Um manguito
‘Queres fiado, toma!...’ Isto é a expressão de um manguito muito vulgar, para aqueles que julgam que podem ter tudo o que lhes apetece, ainda que a fatura venha depois para quem nada teve a ver com desejos alheios.
Mas, uma coisa é quando se trata de um manguito pessoa a pessoa, outra coisa bem diferente é quando se trata de um manguito dos cidadãos, ou de um país, a quem se sente no direito de humilhar só por ter dinheiro.
Mas muito pior ainda, são os defensores de que um povo, um país, não tem o direito de fazer um manguito de protesto, pela sujeição a uma ditadura que não conduz a nada, nem garante que se paguem as dívidas.
É isto que está em cima da mesa, hoje, neste país ultra endividado. Há um governo que quer pagar o que o país deve. Repito, quer pagar. Mas há quem defenda que o país continue a enterrar-se como o fez até agora.
Ora, até agora, tudo tem vindo a piorar. Lógico que, para se pagar o que se deve, algo tem de mudar. Mas há quem venha com manguitos para as mudanças que, sem elas, o rumo do país só pode ser o agravamento.
E então, não se pode fazer um manguito a quem nos empresta cada vez mais dinheiro, porque lhe convém ter esse dinheiro a render. E vai daí, termos de fazer o manguito a quem quer garantir o devido pagamento.
Obviamente que para pagar as dívidas e entrar numa rota de crescimento o dinheiro tem de vir de algum lado. Que só pode vir do bolso dos contribuintes. O problema é selecionar o bolso de que contribuintes.
É tão simples quanto isso. E daí os manguitos que andam por aí agora. Feitos precisamente por aqueles que mais temem que se troquem os bolsos que até aqui têm suportado todos os desvarios de obediências.
Sim, temos de obedecer a muita coisa. Mas não temos de obedecer cegamente. Pagar, sim, mas de modo que possamos pagar. Ninguém nos pode obrigar a aceitar o modo de pagar, ficando a dever cada vez mais.
Então, que fique bem claro que quem mais merece um manguito de todo o tamanho, são todos aqueles que durante quatro anos tudo fizeram para que se devesse cada vez mais, sem pagarem um único cêntimo da dívida.