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afonsonunes

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24 Jan, 2019

É ou não é!

É ou não é?

Em termos simples e concisos é tudo uma questão de sim ou sopas. Essa coisa de haver quem goste, ou esteja habituado a que tudo se resuma a uma questão de meias tintas, porque é sempre mais cómodo ou muito mais útil, não tomar posições claras, que é como quem diz, não se comprometer.

Porém, bem pior que não querer, ou dizer que não pode tomar uma posição clara, é comprometer-se mesmo com o erro, fazendo de conta que não viu, não ouviu, ou não percebeu. Assim, acaba por fazer o que lhe interessa, não assumindo a responsabilidade das consequências dessa posição enganadora.

Não há dúvida de que tudo, ou quase tudo na vida, ou é, ou não é. Isto para quem tem profissionalmente a obrigação de andar sempre de olhos bem abertos, sob pena de não estar a cumprir deveres essenciais a que está vinculado. Para além de estar a prejudicar pessoas que podem vir a procurar ser ressarcidas civil e criminalmente.

Esta curta e expressiva frase foi proferida por Bruno Lage, treinador do Benfica, após o jogo de anteontem entre a sua equipa e a do FCPorto. Não venho aqui advogar se os dois lances mais polémicos foram bem ou mal julgados pelos árbitros envolvidos na decisão. Mas o vídeo árbitro, com todos os meios técnicos à sua frente, terá alegado que não podia pronunciar-se com clareza.

Bruno Lage definiu perfeitamente este imbróglio que só pode ter sido interpretado como, ou o VAR fugiu com o rabo à seringa, ou nitidamente quis beneficiar alguém. Obviamente, prejudicando alguém. Ou viu, ou não viu. Só se, conscientemente, fechou os olhos no momento de os abrir bem abertos. Que foi para isso que o mandaram para lá e lhe pagaram bem, para ver bem e não para ver mal, ou não querer ver.

À boleia de Bruno Lage, vem-me à ideia que, na vida política, se passa diariamente quase o mesmo. Refiro em primeiro lugar o discurso do presidente do PSD, Rui Rio, que descobriu no Funchal que o primeiro-ministro, António Costa, não anda a mentir com o que diz, mas sim, com o que diz, a enganar os portugueses.

Seria bom que se lembrasse Rui Rio, que Luís Montenegro, não mentiu aos militantes do partido de ambos, nem tão pouco enganou ninguém. Apenas disse ao que ia. Rio, pelo contrário, no seu discurso do Funchal, mentiu e enganou os portugueses em muitas das situações que revelou. Com a agravante, que António Costa, é muito mais fraco que Rio e Montenegro nas artimanhas de política enganadora.

Viu ou não viu, não mente mas engana, faz ou não faz, é também o que se pode dizer de situações em que vai dando a ideia de como Marcelo se coloca perante a comunicação social. É evidente que não mente, e é mais que evidente que está no seu direito de fazer e dizer aquilo que entende. Mas que por vezes coloca, principalmente, o governo, em situações de aparar com muitas insinuações que lhe não são especificamente dirigidas. Mas que há quem as aproveite como tal, há.

Que bom que seria o país se toda a gente visse o que lhe compete ver, fizesse o que lhe compete fazer e dissesse clara e diretamente o que lhe apetece dizer, aos seus verdadeiros destinatários.

05 Jan, 2019

Treinadores

 

Rui Vitória caiu em desgraça no Benfica depois de perdida a sua habitual simplicidade. Isso aconteceu a partir do momento em que Vieira lhe renovou o contrato.

Até então Rui Vitória teve um discurso simples, sem visões técnicas ou floreados filosóficos. A partir dessa renovação parece ter-se sentido outra pessoa, mais importante, mais qualificada, muito mais confiante nas suas aspirações.

Aconteceu a Rui Vitória o mesmo que aconteceu a Jorge Jesus, que perdeu na Luz, toda a notoriedade que havia conquistado, precisamente no Benfica.

Jorge Jesus é amigo de Vieira, talvez porque ambos sempre tiveram a língua muito maior que tudo aquilo que prometeram e nunca conseguiram realizar.

Vitória sempre se deu bem com Vieira porque aquele adaptou a sua linguagem, até aí modesta, à excessiva ‘cagança’ do presidente. Assim, passaram ambos a ´vender postas de pescada’, mesmo quando a pescada começou a faltar.

Vieira queria agora o regresso de Jesus, mas estava a esquecer que tem uma massa associativa que tem vontade própria e uma visão muito mais realista que a sua visão pessoal e apaixonada.

O jornal a Bola fala agora na possibilidade de Mourinho voltar ao Benfica. Estou admirado como é que a CMTV e o CM ainda não deram como certa a transferência do Sérgio Conceição para a Luz. Que mais não fosse para promover o filho a titular ou, em alternativa, transferi-lo para o FCP.

