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afonsonunes

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30 Dez, 2015

Lá vai um

 

Para já, lá vai um pombinho a voar. Pelo que me toca, ainda não o vi levantar voo, nem tão pouco o vi a esvoaçar nos ares que a minha vista alcança. Mas há quem o veja em altos voos, talvez acima das nuvens, onde só os anjos voam.

Julgo que os anjos não descem à terra, nem tão pouco se arriscam a submergir nas profundas águas do mar, para não correrem o risco de serem abalroados por submarinos reais ou virtuais. Anjos que depois já não poderiam emergir.

Porém, o pombinho que não é anjo e que dizem que já lá vai, só lá para abril poderá deixar de ser visto por perto do seu pombal. Entretanto, ainda estará ali no dia um de abril. Como nada é irrevogável, esse dia um, pode mudar tudo.

Entretanto, dizem que o país lhe fica a dever. E ele aconselha a que não tenham medo, pois o pombal vai ser capaz. Dizem que o pombo capataz, é um animal político. Mas, como pombinho, talvez fosse mais adequado, ser uma ave rara.

Mas, pois que seja um animal político. Feroz para com os seus adversários. Ou para com os seus inimigos. No entanto, também não se livrou de, em algumas ocasiões, se tornar um trunfo para as investidas de que também não se livrou.

Do meu ponto de vista, esta do animal político tem que se lhe diga. Ser animal, lembra um ar selvagem, quando ser político devia remeter-nos para o lado pacífico. É por isso que o pombinho que lá vai, leva-nos a um saudoso carinho.

Também há quem lhe atribua o epíteto de máquina trituradora de políticos. E ele foi um político que se fartou de triturar, mas parece que, além de algumas entaladelas, acaba agora por ser triturado, quando se imaginava em pleno voo.

Vendo-o por dentro do seu pombal, mais se parece com uma máquina de secar, ou um eucalipto no seu jardim. É pois de recear que a sua pesada herança, além de subaquática, deixe antever um deserto de capacidades para lhe suceder.

Obviamente que esta é apenas uma historinha de pombinhos que até pode vir a ter pombinhas. Uma mais encostada às Portas, outra mais virada para as Janelas. Uma mais urbana, outra mais rural. Nada de cantar antes do tempo.

Pois, um pombinho já se foi. Já se antevê que não tardará que possa dizer-se, lá vai um, lá vão dois… e depois a cantiga, lá vai um, lá vão dois, três pombinhos a voar. Um é meu, outro é teu, outro de quem o apanhar. Eu não quero nenhum.

28 Dez, 2015

Medos

 

O país vive tempos de medos. Parece que toda a gente anda a tremer com medo de qualquer coisa, sendo certo que essa coisa não é a mesma para toda a gente. Há quem tenha medo de perder o que tem, por muito pouco que tenha.

Mas, quem mais medo tem é, precisamente, quem tem muito a perder, mesmo que o tenha arranjado ao arrepio de todas as normas da seriedade. Paradoxalmente, quem já não tem nada, tem medo de ficar sem a vida.

É muito estranho que quem tanto se queixou de que estava tudo mal, esteja agora a clamar contra as mudanças que já lhe estão a moer o juízo, mesmo antes de as conhecer, nem sequer se saber, se realmente existirão mudanças.

Já caíram no esquecimento, todos os causadores, e são muitos, de todo este estado de coisas. Nomeadamente, todos aqueles que têm processos parados há anos, e também os que ainda os não têm, e desviaram milhares de milhões.

E, mais paradoxal, é que todos andam à solta. E ninguém lhes pede contas pelo que desviaram, roubaram, ou não pagaram o que pediram aos bancos. Neste país de boa justiça, só há um vigarista e esse, que se saiba, não roubou nada.

Talvez ande muita gente com medo que veja acontecer o que de há muito devia ter acontecido. Muita dessa agitação que se nota por aí antes de se dar por ela, pode ser sinal de que há sombras que assustam e fantasmas que metem medo.

Até à meia-noite de hoje, vão ser selecionados os acontecimentos e pessoas do ano que agora termina. A minha lista teria cem vezes o comprimento da língua de algumas pessoas que deviam estar já, sem medo, à sombra, atrás das grades.

Nomes? Eles já andam por aí em linguagem muito clarinha. Dos maiores e mais importantes, até aos que, à sombra desses, se amanharam à grande e sem medo. Aí se podem encontrar os acontecimentos e personalidades de anos.

