança apelos em todas as direções e aos quatro ventos, na esperança de que surja o milagre da sua difícil recuperação.

Os dois políticos mais truculentos que o país já teve em democracia, Portas e Passos, cada um à sua maneira, exibem as suas acrobacias à vontade, seguros das proteções que lançaram à volta do seu espetáculo.

Parece difícil resistir à organização, que te ares de perfeita, para ser desmistificada. Passos diz estar apetrechado com tudo o que julga necessário para conquistar o país. Mas a verdade é que o país não o quer.

Portas esperneia na corda bamba, julgando que o seu paleio é garantia da sua inteligência, perante a estupidez de quem tem de o aturar. Mas, a inteligência por vezes é tão estúpida, que acaba por morrer chorando.

O dia quatro de outubro vai ser uma festa. Não é certo dizer já para quem. Mas Passos, Portas e os seus mordomos, estão a cometer um erro que pode tornar-se trágico. Estão a gastar todos os foguetes antes da festa.

A menos que prevejam já agora, que os não poderão deitar no dia, fazem já a sua festarola com antecedência. Não era bonito entrarem na festa dos outros. Embora se encontre sempre motivo para dizer que todos ganham.

O apóstolo Pedro está a ficar pregador de voz doce e conciliatória. Já lá vai o tempo da crispação. Ele lá sabe porquê. Já o seu ateu sacristão, que julga saber mais que o Papa, está agora mais agressivo e rude que nunca.

Sobretudo, quando lhe tocam no seu meio subaquático. Ou no seu inesquecível mundo passado, de sombras de árvores frondosas. Já o sonso Pedro, não domina as saudades dos sucessos de gestor de falências.

 

 

 

O país está cheio de dinheiro vindo do suor da grande maioria dos portugueses. Mas, está tudo bem. Foi subtraído por uma boa causa. Para encher os três porquinhos mealheiro guardados no cofre-forte do estado.

O mais reluzente dos porquinhos é dourado. Os mais finos dizem que é ‘gold’. Tem inscrito o nome de Paulo, pois dizem que ele fez entrar ali muitos largos milhões. Não percebo porque couberam num só porquinho.

Ou então, não se trata de um porquinho, mas de um enorme porco. Com capacidade para incontáveis milhões, pois a ideia é de que o fluxo de entradas é para continuar, segundo a vontade dos três bons porquinhos.

O segundo porquinho é prateado. Mas, devido ao cuidado especial na sua manutenção, brilha quase tanto como se fosse dourado. Na sua inscrição pode ler-se o nome de Maria. Já esteve ao lado, mas agora está sob Paulo.

Em boa verdade é uma porquinha mealheiro que o tem mantido cheio com as vendas e com as idas aos mercados e às feiras. Sempre com o superior aval do porquinho dourado, grande entendido em poupanças.

O terceiro porquinho é bronzeado. Está um tanto carecido de brilho por falta de polimento. Ou talvez porque os porquinhos dourado e prateado o ofusquem com o fulgor que deles emana. Tem gravado o nome de Pedro.

No entanto, também está cheio, supostamente com o que já não cabe nos outros dois, pois o Pedro é um nabo nestas questões de angariar milhões. Nem sabe de onde eles vêm, nem sabe para onde vão. Os outros sabem.

O mealheiro porquinho do Paulo está a transbordar. O da Maria está bem guarnecido. O do Pedro está bem composto. Três porquinhos, que nem são leitões nem porcos. Há quem não resista a querer ver aí porcalhões.

Não por causa do dinheiro, que esse é limpinho que nem oiro de lei. Mas as línguas, essas, alto e para o baile. E não são mais que aquilo que eles afirmam ver nas línguas dos seus adversários. É uma questão de porcaria.

Agora o que o povo não entende mesmo, é o facto de dentro do grande cofre do estado estarem três porcos, ou porquinhos, a rebentar pelas costuras. O povo acha que esse dinheiro não devia estar dentro de porcos.

E acha que, apesar de já meio chineses, não podemos pensar que o governo português lhes segue os passos. O governo chinês deu instruções precisas, para que as notícias económicas fossem dadas de forma positiva.

Ora, ao longo do dia de hoje, com o desplante do INE, O Pedro está incansável a mostrar como tudo o que diz e faz, tem de ser visto de forma positiva. Mesmo agradável. Paulo, Maria e Pedro já não são portugueses.

