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afonsonunes

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30 Set, 2016

E se fosse?

 

Já o referi aqui por várias ocasiões, que Portugal é um país de burlões e isso tem influência decisiva no facto de quase ninguém acreditar que vamos sair da cepa torta, deste fado que nos faz dizer, ou pensar, que os políticos são todos iguais.

Logo, não teríamos hipótese de aspirar a ser um país limpo, um país onde se possa esperar justiça digna e níveis de vida decentes para toda a gente, pois é convicção generalizada de que a trafulhice e a vigarice dominam uma sociedade totalmente entregue a quem só trata de si, ou obedece apenas a quem deixa cair umas migalhas para sustentar os seus servos.

O veto presidencial conhecido hoje, embora já esperado, é um daqueles sinais que nos levam a crer que nem toda gente quer acabar com a corrupção. A vozearia dos arautos do direito à privacidade, mesmo daquela que favorece a mais alta e sofisticada fuga de capitais, a mais complexa fuga ao fisco, mostra bem quem, se não a pratica, dela deve beneficiar de algum modo.

Já li que o fisco, sem esta lei agora vetada, vai continuar de mãos atadas. E é isso que muita gente deseja. Gente que detesta o fisco, que pensa que isso não lhe diz respeito. Portugal sem devedores ao fisco, teria as suas contas equilibradas. Mas são os devedores conhecidos e os que fogem e se escondem do cumprimento das suas obrigações fiscais, que mais se insurgem contra as medidas que o governo e o fisco consideram imprescindíveis para repor uma legalidade que está longe de ser aceite por todos os portugueses.

Marcelo e Costa têm dado mostras de pretenderem inverter esta situação, pois só ela pode ressuscitar o país. Quero crer que ambos pensam o mesmo, mas cada um deles tem as suas esferas políticas bem definidas. A quem não convém, a nenhum deles, voltar as costas abruptamente.   

O veto de Marcelo pode bem ser destinado a apaziguar os inconformados. Costa está muito pressionado pelos apoiantes do seu governo. Poderá, por isso, mostrar que não o deixaram fazer mais. Mas, quem sabe, se deste conflito de interesses, não sairá uma segunda via da lei, que dilua as mossas de uma aparente divergência, que até pode ter sido bem estudada.

28 Set, 2016

Desconfiados

 

Desde há muito tempo que ando desconfiado que o país está cheio de desconfiados. Sei perfeitamente que uns andam mais desconfiados que outros e que uns desconfiam de coisas que estão à vista de toda a gente enquanto outros, chegam ao ponto de desconfiar daquilo que tinham obrigação de saber, se trouxessem os neurónios do fuso devido.

É o caso de um tal de Passos, dito de Coelho, que anda desconfiado que as contas do governo não batem certo com os números que ele conhece. Lá está, eu ando desconfiado que ele não sabe ler os números. Se tal não acontecesse, ele diria ao governo que tem a certeza de que os seus números estão certos e os do governo estão errados.

Não há nada como falar claro e mijar direito, como diz o povo. Para quem sempre teve tanta prosápia em se mostrar um profundo conhecedor de tudo e de todos, fica-lhe mal desconfiar, seja lá do que for. Aliás, no lugar que desempenha, devia estar rodeado de bons assessores e fazer orelhas moucas aos que, como ele, nada mais nos dizem senão que andam desconfiados.

Já a sua ex-parceira e atual adversária Assunção Cristas, anda desconfiada de que alguém lhe quer dar o estatuto de rica. Nesse sentido, anda desconfiada que deixe de ser classificada de integrante da classe média e lhe vão mexer nas suas poupanças. Talvez desconfie mesmo, que ainda lhe vão tributar a sua modesta casinha, ao passar para o escalão de rica.

No entanto, pode estar descansada, pois a Mariana Mortágua, a tal que é acusada de ser a autora de todas as medidas do governo, nunca pensou em tal tirania. A tirania de ir buscar os impostos à classe média de Assunção Cristas, em lugar de os ir rebuscar nos bolsos vazios da classe mais baixa.

Já a eurodeputada Ana Gomes anda desconfiada de que o PS, o seu partido, se está a deixar manipular por um indivíduo nada recomendável, no seu alto critério de julgamento de pessoas a olho. Ana Gomes tem desconfiado de muitas coisas. Mas, as suas desconfianças, boas ou más, não têm resultado em, praticamente, nada de jeito.

É caso para lhe recomendar que as pessoas, todas as pessoas, têm direito a falar e a manifestar as suas opiniões. Se a lei da rolha chegasse a esse ponto, ela própria já tinha boca rolhada há muitos anos. E ainda ninguém pediu, no seu partido, para a mandarem calar. E, por vezes, já tem falado sem muito tino, sem que alguém a acusasse de estar a manipular fosse lá quem fosse. Toda a gente tem o direito de falar. Mas, por vezes, é bem verdade que quem fala demais, bem melhor seria que estivesse calado.