Mas, que não se tape o sol com a peneira. Que não se fale só de uma estrelinha minúscula, deixando de fora todo o sistema solar. Não há que ter medo dos iluminados por fachos de palha. São fogos-fátuos na imensidão do universo.

Aqueles que hoje geram tanto medo, ou conseguem transformar esse medo no sombrio descanso que os medrosos merecem, ou acabarão por se tornar numa pura perda de tempo, como já foram tantas outras passagens feitas de tretas.

25 Dez, 2015

Os vetos e os votos

 

Tenho a perfeita noção de que há sempre quem se incomode com o que lê. A mim não me acontece tal, pois quando a coisa não me cheira, passo por cima. Mas há uma coisa que não faço: é pretender condicionar o que alguém escreve.

Gosto muito de votos, especialmente quando o país respira votos por todos os poros. E agora que está a chegar ao fim esta alegria esfusiante que muita gente exalta como sendo o perfume desta época, distraído, quase esquecia os votos.

Pois bem, aqui estou eu a penitenciar-me, enviando os meus melhores votos de boas festas à medida dos desejos realizáveis de cada um. Sim, pois não adianta dizer que tenha muita alegria a quem não tem motivos, nem para sorrir.

O mesmo acontece com o facto de se desejar que seja muito feliz no Natal, a quem não sabe o que é isso há muito tempo. Não adianta criar ilusões a quem só tem desilusões. E porquê ser alegre e feliz apenas nesta época e não noutras.

Mas, deixando de lado estas tretas, eu não podia deixar de trazer aqui estes votos. Até porque não quero incomodar, ou enervar, ou inquietar alguém, muito menos nesta época festiva, com essas coisas de votos metidos em urnas.

Nem quero mais falar dessas coisas, até porque elas persistem em causar danos na disposição de quem quer ser alegre e feliz nesta época. Deixo aqui a promessa de que, votos, até ao fim do dia de hoje, não quero mais saber deles.

Além disso, há ainda outra coisa que, do mesmo modo e pelos mesmos motivos, vou igualmente abolir do meu palavreado. É o veto, obviamente. É que o voto também pode ter o seu veto. Longe de mim a intenção de provocar confusões. 

23 Dez, 2015

Os votos e o veto

Ah pois, tudo o que se passou com a entrega do Banif aos espanhóis do Santander deixou o Presidente da República visivelmente chocado a avaliar por uma foto a encabeçar uma notícia publicada hoje mesmo sobre o retificativo.
Essa foto mostra um rosto carregado e uma boca fortemente crispada. É natural, o PR não gosta que se brinque com coisas sérias. Então admite-se lá que o seu partido tenha dado a mão ao governo para deixar passar o OR?
Mas alguém pensaria que o radical de direita, CDS, votasse ao lado dos radicais de esquerda, Bloco, PCP e PEV? E que o PSD se separasse do seu amado parceiro, CDS, para se entregar no regaço do PS? Sem consultar o presidente?
Não, tudo isto não devia ter acontecido. Portanto, só há uma solução lógica, racional e a pedir imediata resolução (igual à do ex-Banif). Os votos foram indecentes, logo, tem de se tomar uma decisão decente. Que só o PR tem.
Mesmo acreditando que foi o governo de Costa que deu a mão ao governo de Passos, livrando-o do linchamento popular por tudo o que fez e por tudo o que não fez pelo ex-Banif, o PR tem mesmo de avançar para a sua bomba atómica.
Repito, a sua cara da tal foto diz-me isso claramente. Os da AR votaram como quiseram e o PR vai vetar como deve. E assim tudo fica legal, voltando ao princípio. Voltamos a ter Banif para logo a seguir lhe pôr a corda ao pescoço.
Mas, assim, o PR dá a mão ao CDS e seus parceiros de votação e dá um pontapé no PS e outro no PSD. Mas faz o que lhe diz a sua consciência. E, acima de tudo, livra os contribuintes desta maldade de ser obrigado a ressuscitar bancos maus.
Todos nos lembramos de que o PR quer sempre que se tenha muito, muito cuidado, ao falar de um banco. Juro que o tive. E sabe que a governação ideológica acaba sempre derrotada. E o grande derrotado é… Pois é.
Confesso com toda a sinceridade que pagava para ver o OR chumbado com os votos da direita. E até lamento que o PS não tenha feito o mesmo. Este OR merecia ser chumbado por unanimidade. Evitava-se este veto bom que aí vem.
22 Dez, 2015

Ideologicamente

 

Tudo o que a política tem de bom e de mau é fruto de ideologias. A ideologia, penso eu, deve ser uma coisa assim, como que levada da breca, pois quando se fala nela, até parece que é uma coisa terrível, que só afeta os maus políticos.

