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afonsonunes

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31 Out, 2015

PREC

 

Não pode considerar-se cristão quem quer, mas quem tem verdadeira inspiração para o ser. E essa inspiração não se compra, mas sente-se como uma força que tudo vence e que, às tantas, até pode dar em presunção.

Soube há dias que temos uma mulher na política que se inspirou em Jesus para saber combater os diabretes que a rodeiam. E a primeira inspiração que ela teve foi, quando se batizou, escolher o nome de Jesus Cristas.

Mais tarde veio a ter como companhias regulares do seu preenchido dia-a-dia, alguns dos mais fervorosos invocadores do nome de Deus em vão. Sim, porque há quem fale muito de Cristo, mas não consegue segui-lo.

Jesus Cristas, que não podia ter a ousadia de se chamar Jesus Cristo, tomou como devoção individual, tal como os seus devotados irmãos em Cristo, lutar até à exaustão pelo sacrifício dos pobres em favor dos ricos.

Como exemplos, os pobres não podem ter direito a mais que uma sopinha por dia em instituições pagas pelo estado. Os pobres não podem ter direito a mais que uns trocos de salário. Os ricos não podem pagar mais.

E isto de religião tem que se lhe diga. Até o Cardeal Patriarca parece estar muito preocupado com um novo PREC. E fala do Papa Francisco. Segundo o meu mau juízo, anda por aí muito quem não perceba bem o que ele diz.

O nosso apóstolo Paulo, dentro do seu conceito de religião, prega melhor ainda que o outro. Pelo menos com mais originalidade e verbalismo. Mas quando lhe dá para espumar ódio, não há rezas que lhe calem os pecados.

Jesus Cristas e seus pares, ainda agora não toleram o PREC, pois quase foram excluídos da sua luta contra a revolução, sendo salvos por alguém que defendeu realmente outro PREC (Processo Recuperação Em Curso).

Hoje, esses cristãos novos, estão já arvorados em líderes de combate sem tréguas aos que consideram ser continuadores e o sucedâneo do velho PREC. Eles não podem com o Processo de Recuperação Em Curso (PREC).

30 Out, 2015

Muito obrigado

 

Quem faz a sua obrigação a mais não é obrigado. Tal como nada mais justo do que, depois de uma grande seca a ouvir a tragédia de um destino encavacado, se oiça o reconhecido e grato prazer de um obrigado.

Foi assim, com um obrigado, que terminou o longo, fastidioso e nem sempre claro discurso do Presidente, no ato de posse do PM, neste momento de faz de conta que era tudo a sério, até os votos e os recados.

Antes do obrigado: ‘cabendo agora aos deputados apreciar o Programa do Governo e decidir, em consciência e tendo em conta os superiores interesses de Portugal, sobre a sua entrada em plenitude de funções’ – PR.

E assim, tudo o que foi repetido pelo Presidente, antes do obrigado final, foi um pretexto para justificar o tom duro do seu discurso anterior. Deputados, apreciar, decidir, entrada em funções. Assim, já faz sentido.

Depois, até o seu obrigado final tem mais sentido. Realmente, alguém, muita gente, merecia estas palavras finais, apesar de ainda andar por ali muita coisa desnecessária. Mas isso até se compreende. É a sua oratória.

Quem não pode mudar uma linha, muda apenas as palavras suficientes para retificar aquilo que se impunha. Porque o teste do algodão não engana. E, depois de feito, se ficou escuro, deita-se fora. Estava sujo.

Já o seu indigitado, optou pela continuação da habitual hipocrisia. Falou muito mas não disse nada de novo. Continuou em tom de campanha eleitoral, como se ainda tivesse a esperança de ter mais uns deputados.

Quem nasce assim, não muda nem uma linha do seu feitio. E o seu feitio está em linha com a mentira que nos vendeu nos últimos quatro anos. O futuro até nos pode trazer o que não precisamos. Mas, mais Passos, não.

É tempo de desmistificar esta ideia de que na política nacional atual, há um tipo diabólico junto a dois diabretes, e uma data de anjinhos que estão em risco de sair do céu, por causa das diabruras desses perigosos ateus.

Todos os portugueses deviam ser obrigados, talvez pela lucidez de Cavaco, a serem sinceros e deixarem-se de falar de uns, pensando em outros. É feio esconder o que está à vista. Digam mais vezes, obrigado. Obrigado.

