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afonsonunes

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28 Mar, 2016

Patriotas

 

Os patriotas habituados a navegar em águas turvas não perdem uma oportunidade de exortar os portugueses a boicotar os combustíveis só porque houve necessidade de adaptar os impostos à nova realidade.

Como é sabido, a anormal baixa dos preços dos combustíveis, provocou uma anormal baixa do imposto sobre esses produtos. Portanto, o estado tem níveis mínimos de arrecadação de receitas que não dependem de si.

Estranho é que, quando os preços estavam ao dobro dos atuais, os patriotas de alguma comunicação social, não massacravam os portugueses com o abastecimento em Espanha. Tão pouco com o imposto vindo daí.

Falando de impostos, convinha lembrar-lhes que a mentalidade em Espanha não tem nada a ver com a nossa. Os espanhóis não compactuam com quem tenta fugir aos impostos. Os portugueses adoram fugir deles.

Se toda a gente pagasse os impostos devidos, Portugal não estava nesta situação. E os relapsos por natureza, sentem-se ameaçados. Daí, todo este relambório. Preferiam o aumento dos impostos a que eles podiam fugir.

Claro que esses portugueses, que já pagaram combustíveis com língua de palmo, não suportam agora, os atuais, mas ainda baixos preços. Não se coíbem de dar os seus impostos a Espanha, a troco de míseros cêntimos.

Dirão que não são cêntimos, mas euros. Muitos, dizem eles. Porque as contas deles, são contas de merceeiros. Será que não percebem que, se burlam o estado por um lado, todos nós, vamos pagar por outro lado?

Esta espécie de patriotas acabam de perder a última esperança. Que Marcelo arrasasse o OE e lhes desse o consolo de uma razão que lhes salvasse a honra de tanta asneira proferida no seguimento das eleições.

Mas, o novo presidente justificou a respetiva promulgação com toda a normalidade. Depois, vieram os comentaristas do costume a tentar dourar a pílula para suavizar a catástrofe que eles venderam durante meses.

Como sempre, houve os que digeriram razoavelmente o que já era esperado, até porque sabem adaptar-se às circunstâncias. E houve aqueles a quem o povo chama de casca dura, que continuam a remoer.

A remoer, sim, com aquele jeito contrariado de quem engole sem mastigar, para fazer esse frete mais tarde. Em jeito de ruminação. Talvez até durante o sono. Em sonhos. Já que a realidade deles é bem mais cruel.

20 Mar, 2016

Se eu fosse Costa

 

O que escrever aqui pode ser entendido como um conselho ao primeiro-ministro. Juro perante todos os santinhos que não quero interferir na sua governação. Já bem basta tudo o que a direita quer que ele faça por ela.

Como Passos é o ícone da direita deste país, resolvi dizer-lhe daqui o que eu lhe diria, se me fosse dado o privilégio de falar em nome de Costa. Disse Passos que o PM o deve esclarecer se está a interferir na banca.

E disse outras coisas que só têm graça vindas da sua boca. Pois bem, começo por lhe lembrar que o país que comandou durante quatro anos, meteu milhares de milhões nessa banca que ainda julga ter na sua mão.

Esse balúrdio de massa veio de empréstimos que deviam ter servido para pagar a dívida do país. Dívida essa que não teve mesmo nada a ver com a apregoada vida de luxo de Sócrates, como gosta de insinuar a toda a hora.

Que se saiba, a origem desse dinheiro, não está identificada, nem tão pouco se relaciona com fraudes no estado, nem em nada que tivesse que ser pago pelos contribuintes. Como o que Passos não pagou ou deixou ir.

Estou a lembrar-me da Tecnoforma. Lembra-se? Parece que se esqueceu de vez. Mas os portugueses não se esqueceram de quanto lhes custou a roubalheira dos bancos. Que os seus amigos e companheiros levaram.

Provavelmente também já esqueceu esses desmandos que ainda estão todos por regularizar. Tenho esperanças de que um dia a justiça ainda volte a olhar para trás, em lugar de olhar só para a frente e para o lado.

Já que prendeu um ex-primeiro-ministro para investigar, até pode acontecer que venha por aí, não um ‘Lavajato’, mas um ’Espremecitrinos’, pois o país anda intrigado com a falta de aproveitamento de tantos sumos.

Se Costa está a mexer com a banca não é, certamente, para lhe concederem favores especiais a si, ou a camaradas seus. Como juros especiais para amigos, ou empréstimos de milhões para não serem pagos.

