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afonsonunes

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03 Mar, 2019

O tio Celito é bom

 

Se o tio Celito tivesse que avaliar o seu desempenho político como personalidade altamente prestigiada, tanto dentro do país como fora dele, certamente que não teria dificuldade em encontrar uma nota compatível com o juízo real da média dos seus mais fortes ou mais fracos admiradores.

Dar notas sempre foi uma tarefa que ao longo da sua extensa atividade letiva e das suas incontáveis intervenções na comunicação social, sobretudo no campo da crítica, inúmeras foram as personalidades que lhe mereceram avaliações a oscilar entre o zero e os vinte valores.

Hoje, o tio Celito corre o país e o mundo, não a dar notas, mas a distribuir afetos, já que são muito mais baratos que as notas de cinco euros. Mas, há que dizê-lo, muito mais caros que todo o dinheiro do mundo para todos aqueles que não estão habituados a que ninguém olhe para eles.

Porém, se o tio Celito enche de alegria os corações dos seus agraciados, há ainda muito por fazer no campo do poderoso mundo dos que todos os dias pisam e maltratam os que esporadicamente são beijados e abraçados pelo tio bom, que não pode dar mais que beijos e abraços.

Mas podia dar muito mais aos que só pensam em si, nos seus interesses, nos seus egoísmos, nas mil e uma maneiras de enganar todos aqueles que lhes travem os seus intentos. E a esses podia dar-lhes a certeza de que a justiça tem ser igual para todos. Que roubar um pão, não pode ser o mesmo, ou pior, que roubar um milhão.

O bom tio Celito bem podia mostrar a sua determinação em acabar com o submundo dos grandes profissionais da trafulhice e do crime, aos quais tudo é permitido, pela impunidade de que gozam. Obrigando os responsáveis por estruturas e serviços a serem impermeáveis e intolerantes para quem não cumpre as leis do estado de direito.

As liberdades dos criminosos, por mais meios que tenham para se defender, não podem significar o achincalhamento de quem quer que seja. Um juiz que ultraja pessoas com as suas sentenças imorais, não deve ser defendido por um sindicato, com o fundamento de que as críticas que lhe foram feitas ultrapassaram a ética e o decoro.

Seria bom que os sindicatos não se arrogassem o direito de governar o país com a finalidade de olharem exclusivamente para satisfazer os seus egoísmos. E, sobretudo, que não abusassem de linguagem de carroceiros para com o governo da república, que não lhes responde nem os interpela nesses termos.

É aqui que o bom tio Celito podia ter uma intervenção a merecer nota igual à dos beijos e abraços àqueles que bem precisam deles. Mas precisam efetivamente de mais. Muito mais. E talvez não fosse assim tão difícil chamar à pedra, os transviados que não permitem que as instituições funcionem normalmente.