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afonsonunes

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27 Nov, 2016

Disfunções


Há dias ouvi falar de uma disfunção cognitiva temporária que deu aso a que fossem reveladas outras disfunções bem mais graves, até porque são permanentes. Ao menos aquela é temporária, podendo durar segundos, minutos ou anos. Elas não são todas iguais e os seus detentores são tão variados quanto elas.
Disfunções são coisas banais na vida política. Normalmente são entendidas como mimos aos adversários. Se estes forem mesmo inimigos figadais, então passam de mimos a ferroadas, ou até insultos mais ou menos soezes. No entanto, nem sempre geram aquela histeria coletiva com mulheres a esganiçarem-se como se perdessem a honra e homens furiosos como se lhes apertassem uma coisa que eu cá sei.
A esse propósito lembrei-me de outros episódios interessantes. Há quem não acredite em vacas que voam e daí fazerem um alarido insólito quando alguém põe uma no ar, com um toque de magia. Esquecem os incrédulos que tem sido frequente vermos vacas e vaquinhas a voar para outro lugar, enquanto outras ensaiam o ato de levantar voo de um momento para o outro. É o pão nosso de cada dia. Em política então, é um vê se te avias.
Volta não volta há alguém que lembra um político que começou por valer apenas um poucochinho. Isto é outra disfunção de quem tem mesmo o complexo de pequenez. Sobretudo, depois de esse poucochinho ter crescido tanto, que devia fazer corar de vergonha aqueles que não valem muito, nem pouco. Nem um poucochinho, pois não valem mesmo nada. Mais vale começar por baixo e chegar a ter valor reconhecido, que armar em fanfarrão permanente, sabichão e insubstituível, acabando depois num zero à esquerda.
Só mais uma disfunção, esta cognitiva e permanente. Alguém que desconheço criou uma geringonça. Outro alguém de quem me envergonho, encarregou-se de a publicitar com todo o desdém e veneno que sempre o caracterizou. Criador e propagandista julgaram ter descoberto a vergonha do século. E com ela, o fim de um nado morto, para quem logo encomendaram o funeral. Daí para cá foi um gozo e um achincalhar de pessoas melhores que eles. Hoje é reconhecido que essa geringonça está a mudar muita coisa má, de uma péssima herança. Diz-se que uma boa geringonça é melhor que uma má carroça, principalmente, se conduzida por maus carroceiros.

26 Nov, 2016

Em Castelo Branco


'Ò Castelo Branco, Ò Castelo Branco, mirando o cimo da serra', não foi esta música de Arlindo de Carvalho que Pedro Coelho foi cantar a esta cidade, no dia em que ´festejava' o seu primeiro aninho de líder da oposição.
Vá lá, vá lá, que ainda é lider de qualquer coisa, depois de ter sido líder do pior governo que Portugal já teve (a avaliação é da minha responsabilidade).
Em boa verdade não fui feliz nesses quatro anos, mesmo tendo em conta que a cantiga acima referida diz que 'quem nasceu lá, em Castelo Branco, não é feliz noutra terra'. A verdade é que eu não fui feliz em terra nenhuma nesses tais quatro anos de Coelho. E hoje, com Coelho em Castelo Branco a vender postas de pescada, pescada há muito tempo, senti-me infeliz só de pensar nele e no que ele ali veio dizer.
Um Coelho no 'coração da Beira' não é propriamente a prenda pré natalícia mais desejada pelos albicastrenses que veem que 'a azeitona já está preta' mas não gostam de quem vem para cá 'armar aos tordos'. Sobretudo, quem nem sequer tem jeito para armar a coisa nenhuma, muito menos para manusear armadilhas de muito mau gosto.
Por muitas vezes que Coelho venha a Castelo Branco, nunca aprenderá que aqui, é uma terra de gente que, na sua grande maioria, vive as suas canções, cantadas pelos seus filhos, com o tradicional espírito do coração da Beira, purificado pelos ares das serras e enrijado pelo granito que as rodeia.
É evidente que Coelho não é 'bem rijo e moreno' para se sentir feliz, nos dias de hoje, na sua terra, em qualquer terra, mesmo em Castelo Branco, onde hoje esbracejou mais que o normal. As duas mãos paralelas, não pararam. Para a esquerda, para a direita, ao centro, sempre paralelas, como se elas pudessem garantir a verdade das suas palavras quase massacradas.
Hoje, 26 de Novembro de 2016, comemora-se o primeiro ano da responsabilidade de um governo que ressuscitou a esperança dos portugueses num novo ciclo. Apesar de quem barafusta por ter de pensar que já lá vai um ano em que se viu arredado daquilo que tanto adorava. E, como ainda custa agora, lembrar esse ano maldito.
Da minha parte, com muita consideração, daqui lhe desejo que daqui a mais um ano, esteja tão feliz como esteve neste dia 26/11/16. E que não se esqueça de comemorar, mas comemorar de alma e coração.
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24 Nov, 2016