22 Set, 2015

TEMPOS DE MALHA

 

É verdade, são tempos de malhar nesta grande eira que é o nosso pequeno país. Aí, não são malhados os cereais, mas todos os políticos que estendem o corpo ao sol e levam com o mangual dos bons malhadores.

Uns dizem que gostam de malhar, outros até gostam de ser malhados. Do mesmo modo que há os que correm à frente de quem os persegue, cheios de medo de serem apanhados, e os que sabem que a corrida vai ser canja.

A esquerda gosta de malhar na direita, mas nem toda ela ao jeito do autor da ideia, o socialista Augusto Santos Silva. Os de outras cores, Jerónimo e Catarina, gostam de malhar na eira e fora dela, ao sol e à chuva. Sempre.

Obviamente que a malhação deles, tal como a corrida, tem outra meta. Como nunca lá chegarão em primeiros para receber o prémio, correm para ganhar outros prémios, tipo voto é dinheiro, ou lugares na bancada.

Não interessa a quem os vão tirar. Mas precisam de votos para manter os lugares e a sobrevivência do clube. É evidente que os outros também correm e malham por isso. Mas a sua meta visa muito mais: o doce poder.

Há os que querem correr com eles e os que têm medo de ser corridos. Estes, só podem ser os que detêm o poder. Os outros, correm apenas o risco de ficar onde estão. Todos vão percorrendo o país, sempre a malhar.

Há quem gostava de os ver a correr uns com os outros, como se fossem da mesma equipa. Nada de ilusões. Corrida não é jogging. Corrida é luta contra os adversários, é esforço, é competição. Dura. É ganhar ou perder.

E, como se tem visto nesta campanha, é luta quase sempre virulenta, desleal, com truques, com estratégias de engano dos eleitores, em lugar de cada partido se afirmar pelo que sabe e oferece a quem pede o voto.

Mas, quando se fala em saber, não pode ser o saber da coscuvilhice e da mentira, por vezes soez, que nada tem a ver com o saber como se governa um país, ou como se tem inteligência, respeitando quem os elege. O povo.

20 Set, 2015

NA BERMA DA ESTRADA

 

Começou hoje a volta a Portugal, depois de já se terem feito raides diários aos principais centros de troca de promessas por votos. Há quem tenha percorrido quilómetros de ruas a pé e há quem aí não faça calos nos pés.    

Também se pode dizer que começou hoje a grande corrida da época taurina, apesar das pegas diárias que se têm repetido nos mentideiros habituais. Começaram hoje as verdadeiras e puras largadas à portuguesa.

Tem tudo para ser uma verdadeira corrida à vara larga. Ou com o Forcão do Sabugal, onde o touro tem de marrar contra as varas. Mas não há nada que chegue às pegas. Aí é que se vê quem tem unhas para agarrar o bicho.

Pegas de caras é que já não há. Mas haverá, com certeza, muitas pegas de cernelha, onde assumem papel preponderante, os rabejadores. E não faltam por aí especialistas de encher o olho aos muitos e variados fãs.

Teremos ocasião de ver quem corta orelhas e quem corta rabos com maior mestria. Até ouviremos muitos olés. Por exemplo, quando Portas vir o rabo a fugir das pernas e tremer, ao tentar proteger o medroso Passos.

Ou quando as arruadas forem além dos cem metros, mesmo com mais polícias nas esquinas que manifestantes na rua. Há que dizer que Portas é muito mais corajoso. Ou empurra Passos para a frente, ou fica para trás.

Já ouvi dizer que Portas e Passos não estão lá muito coordenados nos discursos. Quando um deles fala, o outro vai acrescentando umas dicas, além de se repetirem. De comum, o facto de não esquecerem as mentiras.

Certamente ainda não se aperceberam de que os eleitores sabem uma regra de oiro para o dia quatro de outubro. Como todos os partidos têm as suas petas, essa regra diz que até as mentiras têm escolhas. É só escolher.

Antes de escolher, convém comparar o que dizem os pequenos e os grandes mentirosos. Os que juntam muita gente na berma da estrada. É aí que estão os que mais sentem a necessidade de escolher bem. O povo.