Já agora, ocorreu-me que os partidos também têm os seus treinadores. Por acaso, apenas por acaso, obviamente, o CDS tem uma treinadora. E que treinadora! Muito semelhante ao Jorge Jesus do Benfica e do Sporting. Ou ao Rui Vitória das antevisões televisivas da véspera dos jogos.

Obviamente que me refiro ao estilo, pois quanto aos conteúdos da linguagem, política ou futebolística, a treinadora do CDS estaria sempre muito mais na mira da comissão de disciplina, com cartolinas amarelas e vermelhas quase diárias.

É verdade que os restantes treinadores desportivos também têm as suas coisitas, incluindo os treinadores da justiça. Estes, que têm jogos que nunca mais acabam. E que não têm árbitro nem VAR, que condenam durante anos e que, quando ´descondenam´, nem sequer pedem desculpa pelos incómodos.

02 Jan, 2019

Pouco barulho

 

Esta é a minha reação àqueles que adoram barulho, que gostam de incitar os outros a que façam barulho, se possível com a gritaria de gargantas desafinadas, batendo com os pés no chão, com as mãos nos tampos das mesas, ou com os apitos de dois dedos metidos na boca.

Pois, isso são os assobios, que tanto podem servir para apupar como para aplaudir. É que nos dias que correm já se confunde tudo. Tal como já se metem os pés pelas mãos e se perde a cabeça por um ídolo ou por um tresloucado qualquer. Sinal de que há muitos tresloucados em circulação por todo o lado. Aos quais reclamo que façam pouco barulho.

Fico banzado com os imitadores de tudo o que vai aparecendo de novo. E nisto de barulho, também não podiam faltar os agitados inovadores. Que se destacam por serem incapazes de descobrir novas tiradas de graça, mas querem mostrar que são engraçados a todo o custo.

Esta graçola do ‘Façam barulho’, ouvi-a pela primeira vez no ‘5 para a meia-noite’ da RTP1. Como foi a primeira vez, não me causou qualquer ruído nos ouvidos. Era uma inovação, para mim, claro. Agora ouço a toda a hora aquele, façam barulho, saído da boca do apresentador do Joker, também da RTP1.

Confesso que não sei quem foi o inovador e quem foi o imitador.

Não sei porquê, mas logo me vem ao pensamento aquela coisa dos macacos de imitação. Ainda mais, pelo facto de esse concurso, talvez por via do seu apresentador, me parecer uma seca de todo o tamanho, ou uma chachice de conversa que não interessa nem ao menino jesus.

Pois, eu sei que só vê quem quer. Mas há casas em que só há um televisor e várias pessoas com gostos diferentes. Alguém terá que fazer o frete de sair da sala, virar a cara para o lado, ou dar umas voltinhas pelo corredor. Mas isso vai sendo, por questões dos programas que nos oferecem as TVs, uma prática cada vez mais corrente: só nos dão barulho.

 

Pois, é muito fácil dizer para me segurarem, mas eu sei perfeitamente que ninguém é capaz de me segurar, evidentemente, quando eu não quero que me segurem.

Hoje estou no Brasil. E estou a divertir-me à grande como costumo fazer por todo o lado onde vou. Não consigo que me segurem em casa porque isso é muito morno, a convidar ao sono, e toda a gente sabe que eu não durmo, precisamente porque é um desperdício de tempo. É tempo perdido.

Portanto, eu estou sempre acordado. E para me manter acordado preciso de me meter na vida de toda a gente, fazendo coisas que essa gente podia e devia fazer. Mas eu faço. Com todo o gosto, apesar de haver quem não goste que eu faça o que lhes competia.

Mas, se eu fizesse apenas aquilo que me compete, como é que eu enchia as vinte e quatro horas do dia? Era uma maçada, uma monotonia, um aborrecimento total, uma carga de stress que me destruiria muito antes de cinco anos.

Mas eu quero dez ou mais anos desta azáfama diária que leva muita gente a andar atrás de mim, à espera de um beijo ou de um abraço, de ter o prazer de conseguir fotos encostando-se a mim de telemóvel na mão.

Há quem julgue que eu sou um faz tudo, ou mesmo alguém que manda fazer tudo o que lhe pedem, como se eu fosse um deus ou um diabo, senhor do céu e do inferno.

Obviamente que não sou, pois não me importava nada de mandar em qualquer céu, mas nunca aceitaria mandar, fosse o que fosse, no inferno. Deixo sempre essa missão para os meus súbditos mais apegados às tentações infernais.

Estou a fazer estas considerações no Brasil, país amigo, irmão mais novo, a quem vou dar muitos conselhos, que bem precisa, neste momento de dúvidas e incertezas. Nada que eu não possa ajudar a resolver.

Em contrapartida, no meu regresso ao lar, levo na bagagem muitas ideias colhidas em contactos muito interessantes, neste país de alta justiça, de baixos justiceiros e de corruptos bons e corruptos maus.