O Mário e a Maria

O Mário do António tem sido o gozo favorito de todos os que suspiram pela Maria do Pedro. Não sei se acham graça ao Mário pelo que ele diz, se é por aquilo que ele faz. Talvez até haja quem admire o seu ar calmo e sereno no meio das tempestades a que o associam, ou gostem do seu sorriso simpático de retribuição aos piropos foleiros com que o mimam.

Comparar o Mário do António com a Maria do Pedro é um caso muito complicado. Principalmente para mim, que adoro ver uma mulher altiva, senhora do seu nariz sempre levantado, que não sorri para toda a gente, exceto quando se encontra na alta roda europeia. Por cá, já lá vai o tempo em que ela julgava que dizia tudo bem e fazia tudo do melhor.

Ao fim e ao cabo, comparar o Mário com a Maria, é o mesmo que comparar o António com o Pedro. Ou, simplesmente, comparar o bom senso e o rigor do que se pode dizer e do que se pode fazer, com as tretas do desvario de quem nunca soube, e continua a não saber, o que deve dizer e o que pode fazer. Tanto a Maria como o Pedro são incomparáveis, até porque quem vê um, vê o outro.

Já o Mário e o António são muito diferentes um do outro. Principalmente na aparência e no modo como respondem às provocações dos profissionais da incompetência e dos troca tintas mais refinados. Mário é um mole contido. António é um duro e sabe responder à letra e no momento próprio. Mas ambos, sempre dentro do que prometeram e protegidos pela razão dos seus argumentos.

Como se isso não bastasse, há um, de Sousa, que, tendo enganado toda a gente, a uns pela positiva, a outros pela negativa, veio separar o trigo do joio, com a autoridade do seu estatuto superior, do seu prestígio e da sua popularidade.

20 Nov, 2016

A toque de Caixa

Estive quase, quase, a intitular estas linhas de - um contapé no tu - pois ser corrido a toque de Caixa, ou levar um contapé no tu, é quase, quase, a mesma coisa. Mas, em lugar de se correr com alguém, muita gente obviamente, isto anda tudo em marcha lenta, se é que não se vê a lentidão das marchas paradas.

O andamento está quase, quase, a atingir o desespero dos passados parados, que agora são os atuais apressados, que querem que tudo corra ao ritmo das suas tontas esperanças. Tudo tem de correr a toque de Caixa, daquela Caixa que eles andaram a tamborilar em silêncio, sempre a engonhar, de modo que ficasse com a pele intocável para a marcha.

Mas, o que eles na verdade merecem, é um forte contapé no tu, que os transporte para longe destas jogadas de maus perdedores e inúteis cidadãos, no desejado desenvolvimento do país que eles tanto atrasaram. Podiam e deviam saber esperar pela próxima oportunidade, pois nestas coisas de poder, nada é para durar sempre.

