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afonsonunes

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Augusto Santos Silva comparou as discussões na Concertação Social a um mercado de gado. Obviamente que não é uma comparação feliz. Mas, o país está tão habituado a toda a espécie de desmandos verbais que nada já surpreende ninguém.
Num mercado de gado há compradores e vendedores. Há quem peça demais e quem ofereça de menos pelo gado exposto. Parece que os compradores se sentiram muito ofendidos, como se só eles estivessem nesse mercado.
Na verdade, também lá estão os vendedores e, claro, o respetivo gado. Se o gado não tem capacidade para se pronunciar, também não se sente ofendido com o que dizem dele. Já os vendedores são gente como os compradores e nem repararam na comparação.
Afinal, no mercado de gado, como na Concertação Social, há gente com maneiras e educação, e há gente que não tem uma coisa nem outra. Os pedidos e as ofertas são, tantas vezes, tão estupidamente irrealistas que até o gado se arrepia todo, de pelo em riste, com tanta falta de decoro.
A propósito disso, quem passa a vida a chamar geringonça ao governo legítimo do país, também devia ser, no mínimo, censurado por falta de respeito a pessoas que, pelos cargos que exercem, a ele têm direito. E se esse direito não lhe é reconhecido, ao menos, por uma questão de educação.
Vamos supor que o governo, ou a geringonça, usando do direito de resposta, resolvia apelidar de bestas aqueles que andam atrelados à traseira dessa geringonça (que até anda e funciona bem) enquanto vão gritando entusiasticamente, o seu gozo por ter deixado a sua empenada carroça, para estar ali a tentar puxar para trás.
Os homens da geringonça, pelo contrário, até se sentem muito felizes por ter conseguido prescindir dos carroceiros e até deixar que eles tentem servir de travão a um veículo que eles julgavam muito pior que a carroça que eles arrastavam a muito custo. Coisas...
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26 Dez, 2016

Prendas


Há uma evidente frustração nas camadas pretensamente mais conhecedoras e esclarecidas do país, só porque se passou este Natal de todas as esperanças, sem que nos sapatões desses sábios aparecesse a tão desejada prenda da queda fatal dessa coisa a que generosamente chamaram de geringonça.

Esses gorduchos e anafados portugueses têm como referências as duas maiores e melhores prendas que podiam salvar-nos das misérias e desgraças que nos abrasaram desde o início do corrente ano. Nada mais, nada menos que o ainda líder do PSD e a agora líder do CDS.

Mas que prendas! Dois autênticos desejados que, com tanta pena e arrependimento, o nosso infeliz povinho deixou cair na triste condição de nada poderem fazer para que Costa e companhia fossem dar uma volta até uma qualquer parte incerta. Com viagem sem qualquer possibilidade de regresso.

O país não merecia tão pesado castigo dos deuses desconhecidos. Junto dos quais nem sequer há a possibilidade de uma reclamação. Mesmo sendo ela justíssima e mais que fundamentada. Como o comprova o facto de Costa e companhia estarem a destroçar, com laivos de selvajaria, tudo o que foi concebido e abençoado nos fecundos quatro anos de salvação nacional.

Obviamente que esta terrível coisa que está a acontecer no presente, vai ter como consequência o brutal e mais que merecido castigo pelas maldades, sem qualificação, infligidas aos infelizes desprotegidos cidadãos que estão a sentir na pele esta desastrada e maldosa mudança que os atingiu.

O dia das habituais prendas natalícias já lá vai. E quanto às prendas mais que desejadas, nada feito. Ficam, no entanto, a cumprir as suas palavrosas e animadoras missões, as mais belas prendas que o país mais precisa: um coelho esfolado e umas arrebitadas cristas de galinha choca.