29 Out, 2015

O superior

 

Nem seria preciso dizê-lo pois toda a gente sabe que o ente superior de todos os portugueses é supremo chefe Aníbal. Portanto, além de superior, também é supremo. E ninguém contesta o seu superior estado de alma.

Já quando se trata de avaliar o seu entendimento sobre qual o superior interesse de Portugal, a coisa muda de figura. Tenhamos em consideração que essa avaliação pode ir de inferior, grau zero, a superior, grau vinte.

Avaliação que tem de ser sectorial, pois haverá chefes superiores que valem zero e haverá chefes inferiores que valem vinte. E nem precisamos de olhar só para chefes. Há gente subordinada que vai de zero a vinte.

Tenhamos em linha de conta que o país tem muitas linhas para coser e descoser. E não é por isso que as costureiras mais competentes chegam a secretárias de estado da coligação, mesmo nos tempos difíceis de hoje.

E porteiros de edifícios do estado e de gabinetes de governantes que, mesmo com avaliação de desempenho inferior a dez, chegam a chefes de gabinete de ministros que vieram de qualquer lado, tapar buracos vagos.

Até já ouvi dizer que um desses tapa furos, ao ser convidado para o governo, alegou que não percebia nada do que teria de fazer. Foi-lhe dito que bastava ter dois carimbos, um em cada mão: Aprovado e Reprovado.

O carimbo, Aprovado, seria aposto nos documentos vindos do superior e o Reprovado, carimbaria os documentos vindos do inferior. Justificação: O superior, pensa no superior interesse, e os inferiores, não sabem pensar.

Isso levou logo um tipo que eu conheço a indignar-se com estas discriminações. Alegou ele que já há locais públicos onde há um burro com um carimbo em cada pata traseira. Cada coice que dá é uma decisão.

Há sempre quem não concorde com nada. Por exemplo, ver alguém ter o privilégio de ser o único a definir qual é o superior interesse de Portugal. Faz lembrar a tal costureira que sabe o que é coser e o que é descoser.

Hoje, há muitos portugueses que se sentem cozidos em lume brando, outros assados em lume vivo, outros ainda fritos no caldeirão. Tudo porque foram vítimas de burros que só tinham dois carimbos nas patas.

28 Out, 2015

O que por aí vai

 

Tanto se disse durante estes últimos tempos quanto à necessidade de consensos alargados para resolver os problemas gravíssimos do país, que já se chegou ao desplante de dar tudo para não sair pela porta dos fundos.

A coligação de direita foi incapaz de tomar as medidas de fundo, de que o tal guião da reforma do estado, de Portas, foi exemplo, mais não conseguindo do que, em quatro anos, agravar o que prometera salvar.  

Quando se apercebeu que não tinha quem fizesse aquilo que era indispensável, à pressa, toca de começar a pedir consensos que sempre recusara. Mais, que sempre se tinha mantido numa posição de arrogância.

Os consensos que agora pagava bem caro ao PS, aceitando até uma boa parte do seu programa para o colar a si, denota bem o medo que tem de largar o poder. Mas é evidente que sabe que não é capaz de o manter.

Simplesmente, porque nunca soube dialogar com ninguém, no seu egocentrismo de titular único de decisões erradas, catastróficas, que nenhum partido podia aceitar sem se entregar de corda atada ao pescoço.

O atual governo está a pagar, palavra a palavra, tudo aquilo que fez quando, fraudulentamente, no que toca a promessas, tomou o poder. E tomou-o a meio de um mandato, com a ajuda dos que agora abomina.

Só que desta vez, tal como o PSD em 2010 disse do PS, há muito tempo que este deixou bem claro que não alinharia em nada com os cabeças desta coligação. Quem com ferros mata… Portanto, só têm o que pediram.

A coligação anda com medo. De quê, eu sei, mas não o digo. Aliás, a quem não sabe, basta pensar nos temas que dominam a atualidade. Eles dizem tim-tim por tim-tim, muito do que está em causa nos sustos escondidos.

É caso para dizer, se os atuais governantes estavam tão interessados em consensos para bem do país, têm agora essa oportunidade. Colaborem com quem sabe governar em diálogo, e não pensem já no bota-abaixo.

A tal estabilidade de que tanto têm falado, é uma treta que lhes fugiu da cabeça. Agora querem é instabilidade e quanto mais depressa melhor. Porque estabilidade é coisa que eles não sabem o que é. Nem a querem.

27 Out, 2015

Processados

 

Acaba de vir o novo governo saído de processo de vida completamente à margem da regrada racionalidade aconselhada pela OMS. Todos os seus elementos são processados, logo, com frescos a menos e salgados a mais.

