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afonsonunes

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30 Mai, 2017

Coelho bravo


Não sei bem se hei-de dizer que o coelho anda bravo, ou se ele é realmente bravo. Pode até acontecer que o coelho seja manso mas, agora, ande ocasionalmente a fazer o papel de coelho bravo.
Durante um longo período em que até era bastante acossado, nunca se lhe viu tanta bravura. Antes nos aparecia como um coelho manso, com ares de uma candura extrema, até para quem o queria caçar.
Agora, de cada vez que sai da toca, na verdade com menos frequência, parece mesmo um coelho selvagem, agitando muito as orelhas e utilizando sempre as quatro patinhas para reforçar a sua linguagem agressiva.
Por norma, os coelhos jogam à defesa, principalmente quando pressentem caçadores que disparam contra tudo o que mexe. Este coelho não é assim. Tem mesmo um procedimento algo anormal.
Perante a ameaça do caçador e da sua espingarda, desata a insultá-lo com a sua sua voz alterada e ameaçadora, julgando que assim, desvia o perigo de ser atingido. Sem êxito, claro.
Porque acaba por chamar a atenção de muitos outros caçadores distraídos que lhe começam a atirar sem dó nem piedade. Qualquer coelho normal, com bom senso normal, devia ter o cuidado de não enfrentar armas que ele próprio não tem.
Obviamente que um coelho não devia preocupar-se apenas com as coisas que diariamente diz do caçador. Devia sim, dizer todos os dias, que é coelho para sair da toca e mostrar que tem mais astúcia que qualquer caçador.
Que é como quem diz, que o caçador morreria à fome se esperasse, sem êxito, ver o coelho esfolado e prestes a entrar no tacho da sua cozinha. Um coelho inteligente, pensa em si, na sua defesa e não apenas em fazer guerra, desarmado, a quem tem a espingarda na mão.
Com a agravante de que o caçador já mostrou que tem pontaria, enquanto o coelho ainda não percebeu que nem jeito tem para se desviar do chumbo do inimigo. Assim, o coelho nem devia sair da toca. E ser tão manso quanto já o fora na sua coutada.

25 Mai, 2017

Ponderações


O ilustre e muito dotado presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, acaba de me surpreender vivamente pela inteligentísima ideia de estar já a ponderar a hipótese de, lá para daqui a um ano, se não ganhar o campeonato, abandonar o cargo que, com tanto denodo e empenho, o tem levado aos píncaros da fama.

Para já, deu o primeiro passo ao conseguir que Jorge Jesus continue a acompanhá-lo na difícil missão que ambos têm pela frente. Isto porque o presidente do Porto, Pinto da Costa, não conseguiu, em negócio de amigos, roubar-lhe o único homem em que ambos confiam para acabar com o jejum de títulos.

Logo, para já, o presidente verde ponderou e ganhou, enquanto o presidente azul, agiu sem ponderar e perdeu. É um facto que ambos andam nitidamente, mas desesperadamente, â procura de uma vitoriazinha para acabar com as tristes ponderações. Ambos podiam ter-se esforçado por levar o Vitória do Benfica.

Obviamente que Bruno de Carvalho está agora a ponderar o que sabe que, normalmente, não vai fazer daqui a um ano, mesmo que a tal vitória à condição não aconteça. Já Pinto da Costa, que não aprecia ponderações, tem o bom gosto de decidir tudo, não agora, mas já. Que o diga o seu Espírito Santo, assanhado portista.

Esta coisa das ponderações está a dominar o país e o mundo. Até porque o mundo pondera se deve ou não seguir os bons exemplos de Portugal. Marcelo pondera não meter-se no futebol, pois já tem muitas ponderações a ocupar-lhe o tempo. Daí que também ainda não esteja a ponderar se nunca mais apoiará o PSD.

Costa e Centeno também ainda não estão a ponderar o que vão fazer quando deixarem o governo. É óbvio que não tardarão a tomar conta da Europa, quiçá do mundo para, com Guterres, formarem o trio que dará a Portugal, a medalha da conquista da paz, da segurança e da prosperidade em todo o planeta.