E até parece que as pessoas de bem e que não se metem nos meandros da política, não têm nada que ver com ideologias. Como se quem se insurge tanto com a ideologia dos outros, não estivesse a abusar da sua própria ideologia.

É que a ideologia pode ser uma doença. Mas tanto pode ser uma doença da esquerda como da direita. O que não se coaduna com certos discursos de altos responsáveis. Sobretudo, quando se discutem decisões importantes para o país.

Cavaco Silva falou agora das desgraças da governação ideológica. Para ele, essa governação termina sempre derrotada, ao confrontar-se com o realismo, pois o pragmatismo acaba sempre por se impor. Tento interpretar o que foi dito.

Acabamos de sair de um período de quatro anos em que se aplica perfeitamente a essa governação, a designação de ideológica. Que acabou por se ficar pelos quatro anos, pois terminou liquidada pelo referido pragmatismo.

E acabou mesmo mal, para mal dos que lhe sofreram na pele as consequências de tantas ofensivas a uma ideologia mal interpretada e realizada da pior maneira. E isso não é ideologia. É teimosia que vai sempre dar ao fracasso.

Há palavras que, de prático não têm nada, em relação ao que se pretende dizer. Portanto, o pragmatismo, o realismo e o idealismo, cada qual tem o seu. E não adianta andar a tentar disfarçá-los com discursos para semear o ilusionismo.    

Ideologicamente, não há nada pior que falar da ideologia dos outros sem olhar à nossa. As ideologias respeitam-se. O que já não acontece com a virologia com que se faz crítica ou ataque àquilo que se não quer dizer de forma clara e direta.

Quando se fala de um banco é preciso muito, muito cuidado. Mas quando se fala de ideologias é preciso muito, muito, muito cuidado. Direi até que sempre que se fala, é preciso ponderar bem o que se diz e só depois de o ter pensado.

Principalmente nesta época, tradicionalmente dita de mais cordialidade, bem se podia ouvir outro realismo e outro pragmatismo. Mas, o Natal não é aquilo que toda a gente quer. É sempre como cada um de nós sentir a sua proximidade.

21 Dez, 2015

Combinado

 

O país está farto de despachar bancos em jeito de vender sucata resultante de arrumações e limpezas. Mas isto só tem acontecido depois de uns mestres em rombos, ou roubos, terem previamente limpado os cofres, mesmo sem luvas.

Assim, lá deixaram as impressões digitais e, com elas, a sua identificação. No entanto, é o Zé Povinho que, anonimamente, tem de tirar do seu bolso, o dinheiro que ninguém foi capaz de obrigar a recolocar nos cofres vazios.

Agora foi o Banif da laranjada madeirense, tal como o fora o BPN da laranjada continental. Pelo meio, mais uma enorme e sumarenta golpada no BES. Isto quer dizer que para estes trabalhinhos não falta gente altamente especializada.

Desta vez, coube aos espanhóis ensinarem os portugueses a vender um banco em maré de saldos sem atender ao preço real. Isto quer dizer que Portugal vende mal e Espanha compra bem. Assim, a Espanha cresce e Portugal mingua.

Porém, todos sabemos que o nosso fado é ver contrapartidas a passar à frente dos nossos olhos. Como submarinos que nem o periscópio se deixa ver. Somos os melhores beneméritos da Europa. Nós oferecemos tudo e quase à borla.

No entanto, temos agora uma boa oportunidade de propor um importante negócio à Espanha. Isto porque os espanhóis precisam urgentemente de quem lhes ensine como é que se forma um governo. Nós temos toda essa experiência.

Então, eles devolvem-nos o Banif, nós ficamos com os cento e cinquenta milhões e ensinamos-lhes a técnica de romper aquela velha e relha tradição de governar quem ganhou as eleições. É que isso foi chão que deu ruina da grossa.