Fica-se com a impressão de que houve a intenção de fazer passar a ideia de que os portugueses foram vítimas de um aldrabão. Ora, os portugueses foram mesmo aldrabados, por novos, por velhos e por rançosos cotas.

O novo vice, Sacadura Cabral, disse que o PS tem ambição, sede e fome de poder. Normalíssimo. Entrar para o poder é estimulante. Mas sair do poder, caso do vice Cabral, é desespero, frustração e, pior ainda, medo.

Ou muito me engano, ou foi isso mesmo, medo, que fez com que o vice Sacadura Cabral deixasse de aparecer sempre a rir, com ou sem a mão em frente da boca. Já deve ter percebido que não vale a pena rir muito cedo.

Tentou fazer crer que ele, Coelho e Silva, têm horário de funcionários públicos. De quinta-feira à noite até segunda de manhã, não há nada para ninguém. Serviços encerrados. Ainda que sem o ‘fechado’ nas portas.

Este novo e, provavelmente, o menos duradouro governo da nossa democracia, entra com o perigoso rótulo de ministros processados. Não com origem em modernas unidades industriais, mas no caseiro mais rural.

Senão veja-se: Pedro Coelho, PM; Sacadura Cabral, Vice PM; Casanova Morgado, finanças; Parente Chancerelle, estrangeiros. Depois, há mais um Mimoso, uma Graça, um Leitão, uma Leal e, inimaginável, um Russo.

Mas, como é possível, um governo de Portugal, agora, neste momento tão singular da nossa virtuosa democracia, ter um russo no seu elenco. Será um russo dissidente, ou um russo convertido, mas é Russo e ponto final.

O processamento deste condenado governo é ainda mais rápido que a vida daqueles leitõezinhos de leite que são abatidos quase logo após o nascimento. Esses não são processados, mas bem queimados no forno.

O que interessa é que não estejam estornicados. Ao dar uma rápida olhadela pelos nomes que compõem o novo governo, fico surpreendido como foi possível num fim-de-semana, arranjar tantos novos ministros.

26 Out, 2015

A vespa portuguesa

 

Muito se tem falado na impossibilidade de Portugal ter capacidade para eliminar a vespa-asiática. E se ela é perigosa, pois além das suas picadas dolorosas, ainda se dedica a eliminar outras boas e incansáveis abelhas.

Como se isso já não nos bastasse, eis que surge uma nova vespa, esta portuguesíssima, que não mata as abelhas que nos dão o mel, mas que dá picadas venenosas e amargas como o fel, em determinados portugueses.

Por isso mesmo, é uma vespa não democrática, pois só pica aqueles que detesta. Eu já sabia que havia pessoas que detestam a democracia. Agora, porém, estou em pânico, pois nunca imaginei que uma vespa chegasse aí.

E o pior é ainda mais aterrador. Esta vespa portuguesa pica à quinta-feira, cala-se muito bem caladinha e na segunda levanta voo e desaparece até à quinta-feira seguinte. Entretanto, os picados que se tratem ou se cocem.

Durante esses dias de ausência da vespa mestra, as vespas obreiras tratam de manter o vespeiro operacional. Operacional no sentido da continuação das picadelas. Já no que toca à limpeza do vespeiro, aquilo é só lixo.

Começa a ficar claro que a vespa-asiática é chata, mas não se mete na política. E as picadas de políticos são uma chatice que não tem cura. Pelo menos enquanto o mestre picador não recolher ao lar asilo vespeiro.

Isto das picas de vespa, variam muito da dor que provocam com o comprimento do ferrão de cada uma delas. Há ferroadas que são um atentado à vida dos cidadãos. Mas as vespas morrem se perdem o ferrão.

Vamos ver o que acontece quando a vespa que voou na segunda-feira, pousar na quinta-feira. Espera-se que da ferroada da outra quinta-feira, ainda seja possível recuperar o ferrão. Senão, a vespa deixa de ser mestra.

Contra os vespeiros da asiática ainda temos o esforço abnegado dos bombeiros que não usam a mangueira para os inutilizar. Usam o fogo, normalmente o seu inimigo. Para a vespa portuguesa, shelltox é rebuçado.

Que diferença vai de uma abelha-mestra no seu cortiço, disciplinando todo aquele enorme enxame trabalhador que recolhe o pólen e fabrica o doce mel que cura e sabe bem, para uma vespa-mestra que só sabe picar.