Já um outro trio, envolto numa áurea quase igual à do trio oposto, Coelho, Maria Luís e Shauble, vão concluir as suas extraordinárias vocações, em missões de voluntariado na assistência a todas as pessoas carenciadas de tudo o que é essencial para uma vida decente. Eles sabem do assunto. E já ponderaram o suficiente.

Marques Mendes é outro dos ídolos nacionais em profunda ponderação. Está agora a ponderar como e quando vai passar a fazer com que as suas intervenções tenham um cheirinho a verdade. E que a sua vidinha na SIC não seja prejudicada por essa mudança, que é bem capaz de ser vencedora de um globinho de ouro entregue pela Bárbara.

Finalmente, e já não é sem tempo, estou a ponderar acabar com esta tralha, dizendo que Dilma, Lula e Sócrates estão a ponderar sobre a melhor maneira de meter Temer, Trump e Alexandre naquele lugar onde não se aprende nada, mas se ensina muita coisa.

18 Mai, 2017

Jericos


Apesar de, nos tempos que decorrem, não ser muito frequente ouvir falar de jericos, eles existem e, segundo o meu olhar um tanto desfocado para muitos, eles passeiam-se por aí e falam que nem os mais ilustres da sua asinina raça.

Quando digo que eles, os jericos, falam, estou a ser um bocadinho compreensivo, talvez até tolerante, ou mesmo benevolente, com a maneira como se expressam, pois, em boa verdade, os jericos zurram, e de que maneira, por mais que se queiram comparar a gente, ou a outros animais, tipo cães de caça, ou coelhos de coutada.

E o país foi assim durante o tempo deles. Dos jericos cães de caça a tudo o que lhes enchia a mente e o desejo de lhe deitar a mão. Dos jericos caçadores que atiraram a tudo o que mexia. Dos jericos mexeriqueiros que transformaram as verdades em pós mentiras. Dos jericos que ainda agora, quais apóstolos da desgraça, ou diabos dos infernos, não vislumbram a realidade que se lhes atravessa entre as pálpebras semi cerradas.

E foi assim que o país se transformou numa coutada onde o coelho foi rei e senhor. Coutada onde os jericos zurraram alto para se ouvir no exterior e as vacas deram leite para toda a coutada. Lá fora, até as pessoas eram caçadas por todos e todas as espécies da jericada altiva, arrogante e dominadora.

Agora, quase diariamente, ou melhor, quase a todas a horas do dia, anda por aí um jerico coelho em todos os noticiários, zurrando asneira pegada, fazendo comparações nas quais deixa bem patente a sua natureza de espécimen indistinto dentro de qualquer das raças em que pretendamos incluí-lo.

Zurra contra aqueles que apelida de socretinos, com Sócrates ou sem Sócrates, como se um exemplar de jerico, com parecenças com coelho, mas querendo parecer Pedro, o apóstolo, chegasse aos calcanhares daqueles que tenta caçar, depois de já estar a exalar os últimos suspiros à entrada da sua toca.

Tal qual os jericos que não se cansam de falar na geringonça, ou gerigonça, muito a fazer lembrar quanto mais vale uma geringonça que não aparenta dar sinais de escangalhar-se, antes tem demonstrado quanto funciona bem melhor que todas as noras puxadas pelos jericos que, em lugar de fazerem chegar a água ao país, só conseguiram mostrar o deserto das suas medidas estruturais, com o país e as pessoas em seca extrema.

Agora, em lugar do Pedro e da Teodora, há o António que fala do que sabe. Em lugar da Maria errática e shaubliana, há o Mário que tem sotaque português e ideias rumo a um futuro com esperança.

Porque, agora, já não se pensa que o futuro só começará a sorrir daqui a algumas décadas. Agora, já há quem pense que o futuro já começou: agora.

