Lição para inteligentes
Convém esclarecer desde já que a lição para inteligentes a que vou dedicar estas linhas, não está no que vou dizer, ou escrever, pois não tenho a pretensão, nem tão pouco competências, para dar lições seja a quem for.
Quem dá grandes lições a toda a gente, dos mais inteligentes aos mais estúpidos, é o tempo que muitas vezes tarda, mas não falha. Vem isto a propósito de incêndios, esse bálsamo para muitos desnaturados que aproveitaram e aproveitam, até à exaustão, os seus efeitos catastróficos.
Por cá, o ano passado, quase só se falou de uma ministra que teve de renunciar ao cargo e de um primeiro ministro que se pretendeu queimar nas altas labaredas de acusações que os tais inteligentes ainda hoje não cessam de lhe dirigir.
Passado um ano, os fogos da Suécia e da Grécia, vêm demonstrar que há outra realidade para além das politiquices de politiqueiros para quem não existe mais nada que não seja a política rasteira e soez do bota abaixo personalidades com outra dimensão que a deles, em cargos que até parece que lhes iriam cair nas mãos se conseguissem os seus desígnios.
É hoje mais que evidente que não há explicação mais plausível para essas ocorrências que o número de ignições pela calada da noite e em locais inacessíveis. Além das ignições diurnas que, mesmo com temperaturas à volta dos quarenta graus, é muito difícil sustentar o seu aparecimento.
Mas, um simples fósforo ou um isqueiro, acesos junto de erva seca, com ventos a rondar os cem quilómetros hora, tomam a força de um enorme rastilho em poucos segundos, criando bolas de fogo que se projetam a distâncias incalculáveis.
Agora, não vale a pena criar sonhos de que nada de semelhante nos pode voltar a acontecer, só porque já se criaram muitas medidas boas e outras que o tempo rejeitará por ilusórias e inúteis.
A natureza é um manancial de surpresas, onde se observam milagres e onde se morre brutalmente. A natureza não se vence. Nem os mais inteligentes, nem os mais estúpidos, nem os mais importantes, nem os mais ignorantes, têm o dom de controlar a natureza a seu belo prazer.
A natureza pode ser controlada em muitos aspetos e é obrigação de quem tem o poder, fazer o que pode para minimizar os seus efeitos destruidores. Mas não se pode pedir o milagre de prever tudo o que a natureza tem de imprevisível.
No entanto, não se compreende que os humanos no poder, não sejam capazes de controlar outros humanos que tudo fazem para destruir pessoas e bens, através do ódio e da vingança, com a complacência de quem sonha alcançar o poder, tirando dele quem tem legitimidade para o exercer.