Para que o negócio não seja um desastre ainda maior para os dois países, não pode ser o Passos, e muito menos o Portas, a explicar essa técnica ao Rajoy. Para confusão, já basta aquela que lhes tolda as cabecinhas não pensadoras.

Se acaso o negócio não acontecer, lá vão os espanhóis ensinar aos nossos inconformados ex-governantes, como é que se consegue a repetição do ato eleitoral. A lição já virá tarde, mas é sabido que mais vale tarde que nunca.

Portanto, convém que tudo fique bem combinado entre a tróica formada por Rajoy, Passos e Portas, a fim de se reporem já, as tradições que vêm do tempo da Maria Cachucha. E, já agora, combinem que as modernices não passarão.

19 Dez, 2015

Podemos

 

Para já, os portugueses só podem dizer, podíamos, pois não fizeram ou não quiseram fazer outra coisa. Já os espanhóis, ainda podem dizer, Podemos, pois só amanhã vão decidir se podem mudar, ou se querem ficar com o que têm.

Mas são os espanhóis que vão puxar pela cabeça, sem terem o seu rei armado em paizinho, a dizer aos seus filhotes que sigam os seus recados, se não querem vir a ser castigados pela sua infidelidade à realeza de que todos fazem parte.

E, ao que parece, não lhes apetece mesmo nada ver sair-lhes na rifa das eleições de amanhã, uma solução à portuguesa. Não porque a consideram um atropelo à democracia, ou um roubo de assaltantes contra velhinhos indefesos, como cá.

Simplesmente, porque querem uma solução espanhola e não a cópia de uma portuguesa. Orgulho e preconceito, talvez, porque os portugueses são os seus vizinhos da cave. Porém, pode acontecer que tenham de aceitar esse castigo.

No entanto, há uma lição que nós já lhes demos com todo o carinho e consideração. Nós não temos um rei que olha os seus súbditos com ares de quem não liga. Temos um presidente que manda bons recados aos portugueses.

Não temos um rei que não liga nenhuma ao governo, permitindo que governe como muito bem lhe apetecer. Temos um presidente que está sempre de olho vivo, à espreita, para ver se alguém desvia o olhar para algo que ele lhe nega.

Até parece que os espanhóis têm um rei que se está nas tintas para os partidos, pois não é capaz de lhes mandar uns recados que sejam pistas para bem exercerem o seu direito de voto. Não quero pensar que o rei ande distraído.

E também não quero pensar que o rei não vai permitir que suceda o mesmo que em Portugal. Porque o rei gosta de Portugal. E a rainha também. Mas tenho cá para mim, que são demasiado condescendentes com o governo e os partidos.

18 Dez, 2015

Costa quer

 

É evidente que Costa quer muita coisa. No entanto, e com toda a lógica, há muita gente que não acredita que ele consiga uma sequer. Mas também há muita gente que acredita que ele vai conseguir algumas bem importantes.

Bom, mas a verdade é que ele até já conseguiu umas coisas. Porém, agora disse que até gostaria de ver Mou num clube português que não especificou. E aqui é que entra a coisa. Houve logo quem dissesse que falava a sua costela rubra.

Que é como quem diz que Costa gostaria de o ver já no Benfica. Há gente muito ingénua ou muito predisposta a picar onde não devia. Pois, Costa é benfiquista. Mas, é caso para perguntar, qual é o treinador mais contestado na 1ª. Liga?

‘Penso eu de que’, é o do Porto, o seu inteligente técnico e ‘psicólogo’ espanhol Lopetegui. Portanto, é para esses lados que ia o pensamento de Costa. Eu explico. Costa acredita que o Porto, atualmente, já não compete com o Benfica.

Logo, o benfiquista Costa, apreciador de bom futebol e de boa competição desportiva, gostaria de ver já Mourinho no Porto, para ver se ainda conseguia tirar o título de campeão a Jesus e dar luta ao Benfica pelo segundo lugar. Não?

Pois eu acredito que sim. E, mais, acredito que o bom negociador Costa, até é capaz de se oferecer para conseguir êxito nessas negociações. Agora, que ninguém pense que ele queria ver já Mourinho no Benfica. É que nem pensar.

Pois, Rui Costa gosta de Rui Vitória. Vieira gosta de Rui Costa e de Rui Vitória. E Costa, gosta de Vieira, de Rui Costa e de Rui Vitória. Alguma dúvida? Só se for de algum sportinguista. Mas, como é evidente, esses não entram neste negócio.

