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afonsonunes

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Os partidos políticos portugueses são um espetáculo. Sobretudo quando se metem a fazer viagens. E principalmente aqueles partidos que sobrevivem sem dimensão para se deslocarem em meios de transporte compatíveis com a capacidade crítica que pretendem demonstrar diariamente.

Começo pelo partido do táxi que, felizmente, já deixou de ser o partido da trotinete movido exclusivamente pelo poder muscular do pernil daquele que ficou célebre pelo epíteto de Paulinho das Feiras. Obviamente que para mover tamanho engenho também era necessária uma razoável força cerebral que ninguém ousa contestar.

Já na era do partido do táxi foram seus grandes impulsionadores, a dona galinha com várias Cristas e a ave menor a que deram o nome de Nuno Melro. Cada qual com as suas penas suspensas depois da luta pela preponderância diretiva, tendo ela ficado por cá, recebendo conselhos do emigrado Melro que, de ve vez em quando, vem ao lar matar saudades e afiar o bico com as suas bicadas de apoio à taxista.

O outro partido, quase irmão do partido do táxi, move-se incomodamente através de dois autocarros, conduzidos por um Rui e por um Lopes. A todo o momento se teme um choque frontal dos dois veículos, já que a instabilidade condutiva entre o Rui e o Lopes nada de bom deixa prever. Mas enfim, uma coisa é certa, nem o táxi, nem os dois autocarros, conseguem, juntos, fretar um cambóio mínimo, de uma ou duas carruagens para embaratecer as suas deslocações.

Depois, com toda a normalidade, atiram-se ao rival de ambos, por ter capacidade de deslocar centenas de pessoas em várias carruagens de um longo combóio que atravessa metade do país para as suas festas. Como se fosse crime dar serviço pago à CP, que bem precisa de receitas para cobrir os seus prejuízos, cuja origem está perfeitamente identificada.

Que pena que esses partidos não consigam ajudar a CP com excursões bem pagas, com regularidade de utilização e com capacidade para encher muitas carruagens, pois isso seria, acima de tudo, uma força imensa para tirar uma empresa do fosso em que está mergullhada.

E, naturalmente, nem os táxis, nem os autocarros ficariam significativamente prejudicados, pois as receitas perdidas não iriam além de uns euritos de longe em longe.

Já as reclamações, ao que parece aos milhares, com a contribuição dos utilizadores do táxi e do autocarro, quase desapareceriam por completo.

Temos assim uma situação em que os transportes partidos mais parecem veículos vergados ao peso de tanta gente que nada faz para além de gente que apenas serve para encher os escritórios da CP de reclamações que só provocam descarrilamentos.

10 Ago, 2018

O diabo 2


O encenador do drama, O diabo que tinha de vir, e acabou mesmo por vir, já está fora de cena há uns tempitos, mas deixou por aí, espalhados pelo país, uma catrefa de diabretes que em nada ficam a dever ao seu ideólogo e dramático novel catedrático, agora remetido a um silêncio que é fundamental para manter o seu novo empenho.

Já os seus continuadores não se calam com as consequências desse terrível acontecimento, nem vão calar-se com as consequências de O diabo 2, que acaba de ser controlado com muitas dificuldades de toda a ordem. Para os diabretes, foi mais um período de espetativas de que O didabo 1, se repetisse e durasse quanto mais tempo melhor.

Já se perfilam em diversas 'bichas' de espera, por especialidades, para passarem ao ataque cerrado a tudo e a todos, especialmente àqueles que lhes ferem a vista e contra os quais disparam chispas de fogo e de incontido ódio, à falta de melhores e mais razoáveis motivos e oportunidades.

Não sei se a tal Comissão Independente já se apercebeu de que houve então, como agora, em Portugal, como em países bem mais poderosos em termos de meios e recursos, circunstâncias que foram, e continuam a ser, forças da Natureza que nitidamente cada vez mais demonstram a impotência humana de se lhes sobrepor em tempo útil.

Também não sei se a impetuosidade de Marcelo, aliada à corrida frenética à solidariedade verbal e afetuosa do ano passado e continuada até chegar o drama de Monchique, também não sei, repito, se essa impetuosidade vai continuar na mesma dose, ou se vai moderar-se como já deu sinais de tal acontecer.

Porém, sei de certeza, que todos os sinais dos tempos indicam que esses fenómenos não só se vão repetir, como irão sendo cada vez mais de maior dificuldade em serem dominados. Parece que já muita gente acordou para essa realidade. E para o facto de não ser possível o país mudar estruturalmente, em múltiplos aspetos, e também socialmente, a tempo de evitar mais catástrofes desse género.

Assim, que nos dispensem os críticos acérrimos de que tudo é mal feito, sabendo nós que eles não sabem do que falam. E muitos deles, os mais 'desiruditos', que foram grandes responsáveis por muito do que está a acontecer, devido às más opções e disparates que cometeram quando lhes coube tomar decisões cujos resultados estamos hoje a pagar.

Que ninguém se esqueça que em outubro passado, só no pior dia de atuação de O diabo 1, a energia térmica libertada, segundo um entendido na matéria, foi igual à de 142 bombas atómicas...

Fácil é entender que no pior dia do diabo 2, essa energia libertada foi superior a 142 bombas atómicas...