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afonsonunes

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31 Jul, 2017

Até à morte


Estamos a entrar naquela fase em que tudo na vida tem de ser subordinado à disponibilidade de lutar até à morte por qualquer coisa considerada imprescindível para a própria sobrevivência.
Ainda que essa coisa seja também imprescindível para quem está do outro lado da barricada. Cria-se assim a necessidade de uma das partes ter de sujeitar-se à condição de imolado por justa causa.
Se não se puder vencer, morre-se. Este é o lema que cada vez mais se ouve em quem perdeu a noção de diálogo, de direitos e deveres recíprocos, da dignidade nas lutas e competições da vida.
Há dias, um jogador de futebol disse estar disposto a lutar até à morte pela sua equipa. Esta disponibilidade inclui certamente o uso da violência como um dos meios ao seu alcance para vencer.
Lutar até à morte significa que se despreza o princípio de que a vida é um bem supremo que deve deve ser preservado em quaisquer circunstâncias. A de quem vence e a de quem é vencido.
No desporto, costuma dizer-se, glória aos vencedores e honra aos vencidos. Ora, quem está disposto a lutar até à morte, só admite a sua vitória, esquecendo que o adversário pode ter mais valor.
Estas anormalidades são tanto mais graves por haver quem as estimule e quem as elogie. Normalmente, elas são fruto de frustrações passadas, de receios de que elas se mantenham.
Assiste-se assim a guerras surdas próprias de quem não sabe perder e quando essa desgraça lhes acontece repetidamente, pensam que há que lhes por fim, só porque não pode durar mais.
Vem aí mais uma época. O sinal está dado. A comunicação social já delira. Os clubes prometem ganhar tudo, por entre queixinhas e acusações aos adversários. E a coisa ainda não começou.


Segundo as crónicas dos crónicos que não desistem de arranjar argumentos para destabilizar a governação, os contadores de mortos são, ou foram, o primeiro-ministro António Costa e a ministra da Administração Interna Constança Urbano de Sousa.
Ora, Passos Coelho e Assunção Cristas, que tanto se têm preocupado com as contagens das vítimas de Pedrógão Grande, deviam meter mãos à obra e irem para o terreno fazer as suas contagens. Até porque devem ter por lá preciosos colaboradores.
São estes portanto os contadores de mortos mais credíveis e mais preparados para o fazer, até porque se lhes não reconhece qualquer atividade mais útil ao país, em termos de ideias e obras para que se resolvam rapidamente todos os males inerentes.
Poderiam assim fornecer a lista de mortos,com nomes, moradas, sexo e profissões de acordo com os seus gostos e curiosidades. E obviamente que não cometeriam o crime de desobediência quanto ao segredo de justiça, imposto pelo Ministério Público.
Nem tão pouco, tentariam forçar o primeiro-ministro a quebrar o segredo de justiça, talvez na esperança de que a PGR e o MP se vissem na obrigação de o prender preventivamente por desobediência à justiça. Não estava mal pensado, obviamente.
Tudo porque o país não tem mais nada em que pensar senão nas insuficiências que alegam na contagem de mortos, por parte das autoridades que as efetuaram. Que para Passos e Cristas tinha de ser o governo, forçosamente, para manter a única via de ataque.
Só assim conseguem manter ativo o folhetim das demissões, das incompetências, das irresponsabilidades, dos prazos de 24 horas, da apresentação de uma moção de censura ao governo, mesmo sabendo que de tudo isto apenas sairá o ridículo que já os cobre.
Entretanto, o país está a arder, com satisfações camufladamente contidas de alguns, talvez até com a ajuda de incendiários que não devem ter descanso, tal a sua incansável atividade. Pena é que não se dê, ou não se possa dar, prioridade absoluta a estas investigações.

