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afonsonunes

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10 Nov, 2018

Arguidices

 

Julgava eu que hoje ia passar o dia a ler, ver e ouvir falar de arguidos, pelo menos o dobro do que aconteceu e acontece de cada vez que a Luz é tocada por qualquer acontecimento vindo da justiça. E isso, mesmo quando o visado é um ou outro arguido, ou simplesmente, um cidadão chamado a prestar declarações.

Ora, desta vez, não foi um ou dois vindos das bandas do Dragão, chamados a Lisboa, que saíram daqui com a etiqueta de arguidos. Foram apenas sete, coisa que me parece rara neste país de gente boa e cordata. Sobretudo quando se trata de gente da bola. Daí que me pareça ter havido hoje uma contenção anormal.

O normal seria que os meios que em outras ocasiões, massacraram e massacram ainda agora o país, com dias e noites inteiras sempre a ruminar as mesmas notícias sobre a Luz, que repetissem agora o mesmo massacre, mas com o foco no Dragão. Contudo, parece que nada, ou pouco mais que nada aconteceu. Talvez porque foram só sete. Mas, vá lá a gente entender o que é normal ou anormal neste mundo comunicacional.

Na véspera dessas audições até ouvi falar em fuga para o Brasil. Não percebi a quem se referia o bem informado comunicador. Certamente, lembrado de que em ocasião muito longínqua alguém fugiu, embora para mais perto, pois até deu para atravessar apenas a fronteira durante a noite. Histórias, ricas histórias de gente boa e cordata que anda no fantástico mundo da bola.

O Dragão é hoje notícia, mas por outro motivo. O acontecimento que tem de levar os dragões à liderança isolada do campeonato. E há quem estranhe que seja um apito local a dirigir a dança. E até há quem não estranhe que seja um órgão local de apitos a cometer tais atos de sintonia com a justiça e imparcialidade em que o futebol português é verdadeiramente um campeão nacional e internacional.  

É evidente que há guerras em que, mesmo os melhores guerreiros, não conseguem mostrar a destreza no manejo das suas armas, pois até nas guerras há manobras. Nem sequer os arcebispos de uma cidade têm poder para se superiorizar ao papa de uma nação.   

Mais logo se saberá se estas coisas que andam nas bocas do mundo saem da normalidade, ou têm a costumada anormalidade que, também ela, se tornou já na invencível normalidade reinante.

02 Nov, 2018

Operação Tanquês

Operação Tanquês

Ainda não é verdadeiramente uma operação pois, em boa verdade, antes de o ser, tem de ultrapassar a fase de montagem. Digamos que é uma operação que ainda anda escondida em cabecinhas que precisam de se juntar, de pensar muito e encher muitos tancos de ideias, antes de se atirarem para o teatro de operações.

Já sabemos o fim de muitas operações que ficaram célebres através dos tempos. Todos nos lembramos da operação submarinês, da operação sobreirês, da operação tecniformês, da operação bepeenês, nas quais os procuradores quase não procuraram nada, logo, não encontraram mesmo nada, acabando em operações que ficaram em águas de bacalhonês.  Mas também todos nos lembramos das operações em que os procuradores se fartaram de procurar. Depois, operaram tanto, que acabaram por mostrar que quem muito procura, por vezes não acerta uma. Foi o caso da operação pedofilês de tão triste memória para uns, os da tal casa, e de tão grande alívio para outros, os do pavilhão. Foi também o caso da operação freeportês que levou os procuradores, públicos e privados, a procurarem em todos os cantinhos do mundo e o mundo todo acabou por parir um rato para os braços de todos eles.

Agora, andam por aí procuradores, há anos, em intermináveis voltas ao mundo a procurar chegar, com a operação socratês, onde não conseguiram chegar com a operação freeportês. Há quem fale em vinganças de um alexandrês e de uma joanês, secundados por uma longa lista de colaboradoreses, de várias proveniências laborais, que tudo indica se fundiram em procuradores associados, que não conseguem mostrar o rato que ainda não foi parido. Também anda por aí uma operação pinhês, em que os milhões recebidos, parece que não foram oferecidos por ninguém. No entanto, há outras operações em que os milhões conheceram quem os deu e quem os recebeu e… nikles nada.

Agorinha mesmo o que está a dar é a febre de Tanços. Que tudo indica virá a desencadear a operação de costas, no seguimento de todas as operações que foram o gáudio mediático de outros tempos, mas ainda hoje patentes nos espíritos que, impunemente, inventam, denunciam, deitam foguetes e apanham as canas, em espetáculos deploráveis que ninguém ousa es-tancar. Espetáculo que só tem concorrência no que se passa no campo do futebol, em que vale tudo, mas mesmo tudo, desde que se jogue apenas em meio campo. E, escandalosamente, ninguém sabe nada, ninguém quer saber de nada, mas espera-se, ansiosamente, que chegue a operação de costas.

No dia de hoje, no Funchal, o nosso presidente, afavelmente, respondeu aos protestantes do Banif com a promessa de que ia ver o que se passava. É estranho como é que ainda hoje, há quem não conhece o que se passou no Banif. Por outro lado, também é estranho que o nosso presidente, ainda hoje, não saiba o que se passou com Tanços. Mas há problemas que ele resolve, prometendo ir perguntar o que se passa. Perguntar o quê e a quem? Não é ele que manda no seu país?