26 Set, 2016

Cadelas e cães

 

‘É inacreditável que hoje se passeiem mais os cães do que as crianças’. Respiguei estas palavras de um artigo do DN. Concordo plenamente com a afirmação e acho inacreditável que os cães e as cadelas beneficiem de uma estúpida tolerância anti-higiénica nos espaços públicos, concedendo aos donos e donas dos companheiros de passeio, uma impunidade que tresanda a intolerável porcaria.

Hoje há cadelas e cães a viver em promiscuidade com pessoas dentro de habitações exíguas, onde o canídeo tem de dormir na cozinha ou na casa de banho, se lhe não for permitido dormir no quarto ou quartos ocupados por pessoas. É evidente que o animal não tem o poder de contenção de líquidos e sólidos até ao dia seguinte, com acesso ao ar livre.

Os espaços verdes de muitas cidades são, hoje em dia, os locais privilegiados para passear os cãezinhos e os canzarrões de gente que nem se dá ao trabalho de os passear com a trela na sua devida função. Até parece que esses espaços verdes foram concebidos para essa disfunção, pois as crianças e os adultos, se pensarem duas vezes, nem lá põem os pés.

E há quem viva cercado de cães e cadelas por todos os lados. Eles ladram de dia e de noite em varandas de casas de avenidas, em quintais ou jardins que dão para a rua, assustando quem passa e tornando-se um verdadeiro suplício para quem vive ao redor dessas fontes de ruídos, sobretudo para pessoas idosas que têm problemas de saúde.

Claro que os animais não têm culpa de ter os donos que têm. Que, não raras vezes, os deixam fechados em casa por dias e noites seguidas quando têm de se ausentar sem os poderem levar com eles. Autêntica violência que contrasta com a apregoada dedicação que tanto apregoam quando falam dos seus ‘melhores amigos’.

No entanto, há leis e muitas recomendações sobre os direitos dos animais e sobre as obrigações de quem os acolhe. E há fiscais das câmaras municipais, freguesias, autoridades sanitárias e autoridades que vigiam os espaços públicos. Será que ninguém vê nada? Ou será que ninguém quer proteger quem precisa e vê a sua saúde permanentemente em risco?

21 Set, 2016

Passos e a nega

 

Uma nega é sempre uma coisa muito chata. Principalmente, depois de se ter feito um grande alarido ao feito que ia realizar. É dos livros. Sejam eles sobre sexo ou sobre as aventuras políticas de falhados que tentam recuperar aquilo que tão penosamente perderam.

Passos julgava que ia botar figura ao acompanhar um amigo, ou simplesmente um bom companheiro, num ato deplorável de que só se apercebeu depois de lhe lembrarem toda a sujeira que ia apadrinhar.

Ao que diz, tomou essa decisão depois de ler o livro e verificar o conteúdo que, afinal, não era o que ele pensava. E vai daí a razão da nega. Confirmação de que só dá uma nega quem não está preparado para fazer aquilo que teria muito gosto em fazer.

É verdade que, por vezes, se vai com tanta sede ao pote… e depois… sai uma arreliadora nega. Uma deceção para quem dá a nega e uma desilusão para quem estava à espera de obter um desempenho superior. Afinal, o desempenho que seria esperado de um bom cavalo e sai uma nega de sendeiro.  

Como diria o outro: é a vida! Mas, agora, parece que está tudo bem. O Coelho recuperou o bom senso e o Saraiva compreendeu a nega. Não há nada como fazer de conta que, no fim de contas, não aconteceu nada de especial. Todas as negas têm uma justificação. Mesmo as mais chatas.

 

Um tal de Gorje Jasus teima em mostrar ao país e ao mundo quanto de ridículo é o seu modo de pensar sobre os seus dotes, que não são mais que delírios, expressos numa linguagem tão especial que não encontra tradução senão no dicionário mental do seu chefe, Abrunho de Tarvalho.

Reconheço que há quem goste dos dois. Porque sei perfeitamente que eles não são únicos no universo dos que têm línguas especiais e especializadas em broncolinguites. O problema é que eles estão tão próximos um do outro, que não se nota a menor diferença entre eles.

Agora o que me faz muita confusão é o modo como eles são vistos por quem lhes segue os rastos, nos dias em que lhes elogiam à fartazana, os feitos e os defeitos, quando tudo lhes corre bem, e os desancam sem dó nem piedade, quando os excessos bocais regorgitam em dias de triste memória.