Os jericos tinham o seu próprio futuro garantido. Da forma que tem vindo a ser revelada quase diariamente: fraudes, gestores ruinosos, bancos 'assaltados'. Numa palavra, corruptos.

O futuro, será apenas quando o país se libertar da cambada que o dirigiu e o roubou durante o longo passado. E não só de quem os piores nos querem fazer crer.

12 Mai, 2017

Liga não lliga


Diz que já nada o liga ao Sporting. Isto, para quem andou tanto tempo a dizer que sonhava ser campeão pelo clube do seu coração, é verdadeiramente uma escandaleira. Mas que amores serão eses tão voláteis que, um dia se trocam por milhões, e no outro dia, voltam a estar em leilão para se trocar de amor.

Falo obviamente de JJ o tal que deixou a Luz para se meter na sombra de Alvalade. Na Luz, apesar das vitórias sem brilho, começou a ser contestado pela sua linguagem de craque que nunca conseguiu ser. De Alvalade vieram promessas de muitos milhões. Mais pelo prazer o roubar, que por muito acreditar nele.

Na Luz, houve muitos que suspiraram de alívio ao vê-lo de costas. Em Alvalade festejou-se o desejado roubo. E já lá vão dois anos de insucesso para um treinador que nem sequer se considerava colega dum sujeito que o substituira na Luz. Sujeito esse que o superou nos dois anos que já lá vão. Independentemente do resultado das duas últimas jornadas da época atual.

Porém, esse desabafo de que já nada o liga ao seu atual clube, o Sporting, cá para mim, significa que já deve ter algum amor muito antigo, com probabilidades fortes de ser concretizado. E esse sonho chama-se dragão. JJ nunca escondeu, mesmo enquanto esteve no Benfica, o seu bom relacionamento com Pinto da Costa. E daí que fosse muitas vezes acusado de alguma colaboração obscura.

No Dragão, Nuno Espírito Santo não vive dias muito felizes, sendo já muitas as vozes que lhe apontam outros destinos. JJ já viu o seu grande ídolo, Bruno, exigir resultados e não desculpas. E o resultado destes dois fatores, é uma saída de Alvalade e uma muito provável ida para o Dragão, quem sabe, já a bailar na ideia de ambos os possíveis interessados.

Não me surprenderá que no dia 13 de Maio, com o Papa Francisco em Portugal e em Fátima, o papa do norte e o 'cagão' do sul, se entendam, para que se realize o milagre do apagão do rival da segunda circular. Entretanto,não faltarão velas acesas e orações fervorosas para que o Vitória de Guimarães converta o Vitória da Luz, na sua mais inesperada derrota de todos os tempos.


'Ser do Sporting não é dar desculpas, é vencer'. A frase não podia ser mais apropriada ao estado de espírito do presidente do clube de Alvalade. E ela revela bem o que tem sido a postura do seu autor.

A bonita frase parece ter sido um recado ao treinador Jorge Jesus, depois de uma derrota que deve ter doído muito a toda a comunidade leonina. Porém, quem mais tem dado desculpas para os fracassos é, precisamente, Bruno de Carvalho.

Ou, para dizer com mais apropriedade, ambos têm insistido nessa tecla da perseguição. Arbitragens, referências impróprias ao rival Benfica, especialmente ao seu presidente, queixas de meninos do coro, têm sido o pão nosso de cada dia.

Curiosamente, a derrota contra o Belenenses no último domingo, que teve foros de escandalosa, não teve queixas da arbitragem, nem foi atribuida a qualquer diatribe do vizinho da segunda circular. É caso para parafrasear Jesus, dizendo que o Belenenses pôs pedras no caminho dos leões.

Espírito Santo, treinador dos dragões e o homem que tem a pretensão de mais pressionar o Benfica antes dos jogos, quis que os líderes da Liga entrassem em segundo lugar no encontro com o Rio Ave. Enganou-se, pressionou tanto a sua própria equipa, que aumentou de três para cinco pontos o seu atraso. E também, desta vez, não se queixou da arbitragem... Estranhamente...

