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afonsonunes

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Alguns meios de comunicação social, tipo CM e Express, este último que diz ter 'liberdade para pensar' têm andado num rodopio na publicação de escutas e de interrogatórios relativos à Operação Marquês. Nas caixas de comentários lê-se de tudo... 'Mata-se, esfola-se,' etc... etc...

Realmente a direita está cada vez mais reacionária protegida pelos poderes obscuros de uma certa justiça e pelos criminosos sempre impunes de uma certa comunicação social. A esta espécie de gente não interessa o normal funcionamento da justiça mas sim, o regabofe dos julgamentos fora dela. Na praça pública... mesmo sem pelourinhos...

Esperemos que se não chegue a linchamentos feitos pelos desmandados que aqui e ali sabem tudo e pedem que quem de direito lhes satisfaça as vontades sanguinárias...

Pena é que quem de direito não tome conta desses 'marginais' sem lei e sem juizo...

É... a liberdade para pensar!!! Ou liberdade para matar... mas devagarinho!!!

11 Abr, 2018

CHOCANTE


Aos olhos de certos portugueses o país aparece agora cheio de casos e coisas chocantes como se nunca tais calamidades tivessem acontecido.

Só agora se vêem juízes mal pagos e a trabalhar em condições inaceitáveis.

Mas chega a ser chocante como se vêem sentenças, demoras e decisões que arruinam a vida a pessoas que nunca mais levantarão a cabeça. Tal como se torna chocante ver como tudo o que a justiça detem sobre processos mediáticos aparece numa comunicação social chocantemente protegida sem se saber quem mais beneficia com isso.

Só agora se vêem enfermeiros a trabalhar demais e a ganhar miseravelmente, tal como médicos que já nem querem responsabilizar-se pelas mortes provocadas por erros devido às condições de trabalho.

Mas chega a ser chocante como os doentes são olhados com indiferença e desprezo apesar do seu chocante sofrimento.

Só agora se vêem os corredores dos hospitais cheios de camas e macas de doentes, incluindo crianças, idosos e acidentados, em diversos estados de gravidade e com as mais diversas doenças.

Mas chega a ser chocante ver como o absentismo elevado e a diminuição do tempo de trabalho útil são apanágio de uma boa parte desses funcionários. E se os doentes não cabem nas instalações, talvez fosse menos chocante ficarem na rua.

Só agora se vêem funcionários públicos, de toda a administração pública, a viver mal bem como as suas famílias, desde os que ganham pouco aos que ganham muito acima da média.

Mas chega a ser chocante como ninguém pensa na vida dos sem abrigo, na vida de quem vive em barracas, que nunca teve saneamento, nem aquecimento, nem médicos, nem enfermeiros, nem professores, nem a visita de gente que ganha bem e tem emprego certo. Tal como ninguém pensa na miséria real que ainda toca uma elevada percentagem da população portuguesa.

Só agora se vêem agentes de todas as forças de segurança desesperados com o nível de vida que nunca antes tiveram.

Mas chega a ser chocante como as populações estão cada vez mais entregues a si próprias. Quando chamadas as forças competentes, o mal está feito e os inquéritos comportam tudo o que se quer por lá.

Só agora se vêem clubes de futebol absolutamente dependentes de vitórias nas secretarias e nos escritórios de advogados, que culpam tudo e todos da corrupção que eles sempre praticaram e da qual querem ter o excusivo benefício.

Mas chega a ser chocante ver como uma atividade que movimenta muitos milhões, com tanta gente pendurada nessa árvore das patacas, não tem já um mínimo de seriedade no que são os seus princípios, os seus fins e os seus objetivos. Mais chocante ainda, é ver como as diversas entidades, organismos e governantes, ao longo de muitos anos, desviam e desviaram totalmente o olhar desse gravíssimo problema.

Não foi só agora que que este filme já foi visto. Quando rebentou a crise do Lemon's Brother todos pediram tudo, dos partidos ao presidente. O governo deu o que tinha e o que não tinha. E os portugueses acabaram bem pior do que estavam antes.

Há quem tenha memória curta e esqueça o que aconteceu então. E pedem agora tudo para que o país volte a dar tudo a todos e voltem todos à triste situação ainda bem presente na memória dos que mais sofreram.

Entre muitas outras coisas mais, só agora se vê um presidente que beija, abraça e distribui afetos que a todos animam e dão força para continuar a suportar todas as contrariedades crescentes.

É particularmente chocante que quem agora tudo exige, só veja os casos chocantes que lhes interessa.

Não está em causa que todos os casos sejam mais ou menos chocantes. O problema está em que não há qualquer possibilidade de, já, no imediato, resolver todos os casos chocantes. Mas também está, no facto de se saber quais são os que podem ter resolução imediata.

Mandar rios de dinheiro para cima de todos eles, além de não o haver, não resolveria casos de falta de instalações e outros, pois, vão levar anos a criar infrastruturas físicas e humanas.

Mas há quem tenha a obrigação de agir tendo em conta todos os condicionalismos do momento e da ocasião. O governo, obviamente, sem ter de se deixar condicionar com os que chocam o país com os seus chocantes delírios. E o presidente, naturalmente, que para lá dos benéficos afetos, não distribua elogios e medalhas chocante e equitativamente por quem faz e por que destrói. 

É chocante que não se acabe definitivamente com a lógica de que só se ganham votos com hipocrisias, mentiras e meias verdades. 

O país precisa de realismo, sensatez, obra feita e permanente denúncia dos especuladores, dos alarmistas, dos vigaristas e dos que a justiça ignora. A impunidade não pode ser permanentemente protegida.