Passos e os seus amigos e companheiros estão a delirar com o que se está a passar no Brasil. Mas deviam pensar que, o que fizeram em Portugal, lhes devia causar muita apreensão. Moro e Alexandre, podem ver Garzón.

19 Mar, 2016

O governo sombra

 

Passos Coelho pretende criar um governo sombra para levar António Costa a fazer o que o herói de Massamá entende que devia ter concluído em quatro anos e não conseguiu. Mas vai conseguir esse governo sombra.

O que ele não vai conseguir nunca, é um governo sol. Viu-se pela nebulosidade política dos seus quatro anos de mandato. Viu-se pela escuridão em que o país ficou, até no que toca à tão propalada corrupção.

Quanto a esta praga que todos condenam, mas quase todos a praticam, está bem claro que uns têm a fama, mas outros têm o proveito. Portanto, de governo sombra, ficamos nós fartos desta farsa de quatro longos anos.

Agora, que Passos pode ter um novo governo sombra, sem dúvida. Pode, por exemplo, juntar-se àqueles quatro do programa de televisão com esse nome. Ou então substituir um deles, aquele que, de caras, está lá a mais.

Pode também reconstituir o seu elenco ministerial passado. Só que, em lugar de S. Bento, terá de reunir, por exemplo, na Ajuda, naquele espaço que sobra a Cavaco para as suas meditações sobre os saudosos roteiros.

Tal governo sombra não poderá contar com a prestimosa contribuição do inigualável Portas, nem da cristalina Cristas. Nem tão pouco do afirmativo ciclomotorista Pedro Mota, nem do cómico e bom imitador Pires de Lima.

Dois deles, a caminho das televisões que estão a ficar sem assunto. Com eles, a TVI vai esquecer Marcelo e a SIC vai prescindir do baixinho Mendes, já fora das fontes milagrosas. É preciso renovar e inovar para sobreviver.

É o que está a fazer Cristas. Diz ela, que nunca se sentará à mesa com o atual governo encostado às esquerdas radicais. Obviamente que, na mesa das esquerdas radicais, não se come como à mesa das direitas radicais.

No entanto, vem aí a mesa do governo sombra, onde se sentarão os representantes dos que ganham num dia, o que um trabalhador pobre não ganha na vida inteira. É claro que isso não é sombra. É viver ao sol.

18 Mar, 2016

O outro

 

O Diário Económico em papel acaba de desaparecer, conforme já se pressentia há algum tempo. Não sei porquê mas quando vi sair de lá um rato, logo vi que aquilo já era um navio a meter água por todos os lados.

Os jornais estão desde há muito tempo ao serviço de uma direita que não só é injusta, como é sectária. Não se cansa de bater exaustivamente nas esquerdas, quase sempre com argumentos que não passam de falácias.

Basta ver os desejos constantes demonstrados pelo insucesso da solução governativa que as esquerdas encontraram, no seguimento da incapacidade da direita conseguir entender-se com alguém fora dela.

O Diário Económico foi incansável, mesmo ainda com o antigo diretor António Costa. Provavelmente, abandonou o barco quando se viu sem hipótese de se salvar. De há muito que ele era mesmo um anti Costa.

Depois, em outros lugares, a sua luta continuou, nos mesmos termos e maneiras, contra o Secretário-Geral do PS. Mas, principalmente, focada na pessoa de António Costa, seu homónimo, mas muito diferente dele.

Apesar desse trabalho insano, o seu DE foi-se, e ele anda por aí a debitar balelas, enquanto o governante segue o seu caminho, indiferente às lamurientas crónicas e opiniões daqueles que vão vendo o resultado delas.

E esse resultado está bem à vista. Por muitos motivos, mas também porque tudo o que é falso morre cedo e tudo o que é torto nunca mais se endireita. Jornais de sentido único, que têm apenas um objetivo, vão-se.

E esse objetivo visa apenas entortar a opinião pública, ocultar muita informação e criar muita especulação. Obviamente que isso resulta durante algum tempo. Mas também, pouco a pouco, cavam a sua cova.

Portanto, quem passa a vida a olhar para o outro e se esquece de si próprio, não terá que esperar muito. O furor das multidões é uma tempestade indomável, mas que muda de direção ao sabor dos ventos.

16 Mar, 2016

Portugal 1-2 Brasil

 

Portugal tem um e o Brasil tem dois. Isto não quer dizer que estejamos a perder ou a ganhar em qualquer modalidade desportiva, porque aqui o resultado é outro. Portugal tem um Sócrates, enquanto o Brasil tem dois.

