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afonsonunes

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14 Dez, 2018

Imaginativos

 

A cada dia que passa, vamos conhecendo novas maneiras de arranjar dinheiro para tudo, sem ter de dar o corpinho ao manifesto. Ou seja, há quem, nem sequer pense em estar desempregado, mas também nunca pensou que tem de trabalhar regularmente e a sério.

Nos dias de hoje, com tanta gente cheia de imaginação e com um poder infinito de criatividade, não há leis nem regulamentos que os travem, nem chefes ou governantes com autoridade suficiente para fazer cumprir os deveres para que estão mandatados.

A comunicação social e as redes sociais determinam a ordem do dia, ou seja, o que marca a atualidade diária e que leva a que os imaginativos se atirem para as ruas, sempre com uma interpretação casuística própria, de molde a destruir a normalidade, ainda que fora das formas democráticas da sociedade tradicional.

É assim que aparecem greves em cadeia em que vale tudo, até fazerem peditórios para os grevistas não serem penalizados. Por mais que nos queiram convencer de que são pessoas simples, simples simpatizantes das causas que os ajudam a juntar montantes muito elevados, a verdade é que tem de haver messias com altos interesses por detrás dessa dita generosidade solidária.

Greves que, muitas vezes, são comandadas por responsáveis de organizações sindicais que têm outras motivações escondidas para além dos interesses coletivos daqueles que os seguem. Greves que deixam muitas dúvidas de natureza ética e até em alguns casos, de natureza constitucional. Greves que tendem, antes do mais, a mobilizar setores tão diferenciados que é natural pensar que visam paralisar o país e obviamente boicotar o governo.

Gritantes os casos dos bombeiros, dos enfermeiros, dos professores, dos juízes e outros agentes da justiça, dos ferroviários, dos estivadores… Fico a pensar que terão de comum setores tão diversos, para se lembrarem, todos ao mesmo tempo, de atacar com objetivos iguais ou semelhantes, com uma sanha a destilar ódio, partidarite, em jeito de clubite aguda, quando não com uma total falta de respeito, intoleráveis ofensas a quem sabem que não lhes responderão no mesmo tom.

É evidente que os partidos já estão, como já nunca deixam de estar, em campanha eleitoral. Tudo serve para se aproveitarem de pequenas e grandes deficiências que ainda subsistem, para criar e justificar estes comportamentos. Mesmo sabendo que não é possível colocar o país no nível aceitável ou elevado de outros países, mesmo considerando que nunca o atingiu em épocas muito mais favoráveis, com qualquer dos muitos governos que já teve.

Mas, acima de tudo, os interesses corporativos da justiça estão na origem desta bagunça que não tem quem lhe ponha mão. Por um lado, o poder político tem de ter contenção para com outros órgãos de soberania, por outro lado outros órgãos de soberania fazem ataques descabelados ao governo. Daí que esta bagunça esteja para durar.

Depois, para ajudar, o Presidente ataca tudo e todos que não toquem no seu campo dos afetos. Porém, quando a coisa necessita de coragem nos assuntos que mexem com muita gente e de onde podem vir anti corpos, casos da política, da justiça e do futebol, por exemplo, não só não aceita pronunciar-se, como acena com a sua oposição, a quem quer tomar iniciativas que ponham fim a estas situações.      

quem consiga fazer uma reflexão rápida, mesmo muito rápida, sem perder a oportunidade de encontrar um novo caminho para a vida, para a decisão, para acabar com o deixa andar.

Quando algo na vida está a revelar-se lento, mesmo muito lento, não pode passar-se uma parte importante da vida a pensar na morte da bezerra, como diz o povo, e bem, pois a bezerra morta já não cresce devagar, nem depressa, logo, depois, nunca mais será uma vaca crescida que dê leitinho fresco.

Vem isto a propósito da reflexão feita pelo presidente do Benfica e pelo seu segundo treinador do coração. Ambos estiveram muito mais de um ano à espera de ter uma reflexão que, inesperadamente, apareceu numa noite, simultaneamente a ambos.

Precisamente no momento em que ambos já tinham deixado de pensar um no outro. Talvez cada um deles a pensar na sua nova bezerra. Talvez em bezerras douradas pastando ouro em terras longínquas.

Surpreendentemente, presidente e treinador passaram pelas brasas e eis que ambos acordaram de um sonho muito breve: correram um para o outro e caíram nos braços que os apertaram fortemente como nunca havia acontecido antes.

Foi uma luz, disse o presidente. Foi magia, terá pensado o treinador. Fosse o que fosse, foi mesmo o fim de uma coisa muito lenta, lenta, lenta, e o princípio de outra coisa muito rápida, tão rápida, que ninguém conseguiu saber como nasceu, nem, provavelmente, como vai crescer e, quem sabe, morrer.

Mas, tudo acabou em bem para eles. Não se sabe por quanto tempo, mas só não mudou para já, o tipo de conversa. No mundo em que ambos vivem, não se pode prometer nada. O futuro é ganhar, empatar ou perder. Nunca será apenas ganhar.

Certo, certo, o bom senso recomenda que se fale menos e se faça mais. E é isso, principalmente isso, que os sócios e simpatizantes querem. Quanto menos eles fizerem e quanto mais falarem, maior será o gáudio que os seus adversários, e mais ainda os seus inimigos, exultarão em os achincalhar até à exaustão.

Simplicidade e modéstia será o melhor lenitivo para calar quem vive disso. E há muito quem não saiba fazer mais nada. E quem seja bem pago para que as coisas corram no sentido que lhes interessam.

Infelizmente, o país e o mundo estão assim. Cheios de falsos, hipócritas, desonestos, que abafam quem se esforça por ser a favor da dignidade de todas as atividades da vida humana.

Daqui a poucos minutos se verá se o lento, lento, lento, deu lugar ao trabalho rápido, ao trabalho sério e a reflexões permanentes que corrijam desvios indesejáveis.