21 Jul, 2017

Perplexidades


Em boa verdade estou mesmo perplexo. E o motivo, no meu razoável entender, é muito simples, óbvio e razoabilíssimo. Acabo de saber que reuniu hoje o Conselho de Estado e o Conselho Superior de Defesa Nacional e nos comunicados finais não vi quaisquer referências aos desastres da atuação dos membros do governo, das entidades intervenientes e responsáveis operacionais.
Não vi nenhuma referência a falta de lideranças, a incompetências, a preguiçosos no cumprimento de tarefas ou atrasos na tomada de medidas posteriores aos trágicos acontecimentos. Também não vi referências elogiosas a todos e todas que se esganiçaram a pedir demissões e condenações, além de quererem tudo resolvido e compensado, mesmo antes de se dominarem todas as chamas.
Também não ouvi qualquer referência nos comunicados dos Conselhos, aos acontecimentos de Tancos, que motivaram as mesmas reações dos mesmos inconsoláveis reclamantes. As minhas perplexidades têm a sua origem na contradição de dois fatores. Ou os Conselhos ignoraram as elevadíssimas preocupações dos reclamantes, ou entenderam que estes deviam ter estado caladinhos por irresponsabilidades várias e injustificadas.
Há ainda a possibilidade, que ainda não vi concretizada, de Passos e Cristas considerarem que os Conselhos são constituídos por pessoas menos esclarecidas que eles, para não dizer menos independentes ou inteligentes. Realmente, há gente que se julga acima de tudo e de todos quando se põe em bicos dos pés. Ou quando pôe a língua a varrer a boca de coisas que não consegue engolir.
É evidente que também há a possibilidade de os Conselhos terem demonstrado receios de que os partidos de direita amuassem e desencadeassem campanhas de difamação do tipo daquelas que fazem contra a geringonça e que tantos danos lhe têm causado. O país, aliás, corre o risco de sofrer grandes e gravosas perturbações, tal como acontecem por outras paragens do globo e para as quais não se vê solução, ainda que fique tudo devastado.

 
Vá lá que desta vez a senhora Coelho, candidata à Câmara Municipal de Lisboa, ao dizer que 'às vezes ouço pessoas que têm medo de contrariar o Partido Socialista', não disse que os portugueses têm medo de ser enganados pelo PS. Obviamente que teria de acrescentar, muito menos do que foram enganados pela 'coelhada'.
Vá lá que até foi muito comedida, tendo em conta que só ouviu pessoas, sem dizer quantas, quando estamos habituados a ouvir outras barbaridades bem piores, e envolvendo nelas todos os portugueses. E esta senhora Coelho até consegue superar a senhora Assunção, sua colega de competição na corrida à referida autarquia.
Não vou dizer que entre elas venha o diabo e escolha, porque o diabo já veio e não levou nenhuma delas. Não, não é para onde 'algumas pessoas' pode estar a pensar. O diabo não levou nenhuma delas para um sítio mais agradável que esta Lisboa de que elas não gostam por causa do PS.
Já o seu homónimo Coelho, seu patrão e admirador, disse que Costa é parecido com Trump. Está visto que, para coelhos, a linguagem utilizada quando se dirigem a quem não tem nada a ver com eles, em termos de seriedade e respeito que deve existir entre todas as pessoas e não apenas em 'algumas pessoas', é apenas um exercício de um vale tudo que só os classifica na perfeição.
Aliás, o partido a que pertencem ao mais alto nível que, por sinal, se situa muito abaixo do nível normal, conta com mais parceiros desse jaez. É evidente que no partido deles há muita gente que não é como eles. Mas, sempre me pareceu que quando o chefe de família não dá bons exemplos, a família fica contaminada.
É normal que os partidos lutem pelos seus ideais, com toda a firmeza, mas com armas decentes e argumentos sérios. Lutar assim, é apenas passear a língua pelas fontes onde a água limpa foi substituida por uma mistura de veneno e mentiras que só são aceites por quem se excita com espetáculos indecorosos.

11 Jul, 2017

Alô Presidente!