Ai não tem nada a ver? Ai tem, tem. Portugal tem um Sócrates que anda a contas com a justiça, ou a justiça a contas com ele, há mais de dez anos. Já foi condenado? Não. Já foi acusado? Não. Mas continua a ser investigado.

Já li em qualquer lado que Sócrates terá pedido a Costa uma vaga para integrar o Conselho de Ministros, como forma de acabar com essa situação de, nem é criminoso, nem é inocente. Coisa sem solução à vista.

Já o Brasil, tem o seu Sócrates, chamado Lula da Silva. A justiça brasileira quer metê-lo na prisão, do mesmo modo que a justiça portuguesa enjaulou o Sócrates. Dilma não vai na conversa e quer vê-lo em ministro.

Daí que os engraçadinhos de cá já estejam a imaginar coisas. Mas, no mínimo, podiam imaginar coisas com sentido de humor. Há quem diga que o prenderam para não se candidatar a PR. Coisas de engraçadinhos.

No entanto, os tais engraçadinhos que receiam que Costa lhe dê um lugar no governo, podiam ser mais criativos. Podiam sugerir, por exemplo, que Sócrates exigisse o lugar de PGR, lugar para o qual estaria mais preparado.

Mas, sobretudo, estará, experiência própria, muito melhor preparado para lidar com injustiças que, propriamente, para fazer justiça. Tal como lhe tem mostrado o fato que lhe vestiu a justiça na primeira vez que o viu.

Certamente que o Brasil nem sonha o que lhe vai sair na rifa se a direita for para o poder. Não querem a corrupção de esquerda. Mas querem um Sócrates como o de cá. Então que vejam a corrupção que se lhe seguiu.

Mas, o Brasil tem outro Sócrates. Aquele grande Sócrates dos Mundiais de futebol. Nem todos os ditos Sócrates são maus. Sejam eles Sócrates da Silva ou Lula de Sócrates. Para não ser enganado, vá a uma boa astróloga.

15 Mar, 2016

E porque não?

 

Ao longo da publicação destes meus escritos que já vai em cerca de oito anos, muitas vezes misturei o que se passa na política com o que vai pelo futebol. E concluo hoje que vale a pena continuar a explorar essa mistura.

Estou plenamente convencido de que há muitas potencialidades de um lado e de outro. Só que estão fora do seu melhor lugar. Há políticos que eram mais úteis no futebol e grandes da bola que muito dariam à política.

Obviamente que quem ganharia era o país pois, com tanta gente deslocada sem dar as suas melhores capacidades, é um desperdício. É fácil ver como grandes cabeças andam perdidas por lugares onde nada rende.

Agora, que tanta gente excelente está na prateleira, é altura de fazer o seu aproveitamento ideal. Começo por cima. O Sporting de Braga está em alta. Porquê? Porque tem a dirigi-lo um Salvador. Do que é que o país precisa?

Então vamos a isso. Salvador para presidente do PSD e Passos para presidente do Braga. Assim, Marcelo, já poderia contar com a colaboração de um dos mais inovadores de Portugal, que está a perder-se na oposição.

Marcelo ficaria feliz pois o Braga é um dos seus amores de perdição. E o país não seria mais, um país perdido, se pudesse agora ver-se livre de Passos e de todos os seus pregadores de desgraças. Braga ia tratar deles.

Claro que Passos estaria automaticamente autorizado a levar consigo a superior Maria Luís, pois ela está para Passos, como Cristas está para Portas. Salvador, traria para Lisboa Paulo Fonseca. Ambos, para Belém.

Do SCP para a Justiça, iriam Bruno e Jesus, por troca com Joana e Rosário. Todos são especialistas em fintas, mas estão nos lugares errados. Já o FCP daria o seu Costa para presidir à Câmara de Lisboa e tratar dos mouros.

E para onde iria Vieira? Obviamente, para S. Bento para encher pneus, de onde sairia Costa para manter limpo o Estádio da luz. Para limpar os balneários, requisitaria ao SCP, um tal de Inácio e o seu amigo Octávio.

Finalmente, o presidente da FPF, Fernando Gomes, seria deslocado para ministro das Finanças. Mário Centeno, por castigo, iria dirigir as finanças do PSD. Quem não sabe fazer um orçamento, tem de saber fazer cortes.