Entretato, podiam e deviam ir ajudando já a melhorar a herança que os seus sucessores vão receber quando esta fase terminar, seja a curto ou a longo prazo. Porém, nunca terminará do modo que eles querem. Porque os seus dislates são um forte incentivo para que dure o mais possível. Isto, é como na bola. Não há campeões para sempre.

O que eles queriam era interromper o campeonato do poder a meio. O que eles desejavam era continuar a ter um árbitro que se servia do apito para interromper jogadas legais e marcar os penáltis suficientes, até que os golos válidos lhes dessem as vitórias e os pontos que levassem os adversários a cair de desânimo, vergados pela força das injustiças.

Não se pode comparar reais ou aparentes coisas que correm mal, com coisas que artificialmente se empolam e se transformam em permanentes situações de conflitos que só prejudicam, interna e externamente, a imagem e os negócios do país e dos portugueses. Depois, os argumentos, não podem ser mentiras com rótulos de verdades.

19 Nov, 2016

Ou

 

A gramática dos políticos que também são politiqueiros e dos jornalistas que também são jornaleiros, anda muito por baixo. Julgava eu que essa gente tinha a obrigação de conhecer e interpretar corretamente o sentido das frases que determinam a expressão das notícias, desde as mais irrelevantes até às mais importantes na vida do país e dos portugueses.

Ou me engano muito, o que julgo não acontecer, e parece que não tem acontecido, ou o livrinho que define as regras da nossa língua, está a ficar inútil ou, pelo menos, perfeitamente dispensável. É que as calinadas e as broncas, ou passaram a ser as novas regras sem acordo, ou invadiram abusivamente a mioleira de muita gente ilustre, ou nem tanto.

É que, neste período novo da nossa adolescente democracia, ou demonstrações adultas de falta dela, estas duas letrinhas, ‘ou’, deixaram de ter importância literária, sendo primariamente suprimidas de textos ou declarações verbais de importantes instâncias do poder.

Ou então passamos para aquela etapa dos papagaios que se fartam de falar, mas não dizem coisa com coisa. Passo ao concreto. O Tribunal Constitucional deu um prazo à nova Administração Caixa Geral de Depósitos, para enviar as declarações de rendimentos, ou, repito, OU, contestar a obrigação de as apresentar.

E esse prazo, está longe de ter expirado. Portanto, até lá, ninguém pode, ou deve querer saber, aquilo que ainda não está decidido. Ou, que ainda não obrigou, nem os administradores, nem o governo, nem o TC, pois este, só depois de expirado o prazo de apresentação das declarações, ou julgar a validade da provável contestação, poderá agir definitivamente.

Ora aí está um ‘ou’ que faz toda a diferença. E que a sua eliminação do vocabulário utilizado pelo TC, dá toda esta barafunda verbal de gente que anda atrás de outros fantasmas, ou sensacionalismos que não interessam nem ao diabo, ou aos diabos.  

Ou agora, o governo e os governantes têm a obrigação de informar antecipadamente os ‘curiosos opositores’, daquilo que ainda não está decidido? A AR tem por missão fiscalizar o governo, mas não tem por missão forçar o governo a falar antes do tempo. Independentemente de pensarem o que vai ser bem ou mal decidido. Fiscaliza-se o que está feito e não o que ainda se não conhece.

Portanto, como diz o PR, esperem… A seu tempo se saberá. Mas esperem com paciência e não com ansiedades doentias. E lembrem-se no que deram tantas outras ansiedades catastróficas que deram no que se sabe.  

10 Nov, 2016

Oh Dona!...

 

É verdade, Dona, para si, uma boa notícia, era Bruxelas descarregar uma desgraça sobre o país, por via de um golpe fatal sobre o governo em funções. Uma desgraça daquelas que a Dona, o seu chefe, amigos e comparsas, tanto anunciaram ao longo deste ano de novo governo.

