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afonsonunes

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24 Nov, 2017

Salgadinhos


Os três da batata frita, ou o trio dos salgadinhos, ou a nova geringonça, resolveram tirar as máscaras e mostrar que há uma vontade de quebrar a hipocrisia de ocultar saudades de tempos antigos, em que duas direitas e uma semi direita, ou semi esquerda, juntaram os paladares e saborearam o sal da batatinha frita, com um prazer mórbido de vinganças distintas.

Desta vez, nem a defesa da saúde dos portugueses, que tantas vezes têm visto em causa por culpas do governo, PSD, CDS e PCP, juntaram-se para chumbar o imposto sobre produtos com excesso de sal. Logo este, que tinha a maioria de razões para ser aprovado, exatamente por se tratar da saúde dos portugueses.Mas, obviamente que a lógica é uma batata frita.

Os dois partidos de direita devem ter sentido um arrepio enorme, ao sentirem do seu lado um parceiro que tanto têm espicaçado. Por outro lado, devem ter sorrido na esperança de que tal atitude do PCP tenha continuidade, fazendo renascer a esperança de que, afinal, há sempre um amanhã de renascimento. E a sede tem sido tanta que já não há que olhar para a água que se bebe.

No fim de contas, há sempre lições que iluminam espíritos descrentes. Depois de uma geringonça odiosa e detestável, pode sempre surgir uma geringonça salvadora. E ela pode bem estar a caminho. Ainda que dure só até Janeiro, altura em que qualquer geringonça pode mesmo estar em risco de valer pouco mais que nada. Por várias razões, principalmente, por novas perspetivas.

Uma delas é Rio ou Santana na presidência do PSD. Não é credível que, qualquer deles seja candidato a geringonceiro. Qualquer deles estará mais atento aos ventos que sopram de Belém. Ventos que podem deixar de fora o tradicional parceiro do Largo do Caldas. Depois, o PCP pode vir a ser uma carta fora do baralho, tal como aconteceu na Câmara de Lisboa. Apenas isso.


A direita critica o governo porque gasta muito e não poupa nada para prevenir qualquer eventualidade, mas não se cansa de fazer propostas de abastança e berra para que se satisfaçam todas as reivindicações com apoio a todas as greves.

Devem estar a ver se forçam nova vinda da troica, como outrora, para serem eles a elaborar o programa à sua maneira e recuperar o poleiro perdido.

Ou não foi assim que o conseguiram a seguir à crise do Lemons Brother? Quando toda a classe política exigiu que se desse tudo a todos, incluindo o Cavaco, para que nada faltasse a ninguém...

E não foi assim que o PPC e o Paulinho se amanharam com negócios de vários milhões? A Tecnoforma, a fuga aos descontos obrigatórios, os submarinos...

Depois o Sócrates é que pagou tudo... E só ele é que foi preso... E só ele é que anda há mais de 10 anos a ser investigado... Cadê os outros?

04 Nov, 2017

Mãos à obra


Descontentamentos sobre descontentamentos estão a deixar o governo de António Costa à beira de um ataque de nervos. Realmente, na boca dos descontentes, já nada lhe sai bem, se é que alguma vez, ou alguma coisa, se pode considerar sequer aceitável. Estou em crer que Costa já só pensa no Hugo Soares.

É verdade, António Costa chegou a ter muitos suores frios com o temível Montenegro. Chegou a assustar-se com o grandalhão Amorim, tentou bater no Passos e no Portas, mas recuou. Quase se deixou seduzir por Cristas, mas fechou os olhos a tempo. Caíu na real e virou-se de vez para a Catarina e para a Heloisa.

Para os descontentes, Marcelo está, finalmente, a meter António Costa pelas ruas da amargura e a dar um sinalzinho de que pode vir a fazer qualquer coisinha que dê alento aos descontentes, para que deixem esta trabalheira de ter de arranjar novos termos, todos os dias, para que a vida do primeiro-ministro se torne num inferno.

Ao que parece, Costa não está a levar a sério esse dantesco inferno, o que ainda mais o penaliza, pensando talvez não haver por lá um diabo visível ou invisível. A verdade, porém, é que Costa tem mesmo o diabo à perna, tendo diariamente de escapar às arremetidas dos da direita e dos seus apoiantes mais à esquerda.

Bom, por tudo isto e mais aquilo que eu não quero adiantar, o país tem de mudar de rumo, se não quer ver-se precipitado no mais terrível dos abismos. Obviamente que mudar de rumo com quem está, não faz mesmo sentido nenhum. Mudar, é tirar o Costa e por no seu lugar, não o Passos que já não anda, mas o seu sucessor.

Então, vamos lá meter as mãos na massa. Bem lavadinhas previamente. O sucessor de Passos tem de comprometer-se a seguir religiosamente os rumos que Marcelo for definindo nas suas visitas diárias ao país. Ponto final. Portanto, não haverá programa de governo, logo, não haverá aprovação do mesmo na AR. 

Apesar de não haver necessidade de maioria na AR, Jerónimo de Sousa, com muitas saudades dos tempos em que a sua direita pontuava no hemiciclo, transfere-se para a outra banda, a troco da satisfação de todas as suas propostas e obrigando-se a condenar todas as iniciativas de direita do PS, ou seja, todas elas.

Esta nova aliança, PSD, PCP, CDS, ficará obrigada a não ter a mínima discordância, sob pena de se tornar na balbúrdia da atual maioria, PS, BE e PCP de tão má memória. O PSD e o CDS comprometem-se a modificar a sua conduta verbal, excluindo o PCP, definitivamente, da geringonça, agora em vias de extinção.

Finalmente, Marcelo não promete nada à nova geringonça, pois nunca se sabe o que acontecerá ao PS e ao BE, caso decidam que o atual PR pode vir a ter as mesmas pretensões do anterior PR e acontecer-lhe o mesmo que ao outro, no fim do seu mandato. Ninguém diga que desta água não beberá. Mas, mãos à obra.

Parvoice? Pois, é só mais uma entre tantas que andam por aí a circular. E esta pode nem ser das maiores.