Provavelmente, nem toda a gente concordaria com estas mexidas. Porém, sempre seria melhor que manter tudo como está. É que, assim, o país está entregue aos bichos. E a bola, a dita redondinha, está mesmo quadrada.

14 Mar, 2016

CDS

 

Foi-se a troica nacional, embora, por ela, ainda haja quem fale em poderes de que não quer prescindir. Ou, que quase exige que aqueles que os substituíram, não exerçam os poderes que por direito conquistaram.

Mesmo tendo em conta que essa troica desfeita, acabou mesmo por se desintegrar, pois entre os seus elementos parece não terem ficado grandes amizades. Principalmente entre os seus dois membros executivos.

Portas, por entre lágrimas, acaba de ceder o lugar àquela que foi a sua querida braço direito. Ainda havemos de vir a saber a razão daquelas sentidas lágrimas. Regista-se que Cristas não deu sequer sinais de tristeza.

Se Portas se mostrou um galo genuíno, sempre de crista bem levantada, dentro do seu poleiro, o CDS, Cristas dá sinais de querer ser uma galinha com a crista bem espicaçada pela experiência nesse poleiro de galo único.

E com ela, não restará a Portas senão uma mudança radical no seu anterior posicionamento nas feiras e nos mercados. Ou seja, passar a ser um novo feirante que será visitado por Cristas, a mãe galinha de galitos.

Portas passará assim de Paulinho das Feiras a empresário, ou empreendedor, numa atividade ainda desconhecida. Os seus dotes bem conhecidos e reconhecidos pelos portugueses, deixam-nos em suspenso.

Não me admiraria nada que a experiência de Portas fosse reclamada pelos seus novos colegas feirantes, para fazer a grande reforma das feiras e dos mercados. Não será fácil, mas para um executivo assim, não há limites.

Ora, não havendo Paulinho e não havendo troica de cá, temos aí a Cristas na crista da onda. Com ela, não haverá portugueses a encher os depósitos em Espanha, porque ela dirá que Espanha não lhes pagará as reformas.

Tal como dirá aos produtores de carne e leite que ela já não lhes pode valer, como o fez como ministra. Que trabalhem menos para não se cansarem e economizem mais nas despesas com os tratores e os camiões.

Cristas será sempre uma defensora da família. Sobretudo, da família CDS. Que terá de crescer muito, para ser uma grande família e ter os correspondentes grandes apoios. Terá pois de entrar na coutada do PSD.

Passos está feliz com essa atitude expansionista de Cristas. Não a considera pois, uma adversária política. Para adversário, já bastou o ingrato Portas. Talvez considere que mais vale mal acompanhado, que só.

Passos já virou social-democrata. É tempo de Cristas dizer o que é, para além de candidata a acompanhante de quem vai para o poder. Só assim poderá falar de segurança social e outras coisas, como de carne e leitinho.

12 Mar, 2016

O Papa de Lisboa

 

Já não era sem tempo. Se o Porto, há muito que tem o seu papa, não se compreendia a razão de tanta demora em Lisboa arranjar o seu. É verdade que a demora até pode ser justificada com a procura de um bom papa.

Não quero dizer que o do Porto seja mau. Mas são diferentes na maneira de pregar as suas devoções. Depois a devoção do papa de Lisboa é muito mais abrangente. No conteúdo e também no âmbito. Pois, é nacional.

O papa do Porto é mais conhecido como o papa do Norte. Mais restrito, portanto. De qualquer modo, são dois papas adorados, cada um nas suas funções, obviamente. Um, já com uma longa história, outro principiante.

O papa de Lisboa, e também do país, vai a Roma na próxima semana, pedir a bênção para que consiga em Portugal, um sucesso igual ao do Papa Francisco. Simples, inovador, surpreendente. Um encontro de ídolos.

O nosso papa, o Presidente Marcelo, já deu indicações que baste, para que se perceba que quer imitar o Papa Francisco, como objetivo da sua presidência. Ignorando muito do protocolo, para chegar junto do povo.

Razão mais que suficiente para me levar a dizer que pagava para ver o encontro de personalidades tão marcantes. E digo ver, pois o que vão dizer, adivinho. Gostava mais de ver como o dizem e como ambos vão rir.

Sim, porque prevejo que vão rir muito, pois a predisposição de ambos é para isso mesmo. Riso aberto, sem reservas, para mostrar que os carrancudos da religião e da política, não conseguiram fazer rir o mundo.

