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afonsonunes

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Está precisamente a começar neste momento um mais que provável encontro de pouca vergonha futebolística em que à imagem do que aconteceu ontem em Braga, se dizia que estava em causa a liderança da primeira liga.

Ontem foi o Braga e o Rio Ave que se confrontaram mas, quem acabou por decidir tudo foi um senhor de apito na boca, com a complacência de um outro senhor que, não tendo apito, também não deve ter tido pontinha de coragem para que não houvesse pouca vergonha.

Dizem que o vídeo não engana, tal como o algodão, mas o que engana são as cabecinhas e a cor dos óculos que se tem por cima do nariz, bem como a cor dos apitos que entram em campo. E foi assim mais uma vez, num jogo de futebol que devia ser resolvido pelos jogadores dentro do campo, mas não foi.

Hoje, agora mesmo, estão frente a frente, na Luz, o Benfica e o Porto, com os olhos postos no primeiro lugar, que ontem também estava, no caso do Braga. E também aqui e agora, há fortes razões para acreditar que não serão os jogadores em campo a decidir nada.

Os principais decisores serão um leiriense e um portuense. Que boas razões levam a crer que, se um disser mata-se, logo virá o outro a dizer esfola-se. Nestas coisas a tradição tem muita força. E no fim do jogo, haverá consenso. Esteve tudo bem, porque tudo acabou em bem.

Sim, porque tudo acaba em bem para uns e muito mal para outros. Mas isto nunca é visto por uma data de presidentes que gostam disto, porque vivem disto, tal como nunca é visto por uma série de responsáveis a todos os níveis do desporto, principalmente do futebol, tal como nunca é visto por governantes, porque é notório que quase todos usam óculos de lentes de várias cores. E guerras entre cores de óculos é coisa que ninguém ousa desencadear.

Aliás, mesmo aquele presidente que fala de tudo e vai a todo o lado, ainda não foi ouvido sobre o resultado de um jogo de futebol, daqueles que decidem títulos, que dão títulos a um e tiram títulos a outro, que dão para conversas obscenas nas televisões, que dão para pedir prisão de uns e fechar de olhos para outros e muito mais.

Aqui, nem o presidente intervem nem a gente descansa de tanta pouca vergonha. Como se aqui não houvesse fogos que queimam gente ou não houvesse guerras sociais que destroiem mais gente que muitas bombas.

E já não vale a pena ter esperança de que alguma coisa mude.

Não estou a ver o jogo, nem tenho qualquer meio que me permita acompanhar as suas peripécias. Mas tenho imensa vontade que desta vez tudo acabe mesmo em verdade desportiva.


Hoje é dia 5 de Outubro e as mais altas figuras do país, como vem sendo habitual, juntaram-se na Câmara Municipal de Lisboa para lembrar aos que se estão marimbando para a República, que aquilo que se passou há 108 anos, não foi uma jogada de politiquices igual àquelas que todos os dias a comunicação social nos oferece como sendo tudo o que domina a atualidade.

A Praça do Município neste dia 5 de Outubro, mostrou-nos de for mais que evidente, como jornaleiros, comentadeiros, tanqueiros e professores com o seu mestre professor e doutor a bolsar os haituais impropérios contra o governo. Com razão ou sem ela, há uma coisa que todos estes comemoradores lamentavelmente esqueceram. Foi o respeito pela República e pelas comemorações da sua implantação em Portugal.

E também, porque não, pelos mais altos representantes da República que certamente não foram ali para celebrar os desmandos, nesta ocasião, com as guerras de Tancos e dos professores. Há ocasiões para tudo.

Acompanhei as cerimónias pelas televisões. Todas, em uníssono, dedicaram todo o seu potencial a falar de Tancos, dos militares e do governo. No final, voltaram-se para os professores e para o seu delicado, educado e respeitador professor doutor, que exige respeito a todos aqueles que ele tanto respeita. Nada demais num professor que não leciona e num doutor em sindicalismo no seu apogeu.

Porém, aquilo que me encheu as medidas, foi a repórter da RTP que teve como única preocupação, durante todo o tempo da cerimónia, procurar quem lhe respondesse sempre às mesmas perguntas sobre um ministro e um governo que esta tanqueira gostava de demitir imediatamente. Sempre secundada pelos sectários comentadeiros levados ao local para descarregar a sua sobregarregada bílis.

Que as televisões privadas tenham comportamentos desse tipo, enfim, é lá com elas. Mas um organismo do estado, a RTP, ter como atuação normal o ataque sistemático ao governo e a quem mostra detestar, genericamente através de sectarismos em vários programas, onde o sangue azul de quem os cria e de quem os apresenta, faz com que tudo convirja para favorecer interesses que já têm raízes muito profundas que, se calhar, só eu é que descubro.

Em suma: a força dos fracos e dos inúteis reside no poder que alguém lhes dá, para desgastar o mais possível a imagem de quem faz, trabalha e consegue dar ao país tudo o que esses fracos e inúteis nunca conseguiram, nem conseguirão jamais.