25 Out, 2015

Aqui há gato

 

Cá dentro, e até lá por fora, já se fala em golpe de estado em Portugal. Mas não é por causa da promessa de fortes manifestações da direita, por causa das tradições e contradições de que se julga inconsolável vítima.

Resta-lhes a consolação de que, os vermelhos, que já tomaram conta da política, acabam de dar um grande trambolhão no futebol. Isto porque é costume, ou tradição, antiga, política e futebol andarem de mãos dadas.

Ao que parece, a direita, volta a estender a mão ao PS para negociações. Só pode ter sido por causa da derrota de hoje dos vermelhos no futebol. Há sempre esperanças que nascem mesmo sem se saber de onde vêm.

Por outro lado, até o Marcelo, pois, o da TVI, está a ver se pesca alguma coisa no mar vermelho. E isso deve assustar, e muito, os anti rubros. Pois, logicamente, logo que uma esperança morre, outra começa a nascer.

Lógico que essa esperança nova seja o seu raio de luz que durante anos lhe serviu de ‘Loja do mestre André’. ‘Ai olé, ai olé, foi na Loja do Mestre André’. Foi dessa loja, a TVI, que saiu o cheirete que infestou muita gente.

No entanto, os bons e os maus cheiros não duram sempre. E aqueles que gostam deles, podem muito bem não chegar para que o mau ambiente se mantenha. Mau ambiente que até está a ser revertido pelo próprio.

Marcelo já martelou no cravo da ferradura que tantas vezes, ou sempre, afagou. O seu querido presidente, que já está dado como o seu antecessor, acaba de levar a primeira ensaboadela. Jã não gosta dele.

Quanto à coligação de direita, também já levou o troco das imbecilidades pós eleitorais de apego ao poder a qualquer preço. Marcelo gostava disso tudo, mas já não gosta. Agora já tem de gostar daquilo que detestava.  

No meio destas contradições políticas, louvemos as boas tradições futebolísticas. Quem gosta do vermelho, gosta sempre, quer ganhe quer perca. E não perde tempo a querer fazer paz, se só a guerra os sustenta.

Guerra e Paz que andam nas redes sociais em catadupa. Daí, o ver-se por ali aquela ideia maluca do golpe de estado em Portugal. Lá que há quem o deseje do coração, há. Mas o grande problema é não ter a força da razão.

 

Tradição é uma palavra que está na moda, depois de se terem verificado várias traições em defesa de tradições, nas quais os traidores acabam por se transformar em heróis, em determinados meios com tradições de seita.

Concluo que há muitas afinidades entre estas duas palavras: traição e tradição. Como é fácil de perceber, os tradicionalistas podem assentar as suas traições em princípios que ofendem as mais básicas regras do direito.

Assim, de repente, vem-me à memória aquela tradição de se colocar um galo vivo, preso no cimo de um poste de madeira. Depois, deita-se o fogo ao poste e há quem delire com o desespero do galo preso e assado vivo.

Isto é uma tradição. Pois, é uma tradição dos bárbaros tempos, em que os bárbaros não tinham mais nada com que se divertir, senão com o sacrifício bárbaro de animais pacíficos, vítimas de criminosos tradicionalistas.

As tradições têm tempos de vigência e só têm razão de persistir enquanto não forem abolidas por não se enquadrarem na evolução dos tempos e das leis. Só não percebe isto quem quer continuar a viver na lei da selva.

A esses tradicionalistas que ignoram toda a razoabilidade e legalidade em confronto com a imposição dos seus interesses, há que dizer que as tradições têm de ter cobertura legal e não ferirem direitos incontestados.

A menos que não se importem de ser presos no cimo do poste no lugar do galo. E aguentarem bem firme até que outros tradicionalistas como eles, acendam o lume na base do poste. Pois. A tradição já não é o que era.

Claro que os galos palacianos habituados aos seus altos poleiros, onde nem o calor nem o frio os incomodam, terão sempre que invocar alguma tradição para que os poleiros não sejam substituídos por postes a arder.

Mas, o que não falta por aí ainda, são tradições de bradar aos céus. Que só subsistem porque não há a coragem de as banir de vez. Porque os seus defensores são mesmo, e em si, uma autêntica e bruta barbaridade.

23 Out, 2015

O velho de Belém

 

Entendo que devo começar pelo princípio. Camões deu vida ao Velho do Restelo nos Lusíadas. Àquele velho que, ‘no porto de Belém’, contestou a saída das naus de Vasco da Gama. Repito: o velho, no porto de Belém.