Fazer rir de felicidade e bem-estar, embora por vezes, se não fosse tão trágico muito daquilo que lhe têm imposto, faria rir de desdém e de desprezo as vítimas das suas atrocidades, pelo mau uso do poder que têm.

10 Mar, 2016

O Plano P

 

O Plano P é, nem mais nem menos que o Plano PaF que ficou congelado lá para os lados do Caldas e de Santana à Lapa. Mas foi tão mal congelado que já cheira mal e não há maneira de deitarem aquilo para o lixo de vez.

Também podia ser designado de Plano T, em homenagem aos tontinhos que não desistem de estar convencidos de que, mais dia, menos dia, serão eles a aplicá-lo no seu orçamento, em substituição do discutido na AR.

Claro que toda a gente tem direito a ser tontinho ou qualquer outra coisa melhor ou pior, mas é esquisito tanto desequilíbrio, quando à sua volta tudo contribui para lhes agravar o desconforto resultante da teimosia.

Refiro-me concretamente ao que se passou hoje na AR. Os descabelados pafianos atiravam-se ao OE com aquela energia desesperada de quem não tem sequer coragem para contrapor as vantagens do seu saudoso Plano T.

À mesma hora, o comissário europeu e o ministro Centeno desfaziam essas confusões de planos. Mais tarde, Marcelo e Costa, batiam na mesma tecla das confusões. Será que os pafianos nunca vão desistir do Plano T?

Não será bem o caso, mas costuma dizer-se que quando não conseguimos vencê-los, é melhor juntarmo-nos a eles. Aqui, obviamente, ainda está muito longe essa hipótese. Mas, parece-me que Marcelo sonha com isso.

Em política tudo é possível em muito pouco tempo. Mas tudo indica que a direita está, continua a estar, a trilhar caminhos sem retorno. Mesmo admitindo que são muitas as fragilidades da solução governativa atual.

É preciso afastar a ideia de que em Belém ainda está o guarda-chuva que protegeu a direita até à exaustão. Está agora bem claro que esta direita perdeu o rumo, pois Marcelo já disse coisas que não admitem recuos.

 

O velho presidente atingiu hoje o limite da vida que ali, lhe estava irremediavelmente concedido. Nestas coisas de mandatos é assim. Chega o dia e a hora de ir embora e vai-se mesmo, porque o novo está à espera.

A partir de hoje é esse mesmo novo que se inicia nos meandros do destino do país. Hoje é o primeiro dia de uns longos cinco anos. Este dia de hoje não tem, nem nunca terá, nada de comparável com os que falta cumprir.

É verdade que hoje já se disseram, e vão dizer-se ainda, muitas palavras de circunstância. Muitas intenções boas e muitos elogios a quem nunca os mereceu. E até algumas promessas sobre o que nem está nas suas mãos.

Foi sempre assim. O facto é que, o que se diz e o que se pensa, pode ter muito valor para quem discursa e ser mais uma repetição antiga de quem ouve. Porque o problema está na interpretação do que se considera bom.

Pode prometer-se justiça, bom senso e fidelidade às leis do país. Mas isso todos dizem no ato de posse. No entanto, ninguém tem o mesmo conceito firme e seguro de como se traduz isso nos procedimentos do dia-a-dia.

Poderia até dizer que na caridosa hipocrisia dos discursos cabe tudo. Como exemplo, o elogiar tudo o que foi feito para trás, quando na campanha se condenou asperamente aquilo que se prometeu combater.

Embora sejam tradições muito antigas, não têm sentido estas trocas de medalhas e condecorações entre quem entra e quem sai. Quem sai pode ter sido mau ou muito mau e quem entra ainda nada fez, logicamente.

O país está realmente em muito mau estado. Mas, nestes dias de posse, todos os seus maiores dirigentes e responsáveis foram inexcedíveis segundo as distinções e elogios que lhes são prestados. Isto é hipocrisia.

O poder passou do velho presidente para o novo presidente. O velho não deixou saudades. O novo encheu o país de esperança. Os portugueses esperam, certamente, que o seu sentido de justiça vá com o do povo.

Com um sentido compreensível, disse o novo presidente que não estará contra ninguém, nem a favor de ninguém. Conhecemos a sua real intenção. Mas, que não esteja contra os polícias, nem a favor dos ladrões.

Os portugueses esperam ainda que, tanto entusiasmo com o trabalho do velho presidente, não lhe estimule o desejo de o imitar. Temos de cicatrizar feridas. Mas, sem esquecer, quem tantas abriu durante anos.

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