Obviamente que a diferença também está na língua da polítiquice, no masculino ou no feminino. Há os que cantam de galo quando deviam limitar-se à sua tarefa principal junto das galinhas, e os que deixam que as galinhas, tipo cristaspuras, lhes encham as penas daquilo que sai antes e depois do ovo.

Com cristaspuras destas, não admira que todo o galinheiro, ou o aviário, que lhes serve de residência, seja um enorme buseiral, do qual nem os poleiros mais elevados escapam ao contágio do chão malcheiroso e com tendências para constantes contaminações.

E a diferença não está nos ovos que a galinha mãe põe. A diferença está nas línguas de galinhas gémeas, algumas ainda arrebitadas frangas, para as quais não há galos que lhes piquem nas cristas. E os franganotes têm muita língua, mas na hora de picar falta-lhes a força da estocada final.

Podia falar da Mortedágua, da Catrina ou do avô Girolme. Mas o tempo escasseia e a inspiração falta. Porém, desses falam sem descanso os galos e as galinhas do aviário poluído. Do maior, aquele que não se aguentava uns dias sequer com tantas línguas a picar, já nem uns nem outros falam. Já lhes basta, a todos, entreterem-se a picar uns nos outros.

15 Set, 2016

Decoro

 

É mesmo brutal a falta de decoro da direita nas críticas a um imposto que ainda não se sabe em que moldes vai ser implantado. E digo que é falta de decoro porque não quero, de modo nenhum, pensar sequer que é ignorância na avaliação e no alcance desse imposto, caso venha a ver a luz do dia.

É que a direita devia saber que o atual governo está a tentar estabelecer um sistema justo de tributações, ao mesmo tempo que tem de restabelecer decoro nos desequilíbrios criados por essa mesma direita com os, esses sim, brutais aumentos de impostos nas classes média e baixa.

O governo precisa de dinheiro, sim, olha a maravilha!... Mas vai tirá-lo onde o há, para o repor onde a direita o sugou. Pelo contrário, a direita sugou-o das classes média e baixa, para o meter nos roubos dos bancos. E quem foram os que o roubaram ou dele se apoderaram?

Por exemplo, a camarilha do banco laranja, o BPN, onde se deu dinheiro aos milhões e juros de muitos milhares. A quem? São conhecidos por demais. Se o banco era laranja… A direita julga que o povinho é trouxa e já se esqueceu dos muitos nomes que vieram a público.

Nomes que foram aparecendo, mas logo desapareceram de circulação. Talvez seja por isso que nunca mais se calam com o Sócrates. Até parece que se olha apenas para o vago fumo dos rumores, deixando fora do alcance das vistas curtas, tudo o que se revelou mais que evidente.

Para a observação dos fumos não faltam milhões. Para revelar os meandros do conhecido, faltam meios de toda a ordem. Será que nunca mais se mete na ordem quem gera esta enorme vaga de desordem?

Esta direita de Passos, Cristas e companhia, já perdeu todo o decoro, pois todos eles são hoje mais que uma triste decoração de um país que pode e deve tomar um novo rumo. Porque o rumo e os ‘rumeiros’ que ainda provocam tantas saudades, ‘morreram’ de vez.

Bem podem os saudosistas inventar palhaçadas, desastres, catástrofes, falsas propagandas, indignas deturpações da verdade e vangloriarem-se da sua própria falta de decoro, que o país vai podendo escolher quais os interesses que convém implantar ou remover de vez.

12 Set, 2016

Quo vadis láparo

 

Para onde vais láparo, tão mal-acompanhado, tão fraco de pernas para fugir da triste sina de um filhote com quem já nem os coelhos verdadeiramente adultos se preocupam com as deambulações por veredas perigosas pejadas de atiradores implacáveis.

Até os mais altos conselheiros e orientadores estrangeiros se vão distanciando do caminho que o triste láparo escolheu no convencimento de que a sua sobrevivência está muito longe da normal integração na sociedade que evoluiu para rumos bem diferentes dos tomados pelo láparo errante.

Fora do forte domínio merkeliano que o láparo e os seus laparinhos inseparáveis ainda não renegaram, vê-se agora a braços com conspirações de muitos daqueles que fizeram dele um coelho crescido com pernas e cabecinha de láparo. Agora já todos os seus melhores conselheiros antigos são, para o láparo, um conjunto de traidores que lhe voltaram as costas. Porque estão todos errados. Porque só o láparo e companhia se mantêm no rumo certo.

Por cá, o bom amigo Goldman anda metido num reboliço que mal sabe como livrar-se da trapalhada em que se meteu. Logo, já não tem tempo para perder com o láparo. A D. Suópes, tal como o companheiro Goldman, também já não acerta uma das que ainda vai dizendo.