É verdade que nem a desgraça de dois orçamentos pré chumbados, que nem a desgraça falhada de um pré retificativo, nem a desgraça de um país em permanente eminência de nova bancarrota e de novo resgate, nem a desgraça de não se concretizar um clamoroso desastre nas contas do estado, pior ainda que as suas contas, Dona, nada disso, de desgraças aconteceram ainda.

Mas a Dona insiste em dizer que uma boa notícia para o primeiro ministro Costa, é não haver uma desgraça. Não sei se o primeiro ministro lhe respondeu ou se vai responder-lhe. Eu diria que a Dona tem a cabeça cheia de desgraças que, desesperadamente, continuam em lista de espera para ver se chegam a acontecer. Depois, de vez em quando, tenta soltar uma.

Costa já disse, por outras palavras, que não há meio de o diabo lhe cair em cima, apesar de tantas vezes chamado de urgência. Mas, até o diabo parece não querer nada com tal gente, que quer é metê-lo em sarilhos. É que, até o diabo sabe distinguir quem pretende colocá-lo em apuros, descredibilizando as suas intervenções. Depois, o diabo, cai em cima de quem anda sempre à espera de um mal-intencionado favorzinho seu.

Olhe, Dona, não lhe digo para meter a viola no saco, porque podia dar a sensação de que o seu tocar a rebate me incomodaria. Mas está enganada, Dona. Eu e muitos mais portugueses, sabemos que nada há de melhor para estragar a música, que ouvir violas desafinadas. E assim, a pouco e pouco, até os seus fiéis ouvintes vão evitando os seus toques, com os ouvidos entupidos de atropelos ruidosos.

Oh Dona, está visto que já nem o diabo do alemão a pode salvar, apesar do seu poderio e da sua predileção pelas mesmas desgraças que tanto dão que pensar a ambos. Pelo menos por estes tempos mais próximos.

01 Nov, 2016

As contas dele

 

As únicas contas que ele sempre soube fazer, foram as contas de sumir. E contas de muitos números que lhe saíram sempre erradas. Como exemplo, ele nunca acertou sequer nas contas do que devia pagar ao fisco. E também não acertou nas contas de quanto devia repor, quando se detetou a falta.

Durante quatro longos anos nunca soube o que era acertar nas contas dos quatro orçamentos. Tudo lhe saiu sempre fora do controlo da prova dos nove. Tal como os muitos retificativos. Eis um perito em errar contas. Ele a miss swapeira. O que quer dizer que, com perita suplementar, as contas nunca deram certas.

Hoje, ambos falam com uma certeza de números, que dizem afundar o presente orçamento em discussão, garantindo que as contas do governo estão erradas. Tal garantia funciona, obviamente, como certeza de que as suas contas, desta vez, não estão erradas. Para eles, claro. Para a generalidade dos portugueses, quem errou todos os seus, durante quatro anos, é sinal de que já estudaram o suficiente para se reabilitar.

No entanto, há quem acredite que quem demorou tantos anos a concluir os seus estudos, é pouco provável que, em poucos meses, já tenha conseguido evitar errar as suas contas mais complicadas. E sobretudo, conseguir detetar erros nas contas de quem está habituado a acertá-las.

Porém, quem parece não acreditar em tamanha virtude, são os seus companheiros mais argutos, pois já corre por aí, que o Rio está a subir e o Coelho a descer. Já há quem tema enxurrada lá para os lados da S. Caetano à Lapa. Mas o Coelho, dentro da sua toca, está realmente agarrado àquilo como uma lapa.

Quem sempre primou por fazer bem as contas de sumir, não estará agora a fazer conta de se sumir com toda aquela humildade que nunca teve. Ao que parece, ele nunca gostou de ter aquilo que mais falta lhe fazia. Daí que preferirá ser arrastado da toca pela a enxurrada do Rio.

Porém, como péssimo líder da oposição, está a cometer mais um erro na sua contabilidade eleitoral. A sua permanência na Lapa é a melhor garantia de continuidade daquele que o destituiu. Rio será, ou seria, a grande ameaça para o regresso da Lapa à Baixa do poder.