Portanto, Camões deve ter-se equivocado. Não havia um velho do Restelo, mas, um velho de Belém. Ainda hoje, quando se fala nos velhos do Restelo, devia falar-se dos velhos de Belém. A história está mal contada?

Quero lá saber. O que sei é que há velhos de Belém, porque houve um velho de Belém que falou enquanto dormia a sesta. Há quem diga que o velho de Belém ainda lá mora. Embora tenha a voz muito, muito, sumida.

Isso acontece naturalmente, mesmo ao Velho de Belém, pois a idade não perdoa e, para sua desgraça, o mundo avança enquanto ele ficou petrificado olhando o mar, agora já sem naus, mas com navios enormes.

Realmente, o Velho de Belém, se ainda lá está, no porto de Belém, hoje está mesmo a ver navios, pois é evidente que, as suas curtas vistas, tão curtas, já não vão além da densa neblina que entra nas suas cataratas.

Como é meu costume, talvez mau costume, não posso passar sem meter a política nestes meus escritos. Por vezes, mesmo muito pouco a propósito. Hoje deu-me para meter S. Bento nesta historieta dos velhos de Belém.

Os gregos derrotados, como que por obra e desgraça de Belém e S. Bento, transformaram os vitoriosos, em rejeitados. E não conseguem perceber que, quando não podemos vencer, podemos juntar-nos aos vencedores.

Nada mais fácil. Como diz a ‘tradição’, se não consegues vencê-los, junta-te a eles. Com isso, aí teríamos o maior consenso que alguma vez o país conheceu. Maior ainda que a tão desejada união nacional dos rejeitados.

Diz-se por aí que Cavaco arrasou a alternativa da maioria de esquerda. Mas, ao que parece, Cavaco arrasou-se a si próprio. Pelo conteúdo do que disse mas, sobretudo, pelo tom que usou no que disse. Já não se usa.

Talvez haja ainda uma saída honrosa para ele e para os seus súbditos. E é mesmo simplória. Passos e Portas, como Egas Moniz, podiam ir a Belém e informar o arrasado Cavaco, que não têm condições para formar governo.

Podia até ser uma questão de dignidade. Cavaco já fez tanto por Passos e Portas, que merecia uma justa, sóbria e digna retribuição. Uma ação conjunta de romagem a Belém, mas já, reporia a dignidade de todos eles.

22 Out, 2015

Se gostas...

 

(Se tem problemas prejudiciais à sua saúde, causados pelas reações ao que ouve, vê ou lê, aconselho vivamente que não continue a ler estas linhas. Não quero ser responsabilizado por causar danos, seja a quem for).

Se o país não desapareceu nos últimos quatro anos, é muito mais que provável que também não desapareça nos próximos quatro. Logo, não se percebe tanto medo, tanta gente em pânico, tanto disparate no ar.

Se já não nos basta a verborreia interna que se instalou no país com esta situação política que vivemos, ainda temos de gramar o massacre encomendado que está a entrar por todas as fronteiras da comunicação.

Acredito que haja gente mais instável que possa ter dificuldade em se controlar, acabando por cair no insulto gratuito a quem não lhe encha as medidas. Medidas que têm o problema de não estar na bitola normal.

Mesmo sendo gente que vive ou viveu e trabalha ou trabalhou, com direitos que não roubou, mas é posta nas ruas da amargura, só porque não satisfez interesses e usufrui aquilo que conquistou ao longo da vida.

Bem menos sério é desancar em velhos ódios de estimação e mostrar complacência, e mesmo simpatia, por quem tem práticas inadmissíveis em pleno século vinte e um. Que não tem nada a ver com o antigamente.

Uma coisa é a cegueira provocada por vidas ou acontecimentos vividos a contragosto, por culpas próprias ou de contingências impessoais, outra coisa é estragar a saúde só porque se não aceitam as próprias leis da vida.

Se o mundo ou o país pudesse ser meu, teu, dele, dela, podíamos andar todos à pancada para ver se ficávamos por cima dos cadáveres dos maus. Mas o mundo é mesmo de todos. Dos que gostam e dos que não gostam.

Se fossemos todos iguais, isto seria uma sensaboria. Mas, mesmo assim, é certo e sabido que não andaríamos todos aos beijinhos e aos abraços. Sempre ouvi dizer: se gostas come mais, se não gostas, come menos.

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