Partidos ou vergados?
Os partidos políticos portugueses são um espetáculo. Sobretudo quando se metem a fazer viagens. E principalmente aqueles partidos que sobrevivem sem dimensão para se deslocarem em meios de transporte compatíveis com a capacidade crítica que pretendem demonstrar diariamente.
Começo pelo partido do táxi que, felizmente, já deixou de ser o partido da trotinete movido exclusivamente pelo poder muscular do pernil daquele que ficou célebre pelo epíteto de Paulinho das Feiras. Obviamente que para mover tamanho engenho também era necessária uma razoável força cerebral que ninguém ousa contestar.
Já na era do partido do táxi foram seus grandes impulsionadores, a dona galinha com várias Cristas e a ave menor a que deram o nome de Nuno Melro. Cada qual com as suas penas suspensas depois da luta pela preponderância diretiva, tendo ela ficado por cá, recebendo conselhos do emigrado Melro que, de ve vez em quando, vem ao lar matar saudades e afiar o bico com as suas bicadas de apoio à taxista.
O outro partido, quase irmão do partido do táxi, move-se incomodamente através de dois autocarros, conduzidos por um Rui e por um Lopes. A todo o momento se teme um choque frontal dos dois veículos, já que a instabilidade condutiva entre o Rui e o Lopes nada de bom deixa prever. Mas enfim, uma coisa é certa, nem o táxi, nem os dois autocarros, conseguem, juntos, fretar um cambóio mínimo, de uma ou duas carruagens para embaratecer as suas deslocações.
Depois, com toda a normalidade, atiram-se ao rival de ambos, por ter capacidade de deslocar centenas de pessoas em várias carruagens de um longo combóio que atravessa metade do país para as suas festas. Como se fosse crime dar serviço pago à CP, que bem precisa de receitas para cobrir os seus prejuízos, cuja origem está perfeitamente identificada.
Que pena que esses partidos não consigam ajudar a CP com excursões bem pagas, com regularidade de utilização e com capacidade para encher muitas carruagens, pois isso seria, acima de tudo, uma força imensa para tirar uma empresa do fosso em que está mergullhada.
E, naturalmente, nem os táxis, nem os autocarros ficariam significativamente prejudicados, pois as receitas perdidas não iriam além de uns euritos de longe em longe.
Já as reclamações, ao que parece aos milhares, com a contribuição dos utilizadores do táxi e do autocarro, quase desapareceriam por completo.
Temos assim uma situação em que os transportes partidos mais parecem veículos vergados ao peso de tanta gente que nada faz para além de gente que apenas serve para encher os escritórios da CP de reclamações que só provocam descarrilamentos.