Este ente purificado com o nome de uma entidade santa e imaterial, deve ter-se esquecido completamente da finalidade da sua contratação. Que era, nem mais nem menos, olhar permanentemente para a sua equipa e levá-la a competir com equipas que lhe não compete dirigir, muito menos controlar.

Também se preocupou muito desde que ali assumiu funções, em proclamar como sua grande bandeira, ser o Dragão um reduto inatacável, uma base onde ninguém poderia conquistar pontos. Enganou-se, porque não existem redutos inconquistáveis. E foi exatamente, no Dragão, que aconteceram grandes surpresas.

Temos pois na primeira liga portuguesa, um Espírito Santo e um Jesus. À primeira vista, eles deviam dominar facilmente os outros, provavelmente ateus. E foi exatamente por aí que o Espírito Santo e o Jesus, com o seu rol de orações, não celestes, mas profanas, tentaram catequisar tudo e todos para as suas paróquias.

Porém, de fora desse meio sacro santo, apareceu um diabrete chamado Vitória. E mostrou que mais vale falar para os seus, que falar quase só e exclusivamente, dos seus adversários. Nem Deus deve ter gostado dessa postura. E o Vitória, tem somado vitórias, curtas, dizem alguns, mas vitórias, enquanto os que muito se benzem e rezam, lá vão ficando para trás, em caminhos que, dizem, lhes encheram de pedras... São calhaus, Senhor!

05 Mai, 2017

Vídeo árbitros


Desta vez é que o país vai entrar nos eixos. Obviamente por causa dos vídeo árbitros que já vêm a caminho, para já, para os jogos de futebol da primeira liga. E é bom que se comece pelo futebol, ou não fosse a bola o fator mais influente no comportamento dos portugueses.

Estou em crer que os doentinhos e os maluquinhos clubísticos, diferentes uns dos outros, lá irão descobrir novas maneiras de ver erros a prejudicar sempre os seus clubes. É natural. Mas quem é que acredita que haverá campeões limpinhos, sem ajudas, sem favores, sem pancadarias, sem vídeos viciados...

Sim, alguém acredita que nos estádios não mais haverá cadeiras partidas, insultos aos árbitros, assobios aos vídeos que, dirão, também serão comandados e manipulados por árbitros. Claro que os árbitros não são comandantes e manipuladores só porque gostam de o fazer. Quando o são, fazem-no a mando de alguém.

Portanto, agora parece que estão todos de acordo. Presidentes dos clubes, jogadores e adeptos. Vamos ver até quando. Até porque a opinião do árbitro de campo vai prevalecer sempre sobre a versão do vídeo árbitro. Daí que veja claramente que alguns presidentes continuem com a velha canção do bandido.

E a apresentar queixas de toda a ordem, armados nos maiores combatentes dos males de que eles são os maiores causadores. E, como até aqui, a incendiar as mentes dos adeptos com as suas verborreias vazias. E a levar quem manda nos órgãos do desporto, a ter motivos para mostrar o seu lado de plano inclinado.

Pois, mas na política também há árbitros e até um super árbitro. Lá virá o tempo em que o vídeo árbitro chegará a estas paragens. E, se ele for eficaz no futebol, pois, que venha ele para a política logo que seja testado na bola. É que aqui e ali, há muitos presidentes, há muitos jogadores e há muitos seguidores.

É evidente que na política há muito mais quem apite, com apitos muito mais diversificados, logo, com ruídos permanentes, gritos desesperados e ódios que não ficam atrás dos da bola, com menos cadeiras partidas, mas com mais contentores do lixo incendiados e com as ruas a servirem de estádios sem bancadas.

Só vejo um probleminha nesta inovação dos vídeo árbitros na política. Onde será mais urgente e mais conveniente a instalação desses equipamentos. Aqui, nunca seria possível obter a unanimidade desta inovação. E duvido muito que algum dos políticos permitisse sujeitar-se à presença de um vídeo árbitro no seu gabinete ou no seu partido.