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afonsonunes

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08 Abr, 2016

Salutares

 

Nunca a palavra, salutares, foi tão ignominiosamente omitida. Não me parece que tal se tenha devido apenas a simples descuidos ou atalhos de linguagem. É que têm sido muitos os inteligentes a cair no mesmo erro.

Obviamente que me refiro às ‘prometidas salutares bofetadas’ a dois colaboradores do Público. Sim, promessas e não ameaças, muito menos concretizações. E em troca de mimos bem mais expressivos que os dados.

Claro que João Soares podia muito bem ignorar aquilo, vindo de quem vinha. Pois um ministro tem de ser bem-educado e aceitar bofetadas na sua dignidade. Jornalistas ou comentadores não têm de ser nada disso.

O ministro não pode ser mau ministro, mas toda a gente pode ser muito mau naquilo que faz, que não é defeito nenhum. O ministro fez muito mal aos indignados, mas estes anjinhos não fizeram mal nenhum ao ministro.

De qualquer forma, o ministro não pode empregar a palavra, salutares, porque os puros anjinhos da escrita não sabem o que ela significa. Daí que eu tenha ido ao dicionário para me certificar de que o ministro é culto.

‘Salutar’: próprio para conservar a saúde; fig. moralizador; edificante (latim, salutare). Também vi o que era ‘bofetada’: pancada dada na cara com a mão aberta; fig. insulto; enxovalho. Sem mão, ofensa disfarçada.

Deduzo eu, que João Soares quis fazer um insulto moralizador, ou um enxovalho edificante. Os dois indignados e seus defensores, quiseram dar bofetadas na cara de João Soares, mas com a mão fechada. Isso é murro.

João Soares, que tem muitos defeitos, sabe distinguir o que deu e em troca de quê. Daí que se tenha demitido. Acho que fez bem. Não tem estômago para ser ministro. Porque quem não se sente não é boa gente.

Marcelo disse há dias que há falhas na democracia. Não concordo. Há falhas, e muitas, em todos aqueles que não compreendem a democracia. Que exigem muito dos outros, mas não toleram que lhes digam nada.

Para quem quer uma democracia do vale tudo, seria bom que se habituassem a receber, na justa medida do que dão. Se querem respeito, respeitem. Ah! Talvez fosse bom escreverem e falarem quando sóbrios.

05 Abr, 2016

Agora é que é

 

E eu a julgar que só havia um vigarista no mundo. Consequentemente, como só conhecia um em Portugal, no resto do mundo não podia haver mais nenhum. Afinal, o mundo e o nosso país estão a abarrotar deles.

No entanto, toda esta fartura de vigaristas não vai alterar nada daquilo que já conhecemos. Em Portugal, vigarista só há um. É ele e mais nenhum. Ainda receei que a papelada que veio do Panamá incluísse o meu nome.

Afinal, aquilo nada tem a ver com tesos como eu, que de luxo só tenho o nome. Sim, porque vejo tantos nomes que são de uma vergonha de gente, que me sinto uma espécie de privilegiado por ninguém falar em mim.

No entanto, acredito piamente que este rol de milhões de papéis panamianos, acabará por ter uma importantíssima vantagem no nosso belo país. Finalmente, vai confirmar-se que só há ali um único vigarista.

O nome dele anda nas muitas bocas dos que se julgam vigaristas a sério, mas que ficará esclarecido em breve, que esses, nem têm sequer a mínima categoria para se lhes pôr o nome nos jornais ou nas televisões.

Bem podem ter a pretensão de se tornarem famosos como o único que o é a sério. O mais que podem é conseguir umas medalhas de cidadãos ilustres, uns lugares cintilantes, ou umas reformas de muitos milhões.

Coisas de que se dirá que isso é só para alguns. Pois, mas para esses nem um pequeno susto com investigações, ou uma visita guiada ao chilindró. Logo, apenas um inocente alerta: da papelada, só pode vir mal para o tal.

03 Abr, 2016

Lavapassos

 

Esta coisa das lavagens está a crescer de dia para dia, de ano para ano. Já tivemos um lavafreeport que durou uma eternidade e deu no que deu. Nicles, nada. Mas também tivemos um lavaportucale que deu o mesmo.

Depois, tivemos o lavatecnoforma e o lavasubmarinos. Suponho que toda, ou quase toda a gente, se lembra destas mega operações. Umas, mais mega que outras, obviamente. Talvez umas cheirassem bem, outras mal.

Como para a porcaria do Freeport não houve Omo nem lixívia que a removesse, transportou-se tudo para a operaçãomarquês. Que, até ao momento, ainda não lavou nada. Mas podia chamar-se lavamarquês.

Tudo porque do Brasil nos vem todos os dias essa nojeira das notícias da lavajato. Mas, dali, já houve um juiz que pediu desculpa por ter lavado demais. É que de tanta lavagem de roupa suja, já há roupa estragada.

Há juízes assim. Esfregam, esfregam, até romper. Foi assim com o espanhol, Baltasar Garzón, mas também pode vir a repetir-se com o Sérgio ou com o Carlos. No Brasil, ou em Portugal, nunca se sabe o que vai sair.

Por cá, verifico com toda a normalidade, que decorre a grande operação limpaportas. Não se trata de nada que tenha a ver com lavaportas, mas de uma operação de lavamãos que não está ao alcance de outras sujas.

É que há muitas maneiras de lavar mãos e de limpar toda a espécie de sujeiras. Como por exemplo, a limpeza via opinião pública. Que também dá sujeira em casos já bem identificados. Pois, dá para limpar e para sujar.

Enquanto tudo se faz para encontrar sujeiras, as sujeiras já conhecidas, já julgadas e já condenadas, vão vendo as suas penas reduzidas antes de iniciado o seu cumprimento. Sem falar nas conhecidas e não investigadas.

Portanto, não adianta falar em Omo que lava mais branco, pois o teste do algodão não engana. Lavar a jato, com ou sem mangueira, ou limpar com a suavidade de umas crónicas de bem dizer, nunca mais limpam este país.

01 Abr, 2016

A primeira

 

Estou em crer que haverá quem fique muito satisfeito com a primeira grande divergência entre o presidente Marcelo e o primeiro-ministro Costa. E ela diz respeito ao grande espetáculo que está prestes a começar.

Nem mais nem menos que o Benfica/Braga no Estádio da Luz, que vai deixar um deles em meia claridade. Sobretudo, se for o Braga a acionar o interruptor. Mas se for o Benfica, então vai puxar para si toda a luz da Luz.

Ora, com o presidente a vibrar para que aconteça uma festa bracarense e o primeiro-ministro a pedir a todos os santinhos para que não abandonem o clube do seu coração, vão estar em campos perigosamente diferentes.

Até podem estar ambos no estádio. Mas que não se sentem lado a lado como em Leiria. Haveria sempre o perigo de uma qualquer sarrabulhada perto deles. E, em futebóis, sabe-se como as paixões são contagiantes.

Claro que não menos contagiantes, são as paixões políticas. Mas se ambas essas paixões se misturam, os apaixonados podem envolver o estádio inteiro. Por muito que saibamos que Marcelo e Costa não são desses.

Nem de longe nem de perto estou a pensar nos adeptos do Braga. Nem dos do Benfica. Mas estou a pensar em todos os adeptos que se esquecem dessa qualidade, para olhar cegamente para a amizade entre o PR e o PM.

Hoje é dia das mentiras. Bem se pode dizer que vai ser um jogo de verdade. Que até pode ter um resultado de mentira. Logo se saberá. Mas eu não quero imaginar sequer, que escrevi isto, sem ver uma divergência.

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