 
Do Oriente até Belém com uma estrelinha muito brilhante a servir de GPS, os três Reis Magos, sábios e divinamente inspirados, vieram adorar o Menino e, provavelmente, afastar dele o Diabo que, já nesse tempo, fazia das suas, sempre que podia.
Claro que nessa altura ainda não podia derrubar reis, e muito menos governos. Agora, o nosso pagem Coelho suspira a todo o momento por esse milagre que está difícil. Não se sabe de onde lhe vem a inspiração, mas dos reis é que não vem.
Porque Baltasar (o rei de Deus) não tem paciência para pagens. Melchior (para quem o rei é luz) nunca gastaria o seu tempo a olhar para um pagem na escuridão. Gaspar (o inspetor) ficou farto de pagens e pirou-se para bem longe deles.
O nosso pagem Coelho tudo fez para que o Diabo viesse em Setembro, tarefa que tanto sucesso lhe deu quando se tornou pagem do rei Aníbal, Mas o reinado deste terminou e com ele o pagem não tardou em ir à vida.
Agora, à beira do presépio, o pagem espera pelos três Reis Magos. Não sei se ele os imagina magros ou gordos. Mas vê neles três carregamentos de mirra (pureza), ouro (realeza) e incenso (fé).
De tudo isso o nosso pagem precisa, muito mais que de pão para a boca. Sobretudo de mirra, visto que de ouro ainda vai conseguindo que os amigos lhe deem umas pepitas. Quanto a incenso, as suas necessidades são menores já que ele tem a sua fé. Porém, até o Diabo terá a sua.
O nosso pagem, enfiado entre o Diabo e os três Reis Magos, de tanto esperar pelas suas imaginárias aparições, já confunde os trajos luxuosos e reluzentes da realza com a vestimenta rafada do mafarrico.
Nesta época natalícia, cujo espírito é de paz e concórdia, o Diabo deve ter-se sentido mal com estes ares de guerra e falsas professias. Daí que tenha emigrado para paragens mais propícias às suas conveniências bélicas.
E o nosso ansioso pagem Coelho talvez tenha perdido uma boa oportunidade de seguir os passos do seu querido guerreiro Diabo, deixando para os portugueses a companhia pacífica dos três Reis Magos.

12 Dez, 2016

Brincamos ó quê?


Hoje foi um dia levado da breca, na medida em que o homem que se recusou a gerir um pântano que lhe entregaram acabadinho de se mostrar aos portugueses, chegou hoje ao topo da hierarquia mundial, consolado por aplausos e elogios de todos os lados do planeta.
Sabe-se que a sua humildade e formação não lhe permitiam fazer alarde de regozijos ou manifestações de sobranceria para com todos aqueles que sempre lhe desvalorizaram os seus conhecimentos e qualidades pretendendo que, vindo de onde vinha, nada mais que incompetência se poderia esperar.
Mas, quem chega ali, depois de ter mostrado todo o seu valor em todo o seu percurso político, não tem sequer que pensar em quem só mostrou sempre aquelas raivinhas de adeptos da mesquinhez partidária. Nessas guerras há sempre vencedores e vencidos. E os vencidos desta guerra que lhe moveram deviam estar hoje de cara tapada de vergonha.
Disse hoje esse grande português, que nas guerras de hoje, não há vencedores nem vencidos, mas sim, apenas e só, perdedores. É verdade. Até nas pequenas guerras internas, pequenas por comparação com aquelas a que ele se referia, é o país inteiro que anda a perder há muito tempo.
E perde o país inteiro porque enquanto houver um português sem pão, os restantes portugueses deviam sentir vergonha de que tal ainda seja possível acontecer. Tanto pior, quando é uma grande percentagem dos portugueses que são ignorados por todos aqueles que os privam de ter uma vida digna e decente.
Portugal tem hoje três grandes personalidades, uma a tentar virar os destinos do mundo, agora em constante degradação, e duas a tentar inverter as consequências de catástrofes nacionais, das quais o país vai demorar muitos anos a recuperar.
Tantos mais anos, quanto mais as muitas tristes personalidades insistirem na grande mentira de que não é por este caminho que o país sairá do pântano em que o meteram. Já houve quem tenha tentado inverter essa derrocada. Mas sem êxito. Porque o poder do dinheiro e o poder da propaganda massiva o impediram.
Estamos no decurso de mais uma tentativa séria de lutar contra todos aqueles que não querem que nada mude. Porque preferem que o país esteja quanto pior, melhor para eles, e um inferno para todos aqueles que não têm nada para se defender, nem ninguém que os possa ou queira defender.
Isto não é uma brincadeira. Nem tão pouco um jogo. É uma guerra onde se mata e se morre cada vez mais. É por isso que se justifica que se ajudem os nossos três grandes homens que na atualidade tudo fazem para libertar o país de todos aqueles que andam a brincar connosco.


