Toupeiras
Não vou até ao desplante de chamar toupeira a qualquer ser humano. Não é que seja injusto, mas parece-me que seria deselegante e tenho cá para mim que os visados acabariam por não gostar de tão reles sobrenome. Mas lá que seria justo é uma evidência.
Ontem acabava de ouvir o presidente Marcelo, de Berlim, via televisão, transparecendo a confiança e o otimismo que viu nas individualidades alemãs que acabava de contactar, quando uma sujeita, comentando essa visita e ignorando tudo o que ouviu, desatou a ‘toupeirar’.
Ou seja, essa toupeira informativa desatou a seguir o seu percurso subterrâneo de tentar contrariar tudo o que o presidente disse, escavando a sua habitual lengalenga de argumentos de bota abaixo. Ela é que sabia tudo o que contribuía para que o presidente estivesse bem enganado.
Essa toupeira, que lá vai vivendo de minhoquices que encontra no seu mundo subterrâneo e que deita para o exterior através de buracos na relva, de onde os seus patrões extraem os conteúdos dos seus programas de excelência. Tão excelentes que se perdem no meio das telenovelas.
Bom, mas tudo estaria bem se houvesse apenas uma toupeira nos vários canais por onde nos chega a informação. Alguém dizia há dias que o maior problema do país era a constante manifestação de descrédito por parte de críticos e comentadores que abundam por aí. Para mim, as toupeiras.
Que continuam à volta da sua geringonça. Que já desconfiam de um presidente que ajudaram a eleger. Que suspiram pelos políticos que sonham retomar o caminho de destruição que, em cada dia, se descobrem mais fraudes, mais erros, mais prejuízos de difícil ou impossível correção.
É que, agora, já não é o povo que protesta contra o governo, como o fazia contra o anterior. Agora são os insaciáveis e insaciados privilegiados que sentem ter substituído os mais sacrificados no pagamento da fatura que ainda falta pagar. É isto que não aceitam as toupeiras que não se calam.