Arguidices
Julgava eu que hoje ia passar o dia a ler, ver e ouvir falar de arguidos, pelo menos o dobro do que aconteceu e acontece de cada vez que a Luz é tocada por qualquer acontecimento vindo da justiça. E isso, mesmo quando o visado é um ou outro arguido, ou simplesmente, um cidadão chamado a prestar declarações.
Ora, desta vez, não foi um ou dois vindos das bandas do Dragão, chamados a Lisboa, que saíram daqui com a etiqueta de arguidos. Foram apenas sete, coisa que me parece rara neste país de gente boa e cordata. Sobretudo quando se trata de gente da bola. Daí que me pareça ter havido hoje uma contenção anormal.
O normal seria que os meios que em outras ocasiões, massacraram e massacram ainda agora o país, com dias e noites inteiras sempre a ruminar as mesmas notícias sobre a Luz, que repetissem agora o mesmo massacre, mas com o foco no Dragão. Contudo, parece que nada, ou pouco mais que nada aconteceu. Talvez porque foram só sete. Mas, vá lá a gente entender o que é normal ou anormal neste mundo comunicacional.
Na véspera dessas audições até ouvi falar em fuga para o Brasil. Não percebi a quem se referia o bem informado comunicador. Certamente, lembrado de que em ocasião muito longínqua alguém fugiu, embora para mais perto, pois até deu para atravessar apenas a fronteira durante a noite. Histórias, ricas histórias de gente boa e cordata que anda no fantástico mundo da bola.
O Dragão é hoje notícia, mas por outro motivo. O acontecimento que tem de levar os dragões à liderança isolada do campeonato. E há quem estranhe que seja um apito local a dirigir a dança. E até há quem não estranhe que seja um órgão local de apitos a cometer tais atos de sintonia com a justiça e imparcialidade em que o futebol português é verdadeiramente um campeão nacional e internacional.
É evidente que há guerras em que, mesmo os melhores guerreiros, não conseguem mostrar a destreza no manejo das suas armas, pois até nas guerras há manobras. Nem sequer os arcebispos de uma cidade têm poder para se superiorizar ao papa de uma nação.
Mais logo se saberá se estas coisas que andam nas bocas do mundo saem da normalidade, ou têm a costumada anormalidade que, também ela, se tornou já na invencível normalidade reinante.