Do mesmo modo que também não são considerados os desejos dos benfiquistas que não gostam de Costa. Esses, devem entreter-se com as suas ocupações na direita e ir ver e ouvir o seu expoente máximo. Pois, Paulo Portas.

A propósito. Já sabemos que Mourinho curte o Vitória (de Setúbal) e adora o Porto (FC). Já sabemos que ele e Costa (Pinto da), são unha com carne. Pinto da Costa só tem um partido. O FCP. Será que o Mourinho vai para o Special Bloco?

17 Dez, 2015

Assim, sim

 

Cavaco Silva diz que o Natal deve ser uma época de paz e alegria e que o país precisa de serenidade e de esperança. Obviamente que ninguém como ele tem contribuído para que assim seja. Aliás, os factos são disso, prova irrefutável.

Somos hoje um país cheio de esperança, vivendo uma serenidade enorme. Mas não só hoje. De há dez anos para cá, nunca tivemos outra coisa. Mas o país tem muito mais. E não é só no Natal. Temos muita paz e muito mais alegria de viver.

Certamente que, assim, Portugal só pode ser um dos países onde mais se respira felicidade. Tudo, graças ao melhor presidente de sempre. Devia rever-se a Constituição, mesmo à pressa, para que pudesse continuar mais cinco anos.

Sobretudo, para garantir a continuidade desta relação fantástica entre presidente e os vários governos que sempre apoiou, ajudou e elogiou, em especial, aqueles que não eram do seu partido. É o caso da formação do atual.

Veja-se como Passos sempre o admirou pela sua isenção, mesmo quando se viu metido em imbróglios irrevogáveis, ou quando foi preciso criar consensos amplos. Nunca houve problemas institucionais. Belém, sempre foi paz e alegria.

Assim, sim. Assim é que está bem. E assim vai continuar a ser, graças aos bons ofícios de Cavaco e Passos junto dos presidentes e governantes da direita europeia, que eram uma forte ameaça ao bom desempenho do atual governo.

A direita portuguesa está a desenvolver um projeto que visa convencer Portas, agora divorciado do seu saudoso chefe, a fazer iguais esforços junto da sua família política europeia, para que não hostilizem Costa e os seus ministros.

Tendo em conta o seu passado de governante impoluto e homem de uma verticalidade intocável, Portas não deixará de aderir à ideia de, também nesta solidariedade para com Costa, recriar uma nova troica com Cavaco e Passos.

Só assim a Europa se disponibilizará a aceitar que Portugal vai continuar na senda dos progressos tão visivelmente alcançados nestes últimos quatro anos. É a garantia das garantias. Depois, Costa vai ficar-lhes eternamente grato por isso.

16 Dez, 2015

O cangalho

 

O cangalho deve ser qualquer coisa que tem a ver com a cangalha, carro puxado por um só boi. Daí que talvez se possa dizer que o conjunto formado pelo carro e pelo boi, seja uma geringonça. Esta apareceu depois do rudimentar cangalho.

Portanto, o cangalho, ou a cangalha, e toda a cangalhada que gira à sua volta, terão, com a evolução dos tempos, gerado a geringonça. Que teve a sua origem numa noite de lucubrações e mostrou-se depois, no desvario de um cangalho.

Se esse cangalho quisesse ter uma visão mais realista do que o rodeia, poderia usar umas cangalhas de graduação favorecida. Talvez se risse menos das suas proezas piadéticas, mas quase de certeza que veria os outros com outros olhos.

A política é uma coisa muito desacreditada por ser vivida por alguns como uma comédia que tem por finalidade divertir os outros políticos mas, principalmente, os eleitores cuja simpatia se pretende conquistar. À falta de melhor, com risota.

E então, com toda a naturalidade, procedem nos palcos da política, como se estivessem no meio dos tarecos do partido, treinando os espetáculos em que nada mais têm para apresentar que os seus chistes de cangalhos fora de moda.

Entre o carro e o boi, que formam uma geringonça, tenho as minhas dúvidas de qual é mais retrógrado. Principalmente, se puser o carro atrás do boi. Agora se puser o carro à frente do boi, então a cangalhada nem anda mesmo nada.

No fim de contas, isto é uma geringonçada pegada. Que não chega sequer para dar uma pequeníssima gargalhada. Mas é mais que suficiente para que um cangalho ria exuberantemente por fora, quando por dentro chora desesperado.

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