 

Há quatro anos, a direita, por sinal bastante torta, recusou liminarmente qualquer diálogo ou entendimento com o PS, precisamente na altura da campanha eleitoral. Concretamente, qualquer coisa como, ou eles ou nós.

É sabido, mas esquecido por uma certa espécie de democratas, que a coligação, ao longo de todo o seu mandato, se esteve sempre nas tintas para dialogar, antes de tomar decisões importantes para o futuro do país.

O seu desastrado e desastroso programa não admitia qualquer discussão, nem qualquer cedência, mesmo quando ele era nitidamente errático, como o foi tantas vezes. Foi essa a sua conceção de democracia até agora.

Há quatro anos, a desculpa era Sócrates. Com ele, nada feito. Durante estes últimos quatro anos e já nesta campanha, o programa da coligação, foi Sócrates e o PS. Programa próprio não há. Resta Costa para a salvação.

Pois, Sócrates já não resulta, porque só serviu para esconder o que não tinha discussão. A coligação não tem ideias, não tem gente competente, não faz as reformas de que o país tanto necessita. Só quer conversa fiada.

O PS está a seguir exatamente o mesmo procedimento. Com Passos nada feito. Porque Passos foi muito pior que Sócrates, embora Costa o não diga. Porque a sua noção de democracia não tem a mesquinhez da de Passos.

Portanto, é com toda a razão que não confia em discussões ou promessas de acordos que nunca a coligação quis fazer. Sem um programinha sequer à vista, Costa não se pode comprometer a falar com quem só quer adesão.

Que raio de democracia é esta de um Coelho acossado, que reclama da oposição, numa campanha eleitoral, que seja patriota e o ajude a ganhar as eleições. Definitivamente, o homem e quem o aclama, ensandeceram.

Sobre o passado do PS e do PSD, era bom que houvesse um pouquinho de seriedade, só um pouquinho, porque hoje o país corre riscos que, com o PS nunca correria. Nem nunca correu. Em tudo. Sobretudo na democracia.

18 Set, 2015

BANHADA

 

Jerónimo de Sousa disse há dias que a coligação e o PS iam levar uma banhada nas próximas eleições de quatro de outubro. Ele lá sabe, e a sua ciência é ilimitada. Pois, mas essa da banhada, hoje, veio-me à memória.

Como a minha ciência é mesmo muito limitada, só me ocorre que banhada, banhada, só aquela que o patranheiro Passos levou nos dois debates com António Costa. Exceto para quem adora grandes patranhas.

Por muito que esses patranheiros tenham entrado em delírio, alguns mesmo em êxtase, a opinião pública devia arrefecer-lhes os entusiasmos. Sim, é que a opinião pública nem sempre é uma certa opinião publicada.

Há quem goste de comparar o tamanho de camelos com elefantes. E se vire do avesso a rir, se o camelo conseguir soprar para o lado do elefante. E mais, não deixará de afirmar que viu claramente o elefante a abanar.

Claro que para uma banhada, nos dois debates, vale menos uma indecisão sobre uma coisa que toda a gente sabe e que está claríssima no programa do PS, que é público, do que vender mil patranhas mil vezes já repetidas.

Bem poderiam ir para a rua, que mais não fosse para arejar um pouco os seus gabinetes mas, principalmente, para que o ambiente exterior, os levasse a conhecer a realidade e lhes permitisse, pelo menos, pestanejar.

Antes do primeiro debate, era voz corrente entre eles, que esse seria a primeira volta das legislativas. Tendo-o perdido, calma, ainda falta outro e a votação ainda está longe. Hoje, o Pedro das patranhas, já está eleito.

A grande verdade é que, os agora eufóricos, sempre estiveram convencidos de que a banhada estava garantida logo no primeiro debate. Nunca imaginaram, mesmo nunca, que em lugar de a dar, levaram-na.

Não sou de fazer prognósticos patéticos. As coisas são o que são e vencedores só no fim da competição. Porque, ganhar e perder, faz parte do jogo. E a fanfarronice, a patranhice e a patetice, não são bons trunfos.

E há ainda a coisa mais importante: quem decide as eleições são todos os eleitores de todo o país. Embora eleitores, não são os grandes nem os pequenos patranheiros a escolher quem ganha. Vão lá pensando nisso.

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