Imaginativos
A cada dia que passa, vamos conhecendo novas maneiras de arranjar dinheiro para tudo, sem ter de dar o corpinho ao manifesto. Ou seja, há quem, nem sequer pense em estar desempregado, mas também nunca pensou que tem de trabalhar regularmente e a sério.
Nos dias de hoje, com tanta gente cheia de imaginação e com um poder infinito de criatividade, não há leis nem regulamentos que os travem, nem chefes ou governantes com autoridade suficiente para fazer cumprir os deveres para que estão mandatados.
A comunicação social e as redes sociais determinam a ordem do dia, ou seja, o que marca a atualidade diária e que leva a que os imaginativos se atirem para as ruas, sempre com uma interpretação casuística própria, de molde a destruir a normalidade, ainda que fora das formas democráticas da sociedade tradicional.
É assim que aparecem greves em cadeia em que vale tudo, até fazerem peditórios para os grevistas não serem penalizados. Por mais que nos queiram convencer de que são pessoas simples, simples simpatizantes das causas que os ajudam a juntar montantes muito elevados, a verdade é que tem de haver messias com altos interesses por detrás dessa dita generosidade solidária.
Greves que, muitas vezes, são comandadas por responsáveis de organizações sindicais que têm outras motivações escondidas para além dos interesses coletivos daqueles que os seguem. Greves que deixam muitas dúvidas de natureza ética e até em alguns casos, de natureza constitucional. Greves que tendem, antes do mais, a mobilizar setores tão diferenciados que é natural pensar que visam paralisar o país e obviamente boicotar o governo.
Gritantes os casos dos bombeiros, dos enfermeiros, dos professores, dos juízes e outros agentes da justiça, dos ferroviários, dos estivadores… Fico a pensar que terão de comum setores tão diversos, para se lembrarem, todos ao mesmo tempo, de atacar com objetivos iguais ou semelhantes, com uma sanha a destilar ódio, partidarite, em jeito de clubite aguda, quando não com uma total falta de respeito, intoleráveis ofensas a quem sabem que não lhes responderão no mesmo tom.
É evidente que os partidos já estão, como já nunca deixam de estar, em campanha eleitoral. Tudo serve para se aproveitarem de pequenas e grandes deficiências que ainda subsistem, para criar e justificar estes comportamentos. Mesmo sabendo que não é possível colocar o país no nível aceitável ou elevado de outros países, mesmo considerando que nunca o atingiu em épocas muito mais favoráveis, com qualquer dos muitos governos que já teve.
Mas, acima de tudo, os interesses corporativos da justiça estão na origem desta bagunça que não tem quem lhe ponha mão. Por um lado, o poder político tem de ter contenção para com outros órgãos de soberania, por outro lado outros órgãos de soberania fazem ataques descabelados ao governo. Daí que esta bagunça esteja para durar.
Depois, para ajudar, o Presidente ataca tudo e todos que não toquem no seu campo dos afetos. Porém, quando a coisa necessita de coragem nos assuntos que mexem com muita gente e de onde podem vir anti corpos, casos da política, da justiça e do futebol, por exemplo, não só não aceita pronunciar-se, como acena com a sua oposição, a quem quer tomar iniciativas que ponham fim a estas situações.