Ainda bem que Marcelo é amigo de Costa e ainda bem que Marcelo não é amigo de Passos. Se calhar é porque Costa não tem amuos com Marcelo e também porque Passos anda farto de fazer elogios a Marcelo.
Porém, Passos tem uma maneira muito peculiar de fazer elogios a Marcelo. Como é o caso de ter dito que, ainda bem que Marcelo não é presidente do PSD. Senão, lá teria Passos de ser presidente de uma qualquer república, por exemplo, a república dos bananas.
É que Passos nunca poderia ficar atrás de Costa, mas gostaria de ser muito amigo dele, desde que o tivesse como seu adjunto. Tenho cá para mim que Passos ainda sonha em ser presidente da Caixa, tendo Costa como seu secretário.
Nesse caso, Maria Luis teria de contentar-se com um lugarzito de balconista, tendo Centeno como chefe da contabilidade. Passos passaria o seu precioso tempo a distribuir sorrisos por todo o seu pessoal, enquanto a Caixa seria o mais belo lugar do mundo para se mostrar.
Nada que se comparasse com a atual Caixa, onde Costa teve a infeliz ideia de não ter tido em consideração a categoria, a competência e o excesso de vergonha do competente e inimitável Passos.
No mínimo, o que vai acontecer, é que a Caixa virá mesmo a ser propriedade privada. Mesmo. Com mais Costa menos Centeno, com menos Passos e muito menos Maria Luis.
Certo, certo, é que Passos ainda virá a transformar em mimos e elogios, todos os arrotos que tem libertado contra Costa. O mesmo acontecerá a Maria Luis em relação a Centeno.
Portugal será então a república dos amigos e dos elogios. Amuos, nunca mais. Esta república de hoje, dos inimigos, dos obscenos e dos sem vergonha, tem os dias contados.
Sobretudo, porque Marcelo, não tolerará nada que não se resolva com afectos, com beijinhos e com abraços. E não estará longe o dia em que Catarina conquistará Jerónimo e ambos se juntarão ainda mais a Costa, que correrão para os braços de Passos e Maria Luis, para que aonteça o consenso geral à volta do mais que consensual Marcelo.

04 Dez, 2016

É só uma cunha


Quase todos os dias oiço dizer que os amigos são para as ocasiões. E muito raras vezes terá havido ocasões mais propícias para que um verdadeiro amigo, faça pelo seu amigo, tudo o que for preciso para lhe mostrar o seu reconhecimento, além de carimbar o selo da amizade entre ambos.
O Pedro vive um daqueles momentos mais que chatos, mais desesperados até, que precisa mesmo de quem lhe valha urgentemente, sob pena de que o seu estado caminhe para um destino sem retorno. Parece-me pois, que só o seu amigo Paulo lhe pode valer nesta afronta que lhe rouba o sorriso e lhe dá um nervosismo super preocupante.
O Paulo disfruta agora de um lugar privilegiado numa grande construtora que costuma acolher grandes figuras do país. Não para trabalhar, mas para ensinar a não fazer nada. Portanto, o Paulo, está no lugar certo para chamar o Pedro para junto de si. Talvez para seu vice. Seria uma retribuição mais que justa de uma outra boa ação do Pedro.
Porém, por circunstâncias diversas, nem sempre se pode compensar tudo na justa medida. Assim, para o Pedro já seria bem bom se o Paulo lhe arranjasse um trabalhinho suave, do tipo daqueles cargos em que se fala muito mas não se sua absolutamente nada. Por exemplo, encarregado de obras, ou criador de projetos que evitem colapsos da empresa.
Há lugares em que o Paulo nunca colocaria o Pedro. Na área financeira onde tivesse que lidar com os impostos dos trabalhadores, ou na área da elaboração de orçamentos. Já para não falar na tesouraria, pois a empresa corria o risco de ver voar todo o conteúdo dos cofres para os amigos e companheiros.
Obviamente que o Paulo nunca beneficiou nada disso enquanto esteve com o Pedro no passado. Mas viu como se foge do fisco, como os amigos se amanharam e como todos os orçamentos falharam. Daí que todo o seu interesse em ajudar o Pedro nesta emergência, esteja sujeito a restrições de vária ordem.
Contudo, também não ofereceria ao Pedro um lugar em que tivesse de trabalhar de sol a sol, de pá e picareta em punho, ou de picareta pneumática de auscultadores e capacete protetores dos ouvidos e da cabeça, esburacando por todo o lado. O Paulo sabe perfeitamente que nunca lhe foi dado semelhante trabalho.
Mas, quando a amizade é muita e muito forte, quase sempre basta uma simples cunha para alguém lá de cima. E nisso, o Paulo é exímio. Daí que o Pedro, se assim o desejar, o Paulo lá terá qualquer coisa para lhe oferecer. Mas terá de ser rápido. A situação é gravíssima.