Terroristas?
Algo de errado e muito grave está a acontecer no país para se assistir diariamente a acusações, denúncias, incriminações, ofensas, em tudo quanto é comunicação social, este monstro insaciável que consome vidas de gente em lume brando, quantas vezes bem pior que uma agressão violenta e dolorosa.
Já que se fala em terroristas, não tenho dúvidas de que mais terroristas são precisamente aqueles que raivosa e levianamente se servem de métodos de puro terror verbal para diariamente se atirarem aos seus adversários, por sinal bem mais comedidos.
À justiça o que é da justiça. Até os mais crueis criminosos devem ser tratados com o devido respeito a que qualquer ser humano minimamente tem direito. E só pode ter o rótulo de criminoso quem já tiver sido julgado e condenado. De resto, criminosos ou terroristas, em princípio, são todos aqueles que, oportunísticamente, estragam vidas para, tão sómente, alimentar a sua irracionalidade.
No triste futebol que temos, estão em confronto permanente o Benfica, o Porto e o Sporting, quer através dos seus representantes na comunicaça-social, quer pelas vozes dos seus presidentes.
Não pode comparar-se o modo, os termos e a frequência das intervenções das três partes. Já em termos de consequências investigativas, o Benfica leva uma vantagem que, em primeira análise, lhe caberá o maior quinhão nestas situações de desvios de comportamentos acusatórios.
Em boa verdade, os desmandos de acusações, com investigações infindáveis, recaem quase exclusivamente sobre o Benfica. Precisamente o mais comedido nos ataques aos seus adversários. Já os presidentes do Porto e Sporting, não se cansam de produzir ataques virulentos permanentes, principalmente, agora mais o segundo. E nenhum deles pode cantar limpeza nas suas relações com a justiça.
Ora entra aqui a minha dúvida. O presidente do Benfica é castigado com frequência por fazer críticas desportivas, sem aquele azedume, mesmo raiva, das proferidas pelos seus rivais que, têm passado impunes apesar da gravidade do que dizem de tudo e de todos. Como todos têm telhados de vidro, parece que só teriam a ganhar se conseguissem dominar os seus instintos 'sanguinários'.
A justiça, federativa ou juducial, tem obrigação de ser cega na aplicação das penas, após investigações igualmente cegas, mas sempre sem olhar pelo canto do olho para espreitar a cor de quem transgride, seja no âmbito desportivo, seja no campo da justiça criminal.
O mesmo se passa no campo da política. Até parece que a justiça está sempre à espreita, pelo canto do olho, à procura de notícias que possam motivar investigações bombásticas, sobretudo a membros do governo, a quem logo atribuem penas de vários anos de prisão, depois de quase exigirem desde logo o seu afastamento dos respetivos cargos.
Quem levanta estas questões nunca é responsabilizado. Assim foi no processo Freeport, que deu em nada depois de vários anos de investigações, de gastos de recursos e falta de meios de que tanto se queixa a justiça para averiguar outros casos, aparentemente mais evidentes.
Assim foi e está a ser no caso Marquês, mais gastos, mais meios humanos envolvidos durante anos, para investigar o que, em muitos casos, já fora investigado no Freeport à volta do mundo. E faltaram meios para não deixar prescrever ou arrastar processos até à prescrição.
Tudo porque há queixas anónimas, muitas, mesmo muitas, sempre das mesmas origens que ficam sempre no segredo dos deuses. A quem interessará este estado de coisas, nos meandros de competências que eu, enfim, eu e apenas eu, já cheguei à triste conclusão de que nunca compreenderei.