As questões que dizem respeito aos generais estão a ser tratadas com toda a celeridade como nunca antes o foram. Talvez seja tempo de tornar a justiça numa prioridade tão importante como aquelas que têm andado nas bocas do país, embora com muita futilidade e muita má fé, misturadas com a gravidade e seriedade que assuntos tão trágicos não podem deixar de merecer.
A justiça, o seu estado deplorável e as consequências para os cidadãos e para o país, bem merecem uma intervenção presidencial, já que é a única que garante autoridade e legitimidade para que todos os agentes sejam obrigados a sair dos casulos dos seus corporativismos,
Diz o povo que há quem só se lembre de Santa Bárbara quando faz trovoada. É verdade que cai o carmo e a trindade quando acontece qualquer coisa de muito grave. Nessas alturas, só o governo, a sua culpabilização, consegue mobilizar os chatos do costume. Aqueles que só clamam por demissões, com um chorrilho de argumentos mais que estúpidos.
Três secretários de estado foram à vida por suspeitas de favorecimento da Galp. A justiça não surpreendeu com a pressa agora, ou a falta dela, em tempo oportuno. Como o tem feito em tudo o que diz respeito a certas pessoas ou entidades. Não vou mais além, porque basta relembrar os acontecimentos que de há muito preocupam o país
Em contrapartida, Luís Montenegro, Hugo Soares e Luí Campos Ferreira, todos do PSD, foram ao euro 2016, tal como os três ex secretários de estado. São deputados de relevo no parlamento. E as suas viagens e estadias foram pagas por Joaquim Oliveira, da Sport TV. Que pertence ao Média Group.
Holding que é dona da Sport TV, do DN, da TSF, do JN e O Jogo. Na prática, a grande maioria da informação em Portugal. Pergunto-me se a justiça não podia encontrar aqui um conjunto de interesses em favorecer aqueles deputados com ofertas iguais às dos governantes.
Ou não será que daí se pode inferir que a comunicação social está em peso alinhada com as posições do PSD, justificando as prendas que a justiça não valoriza. Não será certamente por causa disso que as relações da justiça com a direita são preferencialmente relevantes em relação, por exemplo, ao PS e ao governo. E é evidente o seu relacionamento com os meios de comunicaão social, com prejuizo para os visados em processos mediáticos.
A justiça, como tem sido frequentemente referido, é um factor fundamental para a vida do país. Até com influência fortíssima nas relações do país com o exterior. É um factor de estabilidade na vida das pessoas. Hoje, há muita gente que não acredita na justiça, tal é a sua demora e a ambiguidade de alguns dos seus resultados.
A situação da justiça tem-se sentido cada vez mais encostada aos ricos e poderosos. Estes raramente são condenados ou, se o são, as penas são irrelevantes em relação a outras em que os condenados não encaixam naquele sector da sociedade.
E já não há diálogo ou decisão governamental que possa resolver este imbróglio. Daí que, tendo em conta que há muitas deficiências no regular funcionamento da justiça, só a intervenção do Presidente, com a sua habitual serenidade e a sua já habitual intervenção em outros campos, pode acabar com vícios antigos e interpretações dúbias do que compete a quem julga que pode tudo.

09 Jul, 2017

Imperdoável


O primeiro ministro de Portugal, que teve a ousadia de fazer uma semana de férias depois dos conhecidos acontecimentos trágicos, deve estar de regresso às suas funções normais.
Ouvi muitas críticas de tolos e tolas, no sentido de que era penoso ver o que andava Costa e outros a fazer, de colete laranja, no meio dos que acompanhavam, entre eles o PR, as ocorrências nos locais sinistrados.
Talvez fosse por isso que o governante tivesse deixado essa missão para quem o PR chamasse para o seu lado. Além disso, não há ninguém insubstutível. E Costa não é o único competente no país.
Toda a gente, no governo e na oposição, tem o seu substituto pronto a entrar em funções. As tarefas urgentes e inadiáveis não deixaram de seguir o seu caminho, com Costa ou sem Costa.
Mas, Costa está de regresso. Isto se não for impedido por qualquer exigência de última hora de Cristas e 'sus muchachos'. Estes sim, não podem ir de férias enquanto não virem os ministros fora e Costa a pedir-lhes desculpa por não lhes ter feito as vontades mais cedo.
O busílis da questão é que Costa tem muito mais que fazer e está a fazê-lo, com férias ou sem elas, enquanto Cristas e seus pares, andam numa crise de ocupação dos seus tempos que deviam ser de trabalho construtivo.
Assim, preenchem os seus tempos livres, que são muitos, a exigir o que mais ninguém pede, a pretender controlar e condicionar Costa e a deixar para trás os problemas que muito lhes dizem respeito, por lhes terem passado pelas mãos como gato sobre brasas.
Obviamente que Costa não pode exigir a demissão dos líderes partidários nem, certamente, de modo algum quereria tal missão. Mas o tempo responderá às mais que vinte cinco perguntas de Cristas a Costa.
Apesar de já respondidas, tanto quanto possível, Cristas insurge-se com o facto de essas respostas não estarem em conformidade com os seus desejos. Daí que já esteja a ameaçar com o derrube do governo.
Gente pequena nunca será capaz de pensar grande. Gente pequena devia, e podia, ter a noção da sua dimensão. Gente pequena não tem mesmo a noção do ridículo imperdoável em que se mete.