Depois, há aquele monte negro da assembleia que cada vez mais se revela como a mente negra do grupo. Em lugar de ajudar o láparo desorientado, parece querer evoluir para um coelho corpulento, mas com cabeça vazia que só apresenta orelhas a condizer com a grandeza que se atribui.

Contudo, o que mais está a faltar naquela coelheira sem ideias concretas de fuga com saltos coordenados para uma vida decente através de línguas lavadas e controladas, é a falta do companheiro e fiel amigo que até com os seus silêncios conseguia proteger toda aquela comunidade. Mas esse foi-se.

E o pobre láparo vai ficando cada vez mais só. Parece caminhar mesmo para o abandono, com a consequente solidão à vista. Será talvez o único que não conseguirá um convite monumental. Resta-lhe voltar aos braços daquele que foi o seu primeiro encosto profissional. Porém, até esse já terá dado sinais de que o tempo não anda para trás.    

Então, quo vadis coelhito?

 

Um coelho fora da toca em época de caça é um coelho sempre em risco de ser abatido. O Coelho fora do governo sente-se um desprotegido fora de S. Bento. E a morte política é uma sombra negra que persegue quem dali saiu inesperadamente, como que corrido a tiro por caçadores ávidos de pelo de caça.

E o maior sintoma de morte política é a falta de argumentos para combater o seu sucessor. O último que conheço diz que o Orçamento é da responsabilidade do governo e dos partidos que o apoiam. Que não venham pedir batatinhas à oposição, ou seja, tirem o cavalinho da chuva.

Não acredito que o PM Costa já tenha dado o mais pequeno sinal de que pensa recorrer à direita para darem uma ajudinha na aprovação do documento fundamental para a sobrevivência do governo. Estará Passos a olhar par o seu sósia do PP espanhol que não larga da mão o Pedro Sanches?

Ou estará Passos mais uma vez a sonhar com um cavalinho que venha tirá-lo da chuva de desilusões que lhe adensam a vida política? Pois, se não tem mais novidades que não sejam os cavalinhos e as chuvadas que lhe vão encharcando o corpo de suores frios, mal lhe vai a vida.

O mesmo se passa com a demarcação de Marcelo quanto às contas públicas. Diz ele que os dados que tem podem não ser tão completos como os do PR. Isso quer dizer simplesmente que anda mal informado e ao mesmo tempo que os seus colaboradores o não tiram da incompetência que sempre o acompanhou.

Enquanto for líder da oposição tem o direito e o dever de combater o governo para conseguir destroná-lo. Mas que o faça com a limpeza que se exige a quem quer governar. Ora essa limpeza continua cada vez menos visível em quem nunca a soube exibir em quase tudo o que fez.

Como se falou muito de justiça no dia de ontem, seria bom que a velha justiça, já apelidada de salazarenta, se voltasse tanto para a direita como o tem feito com a esquerda. Passos e Portas não são mais nem menos que outros, no escrutínio a que devem estar todos sujeitos sem exceção.

01 Set, 2016

Desesperados

 

Os espanhóis encontram-se à beira do desespero por não saberem encontrar uma saída para a crise governativa que governo e oposições teimam em não querer resolver.

Por aquilo que se vai lendo, até parece que a culpa vai inteirinha para os socialistas do PSOE que se recusam a dar a mão aos rajoyanos, preferindo dar-lhes com os pés de cada vez que lhe assobiam aos ouvidos.

Portanto, Pedro Sanches tinha ‘obrigação’ de deixar governar o corrupto, só porque ele não consegue formar maioria. Será que não se deve pensar que a culpa é do próprio Rajoy que a maioria dos espanhóis quer ver pelas costas?

É evidente que o PSOE não tem que ser caridoso com ninguém. O facto de não ter ganho as eleições é precisamente igual ao facto de os rajoyanos não conseguirem formar governo.

Daí que, logicamente, terá de ser o povo espanhol a resolver o imbróglio, votando as vezes que forem necessárias até que a maioria se decida a manifestar em definitivo a quem quer ver no poder.

Se a esquerda não se entende e a direita não tem força, tudo fica na mão dos eleitores. E os eleitores têm de compreender de vez que não são os socialistas que têm obrigação de resolver problemas que não são deles.  

Lá como cá, os socialistas têm a culpa de tudo. Também por cá, tiveram a culpa de Passos não ser hoje PM. Rajoyanos e pafianos têm o mesmo problema. As culpas nunca são deles. O poder tinha de ser propriedade exclusiva das suas hostes.

Depois, ainda hoje há os que dizem que é o derrotado Costa quem governa. Ou, como eles dizem, quem desgoverna. Chiça!!! Já é tempo de perceberem que tudo mudou. E nunca para pior. Portanto, conformem-se.