Para quem prometeu a vinda do diabo, esse diabo é agora o governo de António Costa. Portanto, o diabo não estava para vir, como fora prometido, mas já cá estava, desde o dia em que foi empossado pelo Presidente da República.
O diabo esteve à vista em várias ocasiões, entre elas, a elaboração de orçamentos de estado ou divergências, visíveis ou invisíveis, dentro da geringonça. Também, em declarações mais ou menos catastróficas de altos responsáveis da UE.
O diabo também esteve à vista quando já se previa um novo resgate e o regresso do país aos piores tempos da crise, para esses visionários do diabo, muito semelhante ao pior do que se vira na Grécia. Tudo descrito ao pormenor por bons especialistas.
Tudo diariamente vasculhado e rebuscado por noticiários que de há muito tempo não têm jornalistas, ou se os têm, são daqueles que só têm o nome, pois vão beber às fontes da mixórdia de investigações de compra e venda de sensacionalismos.
É realmente de pensar que o diabo tem andado à solta por entre acontecimentos que estamos longe de conhecer em pormenor. Mas os ansiosos pela vinda do diabo querem demissões, respostas a perguntas sobre o que ainda nem sequer está averiguado.
Obviamente que os ansiosos pela vinda do diabo, querem apenas e só, que lhes sejam dadas as respostas que lhes interessam e pelas quais anseiam. Tanto assim que propuseram uma comissão independente, mas não sabem esperar pelo seu trabalho.
Para mais, que começam a aparecer vários diabos metidos nestas andanças trágicas. A direita já escolheu o alvo do seu diabo. o governo, claro. A esquerda começa a vislumbrar um diabo escondido, que bem pode ser uma surpresa total.
O Presidente da República quer que se investigue tudo, doa a quem doer. Parece um lugar comum nesta altura, mas pode não ser. Investigar tudo, pode não ser investigar apenas um diabo, mas todos os diabos que andam à solta.
É fundamental descobrir quem fez e o quê, bem como quem mandou fazer, a todos os níveis. É que muitas vezes não é só o poder a mandar. O diabo, ou os diabos, têm muito poder, sobretudo para destruir. E o que temos visto e ouvido justifica a desconfiança.
De dentro das Forças Armadas sai já, com alguma insistência, por intermédio de vozes dentro do contexto, a possibilidade de haver muitas hipóteses entre as quais se pode enquadrar a presença de alguns dos mais ansiosos pela vinda do diabo.
Como disse o Presidente da República, que tudo e todos sejam averiguados, doa a qum doer. Mas que tudo e todos sejam alvo da mesma investigação , em termos de igualdade de tratamento. Até haver resultados, que não haja diabos bons e diabos maus.

01 Jul, 2017

CM/BBV


Os abutres voam em círculo sobre os locais onde detetaram a existência de cadáveres. Obviamente, logo que vejam condições de se banquetearem, lançam-se vertiginosamente para o solo.
Assim que não haja mais nada que lhes minore a fome insaciável, levantam voo e dirigem-se para as alturas, de onde avistarão outros locais que dêem continuidade ao saciar das suas necessidades básicas.
Porém, os abutres, logo que acabam de limpar os ossos, não ficam ali a lamentar a falta do que mais lhes faz falta. Procuram outras estradas, ou outras florestas, onde as suas previsões infalíveis e o seu cheiro a morte mais que apurado lhes forneçam mais carnificina.
Vimos assistindo ao facto de o nosso país estar povoado de uma certa espécie de abutres que não larga o local onde detetou catástrofe que não previu, mas se aproveita do cheiro para se manter no local.
Apesar de já nada poderem tirar dali, senão abrir os seus bicos e lançar no ar os seus lamentos e desânimos, para que aconteça mais qualquer coisa que lhes dê o prazer de se sentirem confortados com o sentimento de que o país sem desgraças nada lhes pode dar.
Estes abutres não voam em círculos nem abandonam o local. Ficam a rosnar como corvos, ou a palrear como papagaios, repetindo até à exaustão, a necessidade de ninguém lhes estragar o negócio, alterando as regras das desgraças.
Nestes últimos dias temos assistido a investidas repetidas de corvos e de abutres, de coelhos, monegros, baldaios, barretes e vazes, entre outros, que não se cansam de ver e comparar o que não foi realmente visto, nem se pode comparar com nada do passado, nem sequer a brincar.
Cair uma ponte, ou tomar uma decisão sobre uma catástrofe, há muitos anos, não tem nada a ver com a realidade dos dias e necessidades de hoje. Só pessoas estupidamente dominadas por interesses inconfessáveis, podem comparar aquilo que não tem comparação.
É evidente que os corvos e os abutres não brincam em serviço e o serviço deles é esse mesmo. Puxar para cima tudo o que, venha de onde vier, lhes forneça a razão de não ter razão nenhuma. Porque têm o poder ilusório de falar e escrever sobre o que lhes convém.
Apesar de saberem que o povo, os sobreviventes e quem tem dois milímetros de massa cinzenta, sentiu como tudo aconteceu, sem dar tempo para pensar em tudo aquilo que os corvos e os abutres agora aproveitam para colher uns instantes de prazer disfarçado, sabendo que aquilo que correu mal, também lhes diz respeito.
Valha-nos a esperança de que, ao contrário de outrora, se está a trabalhar, ao mais nível do país, para que as mudanças avancem o mais rapidamente possível, mesmo contrariando todos os corvos e abutres, que prefeririam a continuação do ambiente que lhes é mais favorável.